A LENDA DE JURATAÍ

Floresta Amazônica (Foto: Sidney Oliveira / Agência Pará / Fotos Públicas)

“Muito tempo atrás, no fundo da floresta Amazônica, havia um pássaro chamado Jurutaí. Uma noite Jurutaí olhou para cima, através do ar quente, e viu a Lua. Ela estava completamente redonda. A luz prateada brilhou sobre a face de Jurutaí com se a Lua estivesse se esticando para tocá-lo. E Jurutaí se apaixonou.

Jurataí se apaixonou pela Lua e quis ir até onde ela estava. Assim voou até o topo da árvore mais alta que podia ver. Mas a Lua ainda estava longe. Ele voou até o cume de uma montanha. Mas a Lua ainda estava longe. Então ele voou até o céu. Jurutaí bateu as asas, subindo, subindo até o ar ficar rarefeito. Mas a lua estava muito longe.

O pássaro continuou voando para cima até as asas doerem, os olhos arderem e parecer que cada respiração só enchia seus pulmões de vazio. Queria prosseguir, mas era muito difícil. A força de suas asas chegou ao fim e de repente ele começou a cair. Rodopiava, através do ar negro, e batia asas céu abaixo.

Ele caiu de volta nas folhas úmidas e perfumadas das árvores. E se empoleirou ali, piscando ofegante para a Lua. Ela estava distante demais para que ele a alcançasse. Assim, tudo o que Jurutaí podia fazer era cantar para ela.  Ele cantou a mais bela canção que pôde. Uma canção cheia de tristeza e amor, que se espalhou pela floresta.

A lua olhou para baixo, mas não respondeu. E lágrimas encheram os olhos de Jurutaí. Suas lágrimas rolaram pelo chão da floresta. Encheram vales e escorreram em direção ao mar. E dizem que foi assim que o rio Amazonas surgiu.

Ainda existe um pássaro que se chama Jurutaí que vive na floresta Amazônica, hoje em dia. Às vezes, na lua cheia, ele olha para o céu e canta. E ouvi falar de povos indígenas que acendem fogueiras quando a lua cheia brilha e cantam e dançam para fazer o Jurutaí cantar. Eles sabem que cantar a mais bela canção que se conhece é a melhor maneira de se livra datristeza. E acreditam que deveríamos acender fogueiras no coração quando o jurutaí dentro de nós se cala”.

  • Recontada por Sean Taylor. Cobra-grande: história da Amazônia. Trad. Maria da Assunção Rodrigues. São Paulo: edições SM. 2008.p. 8-9.

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de novembro de 2017

Crônica 1.791 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

PIRANHAS SAI NA FRENTE

“Piranhas antiga” é um dos locais mais procurados (Foto: Lucas Malta / Alagoas na Net)

A história da via férrea de Piranhas, no Sertão do São Francisco, daria um romance em grande estilo. Sua construção teve início em 23.10.1878, cerca de 22 anos antes do término do século XIX. Foi aberta ao tráfego dois anos depois, ainda dentro dos oito anos que faltavam para o fim da escravidão negra no país. Indo até Jatobá de Tacaratu (PE), atual Petrolândia, teve seu trecho final inaugurado em 2.8.1983, isto é, levou cinco anos para ser construído.

“Partia de Piranhas e ali chegava as terças, quartas e sábados, num comboio até Delmiro e outro até Jatobá (PE), composto de até 8 vagões: 1 de primeira classe, 1 ou 2 de segunda, 1ou 2 de grade para animais e de 1 a 3 para transporte de outras mercadorias”.

O trem saía de Piranhas, parava em Olho d’Água do Casado (AL), Talhado (AL), Sinimbu (AL), Delmiro Gouveia (AL), Volta (PE), Quixaba (PE) e Jatobá (PE). 84 anos depois, em 8.7.1964, o trem parou de circular. Nos seus quase 116 quilômetros de percurso, o trem foi referência para os flagelados das secas e seguro transporte de mercadorias para embarques e desembarques de embarcações do rio.

Na época do cangaço, cooperou em muito com os deslocamentos de forças volantes em perseguição aos bandidos cangaceiros. O trem, mesmo economicamente deficitário, ajudou muito na Economia da região no transporte de peles, couros, algodão, cereais, madeira, ferramentas e muitos outros produtos interessantes da pecuária e da agricultura.

Mesmo com a ausência do trem e o golpe da hidrelétrica de Xingó no pescado da região, Piranhas foi vencendo o marasmo até que uma novela da rede Globo, filmada no local, descobriu a sua beleza agreste para o resto do mundo. Com a beleza arquitetônica, posição geográfica, a história do trem de ferro e as infindáveis narrativas sobre o cangaço, Piranhas saiu na frente para o Turismo.

Preponderantes para sua sobrevivência são as boas estradas asfaltadas que permitem o conforto indispensável aos visitantes. Quem dormiu, perdeu os dólares dos gringos. Em nosso romance ainda inédito: “Fazenda Lajeado”, tem uma parte em que fala dos machadeiros que iriam se dirigir a Piranhas para derrubar madeira de lei e transformá-la em dormentes para a via férrea.

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de novembro de 2017

Crônica 1.789 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

AS CAGADAS DE SANTANA DO IPANEMA

 

Foto: Lucas Malta / Alagoas na Net

Na segunda metade do século XX, surgiu em Santana do Ipanema – Médio Sertão alagoano – o modismo de degustar carne de Jabuti, também chamado cágado, nessa região. Com certeza havia por aqui, as duas espécies brasileiras, o jabuti-piranga e o jabuti-tinga. O primeiro é encontrado nas cinco regiões brasileiras, o segundo, no Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Não sabemos quem foram os primeiros trucidadores dos quelônios, mas havia um comércio restrito aos apreciadores da iguaria. Eles eram capturados na caatinga do Alto Sertão e comprados por alguns mercadores santanenses, geralmente transportados em caçuás. Não havia ainda a proibição de hoje. Pessoas compravam para criar nos quintais por prazer ou para vendas aos apreciadores. Geralmente, os que compravam cágados, gostavam de beber.

Poucas pessoas se aventuravam a matar o bicho. Destacavam-se nessa nauseabunda e horrível empreitada, o Cassiano, morador da Rua Prof. Enéas, perto do Poço dos Homens, e Filemon que residia perto do Aterro. Os convidados para a farra denominada “cagada”, eram os filhos de Santana ausentes que visitavam a terra em tempo de Semana Santa ou forasteiros ilustres.

De fato, uma delícia a “cagada” de Santana do Ipanema. Os cágados eram criados comendo a mesma comida de porcos, palma e banana. Com o tempo, a tradição foi se firmando até que as leis começaram a inibir toda a cadeia produtiva até o consumidor. Antes mesmo do término do século XX santanense já não procurava cágados no comércio que se tornara perigoso.

Voltamos ao prato típico comum nos sertões nordestinos: a buchada de bode ou de carneiro. É permitido criar animal selvagem com autorização, mas quem vai criar jabuti que leva 200 anos para crescer? Devido ao rigor da lei, ficou proibida a escandalosa “cagada” de Santana do Ipanema. Nos tempos mais modernos o ato foi parar em setor tão perverso e desgastado que é melhor nem apontá-lo com o dedo.

Bons ou maus tempos em que o último vendedor de cágados, o Bebé, andava oferecendo o bicho vivo nas esquinas da “Rainha do Sertão”.

Até logo, comadre. É vapt-vupt!

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de novembro de 2017

Crônica 1.788 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

PROFISSÕES POUCOS ORIENTADAS

Antigo Coliseu (Foto: Viagem e Turismo)

Vejamos algumas profissões pouco ou não divulgadas nos Cursos Fundamental e Médio:

Antropólogo – É um profissional responsável por estudar o homem e suas interações com a sociedade. Analisa o ser humano como um ser biológico, social e cultural. A sua ciência se chama Antropologia.

Arqueólogo – É um profissional que representa a Arqueologia, disciplina científica que estuda as culturas e os modos de vida do passado a partir da análise de vestígios materiais. Ciência social que estuda as sociedades extintas.

Paleontólogo ou paleontologista – É um cientista que estuda a Paleontologia. Especialidade da Biologia que estuda a vida do passado na terra e o seu desenvolvimento ao longo do tempo geológico. No Brasil, paleontólogo é aquele que apresenta uma graduação (Biologia ou Geologia) e uma pós-graduação com monografia versando sobre uma pesquisa desenvolvida na área da Paleontologia.

Obs. A Arqueologia tem o objetivo de estudar a humanidade, já a Paleontologia estuda as outras espécies (animais, vegetais…).

Geólogo – É um profissional de nível superior diplomado em Geologia ou Engenharia Geológica. Estuda a estrutura e os processos que formaram a Terra, sua evolução ao longo do tempo e os aspectos da aplicação desses conhecimentos para o bem comum.

Geógrafo – É o profissional cuja área de estudo é a interação entre os diversos sistemas espaciais. Sistemas que podem ser sociais, econômicos, políticos, geológicos, biogeográficos etc. O Geógrafo pode ser Bacharel e Licenciado. O Bacharel possui habilitação para trabalhar com estudos ambientais, planejamento regional, mapeamentos e diversas outras atribuições. O Licenciado possui habilitação para lecionar a Geografia. Embora sejam habilitações e atribuições profissionais distintas, a Geografia é uma só. O Bacharel em Geografia possui as atribuições definidas pela lei federal 6664 de 1979 e o órgão que fiscaliza a atuação profissional no Brasil é o CONFEA e suas regionais CREAs.

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de novembro de 2017

Crônica 1.787 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

NO PICO DA NEBLINA

Foto: Divulgação

Vamos comigo visitar o Pico da Neblina, o ponto mais alto do Brasil, localizado no município de Santa Isabel do Rio Negro, estado do Amazonas. Ele fica no Parque Nacional do Pico da Neblina, na serra do Imeri. Sua altitude está atualizada com 2.995,30 metros e seu nome se origina por ficar a maior parte do tempo encoberto pela neblina.

O seu acesso é restrito por situar-se em terras de fronteiras e da reserva ianomâmi, dependendo de uma autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). É obrigatório contratar guia credenciado. Tudo começa na cidade de São Gabriel da Cachoeira. Sobe-se o rio Cauaburi em “voadeiras” até o igarapé Tucano. Daí em diante é na força das pernas com aproximadamente quatro dias de caminhada, andando 4 ou 5 horas por dia.

“Embora o maciço do Pico da Neblina esteja situado na fronteira com a Venezuela e a maior parte da área do maciço esteja nesse país, o cume principal está inteiramente dentro do território brasileiro, a meros 687 metros da fronteira venezuelana no Pico 31 de Março”.

Vale, porém, lembrar que o Pico 31 de Março é o segundo ponto mais alto do Brasil, com 2.974,18 metros de altitude na mesma serra do Imeri, fronteira com a Venezuela. Isso quer dizer que o Brasil não possui em seu território, elevações com mais de 3.000 metros de altitude. Por muito tempo reinou como o ponto mais alto do Brasil o Pico da Bandeira, entre os estados de Minas Gerais e do Espírito Santo, com 2.891 metros.

As mudanças acontecem quando paragens antes desconhecidas são estudadas. Os aparelhos de precisão, cada vez mais aperfeiçoados, permitem fazer a troca para dados atualizados nessa rapidez em que se encontram as tecnologias. Em Alagoas, temos como o mais novo ponto culminante, a serra da Onça, no município de Mata Grande, descoberto pelo pessoal da UFAL/Delmiro Gouveia. Inclusive, já está em nosso livro ainda inédito: “Repensando a Geografia de Alagoas”.

E para quem não pode ir até o Pico da Neblina, a serra da Onça, nos arredores do município de Mata Grande é muita visitada em época de Semana Santa. Uma opção simples e que conta com a cidade perto para suporte.

Agora vamos sair das alturas e cair na realidade da Depressão Sertaneja e do São Francisco. Zapt!

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de novembro de 2017

Crônica 1.787 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

XAMEGUINHO, SANTANA E FORRÓ

FORROZEIRO XAMEGUINHO (Foto: Clerisvaldo B. Chagas)

Engavetada algumas composições de forró pé de serra com letras caprichadas, resolvi tirar algumas dúvidas e procurei o famoso cantor alagoano em Maceió. Recomendado pelo colega da música Valdo Santana, fui bater à porta de Xameguinho, ocasião em que fui bem recebido e passamos a trocar ideias.

O conhecido forrozeiro confessou-me ser filho da zona rural de Atalaia, onde começou a mexer com música valendo-se ainda de sanfona rudimentar. Com persistência e talento conseguiu galgar os degraus da carreira até chegar à posição onde se encontra, sem ameaças de concorrência.

Falou-me um pouco sobre o mundo musical, elogiou a voz de Valdo Santana e, saiu raspando bem das qualidades de Zé de Almeida, Benício Guimarães, Manoel Messias, inclusive das brincadeiras na chácara do Lira, em Santana do Ipanema.

Foi aí, meu amigo, que saí mostrando para o homem as minhas letras de Coco, rojão, baião, vaquejada… E enquanto lia passava a solfejar as musicas que vieram antes à minha cabeça. Todas as letras foram aprovadas, inclusive, os solfejos das melodias.

Conversa vai, conversa vem, fui tentando compreender o mundo musical comparando-o à Literatura. Voltei satisfeito com a avaliação de Xameguinho. Entendi perfeitamente outro viés. Caso eu queira gravar um disco de forró pé de serra, estão prontas as letras e as pistas das melodias.

Xameguinho pode me entregar o disco completamente finalizado, com todo o trabalho de sua equipe, inclusive com sua própria voz. Uma vez de posse do meu próprio disco, posso oferecê-lo prontinho, prontinho ao cantor que eu quiser ou jogá-lo no mercado mesmo assim.

Ah, compadre, ia esquecendo. É preciso dispor de certa quantia para encomendar o troço. Ninguém faz nada de graça e, na área musical, há muito venho percebendo muito sede pelos “peixes”. Ainda estou pensando, amiga, se vale à pena.

Voltando ao Xameguinho, está escrito na sanfona dele mesmo o Xameguinho com “X”. E por enquanto, vamos escutando o forró alheio, esse que a gente pode ligar e desligar no momento que quiser.

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de novembro de 2017

Crônica 1.786 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

PELAS RUAS DE MACEIÓ

Nas ruas de Maceió (Foto: Clerisvaldo B. chagas)

Final de semana em Maceió, dia primaveril agradável e nublado, nos anima a uma incursão pelo Comércio. Vamos aproveitando a obrigação para cair na devoção e dá uma espiada geral no “Paraíso das Águas”. Apesar da beleza da manhã, as nuvens fechadas vão tampando o calor no chamado Efeito Estufa.

E lá vamos nós misturados ao trânsito intenso, à multidão tal formigueiro imparável de loja em loja. Ruas cheias de gente e casas comerciais lotadas, não encontramos a crise que o povo fala. E se o povo fala, mas o dinheiro não. Lojas decoradas para o Natal, a figura do Papai Noel em evidência, caixas danados recebendo células novas e passando troco. Ladainhas de todos os tipos de ambulantes e propagandistas de dinheiro fácil.

A criatividade vestida de palhaço aguardava clientes numa esquina. O deficiente toma conta da rua na mendicância com um ganzá estranho. Um barulho das seiscentas pestes, sem regras, sem ética, sem decibéis. Mulheres discutem os atrasos dos ônibus. A dandoca de sombrinha conta as últimas aventuras do pastor da sua igreja. Um camarada mente que só a bexiga para vender balas doces. O negrão amassa a negrona no fundo da barraca e, nós vamos procurando o melhor ângulo da fotografia.

“Valha-me Deus, mulezinha, perdi uma nota de cinquenta, a senhora não viu?”. Aproveitamos para procurar pequeno objeto, mas dizem que só se encontra essas coisas na casa do chinês. E agora não é somente uma casa de chinês, eles tomam conta do comércio de bugigangas na capital. Não senhor. Não adiante pedir desconto em nada. Chinês tem palavra de inglês, não negocia, impõe.

Bem, de qualquer maneira, já consegui resolver duas coisas importantes da missão Maceió. Agora é deixar tanta balbúrdia recolher a atividade de rua e bater em retirada. Amanhã estaremos em audiência com famoso cantor e compositor. Uma atividade paralela dos escritos, desconhecida para nós, mas quem sabe! A vida sempre nos indica novos caminhos… Fui.

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de novembro de 2017

Crônica 1.785 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

A importância da figura do Advogado nos processos administrativos

Foto: Ilustração

É com grande satisfação que inicio uma série de posts e assuntos relacionados à área jurídica. Nesse Blog, vamos esclarecer à sociedade seus direitos e deveres nas diversas áreas do direito com temáticas diversas e atualizadas.

Nesse primeiro post falarei sobre da figura do Advogado ainda em âmbito administrativo, ou seja, fora das vias judiciais. Ainda não é pacífico em nosso direito que o Advogado seja essencial nesta esfera, mas vou mostrar que sua presença é muito relevante na defesa e garantias de direitos.

É bastante comum na vida profissional nos depararmos com atos de ilegalidade e abuso ainda nos processos em via administrativa o que acarretam graves prejuízos a parte envolvida.

Isso ocorre, em grande parte, pela falta de conhecimento pelo próprio cidadão da legislação e dos procedimentos aplicados em cada caso, aliado também, a complexidade e burocracia dos atos dentro dos processos administrativos.

Ocorre que a administração mantém uma postura indiferente com relação à necessidade do Advogado na fase administrativa, inclusive, veiculando campanhas contrárias a utilização da defesa técnica nesses processos.

Diante disso passo a citar três tipos de processos administrativos que entendemos ser imprescindível a presença do Advogado para a obtenção dos direitos.

O primeiro é o Processo Administrativo Disciplinar PAD, um instrumento apto a apurar a responsabilidade de agentes públicos por eventuais irregularidades na administração, durante o exercício de suas funções.

A legislação não prevê a obrigatoriedade do advogado para esse tipo de processo, porém permite a presença de um procurador. É durante a fase processual que devem ser apresentados todo o arcabouço probatório para garantia da ampla defesa e do contraditório, é aí que deve figurar o Advogado.

Observando exatamente isso, percebemos necessária a utilização de uma defesa técnica adequada que busque proteger o agente público, uma vez que o mesmo, na maioria das vezes, não possui conhecimento da legislação, bem como dos atos de defesa e dos prazos que deverão ser respeitados.

Não muito diferente, citamos o seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres – DPVAT. Trata-se de indenização obrigatoriamente assegurada às vítimas de acidente de trânsito, desde que resulte em: morte, invalidez permanente e reembolso de despesas médicas e hospitalares.

Esse tipo de processo dispõe de ampla veiculação nos meios de comunicação que defendem a não necessidade de intermediários em sua solicitação. O que se sabe realmente do DPVAT, é que é um seguro burocrático e dificultoso, principalmente pela via administrativa. Dificilmente o beneficiário, sem acompanhamento jurídico, conseguirá obter êxito em sua pretensão.

Por fim vamos aos processos previdenciários e assistenciais do Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS. Esses são de alta complexidade, uma vez que possuem critérios específicos e legalmente exigidos. Daí a necessidade ainda maior de acompanhamento técnico jurídico, ainda na fase administrativa.

Vale salientar que neste caso, por muito tempo tentou-se combater a figura do intermediário no processo administrativo. É fato que esse tipo de mediador não dispõe de aptidão técnica ou mesmo jurídica, muitas vezes embaraçando os processos e prejudicando o segurado. No entanto, o Advogado vem ganhando espaço, mostrando-se indispensável também nos pedidos dos benefícios previdenciários e assistenciais em sede administrativa.

Recentemente a Justiça Federal, em ação movida pela OAB, manteve decisão liminar em que estabelece ao Advogado atendimento preferencial nas agências do INSS de todo o Brasil. Além disso, a medida impõe ao INSS a disponibilização de guichês específicos para o atendimento prioritário do segurado que venha acompanhado por Advogado, prevê ainda, a possibilidade de não haver o agendamento prévio para esse atendimento.

Portanto, é inegável que a atuação do Advogado tenha papel primordial na proteção dos direitos e garantias da sociedade, sendo imprescindível além do campo judicial. Entendemos que deve também ser utilizado de forma ampliativa à esfera administrativa, evitando assim ilegalidades e abusos dos direitos dos cidadãos.

 

Para garantia de seus direitos procure um Advogado de sua confiança!

 

CONSCIÊNCIA NEGRA

Foto: Pintura por Antônio Parreiras / Reprodução

Hoje é o Dia da Consciência Negra. Ele foi instituído no dia 9 de janeiro de 2003 pelo projeto Lei n.0 10.639, mas somente em 2011 a lei foi sancionada (Lei 12.519/2011) pela presidente Dilma Rousseff. O dia é comemorado em todo o território nacional e foi escolhido por ter sido o dia da morte do líder negro Zumbi que lutou contra a escravidão no Brasil.

Esta celebração relembra a importância de refletir sobre a posição dos negros na sociedade. Os inúmeros eventos sobre o tema espalhados pelo País, são importantes para a reflexão dos dias atuais nessa marcha inexorável para o porvir. Esse é um período de diversas atividades e projetos realizados nas escolas para comemorar a luta dos afrodescendentes.

Desde 1532 começou a entrar negros escravos no Brasil, até que aconteceu a lei Eusébio de Queiroz, em 1850, que proibia o tráfico negreiro. Mesmo com a abolição formal da escravidão, em 13 de maio de 1888, essa busca pela verdadeira independência e igualdade, jamais cessou.

A Consciência Negra reflete sobre a discriminação e as conquistas na sociedade, no mercado de trabalho. Sendo feriado em alguns estados e ponto facultativo em outros, o que importa é a discussão em diversas entidades, em praça pública, em lugares especiais que levem a humanidade inteira a refletir sobre a igualdade, direito de todos no Planeta.

Em Alagoas a grande concentração dos festejos, acontece no município de União dos Palmares, a 72 km da capital, Maceió. O cimo da serra da Barriga que outrora abrigou o Quilombo dos Palmares e seus combates contra os brancos recebe pessoas do País inteiro e representantes de diversas partes do mundo. Nessa ocasião, muitas escolas levam os seus alunos para passeio e pesquisa sobre os episódios que aconteceram na serra e suas imediações. A data enche de orgulho o peito do alagoano e a vaidade de ter tido um líder no naipe de Zumbi.

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de novembro de 2017
Crônica 1.784 – Escritor Símbolo de Sertão Alagoano

VIVENDO NO EGITO

ANTIGO EGITO. (Foto: Cultura Mix)

As últimas reportagens da Rede Globo de Televisão sobre o rio Nilo, faz lembrar as velhas aulas sobe o antigo Egito e suas relações com a morte. Os egípcios eram politeístas e consideravam vários deuses, embora três fossem os mais populares: Osíris (deus da vida após a morte); Ísis (sua irmã e esposa) e Hórus, o filho de ambos.

Os deuses egípcios apresentavam-se de forma humana. Com forma animal e com forma humana e animal. O mais temido dos deuses era Amon-Rá criador do universo.

Segundo a crença egípcia, toda pessoa, ao morrer, iria para o Tribunal de Osíris. Caso fosse absolvida, a alma poderia voltar para o corpo. Isso fez com que surgisse o processo da mumificação. Após embalsado o corpo, a múmia iria para o sarcófago e para a urna funerária e daí para o túmulo. Conforme o poder aquisitivo da família do morto, muitas coisas poderiam ser deixadas no túmulo como joias, armas e alimentos.

Em 1922, o arqueólogo inglês Howard Carter, encontrou intacto o túmulo de Tutancâmon. Foi um espanto para o mundo da época quando o pesquisador fez a divulgação do que foi encontrado. Havia mais de cinco mil peças como cadeiras, carros, armas, barcos, armários, poltronas, colares, estátuas, aparelhos de mesa.

Isso faz refletir sobre a religião antiga naquela área, mas também mostra os costumes do cotidiano na remota civilização. As discussões religiosas e o fanatismo extremista não dão sossego ao planeta e continuam vivos como nunca.

Quem quiser pode até pensar em dezenas de deuses que regem o mundo e até milhões deles como mentores particulares de cada pessoa. E se o Egito imaginava seus deuses de forma humana, em forma humana e animal e de forma animal, talvez até fossem mais felizes de que nós.

É que a humanidade parece duvidar qual o Deus Único e Verdadeiro e se ele existe de verdade; mas os demônios em forma de gente estão aparecendo na televisão e nas notícias do nosso dia a dia, praticando as coisas mais absurdos neste mundo entre a civilização e a barbárie.

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de novembro de 2017

Crônica 1.783 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano