RESPEITÁVEIS SENHORES DE GRAVATA

Clerisvaldo B. Chagas, 05 de março de 2015

Crônica nº 1.380

Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

Quando falávamos sobre as cidades alagoanas, pronunciei-me dizendo que Santana do Ipanema era uma cidade calma, boa de se viver. Um cidadão de Olivença, bem informado do submundo, disse-me com toda educação que ainda hoje a mantém: “Professor, é muito bom que o senhor não saiba dessas coisas. A cidade parece pacífica, mas se alguém bater com o pé em cima do tablado, ele desaba de podre”. Sabiamente, não contestei, mas passei a pensar no assunto de vez em quando.

Cerca de quinze depois, chegou àquela cidade o delegado Ricardo Lessa. Foi aí quando comprovei a veracidade da afirmação oliventina. Foi o delegado Lessa que bateu com o pé no tablado. Ratos, corvos e morcegos, assanharam-se numa debandada geral, cujos porões ficaram limpos durante o período do delegado no município.

Os respeitáveis senhores representantes do povo no Congresso, calmos e intocáveis, nunca ficaram tão nervosos como agora.

Veja a o que saiu no G1: “Cerca de 45 políticos de vários partidos são alvos dos pedidos de abertura de investigação feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), informou nesta quarta-feira (4) o Jornal Nacional”.

“Entre as suspeitas sobre esses políticos, há crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, investigados na Operação Lava Jato, que apura pagamento de propina e desvio de dinheiro da Petrobrás”.

Vá degustando leitor, sobre os nossos engravatados representantes:

“O Jornal Nacional apurou que dois dos nomes são os dos presidentes do Senador, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB)-RJ)”.

Muito “nego” sem dormir! Esse período até sexta-feira, quando os nomes deverão ser divulgados, vai provocar diarreia em muitos e ataque de nervos em outros, meu compadre, leitor.

Foi Ricardo Lessa bater a bota no tablado… Desculpe, foi Janot jogar o papelzinho para o Supremo, que a agitação sob o tablado começou. Só que esses não têm como “espanar, desertar, fugar… Estão presos na própria armadilha”.

Ah! Respeitáveis senhores de gravatas.

ORGULHO BRASILEIRO: A MAIOR TORRE

 

TORRE ATTO (foto: G1)

TORRE ATTO (foto: G1)

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de março de 2015

Crônica Nº 1.379

O Brasil acaba de instalar na Floresta Amazônica, a maior torre do mundo, superando mesmo a Torre Eifell de Paris e a da Sibéria, considerada a maior. Da primeira, um metro a mais, da segunda, 25 metros acima. Chamada “Torre Atto”, empreendimento de cooperação Brasil/Alemanha, tem a torre o objetivo de estudos climáticos na grande região.

O Bom Dia Brasil mostrou com exclusividade a arrojada realidade que vai monitorar as mudanças climáticas, dentro da floresta. 

Mais uma vitória da nossa engenharia, como a ponte Rio/Niterói; a torre foi construída em Curitiba e levada em módulos para a Região Norte, até o local de instalação, a cerca de 300 quilômetros de Manaus. 

Outras obras como a estrada São Paulo/Santos e o parque eólico, recentemente inaugurado, Brasil/Uruguai, são coisas positivas que honram qualquer população do mundo. 

Sobre a “Torre Atto”, vários obstáculos foram vencidos até a sua instalação na Amazônia brasileira. “Do Sul, uma viagem de dez dias, entre estradas e rios, até que as peças chegassem ao Amazonas em uma balsa. O local escolhido para a montagem foi a Reserva de Uatumã. (…) Para chegar até lá foi preciso enfrentar muita lama e abrir estradas”, disse o engenheiro Sérgio Nascimento”.

325 metros de altura vão contemplar o imenso tapete verde que se perde no horizonte em todas as direções.

Amplamente beneficiados serão os campos da Engenharia, Química, Física, Ecologia, Climatologia e muitas outras áreas, direta ou indiretamente com experimentos da “Torre Atto”.

“Se a gente tivesse escolhido um lugar pertinho de Manaus, a gente sempre tem a influência da cidade, com toda a poluição, com todas as partículas emitidas das usinas, e aqui a gente tem um ambiente bem natural. A ideia é de entender como funcionam os sistemas dessa floresta maravilhosa na interação com a atmosfera”, explica Stefan Wolff, pesquisador do INPA”.

Interessante é a estrutura interna dos módulos, com largura de 3 metros onde ficará o equipamento de pesquisa. 

A Torre Atto será um instrumento importantíssimo na compreensão da influência da grande floresta equatorial no Brasil e no mundo. Mais um orgulho nacional.

A MÃO E O MARTELO

Foto: Fábio Campos e Tômas Kael

Foto: Fábio Campos e Tômas Kael

A quaresma havia chegado. Nuvens vinham, e se quisesse, falariam de esperança, de coisas novas e sentimentos dúbios: tristeza, melancolia. E se tudo parecia confuso pouco importava isso nada mudaria o rumo das coisas. Indiferente as nossas vontades as coisas iam acontecer exatamente daquele, ou de qualquer outro jeito. E o vento vinha e – felizmente – não viera pra ficar. Não iria, porém sem deixar sua marca. E dava pra ouvir sua voz. Com nitidez colossal falava a as coisas todas. Aquele a quem fora repreendido – e a aqu’Ele – a que devia obediência, trouxe. E Tômas, na sua inefável – leveza de ser e – inocência, queria saber por que as pessoas estavam com cara de tristes. Se agora a pouco, houvera os dias frívolos, e fora tanta a alegria reinante.

Ainda muitos ventos, muitas águas, de outros marços, iam passar pra que Tômas entendesse. Lá estavam todos na calçada esperando o táxi. Desarmados de espíritos, limpos de corpos, trajados e perfumados pra ir à missa das cinzas, e foram. Água de chuva, quem sabe, não tivesse cheiro de céu? Um cachorro todo molhado surgiu na rua, veio até a calçada. Sob o pelo do pescoço uma corrente prata, sendo um prateado tão sutil que sumia na pelagem alvíssima! E mesmo sem querer trouxe tristeza. Lágrimas de encher os olhos. E se rolassem pelo rosto, teriam somente gosto de sal? As coisas todas reveladas, mas só a alguns poucos a capacidade de entender. Aos comuns, permaneceriam ocultas. A praça tristemente silenciada. E ia a tristeza andando de mãos nos bolsos, deixando pra trás um rastro de fumo de cigarro, que punha cheiro, nas mãos, nos tocos de pelos da barba de três dias, dentro das ventas, na aba do chapéu. Mais adiante outras mãos, largadas, sem rumo certo procurando o nada. Muitos momentos daqueles um instante e uma vida inteira pra pensar. Os atos vertiginosos impulsivamente cometidos. Arrepender-se-ia? Pra que? Se já pensava no ano que viria, tentaria não agir mais daquele jeito? Com um pouco de sorte retomaria ao que era antes. Uma mão, suja de pó, segurando uma latinha de cerveja, se ia buscando ainda um pouco mais das delícias de momo, findadas. Cores tragicamente mortas jaziam no leito da rua. As cores vivas foram todas pra porta da igreja. Estavam todos lá, ouvindo a missa de tomar cinzas.

Voltar pra casa, às vezes era a melhor opção. Preferível o refúgio da casa a rudeza de debaixo do tempo. Abrigado das vistas do céu, dava pra se ser quem quisesse. Heróis e bandidos lutavam dentro do peito numa batalha sem trégua, sem derrotados, nem vencedores. E sonhos mornos na penumbra do quarto vinham lhe fazer companhia. Sentiam-se tão fracos e pesados que não conseguiam alçar vôo. Deitavam-se manhosos por baixo dos lençóis, entre corpos e espíritos aqueciam-se. A porta do quarto meio aberta dava pra ver as crianças brincando na sala. Não queria adormecer e ter aquele sonho horrível. Dizia, que estavam em Maceió, Juliana ia andando de bicicleta, o cabelo rabo de cavalo balançando. Iam por uma longa avenida, a calçada cheia de gente, a menina pedalava feliz, despreocupada. Pouco a pouco se distanciava, e se perdia de vista. Tômas foi incitado a alcançá-la, porém também não conseguia. E chorava muito por isso. Cadê ela Tômas? A menina simplesmente evaporara. Ó quão triste a dor da perda! Meu Deus como pode acontecer isso… Que coisa terrível! Acordou suado, o coração disparado, nunca mais queria ter aquele pesadelo. Sob o clarão que vinha da janela lá estavam. Como era bom a certeza de tê-los, de poder vê-los. Tômas de frente pra quatro homens anões fortemente armados, ao lado de quatro animais igualmente de plástico rijo, revestido, de placas ricamente pigmentadas, com seus olhares ameaçadores. Faziam-se perfilados no piso esmaltado da sala. E os instruía pra uma missão árdua das quais os incumbiria. Para tal empreendimento teriam que preparar-se. O de trajes azul e verde era chamado de Tiwar, tinha um capacete reluzente que provavelmente fosse supersônico, bem como botas especiais. Estranhamente no lugar da mão direita havia uma espécie de torquês com três garras de ouro. Sua missão era proteger – com a própria vida se preciso fosse – Odin, o de vermelho e branco, que tinha uma espada e um escudo com poderes inimagináveis. O homúnculo de cabeça e vestes de aracnídeo, em posição de ataque aguardava a ordem do comandante era Balder. Finalmente Loki cujos músculos, peitoral, abdômen, bíceps, costureiros e asas fortemente ampliados, sem necessidade de anabolizantes apenas polipropileno puro.

Pois bem, a história ia de vento em popa. Dando a ideia de ser só dele, do menino Tômas. Ora, meu caro, felizmente as coisas nunca são como queremos. Nem mesmo quando o que escreve tendenciosamente procura beneficiar a apenas um protagonista. A campainha tocou. E Aika estranhou que à hora terceira da tarde já viesse o vendedor de pão! Porem não era. Olhando através do gradil da porta, Tômas viu um menino no portão. Vestia uma camisa de meia, surrada, um calção de tecido. Na cabeça um boné com a estampada de Thor. Pelo tamanho viu que aquele era mais velho que ele. De fato devia ter uns nove anos. Perguntou-lhe como se chamava, respondeu que seu nome era Luan. O que queria? Disse que vendia cofres feitos de barro, que podia até brincar com eles, mas que servia mesmo era pra guardar moedas. Pediu-lhe que fosse chamar seu pai pra comprar um. Tômas preferia prolongar a conversa. Conversar com o estrangeiro era mais emocionante que adquirir um mero cofre.

-Quem é este no seu boné? “-É Thor deus dos trovões, relâmpagos e tempestades, as árvores de carvalho, força, e proteção de todos os meninos, e dos fazendeiros. Sua arma é um martelo de guerra mágico chamado de Jolnir que ele atira contra os inimigos, nunca erra o alvo e sempre volta pra suas mãos. Percorre o mundo numa carruagem puxada por dois bodes pretos chamados de Tangrisnir e Tangrisnor. As rodas da carruagem ao rodarem nas nuvens provocavam os trovões nos céus. No castelo onde habita chamado de Thrudvang recebe todos pobres, depois que morrem aqui na terra. Considerada a mais bela das construções com mais de 1.500 acomodações, é pra onde irei um dia. Thor é respeitado na Germânia, na Escandinávia e por todas as tribos e povos viking. O deus Júpiter o homenageou dando seu nome a um dia da semana Dia de Thor, Thor’s Day ou Thursday, quinta-feira em inglês.”

Luan devolveu a pergunta: -E esse aí na sua mão, quem é? “-É Tiwar também chamado de Tyr. O meu herói preferido, o deus das guerras. Ele participou das muitas lutas e batalhas entre os deuses nórdicos, e venceu todas. Numa delas perdeu uma das mãos. Foi assim, Loki irmão de Tyr criava um lobo chamado Fenrir que vivia solto no reinado de Asgard. Esse lobo começou a crescer e ficar tão grande que Loki temeu que viesse um dia a devorar Odin seu pai. Os deuses decidiram que Fenrir devia dali por diante viver acorrentado. Acontece que Fenrir quebrava todas as amarras com lhe eram atadas. No longínquo reinado de Vartalfein, viviam os anões ferreiros, os melhores do mundo. Com a promessa de ouro e riquezas eles concordaram em fazer uma corrente pra prender Fenrir. Ao concluir os grilhões Odin curioso quis saber de que eram feitos. De seis coisas, responderam os homenzinhos: do som que um gato faz quando caminha, da barba de uma mulher, das raízes de uma montanha, dos tendões de um urso, do hálito de um peixe e do cuspe de um pássaro. Não sendo fácil persuadir Fenrir a deixar-se amarrar um acordo foi firmado. Se ele não conseguisse se soltar, eles o soltariam. Fenrir por garantia exigiu que um deles, como prova da sinceridade, colocasse uma das mãos dentro de sua boca. O único que aceitou colocar foi Tyr. O lobo lutou ferozmente sem conseguir libertar-se. Lutou muito sem conseguir furioso decepou a mão de Tyr. O deus Urano, consagrou esse trágico dia com o Dia de Tyr, “ Tyr Day” Tuesday em inglês.”

Outra quarta-feira de cinzas como aquela na vida daqueles, talvez nunca mais houvesse, nunca mais. Só Odin pai de Thor e Tyr o deus da quarta-feira, podia dizer pois neste dia podia interferir nos destinos. Mesmo que tudo parecesse confuso pouco importava, nada daquilo mudaria o rumo das coisas. Indiferente as nossas vontades as coisas tinham de acontecer daquele, ou de outro jeito. Luan desistiu de vender um cofre a Tômas. Virou a aba do boné pra trás. Dum puxão pra cima juntou o calção ao corpo franzino. Pegou nos braços do carrinho de mão. E seguiu rua adiante. Não sem antes, chamar um cachorro branco que estivera o tempo todo na calçada, esperando:

“-Vamos Fenin.”

Fabio Campos 24 de Fevereiro de 2015.

*A Gravura que ilustra este conto, parte dele, foi feita por Tômas Kael (5 anos) neto do autor.

O COMANDO DOS VENTOS

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de março de 2015

Crônica Nº 1.377

Parque Eólico Geribatu (Foto: divulgação)

Parque Eólico Geribatu (Foto: divulgação)

Ministrando aulas de Geografia, abordávamos o assunto dos tipos de energia usados no mundo. Na época, dizíamos que alguns desses tipos alternativos estavam apenas engatinhando. Hoje, a realidade é outra com o avanço de pesquisas e as experiências, mesmo assim o homem continua aprendendo, como no caso da energia eólica, isto é, a energia produzida pelos ventos.

O termo eólico vem do latim aeolicus, que pertence a Éolo, o deus dos ventos na mitologia grega. Desde a antiguidade essa energia baseada na força dos ventos, é utilizada em moinhos e impulsão de velas de barcos. Com a evolução nas pesquisas, chegamos a utilizá-la bem, a exemplo da energia solar que continua sendo motivo de estudos. Aliás, todos os conjuntos residenciais feitos pelos governos, nas três esferas, já deveriam ser entregues com energia solar e assistência técnica.

O Brasil tem um dos maiores potenciais eólicos do planeta e

regiões mapeadas desses potenciais, inclusive, Alagoas com área no sertão. Vários parques eólicos funcionam no país, incluindo o Nordeste, sendo com tendência de ampliação, o que viria a aliviar a rede hidrelétrica do país, nossa principal fonte energética. A energia dos ventos é considerada limpa e não depende de seca e nem de chuvas. O que se fala até agora é sobre o ruído dos ventos nas enormes hélices dos seus cata-ventos, coisa que não se aconselha moradia por perto ou possível desvio de rota de aves migratórias.

Infelizmente a cegueira de alguns, não consegue marcar as coisas positivas e de grande relevância do país, noticiadas em pé de páginas, enquanto o supérfluo, o negativo e o ridículo, assumem lugares de manchetes.

A inauguração do parque eólico Brasil/Uruguai (Dilma/Mujica) o maior da América Latina, tem potencial para ser uma segunda Itaipu, que já foi a maior hidrelétrica do mundo. Esse é um dos maiores feitos dos últimos anos, ocasião em que o mundo necessita de mais e mais energia para assegurar o desenvolvimento.

O esforço que a imprensa faz para encobrir eventos dessa dimensão tenta deixar o brasileiro desinformado para os valores do seu país. É mais fácil desviar o tema mostrando a bunda de “A” ou de “B” que é “mais relevante” (as páginas estão cheias dessas coisas). Infelizmente o Brasil ainda não se libertou da pecha que “não é um país sério”. Como, se os próprios filhos contribuem para isso!

FESTA NO CEO

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de março de 2015

Crônica Nº 1.377

Ivanzinho, do CEO. Foto (Ailton Cruz / Gazeta de Alagoas).

Ivanzinho, do CEO. Foto (Ailton Cruz / Gazeta de Alagoas).

Pode-se dizer mesmo que houve festa no CEO. Um jogo aguardado com muita expectativa em Olho d’Água das Flores terminou premiando o dono da casa. O futebol mostra mais uma vez que nome famoso e mídia farta não ganham combate.

Na tarde de ontem, no sertão alagoano, o tempo estava ensolarado e nada fazia prever sua mudança. Recebendo a visita do Centro Sportivo Alagoano (meu velho CSA), o Centro Esportivo Olhodaguense ─ CEO, não se intimidou com o nome tradicional do futebol de Maceió. O CEO convenceu jogando com garra e plano tático, cujo nó de marinheiro o adversário não conseguiu desatar.

No interior, onde a diversão popular é pouca, fez o jogo CSA X CEO tornar-se uma atração, não somente local, mas ponto de convergência de torcedores dos mais diferentes municípios do Médio e Alto Sertão.

No decorrer da partida o tempo começou a mudar e, o céu de cima quis prestar uma homenagem ao CEO de baixo. Nuvens cinza e chumbo foram se acumulando e uma boa chuvada caiu no Estádio Edson Matias e na cidade de Olho d’Água das Flores. A torcida liberou o grito da garganta, comemorando a vitória do time da casa e a chuva que molhava a multidão desprevenida. Os torcedores, nessas alturas, cantavam e pulavam de alegria, auxiliados pela chuva que também viera juntar-se à vitória no Edson Matias. O tempo escureceu, refletores iluminaram o campo e, a torcida não parava de comemorar.

Olho d’Água das Flores vivia uma tarde gloriosa, quando passou mais de 90 minutos focalizada e sendo a atração estadual. Quanto dinheiro não rolou na cidade entre as mais diferentes atividades econômicas. Goste-se ou não de futebol, mas o danado do esporte bem alavanca as finanças.

Com inúmeras pessoas com dinheiro no bolso, à tarde festiva foi encerrada em Olho d’Água.

Em Santana do Ipanema, cidade localizada a 20 km do jogo; da chuva de Olho d’Água das Flores chegaram apenas relâmpagos e trovões, como se fossem foguetório comemorando a vitória do CEO, de 1 X 0, pela vizinhança.

Que tristeza para o nosso glorioso Ipanema! Mas com persistência e força, logo chegará a sua vez.

VANDALISMO POLÍTICO

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de fevereiro de 2015

Crônica Nº 1.376

Agonia popular nos trens (Foto: Reprodução Band)

Agonia popular nos trens (Foto: Reprodução Band)

Quem teve oportunidade de ontem à noitinha assistir os programas “Brasil Urgente”, comandado por José Luiz Datena (Band) e “Cidade Alerta”, com o apresentador Marcelo Rezende (Record) ficou estarrecido com o que ouviu e viu. O caso dos trens e os passageiros desarvorados foi motivo para críticas pesadíssimas em cima dos políticos, por parte dos dois apresentadores de televisão em canais diferentes. Muitos nomes de “ladrões” e até de “vandalismo político” foram pronunciados.

É o que sempre tenho dito que os políticos estão implorando uma ditadura militar em que o congresso seria fechado, e toda classe política presa, perseguida e muitos correriam para se refugiar no estrangeiro, à semelhança de 1964.

Estão zombando de tudo e de todos inclusive da Justiça. Do jeito que vai, o povo pegará em armas ou às forças militares darão um basta na canalhice que estar afundando o Brasil.

Vejamos apenas três exemplos. Em Alagoas, depois do exorcismo forçado, a Assembleia volta a contratar como nunca, desmoralizando o povo e a Justiça.

Na Câmara Federal, mais uma imoralidade protegida por lei, quando se resolve aprovar passagem para mulher acompanhar marido com super salário, por aí a fora, com o dinheiro do povo. A fortuna ganha pelos deputados e mais as mordomias não saciaram a sede de um saque oficial, quando lembramos que a maioria do povo ganha menos de um salário mínimo. Uma afronta à população, ao povo e a democracia. Uma tapa bem dada na cara de cada um dos brasileiros.

Em outro local, um juiz toma os bens de um milionário e passa a utilizá-los. Ação comparável a de um policial que toma a droga do bandido e vai usá-la.

Quem conhece a história do Brasil, sabe que inúmeras revoltas aconteceram. Eu não sei onde está a paciência das forças armadas que ainda continuam apenas observando a farra dos políticos. Sou contra ditadura, qualquer que seja ela, e o povo também, mas os políticos não deixam de implorá-las aos militares com seus atos insanos, tresloucados, doidos, insaciáveis de fazenda particular com atitudes de coronelismo nordestino coletivo.

O que os dois apresentadores de televisão disseram, clamaram, berraram em defesa do povo, não pode ficar sem resposta.

Prefeita Santana Mariano – VEM SE DESTACANDO NO ESTADO DE ALAGOAS

11004128_10205436822333582_1542322995_nMULHER, ELA QUE É PREFEITA DE MAJOR IZIDORO – ALAGOAS. SANTANA MARIANO QUE VEM SE DESTACANDO NO ESTADO DE ALAGOAS

A prefeita acaba de inaugurar várias ruas, e fez entrega de 02 ônibus a população de Major Izidoro, como também nos próximos dias, a Prefeitura Municipal de Major Izidoro vai estar junta com a população de Major Izidoro, na maior cavalgada já vista no Estado de Alagoas. Onde a previsão de mais 500 amazonas que seá no dia 08(DOMINGO)de março deste, comemorando à Semana Internacional da Mulher. 

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A ESPERANÇA NO CAMPO

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de fevereiro de 2015

Crônica nº 1.375

CARLOS MOLION (Foto: Paulo Rios / Arquivo)

CARLOS MOLION (Foto: Paulo Rios / Arquivo)

Voltamos a falar sobre a prata de casa, o “velho” internacional Luiz Carlos Molion. Com o título “Molion não é Mole”, aqui mesmo abordamos o assunto sobre aquecimento global. Na época, ressaltando a opinião do nosso cientista, contrária às teorias apresentadas no mundo. Feliz de um estado, município ou país que sabe valorizar os seus respeitáveis filhos. Na maioria das vezes, deixa-se de ser profeta na terra em que nasceu. Quem tem valor é esquecido, propositadamente, mas não faltam troféus a vagabundos.

O homem do campo, principalmente, volta a sentir alguma esperança de um inverno normal em Alagoas. Alguém já disse que o agropecuarista do sertão, está sempre começando numa vida inteira. A afirmação não deixa de ser verdade, tendo como exemplo os três últimos anos de estiagem prolongada. A conquista dos bons invernos foi diluída com a seca e o que resta agora é acreditar em Deus e no Molion que teremos inverno normal a partir de maio. É o camponês recomeçando a luta pela vida e pelos bens perdidos.

Várias áreas do sertão foram atingidas pelas chuvas dos últimos dias, com variações enormes na pluviosidade. Em alguns lugares foi mesmo para encher barreiros e até barragens e, em outros, apenas para baixar o calor que estava demais. Deve ter sido um prolongamento sim, das trovoadas de janeiro, mas como disse Molion, não serve para o plantio. Mesmo com a terra molhada, a falta de chuvas até chegar as de maio, não habilita o desenvolvimento das plantas, isto é, plantar agora é perder o plantio.

Mas a pecuária e a agricultura não vivem somente de chuva. É preciso orientação técnica o tempo todo e não deixar o homem da roça ao sabor apenas das variações climáticas. Houve tempo de abandono geral no campo. Aliás, o nosso estado é rico em abandono de inúmeros setores o que nos levou aos índices vergonhosos constantemente divulgados pela mídia. Mas, como diz a propagando, “anime-se que o ano apenas estar começando”. Ai de nós se não renovarmos a esperança e a fé no coração.

Nem tudo é o governo, mas o governo é quase tudo. Sendo bom, quatro anos passam ligeiros, sendo péssimo, o quadriênio é uma eternidade.

Pelo menos, através dos nossos olhos diários nos quadrantes de Alagoas, a coisa estar mudando. Aguardemos.

VENEZUELA, O GOLPE DO MOTORISTA

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de fevereiro de 2015

Crônica Nº 1.374

Maduro: o ditadorzinho que o Brasil não quer ver (Foto: internet)

Maduro: o ditadorzinho que o Brasil não quer ver (Foto: internet)

O silêncio do Brasil sobre o que se passa na vizinha Venezuela parece uma grande covardia contra o povo daquele país. O silêncio, uma tática equivocada de ignorar para agradar a linha ditatorial de Chávez, faz com o Brasil perca o respeito internacional ficando em cima do muro, como costuma se dizer. É completamente diferente do caso Indonésia quando esse país matou um brasileiro e ameaça matar o outro e, no momento fala em não comprar nossos aviões. Pela insensibilidade daquele governo, o Brasil deveria suspender qualquer tipo de relação com ele até que o atual dirigente fosse substituído. “Quem se abaixa demais o c. aparece”, dizem os filósofos populares.

Nada temos contra os motoristas, mas o senhor Maduro deveria estar dirigindo seu ônibuzinho, ao invés de estar ocupando o cargo de dirigente de um país. A força das armas, entretanto e um poder judiciário apêndice do executivo, medroso, frouxo, venal, fazem com que se chegue a uma situação tal que a Venezuela caminha a passos largos tanto para o caos quanto para uma guerra civil e uma terra de ninguém.

Nicolás Maduro é outro medroso da democracia e parece apavorado e doido nas suas decisões truculentas como cão danado solto nas ruas.

O Itamaraty parece ter perdido os dentes e a caneta. Refugiado na caverna fica aguardando a passagem da chuva, como se tivesse praticando um ato heroico em passar o zíper na boca banquela.

Ele sabe que a situação econômica da Venezuela é de ruína, com uma inflação sem freio e a maior do hemisfério Sul, com desabastecimento total e com recessão. A crise naquele país está corroendo até mesmo as conquistas sociais do chavismo, nos primeiros anos.

Cansei de falar que as fantasias do ditador Chávez não dariam certo. Não foi diferente quando veio um pior do que ele.

Na verdade, lugar de maduro é no chão. É só questão de tempo.

OLHO d’ÁGUA

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de fevereiro de 2015

Crônica Nº 1.373

Nascente do Tietê (Foto: Wikipédia)

Nascente do Tietê (Foto: Wikipédia)

Nessa escassez de água e sua busca pelos arredores das grandes metrópoles, é que se vê o valor da preservação ambiental. É de dá pena contemplar geólogos subindo colinas e serras em busca de riachos, antes desvalorizados, procurando socorro para matar a sede de populações preocupadas. E quando nos debruçamos no mapa do Nordeste marcamos inúmeras localidades que levam o nome de Olho d’Água.

Olho d’água que também significa nascente tem concentração em locais onde se verifica o aparecimento de uma fonte.

Trazendo o caso hídrico para Alagoas, temos várias cidades com alguma denominação referente à água, a começar do título do próprio estado. Depois, Olho d’Água das Flores, Olho d’Água do Casado, Olho d’Água Grande, Água Branca, Cacimbinhas, Dois Riachos, Minador do Negrão, Lagoa da Canoa, Poço das Trincheiras e Tanque d’Arca. Mesmo assim as fontes que não tiveram cuidado nenhum foram desaparecendo restando somente à denominação oficial de cada município. A segunda metade do século XX foi pródiga em desmatamento que assassinou centenas e centenas de fontes, do litoral ao sertão. Terra sem árvore e mais o pisoteio do gado nas nascentes, resultou no que conhecemos hoje, deserto, falta d’água e desespero.

Com o mesmo sentido de água em abundância, podemos particularizar locais do município de Santana do Ipanema, no sertão, que também ficaram apenas com os nomes em seus sítios rurais. Com a denominação “olho d’água”, temos: da Areia, do Amaro, Grande, Morto, Velho e Olhodaguinha. Com o termo “lagoa”, que não deixa de ser um olho d’água, com seu lençol freático, apontamos: Lagoa do Algodão, Bonita, de Dentro, do Garrote, do João Gomes, do Junco, do Mijo, dos Morais, do Pedro, Redonda, Torta e da Volta.

Ainda bem que uma onda verde de recuperação dos mananciais vem agindo ultimamente e os fazendeiros vão se conscientizando atrás do prejuízo. Os aramados estão retirando o gado das nascentes e o replantio de árvores nativas já estão dando resultado, inclusive com fiscalização e multas para os que são notificados e não agem.

Os quinze dias em que Santana passou sem água da CASAL, ultimamente, poderia ter sido salva pelas cacimbas do rio Ipanema que fez essa cidade crescer. Mas, abandonado e recebendo toneladas de fezes dos esgotos da cidade e com milhões de reais enterrados num saneamento que nunca funcionou e nunca levou ninguém à cadeia, perguntam-se onde estão os culpados e a LEI.