Quem diria! Deixando um colégio particular tão famoso de Maceió, mas em decadência, não suportei mais de um ano naquele lugar tão esquisito. Saí levando na bagagem apenas à frustração e a certeza de um ano perdido. As únicas coisas boas que transportava dali eram as aulas do professor Douglas Apratto e o bê-á-bá filosófico do padre Teófanes.
Resolvi arriscar o 2º Ano do Curso Médio em escola pública e parti para o Moreira e Silva, chamado na época de Cepinha. Um ginásio de esporte, uma velha piscina e o casarão à frente com o título da escola, eram tudo que havia naquele imenso espaço, praticamente vazio. Foi a melhor coisa que fiz. Peguei um ensino de qualidade, bons professores com frequência regular e em dose dupla por matéria: dois professores da língua portuguesa, dois de Biologia, Dois de Física, dois de Química e assim por diante.
Sertanejo enraizado olhava o terreno vazio, largo e comprido do CEAGB e mergulhava na melancolia da saudade.
CEPA (Foto: Clerisvaldo)
E ali, à margem da Avenida Fernandes Lima, passava o tempo com uma lentidão enervante, aguardando o mês, o dia e a hora de rever os meus serrotes, minhas serras, meu Panema e o meu cheiro de caatinga.
Dois anos se passaram. Foi construída outra piscina, reformado o ginásio, novas construções foram surgindo naquele massapê… E eu fui deixando para trás aquele colega Marcos que era doido pelas músicas de Gonzaga, o Armando que tocava piano, os três inseparáveis riquinhos, a morena indiferente e caidíssima pelo professor de Biologia, dessa vez levando um mundo de coisas boas aprendidas no estado.
O Cepinha cresceu agigantou-se, tornou-se o maior complexo educacional da Terra dos Marechais e recebeu a denominação de CEPA (Centro Educacional Público de Alagoas). Atualmente ali funciona também a Secretaria de Educação.
CEPA (Foto: Clerisvaldo)
E hoje, ao correr atrás de uma aposentadoria rosqueada, percorro o CEPA, sem mágoas, sem saudades, sem alegria e sem tristeza. Para mim, apenas um CEPA e nada mais.
Vivemos numa época em que as cidades estão cada vez mais lotadas, poluídas e e com baixo nível de qualidade de vida. Não só no Brasil, mas em outros países há a dificuldade organizacional de infraestrutura, saneamento etc, e nessa mesma linha de raciocínio, é que se entra a precariedade da mobilidade urbana. Pode-se pensar rapidamente, em dois fatores que dificultam a mobilidade: o péssimo transporte público e o aumento do número de veículos pessoais.
Porém, a mobilidade urbana, no âmbito de trânsito de veículos, também possui outros fatores dificultantes, o histórico brasileiro das rodovias e o crescimento desprogramado das cidades. Especialistas no assunto afirmam que para melhorar as características do transporte público é preciso aumentar as frotas de ônibus e metrôs. Incentivar também, o transporte alternativo e sustentável criando ciclovias e garantindo a segurança dos ciclistas.
Alguns países já trabalharam nisso e possuem qualidade no que se refere à mobilidade urbana. Porém, no Brasil, é difícil de se prever quando esse assunto terá atenção. Visto que o país possui outros aspectos mais defasados que requerem mais atenção (saúde, educação, economia, etc).
Caderno e lápis à mão tínhamos que cumprir o dever. Como entrevistar pessoas na fazenda do famoso coronel do sertão? O que dizer à porteira da fazenda do homem que metia medo até em governadores? Aquele coronel se tivesse contabilidade, já deveria ter eliminado muito mais de quinhentas pessoas. Sua fama corria mundo. Os famosos fazendeiros do gatilho entravam em declínio nos anos 60, mas o dono absoluto do alto sertão ainda espalhava medo desde aos mais frágeis das cabanas aos mais pomposos do palácio.
Baseados na fé, no trabalho decente e numa conduta responsável, todavia, tínhamos que enfrentar a fera na própria toca. Não se deve sofrer muito por antecipação e a boa conduta abre todas às portas. Em primeiro lugar não podíamos demonstrar medo; segundo, não chamar o homem de coronel, ele detestava e, nós sabíamos dessa particularidade. E em terceiro lugar comportar-se normalmente como se estivéssemos diante de pessoas comuns.
Na entrada da fazenda, por tudo que se dizia, esperávamos encontrar, no mínimo três ou quatro capangas. Não havia um sequer. Nada também de correntes e cadeados. Avançamos rumo à casa-grande num extenso império de terras na caatinga.
A capangada armada até os dentes deveria estar no pátio da casa. Mas, como a porteira de entrada, nada de capanga na sede. Apenas dois belos cavalos brancos amarrados à sombra. O coronel de terno e chapéu branco, fazendo pose com charuto grosso, ficou apenas na literatura robusta e cangaceira.
Um empregado trajado humildemente nos recebeu e logo saiu o coronel do interior da casa, parecendo tão humilde quanto o morador. Foi à terceira surpresa. Cumprimento de praxe, dissemos que estávamos fazendo o Censo demográfico. O homem, sem nenhuma pergunta falou que poderíamos ir para o lugar indicado, algumas casas juntas que ficavam a cerca de 2 km da sede. O coronel falou apenas que era longe e, disse ao morador que selasse os dois cavalos. Fomos e voltamos, eu e o companheiro, em animais que pareciam dois automóveis. Fizemos o nosso trabalho, agradecemos pelas cortesias e deixamos à fazenda da mesma maneira que entramos.
Como foi dito, não havia terno branco, não havia capangas, não havia arrogância. Mas quem quiser esqueça a verdade e brinque com cascáveis criadas nos lajeiros!
IZABELLE ALCÂNTARA – Santanense, e hoje é Secretária Municipal dos Direitos da Mulher da Cidade de Teotônio Vilela-AL
Celebridade In Foco – Você é uma pessoa super conhecida aqui em nossa cidade de Santana do Ipanema, filha de um grande empresário, e sempre foi uma jovem da sociedade santanense, uma celebridade, onde na sua juventude foi morar na capital alagoana para estudar, como é do costume. Hoje formada, casada, exercendo o cargo de Secretaria Municipal dos Direitos da Mulher, do Idoso da cidade de Teotônio Vilela. Como você sente agora?
IZABELLE ALCÂNTARA – Santana do Ipanema é minha cidade natal a qual me orgulha de ter sido criada nesse município que acolhe a família Alcântara há várias gerações. Foi em Santana que conquistei os meus primeiros amigos queridos, dei os primeiros passos na minha vida estudantil, recebi a melhor educação didática, através do preparo dos grandes mestres, os quais me recordam com muito carinho e gratidão. Hoje, tenho certeza que, em virtude de ter sido criada no sertão, no berço de uma família que me educou com muito amor, muitos cuidados e, sobretudo, com grandes exemplos dando – me uma grande base, e também a confiança e incentivo, do meu marido Joãozinho Pereira , é que hoje exerço, com muito empenho, afinco e muito amor, o cargo de secretária municipal da minha querida Teotônio Vilela.
Celebridade In Foco – Tenho acompanhado na mídia, jornais, redes sociais, aonde vejo seus trabalhos a frente a secretaria, sabemos do excelente trabalho que você vem desenvolvendo no seu município, onde outros municípios estão passando por dificuldade financeira, e que ficam impossibilitados de realizar ações nas mesmas. O que você diz sobre isso?
IZABELLE ALCÂNTARA – Realmente, os municípios vêm enfrentando uma das piores crises econômicas das últimas décadas. Principalmente, os municípios Alagoanos, porque cerca de 90% deles vivem quase que em sua totalidade de receitas provindas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Os programas e projetos desenvolvidos na pasta da qual estou como gestora continuam sendo executados, com muita criatividade, responsabilidade e empenho. Porém, enxugamos gastos extras, reduzimos o quadro de colaboradores e focamos nas ações primordiais no que compete ao amparo e acolhimento de mulheres e idosos. Os municípios precisam, mais do que nunca, se unirem junto à bancada federal, na luta por uma distribuição de recursos mais justa, já que hoje a União concentra 70% de toda arrecadação de impostos do Brasil. Em minha opinião, há uma crise instalada em virtude da má administração, por parte do governo federal, no desenvolvimento econômico do país. Contudo, precisamos mais do que nunca sermos transparentes em nossas ações e lutarmos para mantermos os serviços essenciais e buscarmos novas parcerias para auxiliarmos nosso povo, uma vez que as pessoas que moram nos municípios, e principalmente os mais carentes, precisam da mão e do amparo do poder público.
Celebridade In Foco – Cite algumas das principais ações da sua pasta, referente ao exercício de 2014.
IZABELLE ALCÂNTARA – A Secretaria Municipal da Mulher e do Idos tem se revelado uma pasta promissora, cheia de projetos e ações que contemplam diretamente a população Vilelense, principalmente as mulheres e os idosos. Não tínhamos um padrão a seguir, ou seja, outra secretaria a qual pudéssemos nos espelhar, por isso foi necessário muita sensibilidade para alcançarmos tudo que conquistamos até hoje. Fizemos um diagnóstico das necessidades das pessoas e, com isso, desenvolvemos grupos de convivência para idosos com aulas de artesanato, fisioterapia (que auxilia na diminuição de dores, locomoção); com psicólogos e pedagogos. Nossos idosos têm um local de atividades semanais, além do pagode no final de semana. Viabilizamos passeios e grupo de convivência para gestantes, onde elas contam com acompanhamento de psicóloga e palestras informativas. As gestantes aprenderem a dar banho em seus recém-nascidos e recebem orientação de como fazer a higiene pessoal pós-parto e do bebê e ainda contam com fisioterapia para a diminuição de dores e são incentivadas ao parto normal. Incentivamos ainda a autonomia financeira das mães com as aulas para a confecção de enxoval de seus filhos e com o curso de salgados e doces. As mães recebem cesta nutricional a partir de 1 mês de vida da criança até o 7º mês, incentivando o aleitamento materno dessas parturientes porque entendemos que é a fase em que a mulher mais necessita de nutrientes. Citamos uma grande conquista que é o Centro Profissionalizante. Fator decisivo para uma boa colocação no mercado de trabalho. Já qualificamos quase 5 mil pessoas de forma gratuita na cidade e no interior, nossa grande meta, em virtude da queda no setor sucroalcooleiro. Estamos investindo em educação profissionalizante para requalificarmos pessoas e dando oportunidades aos jovens para que eles ampliem as chances da empregabilidade. Essas são algumas das ações da nossa pasta, que têm desempenhado cada vez mais atividades que melhorem a qualidade de vida de quem precisa de políticas públicas.
Celebridade In Foco – Você uma santanense, filha de um grande empresário aqui de Santana do Ipanema, casada, com um dos políticos mais influentes do estado de alagoas, onde o mesmo já passou por diversos cargos, como prefeito e Deputado Estadual, e hoje com uma cunhada Deputada Estadual que foi uma das mais votadas no estado de alagoas. Nunca passou na sua cabeça em sair candidata aqui em Santana do Ipanema. Pois sabemos da sua competência a frente aos órgãos de sua cidade. Fale sobre isso.
IZABELLE ALCÂNTARA – Acredito que no município de Santana do Ipanema há bons nomes em seu quadro político. Faço parte de um grupo que trabalha para o crescimento e fortalecimento de uma região. O sertão de Alagoas sempre ocupará um enorme espaço em meu coração e, quando houver um chamamento para trabalhar, honrar e auxiliar no desenvolvimento do povo sertanejo tenha certeza que poderão contar comigo. Desde muito pequena, gosto de política. Em debates na escola que estudava (Sagrada Família) eu deixava de participar de qualquer brincadeira para assistir o horário eleitoral, lia a revista Veja e ouvia atentamente o ponto de vista do meu pai sobre determinados assuntos em destaque. Presenciando a saga do sertanejo, meu grande sonho sempre foi vê o sertão crescendo e igualando a força de trabalho do seu povo. O sertanejo tem uma fé inabalável, uma gentileza que encanta e uma força para trabalhar invejável. Para mim, no momento certo e oportuno, ainda quero contribuir de forma mais ampla e efetiva no crescimento do sertão de Alagoas.
Celebridade In Foco – Considerações finais:
IZABELLE ALCÂNTARA – Quero agradecer a coluna e ao gentil convite do amigo Edilson pela oportunidade e me coloco à disposição alagoasnanet. Foi um prazer poder colaborar com seu trabalho. Um grande abraço, a todo povo santanense.
PRAÇA E IGREJA PADRE CÍCERO, EM MARIBONDO. Foto: (Clerisvaldo)
Felizmente nessa conturbação mundial onde se grita tanto por Justiça, a fé permanece crescente nos corações de homens e mulheres. Não a fé maculada pelo fanatismo que distorce, renasce e continua infeliz. Mas a fé tranquila, cabocla e serena dos humildes que removem montanhas diante dos incrédulos.
Os templos, grandes e pequenos, erguidos nas montanhas, nos rochedos, no barro, puxam, mostram, clareiam uma jornada de vida bombardeada cotidianamente pelos percalços que atormentam o ser humano. O maior dele, o maior de todos, o mais esplendoroso de todos, é aquele erguido no cantinho mais puro do coração, livre das maldades, dos engodos, das tormentas que afligem os mortais.
Quanto prestígio tem o santo escolhido, apontado, testado nas adversidades…
E nas batalhas, particularmente nordestinas, lá vai à multidão atrás do santo do povo, o santo que entende a linguagem da região, que comanda e aplica o milagre no coração limpo cujo grito de socorro ecoa rápido pelos emaranhados do universo. Olhar as estrelas é fugir do meteorismo tresloucado das notícias que corroem a frágil estrutura dos que não têm raízes.
E a fé da noite vai fazendo a limpeza do dia, afastando os males pegajosos como faz a “vassourinha” (planta) da rezadeira, no cair da tarde. As bênçãos ainda se multiplicam nos que as procuram na humildade, no fervor divino, na crença juvenil.
Cavando masmorras aos vícios, erguendo templos à virtude, não importam os arredores minados de garras gigantescas. A fé é verde sempre, mesmo nos rigores dos verões mais tormentosos, resistente às enfermidades físicas e morais jamais desistentes dos cercos periódicos.
E entre tantos e tantos intermediários dos céus, vamos apontando templos que representam presentes aos que nos ajudam na terra. São diferente nomes do catolicismo no regional nordestino que nos elevam e nos faz viver.
Viver sem fé é desintegrar-se na primeira tempestade.
Viver com a fé é apenas envergar-se sem quebrar durante os vendavais, assim como os galhos mais finos do salgueiro.
Terça-feira passada, estivemos em visita de cortesia ao Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, em Maceió. Algumas pesquisas feitas naquele respeitável casarão voltaram muitas vezes multiplicadas em forma de livros que servirão para outros pesquisadores de Alagoas e do Brasil.
Mesmo com o presidente do Instituto, ausente, ofertamos três livros que por certo serão apreciados e colocados à disposição dos seus visitantes. Autografados ficaram: Lampião em Alagoas (Clerisvaldo B. Chagas e Marcello Fausto); Negros em Santana (Clerisvaldo B. Chagas, Marcello Fausto e Pedro Pacífico V. Neto); e Ipanema, um rio macho (Clerisvaldo B. Chagas).
MACEIÓ, RUA DO COMÉRCIO. Foto: (Clerisvaldo)
Na fase de pesquisa para o Livro Lampião em Alagoas, colhemos duas fotos históricas nesse luxuoso museu alagoano, de personagens importantíssimas no combate ao cangaço lampiônico. Completamente inéditas para a história cangaceira (que apena cita nome, sem imagens), apresentamos em Lampião em Alagoas as fotos do governador Costa Rego (o mais famoso) e a de Osman Loureiro, em cuja administração aconteceu a hecatombe de Angicos.
Aproveitando a recepção em nossa visita, colhemos outra foto de outro personagem que teve intervenção marcante nas mortes dos onze cangaceiros abatidos em Angicos, inclusive Lampião e Maria Bonita. Seremos também, o primeiro a apresentar a imagem dessa pessoa que todo livro de cangaço fala, mas não apresenta foto. Esse retrato virá no livro Maria Bonita a Deusa das Caatingas, completamente pronto, faltando apenas imprimir e publicar. Junto a essa foto, mais duas também inéditas do mesmo assunto e da capital Maceió.
Muitas pessoas, porém, não sabem que o Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, funciona como museu de alto nível, talvez, por falta de divulgação.
Menino, é um luxo, uma organização, um zelo, um brilho!…
LUANNA SANTOS, filha de santanense morando na cidade de Maceió onde é sócia da ÓTICALUCCAR no Centro de Maceió e Benedito Bentes, está passando férias em família, nas cidades de Delmiro Gouveia e Piranhas Alto Sertão Alagoano, onde visita ao Rio São Francisco e os Cânions.
Um dia, pouco interessava qual, vinha vindo. Um homem, tampouco se sabia quem era, vinha vindo. Um outro – que não precisava mais vir pois já estava – contava de dias que vinham vindo, de homens, de céus bem afeiçoados, ou mal promissores que sempre vinham vindo. O que vinha, parou na esquina. E ficou bem assim. Ficar bem assim – era estar-se de pé, estático – assuntando as coisas. Por um bom tempo ficou esquinando. Isso mesmo. Esquinar era – ficar afrontando o que se tinha pra desfazer, ou dependendo do caso – refazer. Àquele, não se sabia se tinha ciência que se encontrava perante uma das quatro (es)quinas do mundo. Assim estava o homem.
Era muito provável que o outro se dispusesse a descrever o que via. Talvez não tivesse muito que contar. Por aquela ser uma cena tão comum, corriqueira, atemporal. Um lugar qualquer no mundo. Muita gente passando. Pra lá e pra cá passando. Cada um carregando – como bem podia e entendia – aos seus fardos-destinos. E ia um que levava às costas, um porco abatido já desviscerado. A marcha de calça coronha, e canos de botas sanguineos. Orelhas a balançar pingantes – alegremente a caminho do mercado – olhos fechados, suinamente sorriam. Um negro com um caçuá na cabeça – ia, sem nada dizer – falava de cachos de banana da terra. Nanica, e Prata somente na semana que viria, diria se alguém perguntasse. O balaio-fubá com seus dedinhos morenos, finos, entrançados, abraçava um saco branquinho como as vestes de Jesus na transfiguração! Num misto de melancólico e curioso o balaio olhou pro caçuá. Nos bolsos da calça de ir pro cassino do homem branco, carteira, dinheiro, documentos, a algibeira-relógio com almofadinha azul-marinho no forro interno da tampa. Numa carroça puxada por uma burra, seis ancoretas enjoadas iam, e de tantos solavancos, vomitavam água do sobejo. O promotor público com seu bigodinho fino. Os picinês no rosto recém-escanhoado – desfilava na rua do comércio – dentro do seu carrinho feio, que mais parecia uma baratinha! Não era feio não, era a inveja que era muita! E iam, e vinham, tantos destinos. Doidamente, milagrosamente, numa alucinada sincronia. Corpos a tirarem fino, uns nos outros. Enquanto as almas não tendo a mesma sorte esbarravam-se. Inexplicavelmente aquele homem resolvera parar. Era isso que intrigava. Por que parara? A ficar sem mais nem menos, margeava a vida? O livro, não dava pra ver. No entanto ele estava lá, com certeza, estaria guardado em uma de suas bagagens. Porque trazia mais do que necessário. Uma inquietude mal disfarçada a dizer que se quisesse consultar o livro, ali não se sentiria muito à vontade pra isso.
E aquele que observava, achou por bem – e propiciava a hora – descrever o sujeito. Gostava de começar pelo figurino, porque achava que toda indumentária tinha poder impactante. E que era o cartão de apresentação de qualquer um. Achava que até um mendigo – como tal – devia vestir-se condignamente. Porque pra ele, era bastante dizer o que vestia, pra dizer quem era. Vestia um paletó azul – pobremente desmaiado – escuro. Uma calça de tecido também muito gasta. A ponto do entorno dos bolsos a negar o blue marinho que um dia tivera. Tinha umas coisas ali que não combinava – porque nesse mundo de meu Deus tem coisas que não fazem o menor sentido – o chapéu de salgueiro, lixado a esmero. Com faixa negra na base da copa, clamava uma cor neutra, mas o sol não colaborava. Entre os lábios e os dedos da mão direita um cachimbo, feito de álamo cru. A piteira metálica reluzia ao sol das dez, dando a impressão que o homem tinha dentes de ouro. Um par de sofredores nos pés. Três ou quatro volumes de bagagem jaziam no chão. Faltando pouco pra se apoiarem no poste. O chapéu, pendido pro lado, e o sol continuava não colaborando. Os traços marcantes, os fios de cabelo branco, as linhas da idade, tudo sequestrado pela luz. A impressão que dava era que Getúlio Vargas resolvera sair do Palácio do Catete indo bater na praia de Copabacana – em plena segunda-feira pela manhã – surpreendendo até os periquitos que arribavam araucárias, ananás e palmeiras – trazidas de além-mar por D. Pedro II para enfeitar – a Avenida Atlântica.
E o livro? Se era que o tal livro realmente existisse – o que já não duvidávamos – descobrimos onde o escondia. Estaria dentro daquele bolso que fica na tampa da mala pelo lado de dentro. Muito parecido com um embornal de caçar rolinha e preá no sertão do Cariri. Donde aquele miserável nunca, jamais deveria ter saído. Dentro da mala de couro quadrada, dotada de cinto de couro cru, com quatro cantoneiras de lata nos quatro cantos. Na bolsa de pano da tampa pelo lado de dentro se encontrava o tal livro de capa vermelha. A capa trazia a suástica nazista dentro de um círculo preto. Em letras sóbrias – na parte de cima – talvez dissesse “Mein Kampf”. Por causa desse maldito livro há vinte e tantos anos passados, ainda estudante fora preso e torturado. Seus pais e irmãos jamais entenderam o que significava a palavra ‘comunista’ com que alguns vagabundos – na calada duma madrugada de sábado – picharam no oitão da casinha de taipa. Pra eles tudo aquilo só podia ser uma espécie de doença muito séria, um castigo de Deus por ter rezado pouco. Naquela redondeza, só eles foram agraciados com aquele atraso de vida.
Quando iam pra feira, os homens da cidade olhavam-nos com desprezo. Jamais esqueceriam no dia que o jipe da polícia chegou ao terreiro da sua humilde casinha. A tapera de taipa no Sítio Mocó dos Vieiras nunca tinha visto um carro na vida. O comandante e uma guarnição de cinco homens Com seus enormes fuzis munidos de baionetas espetavam o céu. Seis pra dar voz de prisão a um frangote – que nem gala tinha direito – um menino, um matuto da roça. As vistosas fardas de lona camuflada e o chapéu de cuia “brilhou no céu da Pátria neste instante” E fez raiar o sol da desliberdade. Mesmo não demonstrando a menor reação, despiram o rapaz da cintura pra cima. Amarrado de corda, arrastado pelo terreiro no entorno da tapera, as vistas de pais e irmãos humilhado. Socos e pontapés, e deitou sangue subversivo, dum nariz dissidente, maculando o terreiro que sua mãe todo dia varria. Sua cabeça foi raspada, seu cabelo foi juntar-se ao cabelo de milho do alpendre, no aceiro da roça. Levaram-no para o manicômio judicial. Lá as torturas se intensificaram, choques elétricos, medicamentos psicotrópicos, alucinações e o diagnóstico: esquizofrenia. Vinte e tantos anos ficaram pra traz, as lembranças não.
O livro que Ulisses guardava a sete chaves desde menino, ganhara de tio Afonso. E o escondia de todos porque era um livro proibido. O padre Bento mesmo, num de seus sermões, teria excomungado e tornado herege todo aquele que o lesse. O livro falava de muitas coisas que os homens do seu tempo negavam. De que inicialmente todas as coisas tinham o aspecto do caos, e o que hoje cogitamos chamar de mundo se dava o nome de Caos. “E havia uma densa escuridão e um imenso vazio sem começo nem fim. Dali surgiu Gaia, a Terra, que deu a luz Urano. E Gaia e Urano se amaram, e desse coito incestuoso nasceram os titãs: seis homens e seis mulheres. Sendo Cronos e Reia os mais taludos dentre eles. Urano sabendo do poder e da astúcia de seus filhos, com medo que os derrotasse não permitiu que saíssem do interior de Gaia. Pensando que assim se manteriam obedientes ao pai. Com a ajuda da mãe, com uma foice, Cronos cortou as genitais do pai e lançou-os ao mar, o esperma que caiu produziu Afrodite, o sangue da ferida gerou Ninfas. Após libertar seus irmãos Cronos seduziu e desposou Reia sua irmã. Com ela procriou os deuses do Olimpo entre eles Hera, Poseidon e Zeus mais conhecido por Júpiter. Através de artimanhas Zeus conseguiu tornar-se rei dos titãs do Olimpo, de lá governava, os céus e as tempestades.”
O mundo agora mesmo, não sabia mais o que fazer com Ulisses. Depois de vinte e tantos anos, um universo inteiro de gente que vivera com ele já morrera. Pais, avós, tios, irmãos. Talvez se houvesse ainda algum, não o reconheceria, do jeito como se encontrava, não o reconheceria mais. Além do que tantos males causara a família, melhor seria não voltar a vê-los. E as asas de Cronos puseram sobre ele sua sombra. E voando nelas foi até a casinha do sítio Mocó. Sua mãe na cozinha, a ficar de cócoras pra lavar as louças numa bacia. O tecido da saia ajuntava todo no meio das pernas, os joelhos iam aos seios, murchos. Um lenço na cabeça escondia sua imensa cabeleira raiada de fios brancos. Pucumãs mantidas nos caibros negros de fumo, pro caso duma ferida braba a estancar o sangue. O pedaço de couro de veado preso a cumieira era pra mordida de cobras. O galho de arruda num jarro pra afastar mal olhado. Mas quem nesse mundo de meu Deus, iria lançar olho gordo pra tanta miséria em cima da terra! Uma tapera caindo aos pedaços, galinhas, bacurinhos, uma velha mula, a vaquinha Princesa, a cachorra Cruvina. A lavoura na roça, um açude quase seco. Era o rico patrimônio dos Vieiras, que Ulisses tanto gostaria de reencontrar.
Como gostaria de estar lá novamente. Ah! Se tivesse o poder de Cronos. Enquanto pensava nisso, Ulisses viu uma moça atravessando a rua. E vinha em sua direção. Stephanie de Mônaco, bela deusa grega em plena manhã. Por um instante na terra do condor, de um olho o brilho, um raio (incan)indecente. Sedução.
Walison Maicon do Nascimento, sou natural de Santana do Ipanema e fui criado na zona rural de Dois Riachos, aonde aos 15 anos fugir de casa para tentar realizar os meus sonhos, estudar era o principal objetivo, pois lá não tinha a oportunidade de estudar, só trabalhava porque era a única opção que o meu padrasto me dava, por isso fugir. O segundo objetivo era ser cantor aonde passei pelas seguintes Bandas; Soddy Guetto, Plenitude e Oz Kriativoz, que com elas apredi muito. Mas ainda não estava satisfeito, pois o meu sonho era ser cantor sertanejo
CELEBRIDADE IN FOCO – Como surgiu a vontade de ser músico?
Walisson Maicon – A vontade de ser músico, surgiu ainda quando criança ouvindo zeze di camargo e luciano, chitaozinho e xoxoro, Leonardo e outros da época
CELEBRIDADE IN FOCO – Sabemos que os apoios são poucos, principalmente quando se trata de culturas, músicas que você me diz sobre isso?
Walisson Maicon –(RISO) So tenho a lamentar que o nosso meio político não tenham criado um plano de incentivo a cultura musical no nosso país, por isso sofremos tanto.
CELEBRIDADE IN FOCO – Como é está cantando nas principais festas da região, como no 3º CELEBRIDADE FEST 2014, que você deu um show e que toda sociedade santanense pode ver seu brilhante trabalho, e recentemente fez uma participação com o cantor famoso Leo Magalhões, aonde você fez uma participação no início deste mês, em uma das maiores festas de Reis do sertão na cidade de Poço das Trincheiras, com uma praça lotadas de pessoas de várias cidades, e de estados vizinhos?
Walisson Maicon – Foi um prazer poder está no Celebridade Fest 2014, como também poder cantar ao lado de um cantor famoso como LEO MAGALHÃES inexplicável, oportunidade rara, muito emocionante, até mais do quê foi o primeiro vez em que subi ao palco pela primeira vez.
CELEBRIDADE IN FOCO – Qual é o seu projeto futuro, sabemos que você já está entrando na fama, por ser um jovem que sempre sonhou, e agora está começando a realizar este sonho ?
Walisson Maicon – Seguir tentando, investindo nesse sonho e estou me esforçando para gravar um DVD em breve.
CELEBRIDADE IN FOCO – Suas considerações finais?
Walisson Maicon – Quero agradecer a você pela oportunidade, ao site alagoas na net, e a todos que curtem o meu trabalho obrigadooooooooooo #WalisonMaicon
Você já parou para pensar o que aconteceria se o nosso planeta parasse de girar agora mesmo? Bepode parecer bobagem imaginar algo desse tipo, mas para você seria como estar num carro a 16oo quilômetros por hora e ele travasse de repente — sim, você morreria instantaneamente. Mas os problemas não parariam por aí, uma série de catástrofes viriam em seguida.
Para que isso fique mais claro, vamos apresentar alguns pontos importantes do que esse acontecimento mudaria em nossas vidas:
1. Seu corpo iria voar para leste, como uma massa de misturada de ossos e músculos a uma velocidade incrível: 465 metros por segundo se você está perto da linha do Equador ou 368 metros por segundo se você está perto de San Francisco.
2. Como a rotação da Terra é menor de acordo com dos polos, pessoas muito próximas destes locais poderiam sobreviver. Mas só no começo.
3. Pessoas em aviões poderiam sobreviver inicialmente, durante alguns segundos…
4. …sendo mortas em seguida pelas tempestades gigantescas que iriam começar logo depois do ponto de parada.
5. A velocidade do vento –maior que a da explosão de uma bomba atômica– seria tão alta que iria provocar instantaneamente incêndios por todo o planeta.
6. O vento também causaria uma erosão sem precedentes em praticamente tudo que faz parte da crosta terrestre.
7. Os oceanos se levantariam como tsunamis gigantescos, e toda a água se moveria em direção aos polos, como mostra essa simulação computadorizada.
8. O núcleo de ferro da Terra também iria parar. Sem sua rotação, a Terra perderia o campo magnético protetor. A radioatividade do Sol iria automaticamente matar tudo que sobreviveu.
9. Depois disso, metade da Terra estaria constantemente exposta ao Sol, com temperaturas cada vez maiores, chegando a patamares que matariam a grande maioria da vida na superfície. A outra metade do planeta iria congelar.
Então pessoal, levando em consideração que não conseguiríamos nos recuperar de algo desse tipo, seria nosso fim.
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28 jan
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