ONTEM FOI FERIADO

Generalíssimo Manuel Deodoro da Fonseca, de Valle. (Foto: Fundação Biblioteca Nacional)

Tendo tudo a ver com o feriado de ontem, Marechal Deodoro da Fonseca nasceu na hoje cidade de Alagoas – que leva o seu nome – no dia 5 de agosto de 1827. Estudou em escola militar desde os 16 anos. Aos 21, em 1848, partiu com as tropas rumo a Pernambuco para combater a Revolução Praieira.

Participou também de outros conflitos durante o Império, como a brigada expedicionária ao rio da Prata, o cerco de Montevidéu e da Guerra do Paraguai. O Marechal ingressou na política oficialmente, em 1885 quando dirigiu a província do Rio Grande do Sul.

Em 1887 assumiu a presidência do Clube Militar, até 1889. Chefiou o setor antiescravagista do Exército. E com o título de Marechal Deodoro proclamou a república brasileira no dia 15 de novembro de 1889, assumindo a chefia do governo provisório.

E para não ficar devendo sobre o segundo presidente alagoano, Floriano Peixoto, vejamos:

Floriano Vieira Peixoto foi um militar e político brasileiro. Primeiro vice-presidente e segundo presidente do Brasil, presidiu o Brasil de 23 de novembro de 1891 a 15 de novembro de 1894, no período da República Velha. Foi denominado ’Marechal de Ferro’ e ‘Consolidador da República’.

Nascido em Ipioca, distrito da cidade de Maceió, numa família pobre de recursos, mas ilustre e ativa na política: seu avô materno, Inácio Accioli de Vasconcellos, foi revolucionário em 1817. Foi criado pelo padrinho e tio, coronel José Vieira de Araújo Peixoto.

Floriano Vieira Peixoto foi matriculado numa escola primária em Maceió e aos dezesseis anos foi para o Rio de Janeiro, matriculado no Colégio São Pedro de Alcântara. Assentado praça em 1857, ingressou na Escola Militar em 1861. Em 1863 recebeu a patente de primeiro-tenente, seguindo sua carreira militar.

Floriano era formado em Ciências Físicas e Matemáticas. Floriano ocupava posições inferiores no exército até a Guerra do Paraguai, quando chegou ao posto de tenente-coronel. Ingressou na política como presidente da província de Mato Grosso, passando alguns anos como ajudante-geral do exército”.

O Marechal de Ferro foi o segundo presidente do Brasil.

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de novembro de 2017

Crônica 1781 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

QUANDO A PESQUISA AJUDA

Terremoto. (Foto: Thomas Peter)

Muitas vezes a ciência surpreende o homem nos diversos segmentos do saber. São coisas que contraria a lógica da maioria das pessoas que olham apenas para um lado. Quando todos querem matar a cobra, o escorpião, o sapo… Outros procuram salvá-los e até cria-los para estudar os venenos e salvar vidas. A Natureza também aparece com vulcões considerados inimigos. Mas, a ciência vai lá e encontra meios de – através deles – produzir energia elétrica. E assim é com o Sol, com as marés, nas pesquisas em favor da humanidade.

Os terremotos, apesar dos avanços da Geologia e da Geodésica ainda são de difíceis previsões, mas a cooperação entre chineses de diferentes ideologias, trás um olhar novo sobre os velhos problemas que fazem medo ao mundo. “Alguns terremotos geram anomalias eletromagnéticas antes de ocorrer”.

É aí que entra um estudo de cooperação entre China e Taiwan em relação a um satélite de detecção dessas ondas eletromagnéticas. E essa cooperação entre os dois tradicionais “bicudos” poderá lançar o tal satélite de poder preventivo para o próximo ano. Caso dê certo, esta ação será um dos grandes feitos do homem em defesa da vida contra as surpresas naturais vindas do interior da Terra.

Para a humanidade, principalmente das áreas situadas sobre divisórias de placas tectônicas, pouco importa de onde venha o benefício. E se a China vive às arengas com Taiwan, seu sangue, nem interessa.

Agora, de fato o projeto era secreto até o mundo todo ficar sabendo. E secreto por quê? Porque os satélites podem ter um importante uso militar, localizando radar inimigo ou centros de lançamento de mísseis. Bem que tem a ver com os foguetes que os próprios chineses inventaram e nós os usamos para espocar nas festas e os militares para jogar bombas.

Mas, que adianta ficarmos pensando nos malefícios futuros da invenção? Deixe que venha o satélite com o aviso como um grito de gente, segundo meu Sertão: “Corra, rebanho de peste que o terremoto vai chegar!

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de novembro de 2017

Crônica 1.782 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

AS COBRAS DE MARAGOGI

Praia de Maragogi (Foto: Agência Alagoas)

Quando existe alguma alteração na natureza, a atenção de especialistas é fundamental para esclarecer. Além do conhecimento da área o perito age mesmo como qualquer investigador de polícia. E se cada profissão não tivesse desafio, qual a graça de exercê-la?

É o caso do avanço do mar no litoral alagoano, motivo que leva vários agentes às investigações como geólogos, oceanógrafos e vários outros cientistas. Mas o caso do aparecimento de cobras cascavéis no município de Maragogi pode ser até que tenha alguma causa natural, mas a primeira vista nos parece a mais razoável as denúncias de criadouro na área. Como podem surgir de repente cobras picando o povo sem se saber de onde elas vieram?

O bioma de Maragogi não é o favorito de cascavéis, que agem no semiárido. Ações humanas acabaram com quase toda a flora e, essa coisa de mistério, parece nem ser tão misteriosa assim. Se no local de denúncia de criadouro e soltura clandestina ou acidental nada foi encontrado, não quer dizer tudo.

As cobrinhas, coitadas, não caíram do céu e nem vieram com a ressaca do mar. Ainda bem que estão por ali o Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA/AL), Secretaria de Saúde (Sesau), Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). É muita gente procurando ver o que pode fazer.

Para nós, o caso é de polícia. O mais provável é que alguém em trânsito tenha feito à soltura ou por acidente ou pelo medo de ser pego por órgãos ambientais. Mas as denúncias que fizeram de criadouro na região têm muito sentido e tempo suficiente para qualquer um se livrar de todas as provas. Cobra não fala, cobra pica. Vamos aguardar o desenrolar da coisa que pode trazer o inesperado como causa.

Entretanto, para nós, as pistas maiores estão nas denúncias. Onde há fumaça, diz o povo, há fogo. O diabo é quem vai dialogar com serpente, mas como se livrar do ditado: “De onde menos se espera sai à cobra”? Longe de ofídios, Zé, que isso não combina com as belezas de Maragogi.

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de novembro de 2017

Crônica 1.780 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

1º Encontro da Jovem Advocacia foi um sucesso em Santana do Ipanema

Foto: Assessoria OAB-AL

Aconteceu no ultimo fim de semana, na cidade de Santana do Ipanema, o 1º Encontro da Jovem Advocacia. O evento foi um sucesso de público e atraiu, não só a nova geração, mas também profissionais já experientes.

Inúmeras personalidades da área jurídica participaram do momento, entre elas a presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Alagoas, Fernanda Marinela, o desembargador José Carlos Malta Marques e vários outros.

Veja todas as fotos CLICANDO AQUI.

PARA ONDE VAI SANTANA?

BR-316, Bairro Camoxinga. (Foto: Clerisvaldo B. Chagas)

Quando meu amigo arapiraquense – depois de visitar alguns lugares de Santana – perguntou-me sobre o plano de expansão da cidade, eu não soube responder. Ele não me falou, mas sendo uma pessoa ligada à indústria, tive a impressão de que pretendia investir em lugares promissores.

Como a cidade ainda hoje cresce seguindo trilhas de carro de boi e vereda de bode preferi não arriscar em terreno desconhecido. Isso é coisa para a burocracia administrativa longe até do planejamento de moradia do cidadão comum. Pretendo morar em outro lugar, mas qual seria o lugar? Sem nenhuma perspectiva vamos na “oitiva”, como diziam os mais velhos.

A região norte puxa para o sítio Barroso, formando o novo lugar apelidado Quilombo. Indo para a região sul, vamos encontrar a saída para Olha d’Água das Flores que vai aos poucos tomando feição do futuro quarto comércio de Santana. (O primeiro é o centro e o prolongamento que ora se estende até a UNEAL. O segundo é o do Bairro Camoxinga. O terceiro é o do início do Bairro Domingos Acácio).

Quer dizer, as saídas Leste e Sul de Santana do Ipanema, no momento, são as duas regiões que têm as melhores perspectivas para comércio e serviços. A região oeste toda parece que não vai adiante. Fora isto, o miolo da periferia, mais perto, vai sendo lentamente ocupado por loteamento residencial.

Mas se a saída Santana – Maceió (zona leste) está vivendo melhores dias para investimentos; e a saída Santana – Olho d’Água das Flores (zona sul) também desperta para comércio, onde faríamos o nosso polo industrial? Com certeza teria todas as vantagens à zona oeste, logo após as últimas casas do perímetro urbano.

A principal dela seria a BR-316, mas outras, como o relevo se sobressaem como escolha para isso.  Sim, sabemos perfeitamente que tem uma cabeça de burro enterrada contra a indústria em Santana, mas um dia ela será desenterrada, porque nem cabeça de burro nem dono de cabeça de burro dura eternamente.

Dentro da parte física e social mostrei ao amigo as regiões da minha cidade, até porque planejamento se faz também com Geógrafo, Urbanista e Cartógrafo, mas… Onde? O futuro dirá.

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de novembro de 2017

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano – Crônica 1.779

O BALAIO E A MINISTRA

Homem carrega balaio (Foto: Arqueologia)

No Brasil da escravidão houve muitos movimentos libertários dos negros africanos, em todas as regiões onde havia escravos. Tanto aconteciam as fugas para formações de quilombos, quanto revoltas para libertação. Um desses inúmeros movimentos pela liberdade preta aconteceu no Maranhão, penetrou na história e nos livros didáticos do País com o título de Balaiada.

Foi em 1838 que aconteceu essa revolta do povo contra os grandes proprietários de terras rurais. Agiram contra a exploração que aqueles senhores exerciam sobre os escravizados vaqueiros, artesãos e trabalhadores livres do Maranhão. A liderança do movimento era composta por três pessoas: o vaqueiro Raimundo Gomes, o artesão Manuel Francisco dos Anjos (o que fazia balaios) e o negro Cosme, que organizava fugas dos escravizados da região.

Muitas coisas aconteceram durante cerca de três anos de luta. Durante as refregas os rebeldes chegaram a tomar a cidade de Caxias. Ali formaram um governo provisório, facilitaram a fuga de escravizados e a formação de um quilombo. Como o movimento carecia de maior organização, não teve fôlego o suficiente para continuar e começou a enfraquecer.

A Balaiada foi definitivamente derrotada em 1841. A sua denominação vem do apelido e da profissão de Manuel Francisco dos Anjos, “O Balaio”, porque ele confeccionava balaios verticais de palhas ou cipós para transporte de algodão e outros produtos. Ferido por acidente por seus próprios companheiros, o Balaio terminou morrendo de gangrena.

Diante de tantas lutas, não somente contra a escravidão, mas também de outros tipos de explorações nos campos e nas cidades, até parece que toda consciência foi perdida. Foi assim que o ridículo estourou nos noticiários brasileiros e nas Redes Sociais, onde piadas e mais piadas se amontoam.

Uma declaração infeliz de uma ministra que acha que deve receber sessenta mil reais se não seu trabalho fica caracterizado como trabalho escravo, fez tremer em suas respectivas tumbas Raimundo Gomes, o Cara Preta; Manuel Francisco dos Anjos, o Balaio; e o negro Cosme, líderes da Balaiada, em 1838.

É esse tipo de gente que, como autoridade desequilibrada faz parte da cúpula do Brasil.

Que falta faz Zumbi dos Palmares!

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de novembro de 2017

Crônica 1.778 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

ANTIGO E BOM EXEMPLO

Foto: Divulgação

O homem vai modificando as paisagens naturais do planeta por necessidade ou por espírito destrutivo. Mas também, em meio a essa loucura de destruição semeada em todos os recantos do Globo, surgem exemplos de superação que merecem registros. Um deles aconteceu há muito no Rio de Janeiro, quando o café começou a ser plantado em grande quantidade pelos arredores da Urbe, em 1760.

Esse plantio era favorecido pelo clima quente e chuvoso e solos férteis. Logo essas plantações iniciaram à ocupação dos morros cariocas, em detrimento à floresta tropical, bela e exuberante. Já no século XIX, o café se tornou a principal atividade econômica do Brasil, coisa que exigia cada vez mais a expansão de terras e desmatamento da Mata Atlântica.

Com a extinção da floresta, logo surgiram às consequências.  Vários córregos que tinham origem nas matas, secaram, dificultando o abastecimento na cidade do Rio de Janeiro que crescia rapidamente. Foi aí que teve início um ousado plano de reflorestamento em 1861. Foram desapropriadas várias fazendas para o plantio de árvores nativas e até espécies exóticas, cujos cálculos vão a mais de 100 mil mudas, criando-se assim a floresta da Tijuca.

Com essa reação consciente na segunda metade do século XIX, a floresta foi reconstituída e seus mananciais recuperados. É de se imaginar o esforço desprendido para a realização total do projeto, levando-se em conta os recursos tecnológicos da época.

“Já em 1961, cem anos depois do início do reflorestamento, a floresta da Tijuca foi transformada em parque nacional, juntamente com outras áreas adjacentes de mata preservadas”. Paisagens famosas no mundo inteiro estão no Parque Nacional da Tijuca, entre elas o Corcovado, onde se encontram a estátua do Cristo Redentor e a Pedra da Gávea. É uma das principais atrações turísticas do Rio de Janeiro, recebendo por ano, cerca de dois milhões de visitantes.

A floresta exerce importante papel na conservação de espécies da flora e da fauna e de oxigenação para a “Cidade Maravilhosa”.

Pense num exemplo!

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de novembro de 2017

Crônica 1.777 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

PALMEIRA DOS ÍNDIOS: BONS VENTOS

ARNON DE MELLO INAUGURANDO ASFALTO. (Foto: Pedro Farias)

Passamos dos sessenta e um anos de inauguração da primeira rodovia asfaltada de Alagoas. Foi em janeiro de 1956 a entrega da rodovia ligando Maceió rumo ao Sertão. Perto dos limites do Sertão, ainda na zona agrestina, Palmeira dos Índios recebeu a dádiva da cobertura asfáltica no governo Arnon de Mello, no apagar das luzes do seu mandato.

O grande feito viário representou o início do modernismo do transporte terrestre em Alagoas. Apesar de o asfalto – nessa época, importado – chegar apenas próximo aos limites do Sertão, toda essa área também foi beneficiada. Mesmo desde os confins do semiárido até Palmeira dos índios, ainda rodando em poeira, atoleiros e catabios, não deixava de ser um progresso enorme com a outra metade da viagem no bem bom até à capital alagoana.

Agora Palmeira volta à evidência com um projeto de duplicação de rodovia em mais de 2 km em trecho urbano. Além da duplicação para melhorar a mobilidade e evitar acidentes, ainda trás no projeto à jardinagem que vai embelezar o trecho, permitindo um visual novo que a bem chamada “Princesa do Agreste” verdadeiramente merece.

É pena que essa duplicação não seja estendida até o entroncamento de Arapiraca, bem perto da cidade de Tanque d’Arca e Maribondo, mas as conquista são feitas paulatinamente. Palmeira dos Índios, cidade intelectualizada, cheia de bons escritores, excelentes escolas, dinâmico comércio e clima agradável, marca mais um tento em sua trajetória.

Além de coisas e mais coisas, por aqui, em nosso sertão velho de guerra, Santana do Ipanema estar precisando de embelezamento, assim como o, então, prefeito, Henaldo Bulhões fez com a “Rainha do Sertão”, em sua época administrativa.

As palmeiras imperiais da Rua Doutor Otávio Cabral, quase todas morreram pela insensibilidade do governo passado. Bem que a nova gestão poderia estendê-las até o início da área urbana (Batalhão de Policia), e ali levantando belo portal de alvenaria à semelhança de cidades rio-grandenses. Estas sugestões valem para as outras duas entradas de Santana.

Isto faz lembrar o saudoso professor Marques Aguiar, quando repetia: “as cidades deveriam ser governadas por filósofos e defendidas por guerreiros”.

Clerisvaldo B. Chagas, 8 de novembro de 2017

Crônica 1.776 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

MATA GRANDE O QUE ESPERA?

Foto: Divulgação

Nestes tempos tão favoráveis ao Turismo em suas variadas modalidades, Alagoa viva uma fase extraordinária. Nas temporadas os hotéis ficam superlotados e fora das temporadas estão sempre cheios. O estado é hoje um dos principais destinos do País e algumas vezes, apontou como o primeiro do Nordeste. Agora que a região foi descoberta pelos brasileiros, italianos e até argentinos, o Nordeste se firma como polo consolidado nesse tipo de economia.

A novela da Globo rodada no São Francisco, deu o empurrão que faltava na luta de Piranhas e Penedo, principalmente, para mostrar ao Brasil as belezas sanfranciscanas. Somente a minha cidade não move uma palha para se beneficiar do turismo.

Mas o nosso destaque de hoje se volta para o potencial de Mata Grande, município tão distante da capital e que agora vai ganhando outro acesso através do asfalto pela BR-316. Situada na região serrana sertaneja, seus vales e montanhas oferecem pontos encantadores durante as quatro estações do ano.

Além de passar muito tempo com a serra da Santa Cruz como ponto culminante do estado, agora o atrativo é a serra da Onça, descoberto como o lugar mais alto de Alagoas. Além disso, seus antigos engenhos rapadureiros, sua posição entre montanhas e as histórias de Lampião que estão contidas em nosso livro Lampião em Alagoas, credenciam para um futuro sucesso no turismo nacional.

Dizem que a região de Piranhas – com a hidrelétrica de Xingó, o cânion do São Francisco e o lugar do outro lado, onde mataram Lampião – já ultrapassou o litoral de Alagoas com as costas dos corais. A região mostra-se ao mundo e o dinheiro corre solto gerando empregos no interior.

Enquanto Pão de Açúcar e Santana do Ipanema dormem na rede da indiferença turística, o baixo São Francisco deslancha. E Mata Grande, com tanto potencial, próxima do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso e dos cânions, não pode espiar de soslaio para o turismo. Tem que beijá-lo e abraçá-lo para revelar ao Brasil tudo o que tem direito.

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de novembro de 2017

Crônica 1.775 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

REVIVENDO O GRUPO E A HISTÓRIA

Grupo Escolar Francisco Correia. Foto registrada em torno de 1954 (Foto: domínio público)

Revendo uma peça do nosso patrimônio arquitetônico, vamos contemplando a foto antiga que às vezes emudece quem a contempla, por alguns segundos. A fotografia acima representa a arquitetura original do edifício Grupo Escolar Padre Francisco Correia. Construído como a primeira escola grande do município, veio para Santana do Ipanema ministrar aulas do, então, Curso Primário que correspondia da primeira à quarta série.

O Grupo foi edificado na gestão do prefeito interventor Joaquim Ferreira da Silva com ajuda do governo estadual. Joaquim foi o mesmo que construiu o prédio do atual Ginásio Santana. (Detalhes incríveis no livro “O Boi, a Bota e Batina; história completa de Santana do Ipanema”).

O Grupo foi inaugurado em fevereiro de 1938 e juntamente com a Igrejinha/monumento de Senhora Assunção, Escola Cenecista e Tênis Clube Santanense, representam o grande quarteto histórico numa única quadra, na cidade de Santana.

Analisando a foto acima, temos um grupo já terrivelmente desgastado, em torno de 1954. A parede amarelada de tinta velha está pichada, provavelmente, por propaganda eleitoral. O altíssimo poste para luz elétrica motriz é de madeira de lei. À frente da escola, um pé de fícus e, o entorno do prédio cercado por balaústres também de alvenaria.

Nesta época o recreio era feito no pátio de terra, o mesmo que está cercado com o balaústre. Era servido nesta hora, o chamado leite que era uma espécie de mingau nutritivo e enjoativo que o aluno às vezes bebia, às vezes jogava fora, na areia do pátio.

O balaústre da foto ainda representa o cercado original. Uma das diversões bem perigosas, doida, doida mesmo, era correr por cima do balaústre, pulando de um em um, numa velocidade de quem corria no chão limpo. Isso era coisa para poucos e não podemos afirmar com certeza se constavam nessa peripécia os nomes de Jorge de Leuzínger e do sapateiro Claudio Canelão.

Fui testemunha de tudo que disse na década de 50 quando Maria de Lourdes Monteiro era a minha professora predileta e dona Prisciliana Farias, guardiã, tocava a sineta na entrada, no recreio e na saída. O balaústre foi acabando sem manutenção até que foi todo demolido. A escola passou longo tempo sem proteção, até chegar à murada decente atual.

Preciso de uma palestra para ministrar naquela escola, pois tenho muitas e muitas coisas para dizer. Por hoje, tá bom.

Clerisvaldo B. Chagas, 6 de novembro de 2017

Crônica 1.774 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano