GREVE DA GOTA SERENA!

Clerisvaldo B. Chagas, 03 de agosto de 2017

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica 1.707

Maceió sem ônibus (Foto: Clerisvaldo B. Chagas)

Estão em nossa “Repensando a Geografia de Alagoas”, os principais problemas da cidade grande. E se fôssemos falar como os desbocados do nosso Sertão, “foi para lascar”, terça-feira última em Maceió. Capital com mais de um milhão de habitantes com a maioria dependendo de ônibus urbanos, não poderia ter sido diferente. Bastou um dia para gerar desesperos em todas as organizações sociais do povo maceioense. Sem dúvida alguma os maiores aperreios estavam nos necessitados de saúde e os empregados particulares que não conseguiam chegar ao local de trabalho. As vans e as motos aproveitaram-se da miséria alheia, os preços ganharam asas e se não alcançaram os céus, chegaram aos dois dedos lembrando safada anedota brasileira.

O que normalmente custava três reais subiu a escada ligeiro como perna de ema para cinco, dez, vinte e até mesmo trinta reais para o trabalhador sacrificado, liso e refém da ambição humana. Onde só cabia quinze, houve milagre da física e da matemática que acolheram trinta. E quem ainda tinha o pudor de defender a traseira, nem sequer podia mover o “bumba” dentro das vans sardinhas e fedorentas. Idoso e deficiente ou chegaram a casa sem camisa ou desistiram no ponto dos espertos antes do embarque na aventura. Pela precisão, grande número de automóveis voltou às ruas, cujo trânsito não alisava ninguém na chuva, nos buracos e nas pragas. Qualquer radinho peba que falasse em greve de ônibus fazia grande sucesso onde diabo fosse ligado, mesmo aqueles chamados “consolos de cornos” da velha China.

No embate entre patrões e empregados foi preciso a Justiça intermediar acordos em posições endurecidas. Sabe-se que trabalhadores de empresas particulares em todos os setores se sentem como escravos diante dos salários pagos no estado. Inúmeros empregados falam mal dos próprios sindicatos acusando-os de conchavo. Mas os que trabalham em ônibus reclamam direto dos salários escravagistas.

Por sua vez empresário não coloca ônibus suficientes para a população e em lugar de três põe um só na rua. O coletivo demora a circular para juntar mais gente nos pontos e andar lotado. O que acontece que os prefeitos se curvam quanto ao ar condicionado nos coletivos para a altíssima temperatura de Maceió? O que está por trás disso? Os abrigos para os usuários são verdadeiras piadas de gosto azedo diante de um serviço de terceira categoria? E esse terceiro mundo vai se arrastando para gestor nenhum dá jeito, seja ele velho ou novo. Precisamos de mais cinquenta anos à frente para que os serviços viários coletivos se igualem aos do Canadá, por exemplo.

E sobre o que aconteceu na terça-feira, àquela velhinha da boca mole que havia escapado do caos dominante, falou querendo puxar conversa: “O senhor viu? Foi uma greve da gota serena!”.

FARÓIS DE ALAGOAS

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de agosto de 2017

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica 1.706

Foto: Ailton Criuz / Agência Alagoas

Há certo tempo passado, subi para o Jacintinho em busca de rever o farol que marcou parte da minha infância em Maceió. Não cheguei a entrar porque estava interditado na ocasião, mas deu muito bem para matar a saudade das faixas azul e vermelha projetadas para o oceano. Agora vejo bela reportagem completa em site de Maceió sobre os velhos faróis de Alagoas em número de seis. Eles estão localizados no Jacintinho; Pontal do Peba, perto da foz do rio São Francisco em Piaçabuçu; Pontal de Coruripe; Praia do Gunga em Roteiro; Praia de Ponta Verde em Maceió e em Porto de Pedras.

O responsável pelo funcionamento de todos os faróis instalados em Alagoas tem como responsável o sargento Alessandro, da Marinha do Brasil. Ele diz que apesar das tecnologias, o mundo inteiro ainda mantêm seus faróis funcionando por causa da eficiência na segurança aos navegantes.

Hoje, com 26 metros de altura, o Farol de Maceió é um dos mais eficientes do país e está a 68 metros do nível do mar. Sua luz tem alcance de 43 milhas (80 quilômetros), na luz branca, e 36 milhas (60 quilômetros) na luz encarnada. Depois de construído entrou em funcionamento em 10 de janeiro de 1857. O local deixou de ser chamado Alto da Jacutinga para Alto do Farol e que originou o nome do bairro. Quando em 1937 o farol recebeu luz elétrica passou a ser o primeiro do Brasil.

Os faróis são charmosos e pontos de referência para habitantes, turistas e banhistas, embarcando sempre suas imagens nas mochilas de visitantes. Funcionam em condições normais à base de energia elétrica, mas estão em segundo lugar baterias que podem manter o equipamento na sua função. Explica novamente o sargento Alessandro que ainda acontece à terceira opção, que é um funcionamento mecânico que parece complicado.

E para completar as informações, o farol da Ponta Verde possui cerca de 15 metros de altura, faz parte do cartão postal daquela praia e adverte sobre os recifes na região.

O maior de todos, porém, é o Farol do Peba, erguido na foz do rio São Francisco, em torre de metal, com 46 metros de altura.

Cada um dos seis faróis de Alagoas tem sua história própria e um montão de inúmeras outras para ser contado.

MEIO AMBIENTE

Clerisvaldo B. Chagas, 01 de agosto de 2017

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica 1.705

Fotos: Divulgação

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), existem mais de 1.000 espécies de animais em risco de extinção no Brasil. Entre eles estão a ararajuba, arara-azul, ariranha, baleia-franca-do-sul, cervo-do-pantanal, gato- maracajá, lobo-guará, macaco-aranha, mico-leão-dourado, muriqui-do-norte, onça-pintada, saíra-militar, sapo-folha, soldadinho-do-araripe, tamanduá-bandeira, tartaruga-de-couro, tartaruga-oliva, uacari-branco e o udu-de-coroa-azul.

Principais causas da extinção de espécies no Brasil: tráfico de animais, desmatamento, queimadas, construções de hidrelétricas, caça predatória e poluição.

Ararajuba ou guaruba. Somente na Amazônia. Sofre com tráfego e desmatamento. Arara-azul, na Amazônia, Pantanal e em sete estados mais a outra espécie do oeste da Bahia. Esta já foi motivo de várias reportagens na televisão. Ariranha ou lontra, encontrada no Pantanal e Amazônia. Ameaçada pela pesca predatória, caça ilegal e poluição de mercúrio pelos rios.  Baleia-franca-do-sul: sofre a caça, a pesca e a poluição no litoral brasileiro. Cervo-do-pantanal: Vive no Pantanal, Amazônia e Cerrado: Desmatamento, caça ilegal e construções de hidrelétricas estão na lista das ameaças. Gato-maracajá: Desmatamento e caça pela sua valiosa pele. Lobo-guará: em vários lugares do Brasil, ameaçado pelo desmatamento e a caça. Macaco-aranha ou macaco-aranha-de-cara-preta: Encontrado na Amazônia: enfrenta tudo como desmatamento, caça ilegal, tráfico, hidrelétrica, rodovias, linhas de transmissão e até a caça pelos índios.

A história é a mesma para os outros animais.

No sertão de Alagoas, Com o incentivo do governo para desmatamento nos anos 60, tudo se foi acabando. Os animais maiores foram os primeiros a desaparecer. Começou com a onça-pintada, depois a onça-parda ou suçuarana, tamanduá, ema, preguiça, veado, lobo-guará, macacos, inclusive o guariba. Desses maiores, esporadicamente, se encontram ainda: Raposa, gato-do-mato (em outras regiões, chamados jaguatiricas), saguim, tatu, peba, cassaco e teiú (tiú ou tejo).

Quanto aos pássaros, nem podemos calcular as dezenas desaparecidas em nosso território.

Continua uma luta desigual entre defensores e destruidores da Natureza.

 

O CARRO DE ZÉ LIMEIRA

Clerisvaldo B. Chagas, 31 julho de 2017

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica 1.704

Foto: Paraíso

Havia a ximbra, pinhão, ioiô, carrapeta, gangorra, nota de cigarro, bola e carro de pau. Todos esses brinquedos pareciam obedecer a um cronograma natural do tempo. Ninguém ordenava a brincadeira com isso ou com aquilo. Todas as formas lúdicas surgiam espontaneamente ocupando as ruas mais centrais e o Bairro São Pedro. Tempo de bola, de pinhão, de ximbra… Mas a época do carro de madeira dependia do fabrico. Quando eles surgiam eram rudes, sem freio e mal cabia o condutor para as descidas nos declives dos becos; e por isso mesmo eram chamados carros de ladeira.

As duas ladeiras mais famosas eram a do Seu Carrito e a do Fomento. A do Seu Carrito era mais curta e servia para os primeiros treinos dos carros desengonçados. Recebia esse nome porque o cidadão assim conhecido negociava com bodega na esquina. A segunda ladeira iniciava no edifício do Fomento Agrícola, no Bairro São Pedro e seguia até o rio Ipanema. Na verdade, já era a rodagem que por ali seguia até Olho d’Água das Flores. Ai de quem se arriscasse naquela ladeirona com o carro se freio!

Certo dia surgiu o carro de Zé Limeira, rapaz comprido, fabricante e vendedor de malas, filho da professora Adercina Limeira. O carro de pau era completo e sofisticado. Causava admiração a todos, inclusive, o dono levava suas malas para a feira na carroceria e ainda mais dirigindo. A meninada ou mesmo adultos empurravam o carro com Zé Limeira na direção. Sendo sofisticado e profissionalizado, ninguém podia com ele dá uma voltinha e nem vê-lo se exibindo a toda hora. Mas, de vez em quando Zé Limeira levava o bichão para a ladeira do Fomento quando se juntava a meninada. Aí sim, todos queriam apreciar aquele carro bonito a descer com velocidade, fazendo poeira até o Minuíno, trecho do rio Ipanema.

Depois surgiu carro semelhante de dois anões, irmãos, no Bairro Cachimbo Eterno, do outro lado do rio.

Da casa de Zé Limeira e imediações formou-se o time São Pedro, representando a terceira força do futebol santanense, logo após Ipanema e Ipiranga. Foi moda durante certo tempo. E por trás da casa, surgiu a sapataria do senhor Elias, cujos empregados sapateiros eram todos bons de bola e, fora os sapatos fabricados não se falava em outra coisa. Jogavam todas as tardes nas areias do rio perto do já extinto prédio da Perfuratriz. Posteriormente, a sapataria mudou-se definitivamente  para a Rua São Pedro. Defronte havia um poste com alto-falante que transmitia o programa “A Voz do Município”, com informações e músicas. Havia sido criado na gestão Hélio Cabral e tinha sede no primeiro andar da Cooperativa – CARSIL.

Foi uma comoção a notícia do falecimento precoce de Zé Limeira, filho da professora Adercina, colega e amiga da minha mãe Helena Braga.

São lembranças que afloram sobre o rico histórico da minha rua, entre elas o carro de Zé Limeira.

LAMPIÃO, LUCENA E O CHAPÉU DE COURO

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de julho de 2017

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica 1.703

Foto: Divulgação

Sendo hoje aniversário de morte de Lampião, lembramo-nos das palavras do combatente Eduardo, depois sargento: “Quando víamos de Maceió como membros do batalhão que fora criado em Santana do Ipanema, em 1936, tivemos que conter o ímpeto de Lucena. Ele pediu que ao passarmos de Palmeira dos Índios todo cabra encontrado com chapéu de couro à cabeça era para entrar no cacete. Mas fizemos ver a ele que a coisa não era bem assim. O trabalhador rural gosta bem de um chapéu de couro e se fosse para bater em todos os usuários, seria bater no sertão inteiro”. O major Lucena Maranhão aquiesceu.

Interessante é que desde o início da década de vinte que Lucena combatia bandidos no sertão e ele próprio usava chapéu de couro e alpargatas. De onde teria vindo tanto furor assim contra o chapéu de couro, principalmente na época, usado pelo vaqueiro pegador de boi no mato e o tirador de leite das fazendas?

O próprio sargento Eduardo conta: “No cerco a Angicos era tão cedo que os cabras de Lampião ainda estavam tirando as ramelas dos zoi”. E o seu companheiro de farda Otacílio Bezerra – também combatente em Angicos – dizia: “Muitos cabras escaparam na neblina e na fumaça do tiroteio pronunciando para os soldados: ‘companheiro’, ‘companheiro’, tendo já colocados os longos cabelos dentro do chapéu de couro”.

A impressão de quem não conhece é de um chapéu muito quente para o verão. Mas assim como o chapéu de palha da palmeira Ouricuri, ele é leve e mantém uma temperatura agradável.

Os cangaceiros apenas criaram o estilo próprio do cangaço, usando o mesmo chapéu de couro de abas longas dobrando-o e enfeitando abas, barbicachos e testeiras em couro desenhado, coloridos e metais. Havia muitos artesãos do couro no semiárido, inclusive cangaceiros e o próprio Lampião.

E se por um lado o chapéu de couro identificava o vaqueiro pegador de boi no mato e o tirador de leite, o chapéu de palha marcava o homem do eito, trabalhador da enxada e do machado.

O chapéu de massa era usado pelos das classes média e alta.

Como os veados foram extintos – preferência de luxo para chapéus e alpargatas macias – ficaram os bodes que permitem couro flexível para todos os modelos de chapéu.

Meu compadre, já viu sertão nordestino sem chapéu de couro!

ACHAMOS QUE VOCÊ QUER SABER

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de julho de 2017

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica 1.702

Stévia. Foto: Wikpédia

Geralmente quando as pessoas são aconselhadas pelo médico a trocar o açúcar pelo adoçante, existe uma enrolação. Muitos deles mastigam o assunto que não sai nada, entra numa perna de pinto e sai numa perna de pato. O cliente deixa o consultório sem nenhuma segurança na informação fajuta.  Portanto, uma explicação convincente é tão rara que resolvemos reproduzir alguns trechos da nutricionista islayne Nogueira, do site Tribuna Hoje, edição de ontem.

A citada profissional diz quais são os tipos de adoçantes do mercado: “Assim como o açúcar o adoçante possui classificações. Eles são definidos por artificiais, que são ciclamatos de sódio, sacarina sódica, acessulfame, sucralose e aspartame; e os naturais: estévia (glicosídeos de esteviol), xilitol, maltitol e sorbitol”.

Veja a recomendação: “Os adoçantes artificiais devem ser totalmente evitados, porque são constituídos por substâncias que ‘enganam’ o cérebro gerando uma determinada compulsão alimentar, e também possuem um efeito tóxico e cumulativo ao organismo”.

Veja ainda: “(…) Os naturais são os únicos recomendáveis, pois conferem sabor doce sem causar uma resposta glicêmica relevante”.

Olhe o adoçante indicado:

“Para a utilização de adoçante em receitas, se houver necessidade pode utilizar o adoçante em receitas no geral. Mas, o único adoçante recomendado para esse fim é o estévia, não haverá nenhuma alteração na sua composição pela mudança de temperatura”.

A nutricionista fala que existem algumas recomendações da Sociedade Brasileira de Diabetes, onde a quantidade recomendada é calculada através do peso do indivíduo. “Porém, o ideal é sempre utilizá-lo em pouca quantidade ao longo do dia”.

Stevia é um pequeno arbusto perene nativo do Brasil e do Paraguai. É mais doce do que o açúcar doméstico, aproximadamente 10-15 vezes. Na sua forma mais comum de pó branco extraído das folhas da planta, chega a ser de 70 a 400 vezes mais doce que o adoçante natural.

Esperamos que essas importantíssimas informações tenham sido útil para a sua saúde e a dos seus familiares.

SANTANA: O CASO BARRAGEM

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de julho de 2017

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica 1.701

Ponte da barragem em uma das suas cheias (Foto: Lucas Malta / Alagoas na Net)

Já mostramos aqui a importância da açudagem para o semiárido. Foi no início da segunda metade do século passado quando o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS construiu a chamada Barragem de Santana do Ipanema, Alagoas.

O Departamento aproveitou a construção da rodagem que levaria o nome de BR-316 e ali na periferia da cidade deixou uma ponte – ainda hoje utilizada. Atualmente a ponte não oferece segurança para pedestres, possui duas passarelas em relevo que não passam de 60 centímetros cada e balaústres até o quadril do transeunte. Os veículos sopram as pessoas que podem cair no vazio em ambos os lados.

Sob a ponte, sete bocas altas garantiam o espelho d’água formado com mais ou menos 01 km de comprimento. Não era titã, mas dava gosta de se vê. Essa barragem iria ajudar no abastecimento d’água da cidade. Com a chegado da água encanada em Santana em torno de 20 anos depois, o abandono tomou conta do açude.

Hoje a barragem nada mais sustenta, acha-se assoreada. A partir da sua construção formou-se o Bairro Barragem que se expandiu e deu origem a outro bairro por trás chamado Clima Bom. A pobreza impera em ambos.

Apesar de um amigo nosso está sempre reclamando das barragens de Pernambuco no leito do rio Ipanema, fica aqui a nossa defesa em favor dos pernambucanos. O tempo enorme com falta de cheias no Ipanema alagoano, foi devido as mudanças climáticas e não  em decorrência  dos reservatórios do estado do norte. A prova está aí, o rio Ipanema com muita água no lado de Alagoas.  Outrossim, fomos nós santanenses que desprezamos a barragem feita pelo DNOCS, permitindo que a mesma chegasse ao ponto em que ora se encontra. Reclamar de quê? Assim está desprezado também o Açude do Bode construído pelo mesmo Departamento e com as mesmas finalidades, no lado oposto periférico.

A priori, O trecho do rio Ipanema que vai da Barragem à “ponte dos canos”, trecho urbano, recebe das casas marginais imediatas, todos os dejetos, pois elas despejam diretamente no rio. Na Ponte Padre Bulhões o rio Ipanema completa essa carga nojenta com os outros dejetos das casas que margeiam o riacho Camoxinga que também não possuem banheiro.

As sucessivas gestões municipais nunca fizeram um projeto para construções de fossas nas casas da pobreza para despoluir o rio Ipanema. E ainda dizem como deboche: EU AMO SANTANA.

Sem essas providências ou as da CASAL que não consegue sanear a cidade, não tem AGRIPA, nem IMA, nem IBAMA do diabo que dê jeito no trecho urbano do rio Ipanema.

1.700 CRÔNICAS

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2017

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica 1.700

Foto. Autor estilizado por computador (Clerisvaldo)

Na passarela do tempo elas desfilaram com seus tipos classificatórios: Crônica descritiva, narrativa, dissertativa, narrativo-descritiva, humorística, lírica, poética, jornalística e histórica. Termo originário do latim: “Chronica” e do grego “Khrónos” (tempo), nesses mais diferentes tipos elas se apresentam no blogclerisvaldobchagas.blogspot. com, no site Santana Oxente, no blogdomendesemendes.blospot.com.br e no sitealagoasnanet.com.br das segundas às sextas.

Essa narração curta produzida para ser veiculada pelos diversos meios de comunicação situa-se entre o jornalismo e a literatura com linguagem simples entre a oral e a literária. Geralmente expõe o dia a dia registrado pela ótica do autor, um poeta da narrativa. No início do Cristianismo era um registro cronológico dos acontecimentos. No século XIX a crônica passou a fazer parte dos jornais, iniciando na França. Tempos depois tomou características próprias no Brasil.

Escolhemos a crônica lá atrás para matar o ócio entre a publicação de um romance e outro. O romance é complexo cheio de fantasias, frases de efeitos, linguagem e observações espetaculares. A parte mais nobre da literatura. Sair dessa rotina para a narrativa curta e diária, trazendo o colorido imaginativo para a realidade, também não é fácil. Aqui se exige linguagem clara e simples “para os que não têm tempo a perder com leitura de mais de cinco linhas”.

De qualquer maneira, as crônicas vão sobrevivendo e chegando a este número do título, desde que iniciaram na Rádio Correio do Sertão na voz do radialista Edilson Costa em “A Crônica do Meio-dia”. (Duzentos trabalhos).

Em outros tempos por certo as 1.700 crônicas divulgadas pela Internet, seriam motivo para uma excelente taça de vinho tinto. Mas a comemoração deveria ser entre os colaboradores Valter, Lucas e Mendes, articuladores dos sites acima. O aconchego do Bar Zé de Pedro ou o do João do Lixo, em Santana do Ipanema, seriam o ideal. Aqui de Maceió, resolvendo coisas e coisas, enviamos o nosso abraço e apreço aos nossos colaboradores. Quem sabe se na milésima crônica, se Deus quiser, não realizaremos essa proposta! Nunca ouvi dizer que comemoração fizesse mal a ninguém.

Avante para a 1.701.

A PRAÇA É NOSSA

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de julho de 2017

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica 1.699

Foto: historiaediversidadecultural.blogspot.com.br/

Até certo tempo atrás, praça pertencia ao povo. No interior, principalmente, os logradouros vivem situações diferenciadas e corriqueiras: abandono, loteamento para os compadres pelo poder municipal ou – em mínima escala – tratamento respeitoso como deve ser. Cremos que todas as pessoas que têm mais de trinta anos, devem se recordar de alguma pracinha da sua adolescência.  No momento estamos na Praça Deodoro, Centro de Maceió, que nos faz recordar os tempos de estudante na capital. Muitas reformas foram feitas através das inúmeras gestões do município. Quantas e quantas histórias estão ainda em torno desse lugar: de construções, de viajantes, malandros, namorados, mendigos e ambulantes, por exemplo.

A estátua ao Marechal titular da praça, ainda permanece ali, como o monumento mais pujante e belo de Maceió. Além de Proclamador da República e primeiro presidente do Brasil, Deodoro foi herói da Guerra do Paraguai, participante de várias batalhas como “Estero Bellaco”, “Curupaity-Itororó”, “Passo da Pátria” e “Angustura-Tuyuty”. Planejada pelo pintor Rosalvo Ribeiro foi a praça inaugurada em 03 de maio de 1910. A estátua feita de bronze havia sido encomendada pelo então governador de Alagoas Euclides Malta autorizado por uma lei (527) de 13 de julho de 1908. Com o Teatro Deodoro ao fundo e outros edifícios importantes em torno, a Praça vai cumprindo o seu papel tão importante para a liberdade de um povo.

Não mais estão aqui, mas parece que sentimos o aroma do Café Afa na esquina ou o sabor do picolé da Gut-Gut, defronte ao centro da praça. Engraxates, bancas de jornal, rapazes com olhos compridos para as estudantes, boêmios de sapatos bicolores, senhoras de sombrinhas esperando ônibus, policiais girando a pé nos desenhos da calçada…  É a memória dos anos setenta.

Os pormenores do monumento ao marechal podem ser encontrados em livros. E os detalhes realistas da estátua são de fazer inveja a qualquer um dos grandes artesãos do Brasil. Esses pormenores são apreciados por olhos inquiridores sedentos de mistérios particulares da Arte. Para as pessoas comuns, basta dizer apenas “que a praça é nossa”.

OUVIDOS DE GELO

Clerisvaldo B. Chaga, 21 de julho de 2017

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica 1.698

(Foto: Curiosos no Mundo)

Não nos parece nenhuma vitória para o planeta em geral, mas para a comunidade científica representa grande passo à frente. O monitoramento do iceberg que se rompe na Antártida mostra o fantástico dos avanços tecnológicos e as apurações dos estudos especializados. O fenômeno de desprendimento de blocos de gelo é natural, mas devido ao volume calculado deste que se anuncia preocupa e compromete as ações humanas de aquecimento provocado. Icebergs são feitos de água doce congelada e que se desprendem das geleiras polares. Flutuam à deriva pelos mares até o derretimento ou evaporação que dependem de uma série de fatores.

As geleiras se formaram na Era Glacial e são estudadas atualmente com grande intensidade dependendo do interesse de cada país. O degelo descompassado e em grande quantidade pode afetar os continentes elevando o nível das águas dos oceanos. Isso preocupa territórios que estão à beira mar, principalmente, os que possuem terras muito baixas e outros que são ilhas. Existem países grandes banhados pelos oceanos, mas não deixam de ter suas faixas costeiras na mira dessas recentes ameaças. Os icebergs também variam de tamanho desde um carro até 150 metros de altura e centenas de quilômetros de comprimento.

Dizem que um dos maiores já registrados foi o iceberg B-15 que se desgarrou da costa da Antártida em março de 2000. Tinha 11 mil km² e era maior do que a Jamaica.

Com tantas notícias políticas no mundo, situações como as dos icebergs parecem indiferentes aos humanos. Parte do território brasileiro já foi mar, especialmente do Nordeste. No caso de elevação das águas oceânicas, as autoridades brasileiras já sabem os pontos da costa mais sensíveis ao possível fenômeno. No momento estamos apenas louvando os avanços das ciências sobre a Natureza que muitos cegos rejeitam em nome de mesquinha política financeira.

No Brasil o iceberg maior está nos ouvidos doentes dos engravatados de Brasília e de um louco traidor, tirano que não larga o poder diante dos gritos do povo.