Durante a Idade Média, pessoas compunham trovas, geralmente estrofes de quatro versos, recebendo a denominação de trovadores. As trovas, entretanto, eram cantadas por outros artistas chamados jograis e menestréis. A trova era acompanhada por música. Geralmente os menestréis usavam o alaúde, instrumento de corda de origem árabe, semelhante ao bandolim.
Os temas giravam em torno de relações extraconjugais, amores impossíveis e amores secretos.
Na época a língua culta era o latim, usado nas missas e em documentos oficiais. O povo falava uma mistura de língua culta com as linguagens bárbaras. Aqui no Brasil acontece coisa parecida entre a linguagem culta e o palavreado dos analfabetos.
Mas, textos importantes da literatura foram escritos em linguagem popular. Vários poemas foram mostrados no século XI, com temas de bravuras por parte de frêmitos cavaleiros. Muito famoso no Brasil foi a Canção de Rolando que fala da vida do cavaleiro Rolando, sobrinho de Carlos Magno.
Aqui no Nordeste e no Brasil em geral, parece que o povo busca novos heróis como se eles dessem sentido à vida. Em um país onde os ratos do poder levam tudo que é do povo, a massa procura algo em que se apoiar. Não se confia nem mesmo na Justiça que os escândalos apontam como comprometida e arrogante, em grande parte. Por isso um Neymar, um Felipão, poderiam ter sido válvulas de alívio imediato, os novos salvadores da pátria.
Aqui no Nordeste, sem padre Cícero, sem Frei Damião, sem Luiz Gonzaga, os menestréis modernos fabricam seu próprio ídolo. O vaqueiro da fazenda, rasgado, sujo, remendado e miserável de outrora, empresta seu nome. Empresta para os corredores de mourão da cidade, vestidos normalmente, com boné de propaganda, o nome “vaqueiro”, onde o mourão rouba também o termo “vaquejada” e, o cavalo esquelético da caatinga transforma-se em corcel alto, comprido e roliço com valor milionário.
Sendo assim, compositores nordestinos (novos jograis) vão pintando letras musicadas exaltando as qualidades de um vaqueiro que nunca existiu. O vaqueiro romântico do imaginário; indígena aureolado de José de Alencar; Rolando, da Idade Média de capa e espada.
Não é somente no Nordeste. O Brasil já fincou a tabuleta: PROCURAM-SE HERÓIS.
Com o início da festa de Senhora Santa Ana, hoje, em Santana do Ipanema, Alagoas, associamos a ela, a palavra “feira”.
Com o aumento de terras cultivadas na Europa, durante a Idade Média, cresceu significativamente a produção de grãos. O que excedia o consumo passou a ser comercializados em inúmeros lugares. Os pontos que mais atraíam o comércio eram os entroncamentos de estradas por onde circulavam os fiéis católicos de várias regiões para seus festejos anuais. As entradas dos castelos também fizeram surgir às feiras medievais, palavra que já foi sinônimo de festa.
O que acontecia antes, ainda hoje acontece nesses encontros. Os negociantes armam barracas, expõem mercadorias, trocam informações e notícias e fecham negócios com os seus produtos.
Ontem como hoje, surgem os artistas populares (saltimbancos), os que emprestam dinheiro a juros e os que chegam somente porque gostam de passear no ambiente.
Por questões de segurança, artesãos e comerciantes se estabeleceram nos arredores das muralhas dos feudos, surgindo pequenos povoados que recebia o nome de “burgos”, nos dias atuais, palavra depreciativa.
Santana do Ipanema, ainda hoje tem a sua feira-livre principal que ocorre aos sábados. Quem sugeriu o dia de sábado, foi um dos seus fundadores, o padre penedense Francisco José Correia de Albuquerque (visionário e rico em virtudes) evitando assim esse trabalho aos domingos, dia dedicado ao Senhor e ao descanso semanal.
Quando adolescentes ouvimos por várias vezes, pessoas que ─ referindo-se à feira do sábado ─ diziam com sorrisos expressivos: “Vou pra festa!”. E de fato, feira é festa e vice-versa, atualmente ameaçada nos centros maiores pelos mercadões, supermercados e o tal Shopping Center.
Portanto, tem início hoje o novenário de Senhora Santana, encerrando no mesmo dia marcado em todos os lugares do mundo por determinação da Igreja, onde houver festejos à avó do Cristo. Vamos à feira… Ou à festa.
· Foto antiga de domínio público, uma das mais significativas de Santana do Ipanema e que estará no livro “227” de Clerisvaldo B. Chagas. Breve.
Tenente-coronel Eduardo Lucena, escritores Clerisvaldo e Marcello Fausto, major Valle (Foto: Divulgação)
Na manhã de ontem (15) os escritores Clerisvaldo B. Chagas (Escritor Símbolo de Santana do Ipanema) e Marcello Fausto estiveram visitando a sede da Companhia de Polícia de Área do Interior, em Santana – CPAI.
A visita dos escritores, de cunho literário, coincidia com o comando do tenente-coronel Eduardo Apolo Duarte de Lucena, sobrinho do insigne coronel Lucena Maranhão. O coronel foi o maior adversário de Virgulino Ferreira, no estado de Alagoas, comandante de todas as volantes, com sede em Santana do Ipanema. No momento marcante da visita, foi ofertado pelos visitantes, o livro “Lampião em Alagoas”, tanto ao tenente-coronel quanto ao major Roberto Valle da Costa que vem realizando um trabalho digno de elogios, nesse município.
Por alguns momentos houve um resumo sobre a missão das volantes no combate ao cangaceirismo e concordância sobre figuras de destaques e bravuras como o próprio Lucena e o aspirante Chico Ferreira, contra os marginais da época.
Em 1936 chegou a Santana o 2º Batalhão de Polícia, comandado pelo tenente José Lucena de Albuquerque Maranhão, cujos componentes foram todos escolhidos por ele. Foram criadas várias volantes (polícia móvel com grupo entre 10 e 12 homens) que se espalhavam no sertão alagoano, cuja sede ficou sendo o quartel, localizado no Bairro Monumento.
Lampião e mais 10 sequazes teve o fim do seu reinado em 28 de julho de 1938, na Fazenda Angicos, estado de Sergipe, graças a investida alagoana formada por três volantes.
Busto do Coronel Lucena (Foto: Divulgação)
Nas décadas de 20, 30 e 40, o coronel Lucena foi a figura mais marcante de Santana do Ipanema, juntamente com o padre José Bulhões.
Após a visita à CPAI, os escritores foram até a sede do Batalhão de Polícia que leva o nome do coronel Lucena, no Bairro Lagoa do Junco, onde fotografaram o busto do seu patrono.
Os escritores Clerisvaldo e Marcello ficaram satisfeitos em saber que o coronel pretende fazer um trabalho de pesquisa na área da Grota dos Angicos, sob os corpos dos bandidos trucidados. Mais luzes para a história.
Desde o começo, era aquele um dia diferente. De feira nunca era um dia qualquer. As toldas plainavam suas panadas cirandantes trançando vias e ruelas. Vapores de calor se assoprando dum sol bonachão. Risonho sol, de fim de tarde. Bufava uma brisa amarela feno do leste. Esturrava indo esbarrar lá nos beiços do Panema. Redemoinho de gente matraqueava sobre o burburinho dos amantes, flagrados pelo próprio marido traído. Dados a um amor lascivo, tendo a relva macia por coiteira. A zoada dava a vender piaba ao litro, na porta do mercado da carne. A guarnição da polícia, parelha de soldado, assustados seguiram pelo caminho de pedras ladeira. Entre os curiosos, seguravam os revólveres nos coldres para não cair, davam a vasculhar. Como desejavam saber ao certo o que procuravam. O povo também procurava. Cornélio de arma branca empunhada o pioneiro na procurada. Zé de Matias e a amada amante nuzinhos em pêlos simplesmente haviam sumido.
‘’Nossa senhora do Desterro, desterrai o mal de minha vida. Ó Bem-aventurada Virgem Maria, mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo Salvador do Mundo, Rainha do Céu e da Terra, advogada dos pecadores, auxiliadora dos cristãos, desterradora das indigências, das calamidades, dos inimigos corporais e espirituais, dos maus pensamentos, dos sonhos pavorosos, das ciladas, das pragas, dos desastres, bruxarias e maldições, dos malfeitores, assaltantes e assassinos.’’
Virados em vultos os amantes, tragados por Caapora. O deus protetor da mata branca abocanhou os amantes, toda a luz do sol, com todo seu calor. Enquanto seus mitológicos pulmões exalavam calor vulcânico em larva fluída por cima das pedras. Seu hálito sorrateiramente se precipitava sobre o céu do sol, feito vento tinto de preto, numa força tão intensa e violenta que não suportando, desmaiou o dia. E desde então ninguém via mais nada sem a ajuda dum luzeiro. A rua foi contar fuxico na madorna da porta. No enfado do dia engenhoso, novamente a diluir-se no oitão da usina de algodão de Seu Luiz dos Anjos. João Dorotheu, Enéas e Antonio Tenório, jogavam: o bispo, a torre e o cavalo. Nem um dos três avançava. Um jogo de palavras, travado. Num campo da sevícia lingual.
‘’Minha amada mãe, eu prostrado agora aos vossos pés, com piedosíssimas lágrimas, cheio de arrependimento das minhas pesadas culpas, por vosso intermédio imploro perdão a Deus infinitamente bom. Nossa senhora do Desterro, atendei o meu pedido!
(em silêncio faça o seu pedido) Rogai ao vosso Divino Filho Jesus, por minha família, para que ele desterre de nossa vida todos estes males, nos dê perdão de nossos pecados e nos enriqueça de sua divina graça e misericórdia.Nossa Senhora do Desterro, desterrai o mal da minha vida!’’
O Bispo disse; ‘’-Eu teve uma conversa com o demônio.’’ Ora mais que história mais sem pé nem cabeça! Enéas e Seu Antonio queriam saber como foi. Seu João estava disposto a contar, foi assim: “-Eu estava escutando o rádio. Toda noite tenho por costume escutar “A voz do Brasil”. Como sempre, “O Guarany” de Carlos Gomes abrindo o programa, a bela voz de Luiz Jatobá dizendo que em Brasília eram 19 horas, daí começou a falou do “Jango”. Disse que o presidente estaria criando a partir daquele mês o 13º salário, para o funcionário público. O governo dali em diante iria taxar os óleos lubrificantes vendidos por empresas estrangeiras e o governo outorgaria o monopólio da Petrobrás. Novamente falou da tragédia no Senado Federal a pouco ocorrido, onde o senador de Alagoas Arnon de Melo em plena tribuna teria sacado um revólver e deu três tiros noutro senador seu conterrâneo Silvestre Péricles, sem atingir o alvo. Porém um dos tiros acabou matando o senador José Kairala do Acre que infelizmente nada tinha a ver com a briga. Daí o rádio começou a chiar como se fosse sair do ar. E uma voz vinda das profundas do inferno soou dizendo: “-João! Eu sou o demônio, fique certo que eu vou soltar as pestes em cima de você! Tá pensando que eu não sei o que anda aprontando? Cabra de pêia safado!” “-Ora, compadre! Não passou pela sua cabeça que o cão estivesse dirigindo essas palavras ao presidente da República que também se chama João!
“Cobri-me com o vosso manto maternal e desterrai todos os males e maldições, e em especial atendei o meu pedido, que tanto necessito agora. Afugentai, ó Senhora, de minha casa a peste e os desassossegos.”
A “Torre” que até então permanecera calado, quebrando o silêncio disse ”-Se for pra contar história de trancoso é comigo mesmo. Conheci um jogador de baralho, que por sinal se chamava João. Certa ocasião passou três dias com três noites numa mesa de jogo. Estava ganhando um dinheiro avultado! Os outros jogadores começaram a desconfiar que estivessem sendo trapaceados. Então lá pro meio da terceira madrugada resolveram acuar meu compadre João! Um deles sacou um revólver, no que tentou disparar a arma engripou. Se aproveitando do tumulto o homem simplesmente sumiu. Invultou-se na frente de todo mundo! E só apareceu uma semana depois quando tudo já tinha se acalmado. Se apresentou na delegacia de Polícia de Santana do Ipanema, contou sua história pra Seu Caroula o delegado, e tudo ficou resolvido.’’
“Que por vossa intercessão, minha família e eu, possa obter de Deus a cura de todas as doenças, encontrar as portas do Céu abertas e convosco ser felizes por toda a eternidade. Amém. Nossa Senhora do Desterro, desterrai o mal de minha vida!’’
Seu Antonio Tenório tinha um belo alazão trotador. Tão belo animal simplesmente fantástico. Homem e montaria uma só criatura. Viviam como se fosse um, a extensão do outro. Sabia um, o que outro pensava. Sentimentos fundidos. A fama de ‘’Apolion’’ em pega de boi na caatinga ia longe. Sempre se sagrava vencedor. Uma coisa intrigava a todos; a longevidade do animal. Ora, era sabido que um cavalo vivia no máximo, por volta dos 30 anos de idade. Fazendo as contas “Apolion” deveria ter mais de 40 anos. Ora, essa nem de longe era a história mais escabrosa sobre o equino. Diziam que o cavalo era cego e quem o guiava era o próprio demônio.
“Ó Nossa Senhora do Desterro! Os que tiverem confiança nas vossas misericórdias serão felizes em seus negócios e viagens. Não morrerão sem a confissão e ficarão livres de uma morte repentina e traiçoeira.”
Certa vez ao retornar duma pega de boi no mato, Seu Antonio deparou-se com uma visão pavorosa no meio da caatinga. Plasmando-se do meio das trevas surgiu um cavalo de fogo montado pelo capeta que com muita fúria investiu contra eles. Antonio bradou alto, a Nossa Senhora do Desterro, que viesse em seu auxílio. Imediatamente uma ponta surgiu na testa de “Apolion” e um escapulário que Antonio trazia no pescoço virou-se numa armadura. Investiram contra o cavalo do cão, em cheio atingindo seu coração. O que provocou uma grande explosão. No outro dia encontraram Seu Antonio desmaiado enquanto o cavalo calmamente pastava ali perto, esperando que seu dono acordasse.
“SEM DECORO – Em 1949, a Câmara dos Deputados cassou o primeiro integrante da casa por falta de decoro parlamentar. Edmundo Barreto Pinto (1900-1972) era deputado pelo Rio de Janeiro, e alegou ter sido vítima de uma armação. Deixou-se retratar pelo fotógrafo Jean Manzon para a revista O Cruzeiro trajando um fraque e cuecas samba-canção. A matéria, veiculada três anos antes, foi um escândalo, e o processo culminou na sua cassação. Segundo o parlamentar, o fotógrafo garantiu que apenas a parte superior da fotografia seria publicada – o que, evidentemente, não ocorreu. Mas não foi somente a cueca que pesou no processo: eleito pelo partido de Getúlio Vargas, Barreto Pinto enfrentou na Câmara os adversários do então ex-presidente”.
(Extraído da revista História da Biblioteca Nacional, pag. 85, edição de junho de 2014).
Os alemães podem, evidentemente, extravasarem o orgulho da conquista da Copa. Eles inauguraram uma nova era no futebol, preparando-se durante mais de uma década como alunos de uma universidade para o exercício da profissão. Nenhum país havia pensado nisso, antes. Juntava-se apenas um grupo, algumas ordens amassadas e mandava-se a turma ganhar o título. Sim, tudo isso foi possível até que os alemães despertaram para a seriedade do maior evento do mundo e fundaram uma escola. De hoje em diante, ninguém mais ganhará esse título no improviso. Todos terão que fundar seus próprios bancos escolares tal quais os alemães. Mesmo assim, quando algum país co-meçar a botar os pés na escola, os germanos já estarão muito à frente no ris-cado da bola.
Nós, brasileiros, estamos de parabéns pela organização e por tudo o que foi feito para agradar os nossos visitantes. Mas, quanto ao futebol mesmo, nós e o mundo teremos que detonar preparos amadores do passado. Toda derrota traz lições importantes, o mal é não aprendê-las.
Com todo o respeito que merece a nação brasileira, o Brasil se expôs ao mundo vestido em traje ridículo como A CUECA DO DEPUTADO.
Novamente discutindo os dias das suas sessões, a AGRIPA voltou a mexer no calendário fixo. Os festejos juninos influenciaram nos trabalhos profissionais e os desencontros foram inevitáveis para os guardiões. Reunidos em sessão ordinária, ontem, em sua sede provisória, Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas, ficou decido que as sessões voltarão a acontecer sempre às16 horas das sextas-feiras, menos essa que seria hoje, e que já foi realizada ontem, no Bairro São José.
A Ordem do Dia foi bastante movimentada, principalmente, por ter sido um encontro casa cheia, com ausência somente para uma guardiã. Os membros da Associação Guardiões do Rio Ipanema, irão fazer algumas visitas importantes a algumas autoridades, principalmente as que se comprometeram com a AGRIPA e não cumpriram o compromisso acordado.
Na Associação dos Guardiões, ninguém arrefece na luta árdua de Davi contra Golias em relação ao rio Ipanema e seus afluentes. Caso continue o jogo do empurra, a AGRIPA está disposta a fazer uma campanha pesada nas rádios da cidade, declinando nome por nome dos que fazem corpo mole das suas obrigações. A AGRIPA é e será sempre independente, mas prefere primeiro acreditar nos que são pagos com o dinheiro público para as realizações almejadas pela população.
Derrota do Brasil para a Alemanha, Festa da Juventude ou de Senhora Santa Ana, não irão desviar o compromisso dos guardiões. Acordo de trabalho, de ação, sim, panos quentes para as mazelas, jamais. Nossas crianças continuam enchendo os postos de saúde e, grande parte dos problemas vêm do rio Ipanema e seus afluentes, repletos de cheias diárias de fezes, lixo de diversas qualidades, mosquitos, ratos, baratas, escorpiões e tudo que se é possível transmitir aos seres humanos.
Nem só de pão, circo e reza vive o povo santanense.
A rua todinha pintou-se de João de Barro na farda dos operários. O grená sacudia as saias das meninas num dançar e balançar, a volta da escola, rodeando a praça. Os pés de fícus no canteiro arremedavam enormes pirulitos brincando de verdes. A lacerdinha cintilou os amarelos daqui e dali, e foi até o fim da rua procurando um olho a arder. João Dorotheu permanecia sentado no oitão da usina de algodão de Seu Luiz dos Anjos. Enéas deu-se a lavra de alumiar o amigo sobre como Deus desinventou-se de obrar o mundo.
“No princípio Deus estava
Onde nada existia
Cobriam o abismo as trevas
Na terra disforme e vazia
E o espírito de Deus pairava
Sobre as águas profundas e frias”
“-Foi assim: Deus “tava” sozinho. Pois onde ele “tava” só existia ele mesmo. Bem “acentado” assim num canto. Assim quétinho, só assuntando. Aí pensou, pensou, e “dixe”: -Vou criar o mundo. Entônsse olhou pra cá, olhou pra lá, pra riba e pra baixo. E só via o nada. O nada é escuro, não sabe? Pois é, ele olhou, olhou… Então pegou com as mãos, um pouco desse breu. E começou a amassar. Amassou, amassou até formar uma bola. Eu acho que não levou mais que uma hora de relógio pra fazer isso. Os sete dias que se seguiram ele gastou justamente pra criar as outras coisas que tem em riba do mundo.”
“O espírito de Deus se erguia
Sobre a terra e seu futuro
E Deus disse: Faça-se a Luz
E a claridade surgia
As trevas foi pro o escuro
Deus fez a noite e o dia”
Quando dona Maroquita morreu, o padre teve que contratar três carpideiras pra chorarem no velório. Porque os parentes da finada já tinham morrido todos. As mucamas a detestavam, porque não gostava de preto, ainda mais pobre. Diziam as más línguas, bastava tocar num matuto, corria a lavar as mãos, como se pobreza fosse doença. Já o dinheiro que traziam pra doar a igreja… Ah! Esse sempre seria bem vindo. Nos dias de sábado, dia de feira livre, quando a casa do padre ficava cheia, dona Maroquita se trancava no quarto, e só saía de lá pra ir a cozinha vistoriar o feitio das refeições. Obrigava a criadagem a servi-la nos seus aposentos. Enxotava os que se atreviam a invadir a cozinha. No dia seguinte todos os forros das mesas, cortinas tinham que serem trocados. As velas acesas, até mesmo elas negavam-se a chorar por aquela ex-vivente, mal tremiam a pétala de luz. Acompanhavam quietas amornando as rezas. E os espíritos andantes, um a um, iam se acercando do féretro. Velariam até o fim, mesmo que viesse o sono nos que eram viventes que lhes faziam sentinela. Permaneceriam velando. Daquele jeito lembravam mães, ao lado do berço de seus filhinhos, embalando cantiga de ninar.
“Terceiro dia agora está
Deus juntou águas correntes
Chamou a isso de mar
Pois o elemento terra na frente
Nessa parte fez brotar
Pés de frutas e sementes”
“-Deus fez o mundo pros destros.” Disse sério Seu Antonio Tenório. Estava na feira, comprando abacate. No que foi pagar, o vendilhão saiu com essa: “-Não é por nada não Seu Antonio, mas o senhor me troque o dinheiro de mão!” Porque estava pagando com a esquerda. Lá na roça, já algum tempo havia tirado a limpo a história que plantar jogando a semente com a mão esquerda davam a nascerem pés de milho e feijão mais falhado. Quando ia fazer uma anotação no caderno de registro da fazenda, tinha que ter um cuidado danado pra não borrar tudo que escrevia, a tinta da caneta tinteiro demorava a secar. Ainda menino seu pai queria que ele aprendesse a tocar sanfona. Chegou a tocar viola, mas teve que trocar a posição das cordas. O velho Antonio quis ter um pé de abacate no terreiro de casa. Ensinaram-lhe que tinha que pedir a uma menina moça pra descaroçar o fruto. A semente teria que “dormir” encima do telhado num prato de estanho que não tivesse nenhuma trinca. Bem cedo tinha que retirar sem tocar, pegando com uma colher. E plantar ainda com o orvalho da manhã, dando as costas pra nascente. Tempos depois não entendia a ciência de que o abacateiro só botaria fruto se tivesse “olhando” pra outro pé.
E o sexto dia se fez
Deus fez seres exemplares
Criou na terra animais
Como tinha feito nos mares
Disse; Crescei e multiplicai
De acordo com seus pares
“-Zequinha Abreu dizia que Zé de Zefinha conversava mais que o homem da cobra.” “-Ora! Terezinha! Também não ficava muito pra trás.” “-Vai ver que quando eram criança beberam água de chocalho!” Toda vez que falava em homem da cobra, madrinha Moça lembrava-se dum dia quando estavam na roça. O terreiro tomado por montanhas de vagens de feijão pronto pras batas. O paiol e os alpendres tomado pelo milho, e os carros de bois abarrotados de sacas de algodão. Ô tempo bom meu Deus! Maria de Zé Lagoa, bem acolá, sentada num batente de umburana que servia pra empatar de entrar água da chuva pra dentro de casa. A mais de hora pitava um cachimbo, enchendo o entardecer de fumo. “-Entônsse ela “dixe” “mermo” assim: “-Vixe Maria! Mais é muito cobra!” Acontece que ninguém deu valor aquilo que acabara de dizer. E ela tornou a repetir; “-Minha gente! Mais é muita cobra!” Acabaria despertando a curiosidade dos compadres, que queriam saber do que estava falando. Então se descobriu que ela referia-se a pelo menos umas três jibóias que passeava pelo terreiro, atrás de pegar os franguinhos e as galinhas.
“Nesse dia fez Adão
Moldando barro do piso
Deu sua imagem e semelhança
Discernimento e juízo
Lhe deu alma e temperança
Lhe deu Eva era preciso
Neles pôs sua esperança
E lhes deu o Paraíso”
O açougueiro Zé de Matias mantinha um caso com a mulher do barbeiro. O fuxico corria a boca miúda. Muita gente sabia inclusive o irmão do dito cujo. No sertão o povo tem um dizer que “Corno sempre era o último a saber.” E assim, quando era dia de feira a mulher do Fígaro, se arrumava toda e ia pra rua. Passava na barbearia, Seu Cornélio dava o cobrinho “móde” fazer a feira. Depois ela ganhava o caminho do Mercado de Carne. Tapeava comprando uma fruta aqui, um legume ou outro ali. Na tarimba de Zé de Matias se demorava. Um piscar de olhos e estava marcado o encontro entre os amantes. O local combinado, o de sempre, lá no poço da pedra. Um lugar bem escondido entre as cachoeiras do rio. Acontece que naquele dia o irmão do galhudo tomou umas cachaças a mais, e deu com a língua nos dentes. De posse dum facão, provocando grande alarido, partiu Seu Cornélio rumo ao rio. O povaréu foi atrás. Chegando lá, encontraram feito Adão e Eva, os pombinhos. No meio da relva, junto a frutas e legumes. Bramindo o facão resolvido a expulsar os amantes do mundo dos viventes e daquele paraíso. Lá se foi o samurai do sertão, disposto a ensanguentar de mais vermelho, o sol, da terra do sol poente.
Ontem, dia 1º, esteve na Escola Helena Braga das Chagas, turno matutino, o escritor Clerisvaldo B. Chagas. A convite da professora Geicilyne Tavares, o escritor santanense ministrou uma palestra aos alunos sobre o tema “Poema e Poesia”, como contribuição importante para o desenvolvimento literário dos adolescentes.
O “Escritor Símbolo de Santana do Ipanema”, que também é poeta, iniciou sua palestra distinguindo o que é poema e o que é poesia, estrofe, verso, rima e métrica. Seguindo o padrão didático tipo passo a passo, apresentou a quadra ou quadrinha como a forma mais simples de composição, passando para outros modos como sextilhas, décimas e até mesmo poemas sem rimas, com conteúdos poéticos.
Valorizando artistas santanenses e alagoanos, o escritor deixou de apontar repetitivos autores nacionais dos livros didáticos.
A palestra ministrada por Clerisvaldo B. Chagas, teve duração de uma hora, tendo sido encerrada com o belíssimo poema “Xote dos Guardiões”, do poeta, compositor e cantor Ferreirinha, cujo texto foi transformado em música e gravado como peça literária e atração de real valor.
Bastante aplaudido pela plateia, o escritor se disse satisfeito com o interesse da juventude pelos caminhos do saber.
A direção da escola, através do seu diretor Marcello André Fausto Souza, continuará esta série de palestras, ampliando os horizontes do seu alunado.
A Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas segue na vanguarda dos valores vivos que desfilam pelo educandário.
Usando a expressão sertaneja, junho entrega julho com falta de chuvas. O que se transforma em transtorno nas capitais vira ouro vindo das nuvens, no sertão. A predominância da agropecuária no interior faz com que as conversas de todos quase sempre girem em torno de chuvas. Não é só fazendeiro ligado no tempo dia e noite. O ciclo das águas envolve as áreas econômicas do semiárido, em geral, formando uma tácita homenagem às nuvens.
Direta ou indiretamente perscrutam-se os nimbos numa esperança, mesmo longínqua de prosperidade. Mas, além do ciclo normativo da estiagem, fenômenos anunciados vão cobrindo de breu as perspectivas enfraquecidas.
Maio ameaçou com bonança, junho refugou e julho segue uma trilha que parece amargosa. As feiras livres vão agonizando na extensão e densidade, a carestia sorri das carteiras cambaleantes. Os riachos choram, os barreiros não enchem, o céu economiza.
A tradição de meio de ano padece com a culinária chocha que escapa com zonas irrigadas. E lá vamos nós, nas mesmas levas de preocupações companheiras, como se fôssemos guerreiros do campo.
Até a frieza que maltratava os ossos dos viventes, chega mansa no mês de Senhora Santa Ana. Pergunta-se o que está mesmo acontecendo nos climas mundiais. E assim o planeta vai girando num desafio estranho, fazendo a cabeça do esqueleto virar-se a toda hora na busca dos arcanos.
Enquanto isso, o espetáculo da Copa vai tapeando a plateia com seu pano carmesim. Julho não vem mais aí. Julho chegou no seu cavalo alazão de riscos incolores. “Ah velhos enganos de heróis de panos”. Aonde vamos nós nesse planeta reluzente a abrasivo?
Julho chegou! Julho chegou! Na velha Roma alagoana vai ter muito mais pão e circo. VIVA JULHO!
Zefinha era prima de Valdemar, por parte de pai. Valdemar era irmão de Paulo, que era irmão de Manoel, que eram sobrinhos de João Doroteu. E eram primos de Casteado, por parte de mãe, que era sobrinho de Antonio Tenório, que tinha outro irmão, que não recordo o nome agora, mas que era casado com uma irmã de Osvalinda, que era casada com Seu Tibúrcio, que eram compadres de Enéas e Terezinha. E se a gente não der um basta nisso tudo, vai ficar falando somente de quem era parente de quem, e eticétera e coisa e tal. Mas isso tudo é só pra dizer que Zefinha casou com Paulo, e que na verdade eram primos, e tiveram dez filhos. Mas no falar do matuto, só “vingaram” seis. O que queria dizer que apenas seis deles sobreviveram.
Isso porque o matuto tem um jeito de dizer as coisas, que só eles entendem. E tem uns cabras que apesar de ser matuto, sabe cantar umas coisas bonitas por aí. Mas quem é que não acha bonito? Quando o peste diz que pro cabra nascer homem de verdade tem que nascer no sertão. A parteira “Mãe Dedé” quando aparava um cabra macho, não dizia “É menino!” dizia “É homem!” Isso pro cabra já ir se acostumando. E danava um sopro nas ventas pra desentupir o resto de parto. E mandava que o pai fosse enterrar o umbigo, na frente duma igreja ou duma escola: Que era “pra móde” aquele vivente se tornar um bom cristão ou quem sabe um doutor! Só não podia era deixar o gato comer, senão virava ladrão! E o matuto ficava era doidinho quando nascia um “bacurinho” macho! Pábo de orgulho! Assim que começou a gravidez do sexto filho de Zefinha, Paulo foi até a casa de Seu Esaú e pediu pra ele cevar, lá debaixo do alpendre na parte do lado do sul da casa, um cortiço, pra fazer um “Cachimbo”: Uma garrafada de aguardente de cana e mel de Uruçu. Recomendou a Ciço Mouco e Zé Torreiro que engordasse um porco. A dona Tereza, lá de Santana, que morava na Rua da Cadeia, pelo mascate Zé Costa, enviaria um bilhete dizendo que ajuntasse uns dez cágados, no dia aprazado ia pegar. Perus, guinés e galinhas, não precisaria encomendar. O ano todo, tinham no terreiro de casa. Porém tinha um detalhe: só compraria a quem criasse preso, porque galinha solta come merda, lacraia, barata, tudo quanto é porcaria! Tudo era providenciado com antecedência pro dia do batizado. Iria chamar Enéas e Terezinha pra serem padrinhos de vela. E o senhor doutor João Yoyô ilustríssimo juiz de Direito daquela comarca com sua digníssima esposa convidaria pra serem os padrinhos de apresentar! Com certeza não podia faltar o farmacêutico “doutor” Hermidio. Ô homem bom de gogó! Depois de beber umas, o homem cantava umas modas de viola que era uma beleza. “-Ô de casa!? Com licença! Já tô entrando… Ôxente! Cadê o povo dessa casa? Já sei foram tudo catar algodão! E deixaram o rádio ligado coitado, ficou aí cantando sozinho.
“Prepare seu coração para as coisas que eu vou contar
Eu venho lá do sertão, eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão e posso não lhe agradar
Aprendi a dizer não, ver a morte sem chorar
E a morte, o destino e tudo, a morte, o destino e tudo
Estava fora de lugar, eu vivo pra consertar”
Êita! Que ano cego era aquele! Valha-me Deus! A última cuia de farinha, Zefinha catou no fundo do bornal, pôs um pouco de sal, molhou com água, até virar uma papa, e deu pros meninos comerem. O mais novo já estava com três anos. Por sugestão do padre Bulhões botaram-lhe o nome de Sebastião, pois no dia do batizado, era dia daquele santo. E era tanta a desolação de “Tiãozinho” e seus irmãos naqueles dias, que nem tinham ânimo pra brincar. Coragem se quer pra correr pelo terreiro, catar uma vagem de algaroba, travar no dente e sentir seu rústico sabor adocicado. Zefinha fez um chá, e o cheiro de capim Santo tomou conta. Trançou um cigarro de palha, pôs-se a fumar. E se já se anuviava as vistas pelas águas dos olhos, a fraqueza, a fumaça azulina mais ainda anuviava. Num semi estado de dormência. E ia se enfiando no cabelo negro, Anum. A sensação efêmera de serotomia, desencadeada pela nicotina, fluindo sobre a pele morena, ressecada. A testa lavrada de temperança, as unhas enegrecidas de carências. Sendo a afetiva a maior delas. O cercado tremia – tristeza. O pé de serra tremia – solidão. A vela acesa, alumiando o quarto tremia – oração. Desmanchou o có-có do longo cabelo. Pôs-se a pentear-se. O cabelo solto lhe fazia um pouco mais nova. De vez em quando “bisóiava” o canto de parede. Passava “o rabo do olho” pras imagens de “meu” padrinho Cícero, e padrinho frei Damião. Padrinho com a cabecinha branquinha, assim meio abaixada. “-Enh! enh! Meu Deus! E não era que eles estavam tudinho ali! Bem no cantinho do primeiro vão da minha taperinha de taipa! O tempo todo!” De repente dum salto ficou de pé, foi até o quarto e voltou com um objeto envolto num pedaço de linho velho desbotado. Novamente sentou-se a porta para aproveitar o clarão do dia e pôs-se a desenrolar sobre as pernas o que tinha embaixo do pano.
“Maria Maria, é um dom, uma certa magia
Uma mulher que merece viver e amar Como outra qualquer do planeta.
Mas é preciso ter raça
É preciso ter gana sempre. Quem traz no corpo a marca Maria
mistura a dor e a alegria.”
Maria, a filha mais velha se atreveu a perguntar: “-Mãe? O que a senhora vai fazer com a usina?” José, o irmão do meio, olhou assim com olhar estranho, não disse nada, mas pensou: conhecia aquilo como sendo uma máquina. A graciosa “Vigorelli“ era uma máquina de costura manual, sem pedestal. Acoplada num pequeno caixote retangular de madeira servindo-lhe de tampo dum compartimento pra guardar atavios. A manivela tinha o cabo de marfim, o corpo da peça todo em preto, e as letras no lombo, ainda conservava um pouco do dourado. Zefinha ia enxugando os pingos de lágrimas que iam caindo sobre o compartimento de apoio. Fazia tantos anos comprara a Seu Zezé Fonte da usina de corda de caruá. O maquinário era bem parecido com aquele. Desenganou-se da promessa do senador, passou mais de ano pagando, fazia tempo, era dela. Seu Zé Doceiro fazia caldo de cana, moendo, moendo, de tanto esforço os braços ficaram fortes. Ele moía até o bagaço virar uma bucha seca. Aí, ele dava pra burra comer. “- Seu Zé Doceiro era um engenheiro.” Matuto era assim mesmo, tinha mania de botar nome de usina, em tudo que era engenhoca. “-Sendo Seu Zé Doceiro um usineiro. “Entônsse” Seu Leô cego? Aquele que ajeita relógio quebrado era um maquinista?”
“Meu Deus, meu Deus
Setembro passou Outubro e novembro
Já tamo em Dezembro Meu Deus que é de nós?
Meu Deus, meu Deus
Assim fala o pobre do seco Nordeste
Com medo da peste da fome feroz. Ai, ai, ai, ai”
João Dorotheu se estava. sentado no oitão da usina de algodão de Seu Luiz dos Anjos. Zefinha chegou montada numa burra, apeou quase esbarrando no meio-fio. Nos caçuás, algodão. Daí a pouco chegou Enéas. Um olhou pra cá, depois olhou pra lá. Os outros repetiram o gesto. Acenderam cigarro. O azulão do céu ganhou pelo menos mais três pares de olhos. “-Não sei não. Mas como foi que Deus se inventou de criar o mundo?” “Não sabe? Pois então eu vou lhe contar.” E soou um silvo longo, lúgubre apito da usina.
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18 jul
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