OUTRO GRANDIOSO FEITO

Foto: Porto Murtinho (Divulgação)

Já falamos aqui sobre o gigantismo da Muralha Verde Africana. Mas outro grande feito é revelado e que enche os latinos de orgulho aqui mesmo na América do Sul. Feche os olhos e mergulhe conosco num sonho de viagem maravilhosa, cheia de paisagens diferentes e deslumbrantes vistas da cabine de um caminhão.

Isso mesmo! Já foi iniciado um roteiro rodoviário comercial e integralista entre quatro países do Cone Sul. Esse Corredor Rodoviário começa em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul e atravessará o Paraguai, Argentina e Chile até chegar a um porto no oceano Pacífico com as nossas exportações, com um custo de 100 milhões de reais.

Isso aliviará o gargalo das exportações do Centro-Oeste em nossos portos pelo Atlântico com esse novo roteiro seguindo o oposto rumo ao Pacífico.

Poderemos exportar, principalmente, soja, milho, algodão, papel, carne e celulose diminuindo o tempo e aumentando a competitividade dos nossos produtos. Economizaremos uma rota de oito mil km. A obra mais importante da integração será a construção de uma ponte Brasil – Paraguai em Porto Murtinho onde a travessia é atualmente em balsas.

O Paraguai irá asfaltar 600 km de estrada pela região denominada Chaco. Argentina e Chile já possuem boas rodovias e os caminhões brasileiros não terão dificuldades pelas diversas paisagens encontradas no roteiro como: Pantanal, Chaco, Cordilheiras com mais de 5.000 metros de altitude e Deserto de Atacama. O término total do corredor de exportação está previsto em três anos.

Gostaríamos de ter acompanhado os 300 empresários brasileiros que foram percorrer o corredor. A estrada ajudará também na integração de uma nova América Latina, cujos países antes davam às costas uns para os outros. Já existe rota semelhante do Brasil através do Peru.

Agora, mais abaixo, passando pelas regiões mais produtivas dos quatro países citados, com certeza seremos muito mais fortes unidos para competir no mercado mundial. Essa nova fronteira com certeza abre caminhos para as mais diferentes atividades humanas e inúmeras pesquisas nas áreas estiradas do Saber. E como falamos antes, são notícias extraordinárias escondidas atrás das notícias péssimas que roubam as manchetes do cotidiano.

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de outubro de 2017

Crônica 1.763 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

A BÍBLIA SAGRADA (II) (Série de duas crônicas)

Foto: Divulgação

Bíblia é uma coletânea de 73 livros, dividida em duas partes gerais: Antigo Testamento e Novo Testamento. O Antigo Testamento vai desde o Século XV a.C. até o nascimento do Cristo. O Novo Testamento vai desde o nascimento do Cristo até o Século I d.C. O Antigo Testamento tem 46 livros. O Novo Testamento possui 27 livros.

O Antigo Testamento é subdivido em quatro partes:

1.    Livros da Lei ou Pentateuco. Fala sobre a criação de Deus e a formação do povo eleito.

2.    Livros Históricos: Descrevem as guerras de Israel e história dos seus reinos.

3.    Livros Didáticos: Descrevem a sabedoria e a poesia dos hebreus.

4.    Livros Proféticos: Escritos por profetas que pregavam o arrependimento e preparavam o povo para a chegada do Messias Salvador.

O Novo Testamento é subdivido em quatro partes:

1.    Livros do Evangelho: Descrevem a vida e obras de Jesus.

2.    Livro Histórico: Apresenta a Instituição e expansão da Igreja na Palestina e no mundo, então, conhecido.

3.    Epístolas: Mostra doutrinas e exortações escritas por alguns apóstolos do Cristo e encaminhadas a comunidades ou fiéis cristãos.

4.    Livro Profético: Traz a vitória do Cristo e sua Igreja sobre a força do mal e Juízo Final.

Vendo os 73 livros que fazem parte da Bíblia, no geral, temos: Os 46 do Antigo Testamento:

Gênese, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué, Juízes, Rute, Samuel Livro I, Samuel Livro II, Reis Livro I, Reis Livro II, Crônicas Livro I, Crônica Livro II, Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, Macabeus Livro I, Macabeus Livro II, Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Sabedoria, Eclesiástico, Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Baruc, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc, Sofonias, Ageu,

E os 27 do Novo Testamento:

Evangelho de Mateus, Evangelho de Marcos, Evangelho de Lucas, Evangelho de João, Atos dos Apóstolos, Epístola aos Romanos, Primeira Epístola aos Coríntios, Segunda Epístola aos Coríntios, Epístola aos Gálatas, Epístola aos Efésios, Epístola aos Filipenses, Epístola aos Colossenses, Primeira Epístola aos Tessalonicenses, Segunda Epístola aos Tessalonicenses, Primeira Epístola a Timóteo, Segunda Epístola a Timóteo, Epístola a Tito, Epístola a Filemon, Epístola aos Hebreus, Epístola de Tiago, Primeira Epístola de Pedro, Segunda Epístola de Pedro, Primeira Epístola de João, Segunda Epístola de João, Terceira Epístola de João, Epístola de Judas, Apocalipse de João.

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de outubro de 2017

Crônica 1.762 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

A BÍBLIA SAGRADA (I) (Série de duas crônicas)

Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Certa feita, ainda rapazinho, ouvimos um depoimento rápido de um dos maiores advogados do Nordeste, o senhor Aderval Tenório Wanderley. Em uma roda de pessoas que falavam sobre a Bíblia, foi chegando o brilhante advogado e dizendo: “Já li todas as qualidades de histórias do mundo e pensava que sabia tudo. Quando li a Bíblia, vi que não sabia nada”.

Isto aconteceu na loja de tecidos de meu pai. E neste momento em que a minha mente mandou-me escrever sobre o Livro Sagrado, chegaram às lembranças daquela afirmação longínqua do doutor Aderval Tenório. A Bíblia é uma coletânea grossa e quase sempre com letras pequenas, fato que desencoraja de imediato sua leitura.

Devo ter lido a Bíblia capa a capa, cerca de duas a três vezes. De fato é o livro da vida, aquele que ensina como se deve viver. Com seus 73 livros divididos em vários temas, têm alguns empolgantes e outros chatos. Partes cansativa, monótonas e outras que emocionam.

Achamos sim, que cada cristão deveria ler a Bíblia completa pelo menos uma vez na vida. Depois, alimentar a alma lendo de vez em quando as passagens da sabedoria. O Velho Testamento é bom para uma visão geral. O Novo Testamento, principalmente, os livros dos Evangelhos, deve ser consulta permanente que são os ensinamentos de Jesus e que anula muitos costumes do Antigo Testamento.

Porém, também no Velho Testamento têm livros que ajudam muito na sabedoria, reforço na caminhada da vida. Como exemplos os livros Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Sabedoria e Eclesiástico.

Estudar a Bíblia sem se tornar fanático iguais aos doidos do futebol; aos insanos que adoram cangaceiros e vivem desenterrando bandidos; aos malucos do terrorismo. Não ficar “enchendo o saco” das pessoas em todos os lugares sem falar em outra coisa; tornar-se insuportável. Pelo contrário, adquirir a sabedoria bíblica é em tudo ser moderado e saber agir em todas as ações da existência. Ser amigo, companheiro, conselheiro, sem ser cabuloso, insistente e intragável.

Na próxima crônica dividiremos didaticamente a Bíblia, para facilitar àqueles que não têm ideia mínima do que seja o Livro Sagrado. Depois é só folhear de início ao fim, leitura devagar, coisa que leva aproximadamente duas semanas. A segunda tentativa melhora o entendimento e assim sucessivamente. Seja um sábio e não um chato.

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de outubro de 2017

Crônica 1.761 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

ESPETACULAR E LOUVÁVEL

Foto: Nexus

Mais um maravilhoso feito humano que se esconde por trás de tantos noticiários negativos do mundo. O Continente Africano está construindo uma barreira de árvores contra os rigores do clima, numa vasta região. É uma imensa barreira também chamada Grande Muralha Verde que vai de Leste a Oeste, num extensão de 8.000 km e 15 km de largura. Passa a Grande Muralha por 11 países, tentando evitar a desertificação.

Entre esses países, o Senegal foi o que mais avançou com o plantio de 11 milhões de árvores. O projeto estar conseguindo reverter à desertificação. Diz um dos moradores do local que antes o vento escavava e desgastava o solo. Agora a sombra e a compostagem das folhas deixam o solo mais úmido.

Antes dominava por ali a fome e a migração. Após o plantio das árvores formam-se também jardins de plantio agrícola feitos pelas mulheres. Outro resultado é que seus habitantes deixaram de migrar e seguem a linha da Grande Muralha Verde, em busca de empregos.

Esse parece ser um dos projetos de recuperação contra a fome numa África conturbada por guerras regionais, ambição de poder, devastação dos campos agrícolas e esquecimento pelas nações adiantadas. Falta muito ainda para a conclusão do projeto que tem custo estimado em 25 bilhões de reais. Existe uma busca por fundos pelo Banco Mundial, ONU, União Africana e os Jardins Botânicos do Reino Unido para continuar o plantio. A fonte é da BBC Brasil, 2017.

É pena não ter saído mais informações como os técnicos envolvidos diretamente no Projeto e nem os nomes dos onze países participantes da Barreira de Árvores. Mas se vê que as ações ocorrem na parte mais larga do Continente, logo abaixo do deserto de Saara.

O Senegal, ponto de referência, é o país que mais avança em direção oeste, sendo banhado pelo Oceano Atlântico. Não sabemos se a barreira até o outro lado é em linha reta para apontarmos os outros países, mas na ponta leste, em linha reta está a Eritreia e Djibuti no golfo de Áden, Oceano Índico, bem perto do chamado Chifre da África.

Louvemos aos construtores que beneficiam a humanidade!

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de outubro de 2017

Crônica 1.760 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

GÊNESE DE SANTANA DO IPANEMA

Mata Verde, expansão do Bairro Barragem (Foto: Clerisvaldo B. Chagas)

No livro “O Boi, a Bota e a Batina; História Completa de Santana do Ipanema” encerramos a história com um capítulo à parte da Geografia: Gênese de Santana. Trata-se de uma explicação cristalina, lógica e bela de como a cidade cresceu e se expandiu com seus principais pontos de referência.

O maior documentário jamais produzido no interior, diz que a cidade de Santana do Ipanema, foi a princípio, dividida em seis grandes blocos. São eles: Centro Comercial, Bairro Maniçoba/Bebedouro, Bairro Camoxinga, Bairro Domingos Acácio, Bairro Floresta e Conjunto Eduardo Rita. O autor descreve a origem de cada um dos seis blocos, a expansão de cada e os novos lugares seus originários.

Como se nasce e cresce em uma cidade sem conhecer a sua história? A expansão de Santana do Ipanema, no “O Boi, a Bota e a Batina; História Completa de Santana do Ipanema” é minuciosa e única. Exemplo: O núcleo geral, atualmente chamado Rua da Baraúna, é fruto da expansão do Bairro Camoxinga, isto é, seu filho.

E a região onde se situa o Colégio Estadual, para os desavisados, também é expansão do Bairro Camoxinga, mas não é. A região do Estadual surgiu muito antes, como estrada dos que vinham da serra do Poço e Camoxinga dos Teodósios e outros lugares.

Iniciou sua expansão após a venda da sede da fazenda do Intendente/Interventor Frederico Rocha  para ali ser construído um quartel do Exército. O quartel foi construído, o prédio ocupado por certo tempo, mas depois abandonado por falha na estratégia do lugar escolhido. Então o prédio foi transformado em colégio, até hoje.

Esta “palhinha” dada agora estará sendo apresentada em nossa palestra no próximo dia 28, no lançamento da Coletânea das professoras Lícia Maciel e Kélvia Vital, no local Câmara de Vereadores.

Enquanto aguardamos da gráfica o término da nossa impressão do livro/enciclopédia “230, Um Monumento Iconográfico aos 230 Anos de Santana do Ipanema”, vamos caçando patrocinador para o Boi e a Batina, uma vez que sua participação em concurso para publicação pela Gráfica Graciliano Ramos teve a surpresa do concurso anulado por falha no Edital, assim repassado para nós.

Esperamos a sua presença, embora a nossa parte tenha espaço limitado diante do evento que se estenderá pela manhã e à tarde. Por outro lado, ministramos palestras sobre a História e Geografia de Santana e Lampião em Alagoas, em qualquer lugar, mediante entendimento profissional.

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de outubro de 2017

Crônica 1.759 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

HOTÉIS NO SERTÃO DE ALAGOAS

Hotel Central (Foto: Clerisvaldo B. Chagas)

O sistema de hospedagem é bastante antigo na história universal. Representa a maneira pensada e agradável de receber pessoas de outros lugares com eficiência, respeito e agrado.

É navegando pelas fotos antigas, dialogando, rindo e chorando pelo pretérito que a lembrança medra. Assim revemos o nosso sertão velho de guerra que mesmo em passado de mais de uma centena de anos, já era versado na arte de hospedar.

Claro que o conforto era de acordo com a época e do desdobramento do hospedeiro. Em todas as cidades do Sertão alagoano, sempre havia pelo menos um pequeno hotel ou a chamada “pensão” que representava uma espécie de segunda classe do hotel.

Em Santana do Ipanema, representando todo o semiárido, alcançamos ainda alguns hotéis nos moldes tradicionais. O mais antigo às nossas lembranças é o hotel, cujo nome não lembramos. Funcionava no casario da Rua Barão do Rio Branco, perto ou talvez no lugar onde foi construído o prédio do Cine Alvorada.

Pertencia a Maria Sabão. Posteriormente, Maria Sabão mudou-se para o até hoje denominado “Casarão da Esquina” com o Hotel Central (talvez com o mesmo nome do anterior) e que atravessou décadas, como o mais procurado da cidade.

Depois, funcionando pela ordem, veio primeiro o “Hotel Santanense”, no Bairro Monumento, apontado também como o hotel de Dona Beatriz. Mais à frente mudou de dono, até fechar.

Ainda no Bairro Monumento, defronte os Correios, foi instalado o “Hotel Avenida”, cujo proprietário era o senhor Leuzinger Melo. Como era uma pessoa excêntrica, várias anedotas verdadeiras foram contadas sobre o dia a dia de Leuzinger e seus hóspedes.

Ainda no Bairro Monumento, por trás do banco do Brasil, funcionava o hotel de Maria Valério e, no Bairro Camoxinga, uma hospedaria no edifício da Churrascaria Maracanã, pertencente ao chamado “Seu Neguinho”.

Havia ainda nas imediações do quadro da feira, a pensão de Dona Rosa. Falar nisso, um  caixeiro-viajante que sempre se hospedava ali, gostava de expor à pensão:

“Seu Mané

Como é que pode

Seu Mané

Como é que pode

Na pensão de Dona Rosa

Só tem bode

Só tem bode”.

Na penúltima fase, para substituição de todos os hotéis que fecharam, surgiram em Santana as pousadas espalhadas por diversos lugares. Finalmente volta à moda dos hotéis, desta feita com um quatro estrelas representando o que há de mais moderno em hospedagem, no Bairro São Vicente.

Até o sono chegou, vamos guardar o amontoado de fotos.

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de outubro de 2017

Crônica 1.758 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

FESTAS DE SANTO

Procissão dos vaqueiros marca a abertura da Festa (Foto: Lucas Mala / Alagoas na Net)

A cidade de Santana do Ipanema ficou muito movimentada na noite do último domingo. Com o encerramento dos festejos dedicados a São Cristóvão, o espocar de foguetes e cânticos de louvores povoaram os ares do Bairro Camoxinga.

O evento faz parte da programação anual da paróquia e do santo padroeiro dos motoristas. A paróquia de Senhora Santana e de São Cristóvão promovem essas festas sacras nos meses de julho e de outubro, respectivamente. São acontecimentos tradicionais e bastantes significativos que atestam e fortalecem a fé dos seguidores de Jesus.

Trazidos pelos portugueses os tradicionais festejos arraigaram-se no Nordeste onde cada lugar, por pequeno que seja, apresenta com grande sucesso as suas devoções coletivas.

Alguns santos são mais conhecidos na região e tornaram-se quase nordestinos de nascimento, tal a procura do povo para a cura dos seus males. Entre eles estão os chamados santos da época junina que formam o trio Santo Antônio, São João e São Pedro.

E esse tripé sozinho movimenta o maior festejo do Nordeste deslocando milhões de pessoas na época, fazendo a economia ficar viva e dinâmica à base da fé. Mas é o profano que aproveita a ocasião para seguir lucrando com os mais variados eventos e um mundo de vendas que dão suporte às gigantescas programações, notadamente, em cidades agrestinas.

Todavia, o amor aos santos estica-se mais um pouco no Nordeste, embora, os três do período junino, talvez, sejam os mais solicitados nas orações.

São Cristóvão, aquele homem que atravessava gente às costas em um riacho, teve o grande privilégio de também atravessar o Menino Jesus. Esse fato é sempre lembrando quando acontecem suas comemorações. Logo cedo se tornou padroeiro da, então, nova paróquia que se formava em Santana do Ipanema, cuja Matriz foi edificada na parte baixa, plana e agradável do Bairro Camoxinga.

Ultimamente reformada, sua igreja passou a receber com mais conforto os seus fiéis, fortemente dedicados ao Bairro e ao seu padroeiro, traduzido no capricho das suas inúmeras solenidades.

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de outubro

Crônica 1.757 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

OS HOMENS DA MATEMÁTICA EM SANTANA

Foto: Ilustração

Detesto essa tal Matemática, mas tenho comigo que os versados na Matéria são cabras inteligentes. Fui consorciando com alguns colegas quando a danada aparecia, para conseguir chegar às aprovações. Tome Geografia, História, Redação… Dê-me Matemática. Foi assim com Renato Cavalcante, com José Ialdo Aquino e com José Maria Amorim, respectivamente, colegas em diferentes etapas de estudos.

Mas quanto aos professores, lembro-me da fase de Admissão ao Ginásio e do próprio Curso Ginasial. O professor Aloísio Ernande Brandão, estava sempre presente lecionando História, Geografia e Matemática. E às vezes eu ficava pensando como cabia tanta inteligência naquela cabeça pequena.

Por isso ou por aquilo, no deparamos com outro professor de matemática, cujo nome era Genival. Parece-me que o homem trabalhava no IBGE. Mas o Ginásio Santana funcionava à base de colaboração de pessoas como comerciantes, bancários, comerciários e outros com algum saber. (Aliás, fui professor ali de Ciências, Biologia, História e Geografia. Minha esposa tomou conta de turmas durante anos, mas nunca fomos reconhecidos).

Voltando ao Genival, era um senhor de meia idade, magro e calado. Gostava de beber umas e outras e vezes sem conta chegou embriagado no estabelecimento. Nessas ocasiões, tremia muito e derrubava o giz constantemente. Era uma situação de constrangimento, mas meus colegas afirmavam que quanto mais bêbado, mais eficiência havia nas aulas de Genival Copinho. Uma excelente pessoa.

Depois chegou da cidade de Capela, o professor Eli. Trazia Matemática suficiente para o Curso Médio e tornou-se fonte de consultas dos demais. Ernande, após a sua passagem, foi homenageado merecidamente com nome  de Colégio no Bairro Camoxinga. O anexo do Colégio Estadual, apelidado Cepinha, foi desmembrado e ganhou o nome de Escola Estadual Prof. Aloísio Ernande Brandão. (Fui professor em todas elas). Sempre com tendência apenas para as Ciências Sociais, não posso deixar de admirar os amantes da Matemática, da Química, da Física e dos seus desdobramentos modernos das grandes invenções e descobertas. 

Matemática não mudou, continua sendo a mesma MATAMATA do passado.

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de outubro de 2017

Crônica 1.756 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

OS VÂNDALOS

Estatua do Índio (Foto: Mauro Wedekin / TV Mar)

Vândalos era um povo germânico que invadiu e devastou a antiga Hispânia e o Norte da África, onde fundou um reino. De certo tempo para cá, a palavra vândalo passou a ser utilizada no Brasil, como indivíduo destruidor dos bens públicos. Chamávamos por aqui a esse tipo de gente de maloqueiros, desocupados, vadios. Eles, os vândalos, quebram estátuas, bancos de praças, chafarizes, picham o patrimônio histórico e até incendeiam ônibus lotados de passageiros. Como não encontraram um nome mais forte para o sem-vergonha, ficou em vândalo, mesmo.

Semana passada, três adolescentes numa moto agiram pela madrugada na cidade de Porto Real de Colégio. Colocaram abaixo uma estátua de ferro e concreto em homenagem ao índio. Feito o serviço, partiram para a cidade sergipana de Propriá. Nessas alturas, chovem as opiniões domésticas sobre o vandalismo em cima de uma representação já estigmatizada. As destruições do patrimônio público acontecem nas cinco Grandes Regiões brasileiras, em algumas, é verdade, de forma mais intensa. Entre todas as causa das maldades está à básica falta de educação. Um povo educado não faz essas coisas diariamente por aí pelo simples prazer e ignorância dos danos.

Alcançamos ainda o tempo de vigias nos logradouros públicos. No interior sertanejo alagoano, não só em Santana do Ipanema, mas também em outras cidades, eles estavam ali noite e dia protegendo canteiros, bancos, estátuas e seus usuários. Recordamos, talvez do último deles, o soldado reformado Gonçalo. Uma doçura de pessoa que estava sempre no seu posto de trabalho e merecia a atenção e o respeito de todos. Até os comerciantes do entorno da Praça Manoel Rodrigues da Rocha (Praça da Matriz) cooperavam financeiramente com o ex-militar. Em Maceió não conhecemos monumentos que não tenham sido pichados, mutilados ou ambas as coisas. Mas se muita gente não enxerga o mal que está praticando, as autoridades tem obrigação de colocar vigias, como antes. Não estamos falando sobre a tal guarda municipal, polêmica e pior.

Semana passada, derrubaram o índio; qual será o alvo desta semana?

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de outubro de 2017

Crônica 1.755 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

BANHO DE CUIA

Seleção do Tite deu um show (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

O regionalismo impera em todos os países do mundo, pequenos ou grandes. Além dos cardápios específicos, reinam ainda palavras e frases antigas e modernas, notadas apenas quando chegam visitantes de outras regiões. O futebol é um esporte que apresenta muitos termos locais, regionais e nacionais, uma grande riqueza de palavreado do mundo da bola.

Na minha região sertaneja, passar a bola entre as pernas do adversário é “passar por debaixo da saia”. Mandar a pelota por um lado do adversário e alcançá-la do outro é “arrodeio”. Demonstrar cansaço no jogo é “abrir o bico” e puxar a bola por cima da cabeça do oponente é chamada “banho de cuia”. A maior desmoralização de todas é levar um “banho de cuia”.

A meditação geográfica dos termos futebolísticos veio com o jogo Brasil X Bolívia, realizado na quinta-feira passada em La Paz. Os narradores falaram mais de mil vezes na altitude, causando até enjoo de tanta repetição. Mas é verdade que La Paz vive nas alturas. Está localizada exatamente a 3.660 de altitude, entre um vale profundo rodeado de altas montanhas.

Apresenta-se como a terceira cidade mais populosa da Bolívia e abriga a sede do governo. Foi fundada em 1548. Seu clima é tropical de altitude e sua temperatura fica em torno de 8 graus. Muitas atrações culturais atraem turistas de todas as partes do mundo, tendo a sua altura na Cordilheira dos Andes como atração maior.

Visto isso, voltemos ao futebol da quinta-feira. Creio que nenhum brasileiro jamais viu o Brasil jogar daquele jeito em nenhum lugar da Terra. Foi uma maneira inédita, inovadora e atraente como se o Tite estivesse inventando a roda. Muito mais de que uma belíssima partida – embora sem gol – o Brasil participava na prática de uma teoria científica que valeu muito mais de que uma vitória.

Contribuía com a Ciência diante de um mundo perplexo em observar aquilo pela primeira vez. E se era espetáculos de três jogadores brasileiros que os bolivianos aguardavam ansiosos, foram brindados com um time inteiro na maneira de jogar que eles e o mundo jamais viram naquela altitude. Entusiasmado também com o que testemunhei, volto ao meu Sertão com suas expressões arretadas: FOI UM VERDADEIRO BANHO DE CUIA.

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de outubro de 2017

Crônica 1.754 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano