MARGINAL SÃO FRANCISCO

Vista de um dos mirantes da cidade (Foto: Jean Souza / Alagoas na Net)

Não podemos avaliar se hoje ainda existe a necessidade crucial da rodovia anunciada desde os tempos do governador Suruagy. Também não lembramos se ele tinha alguma outra intenção na rodovia marginal sanfranciscana ou se seria apenas ligar as cidades do Velho Chico.

O tempo passou, o dirigente morreu, o rio São Francisco vive de esmolas de águas das suas represas, em agonia progressiva. Todas as cidades alagoanas às suas margens possuem asfalto ou antigas rodagens que eram as estradas de terra. Como não sabemos sobre a conversa do início, gostaríamos da informação se mesmo assim o sonho da Marginal São Francisco permanece em algum surrão do atual governador.

Não se pode negar que muito já foi feito em Alagoas em termos de rodovias novas, há muito aguardadas e sem esperanças. Quem sabe, talvez, em importância maior do que a que estamos falando. Afinal, sempre que se constroem estradas e se assegura a manutenção, todas as áreas cortadas por elas se beneficiam e encontram oportunidades de progresso.

Aqui é o escoamento da produção leiteira; ali é o transporte da cana-de-açúcar, álcool, biodiesel; acolá o trânsito do arroz, frutas, algodão, madeira, couros, fumo, mandioca… E a produção ganha o Nordeste, o Brasil e o mundo. E como dizia o nosso saudoso mestre, Alberto Nepomuceno Agra, sobre o comércio: “É a troca de mercadorias por mercadorias tendo como intermediário o dinheiro”.

Então, voltamos a bater na mesma porta sobre a Marginal São Francisco.

Uma rodovia desde o município de Delmiro Gouveia sempre descendo pela margem esquerda do rio, colada a ele, passando por Olho d’Água do Casado, Piranhas, Pão de Açúcar, Belo Monte, Traipu, São Brás, terras de Igreja Nova Porto Real de Colégio, Penedo e Piaçabuçu, para o atual Boom de turistas atraídos tanto pelos cânions, quanto pelas cidades e suas histórias imperiais, cangaceiras, desbravadoras, além da culinária, folclore e paisagens inigualáveis…

Quem não gostaria de virar novo bandeirante!

Mas como indagar não ofende, fica no ar a pergunta atualizada sobre o valor de um sonho que vale à pena: Sai ou não sai à rodovia?

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de dezembro de 2017

Crônica 1.811- Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

A FORÇA DO GRAVATÁ

Carro caiu na curva da ponte (Foto: Cortesia / Alagoas na Net)

“Um grave acidente resultou na morte de duas pessoas e deixou outras duas feridas na manhã deste domingo (24), na rodovia BR-316, em Santana do Ipanema, Sertão de Alagoas”. Notícia do site alagoasnanet.

O acidente aconteceu em longa curva aberta – que vai fechando no sentido Maceió Santana – até encontrar a ponte do riacho Gravatá. A pista é boa e larga e a curva longa não oferece risco algum se o condutor do veículo seguir as diretrizes do trânsito. Talvez, por ser boa demais, existem os abusos de velocidade, a embriaguez ao volante, o uso do celular, a ultrapassagem imprudente ou mesmo um fator inesperado que provoque o sinistro.

Conhecida como a “curva da morte”, o citado trecho tem ceifado muitas vidas nas últimas décadas. Mas ninguém de sã consciência pode colocar a culpa naquele pedaço de pista, a não ser como defesa de quem não quer assumir a culpa que lhe pertence.

O riacho Gravatá é um dos mais belos afluentes do rio Ipanema. Belo porque nasce numa região serrana, imediações da pujante serra do Gugi, outrora celeiro de frutas da região. Também se localiza próximo ao povoado São Félix, escorre entre montanhas, formando poços sombreados por árvores de porte como a craibeira.

Mesmo com o desmatamento que acontece ao longo do leito, continua o riacho gravatá sendo romântico e valente oferecendo banhos inesquecíveis nos poços do seu curso periódico. Corta a BR-316 no sítio Gravatá passa sobre a ponte da “curva da morte” e segue entre os montes do sítio Poço da Pedra e outros sítios famosos até desembocar no rio Ipanema.

Devido ao seu percurso aprazível, demos a ideia de formarmos ali um acampamento para retiro semelhante ao do riacho Tigre, no município de Maravilha e que atrai gente durante o Carnaval, até do estado de Pernambuco. Infelizmente não levamos a ideia adiante e nem temos mais interesse no assunto. Mas a ideia pode continuar e ser realizada por pessoas religiosas interessadas em fugir das loucuras dos carnavais.

Enquanto isso, o riacho gravatá, ora seca, ora enche, oferecendo o seu cenário a quem interessar possa, indiferente às imprudências ou fatalidades que acontecem perto da sua ponte na “curva da morte”.

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de dezembro de 2017

Crônica 1.810 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

MIRANDO CHÁCARAS E CASAS DE PRAIA

Casas correm risco de serem invadidas (Foto: Ilustração)

 

Quando se pensa que a bandidagem vai diminuir com o tempo, diante de jovens sem conta, assassinados de várias maneiras, estatística alguma mostra redução. Assaltos, roubos e assassinatos já fazem parte do cotidiano e ninguém sabe mais para quem apelar. Polícia, Justiça, Educação e prisões parecem fazer apenas efeito contrário no combate aos erros mundanos. Ninguém tem mais garantias de nada. Andar sozinho pela periferia, sítios e fazendas, não é mais aconselhável onde centenas e centenas de pessoas partiram para o banditismo. Tantos no interior quanto na capital os constantes assaltos por condutores de motos, são constantes terrorismos modernos. Deve ser muito cara e inacessível a fórmula para acabar a violência geral que assola o país.

No interior os marginais costumam aguardar suas vítimas nas estradas vicinais montados em motos escondendo as caras nos capacetes. As chácaras são assaltadas, deixando a insegurança aos proprietários quando muitos preferem vender o lugar de descanso a enfrentar coisas piores. Vai o celular, o dinheiro, a joia e até mesmo as poucas cabeças de ovelhas que ornam a paisagem do terreno. Pontos de venda de drogas estão espalhados pelos sítios em diferentes lugares, notadamente, bares e bodegas. Os pais estão apreensivos com a praga da droga no campo e muitos enviam seus filhos para à cidade, tentando preservar seus bens mais preciosos. E se os ladrões de gravatas infestam Brasília e as casas do povo por todo o país, o que se pode mais esperar dessa juventude atraída pela maneira fácil de obter?

No litoral, as casas de praia, com vigias ou sem vigias, sofrem também as ações dos inimigos do alheio. Além da maresia, da despesa paga com vigilância, manutenção e limpeza, os proprietários chegam à conclusão que possuir casa de veraneio não compensa. Assim tentam vender o imóvel que o avisado não quer adquirir. O resultado dos aluguéis por temporada que antes pareciam bons negócios, agora parecem não ser tão bons assim. A surpresa do dono do imóvel em vê sua casa arrombada, deve fazer um efeito desastroso e traumático, cuja solução é se livrar do patrimônio e acampar de outra maneira. E se o castelo do mal estiver reinando somente forças ocultas podem nos livrar dessas loucuras que ocupam em cheio o início do século XXI.

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de dezembro de 2017

Crônica 1809 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

NATAL     

Foto: Divulgação

 

Para quem mergulha nos recônditos da História sobre o Natal, amplia um vasto conhecimento sobre o mundo pagão e o cristianismo. E se tiver a intenção em se demorar, deve levar o escafandro, porque o tema há de percorrer tantas páginas que formará um livro.

E entre tantas teorias e teses dos letrados, vamos misturando as frases corriqueiras da época, entre compras, abraços, festas, tristezas e solidão. Apesar das estripulias, horrores e maluquices do mundo, a presença forte e invisível do filho de Deus, parece tocar forte no coração do bom e do bandido.

Um aglomerado de sentimentos do leque interminável de religiões, antes fragmentado, compõe por algumas horas o que deveria ter sido melodia o ano todo e não foi.

Não tem como – mesmo na felicidade máxima ou na melancolia extrema – não se render a reflexão sobre o Cristo e à própria vida trazida ou arrastada até o fórum natalino. É assim que cumpro a minha parte de aliança com o Mestre, todo dia 25 de dezembro.

Em qualquer lugar onde eu me encontre e possa, procuro realizar meu ritual sagrado, aliança forte entre eu e ELE em que qualquer pessoal pode participar conosco. Porém, o motivo da aliança, repousa somente entre eu, Jesus e uns poucos familiares mais de perto.

Feliz quem tem suas devoções e se sente assistido em todos os momentos da vida. Parece que o aniversário do Homem é sempre uma oportunidade de recomeçar por outra vereda, a partir do início da vereda escolhida, trilhada e errada.

O dia sagrado de hoje é indicado para reunir a família diante da mesa farta, mediana ou pobre, com a importância maior para o aconchego familiar. Nada impede o ajuntamento de pessoas amigas e até desconhecidas na ceia fraternal em louvor ao Senhor dos Mundos.

E se mandamentos de fraternidade não têm sido observados no decorrer do ano, o Natal serve bem para nos abrir os olhos para a frase resumo do cristão: “Quem não vive para servir, não serve para viver”, tantas vezes repetidas pelo meu genitor como forma de aprendizado. Mas se a bondade que arrebatamos no evento não se perpetuar, vamos a indagação: E para que serve o Natal?

FELIZ NATAL E PRÓSPERO ANO NOVO.

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de dezembro de 2017

Crônica 1808 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

LEMBRANDO RAUL, LEMBRANDO O RIO IPANEMA

 

Rio Ipanema sob a ponte (Foto: Clerisvaldo B. Chagas)

“Qual uma criança, ciosa do seu melhor brinquedo, jamais afastei do pensamento a doce imagem da minha infância no leito pedregoso do rio Ipanema. Ora eu andava em rompimento à temporânea correnteza, ora saltava e mergulhava na quietude dos poços que a enchente deixava em volta das pedras mais altas, que marcavam o remanso impetuoso das águas velozes para o São Francisco.

Era assim na fase hibernal, quando o leito do rio se paramentava orgulhosamente vestindo um lençol líquido, às vezes alvacento, que, todavia, não durava muito; aos poucos, com o avanço inevitável do estio, a coberta aquífera se rompia com a aparição das pedras que iam despontando aqui e ali, e em breve, um lombo de areia também surgia dividindo a vazante e serenando o embalo da correnteza.

Esse valente tributário do famoso rio Chico, entra em Alagoas procedente do município pernambucano de Pesqueira, seu nascedouro. É um rio querido das crianças que habitam a sua longa e animada ribeira e aprendem a nadar e fazer pescarias, bem assim, transformam o seu dorso de areias branquinhas e faiscantes em palco de verão para as suas animadas e ingênuas brincadeiras.

É mesmo um gosto beirarmos as margens do rio Ipanema fechadas por arbustos sempre verdes e, também, fartos de passarinhos alegres e saudáveis, que ali se aninham para o amor e a procriação.

Como se vê, o cálido verão regional, não apaga de todo o encanto natural do rio Ipanema, mormente em virtude da aparição de poços que restam da cheia e refrescam o ambiente represando peixes e também crustáceos, como, por exemplo, aratanhas e pitus, que, em clima de festa, são fisgados pela população em seus limites.

Tive a graça de participar da delícia dos festejos que acabo de enumerar, bem como de, ainda hoje – muitos anos são decorridos! – me deleitar na memória afetiva de todos eles.

O Ipanema há de acompanhar meus passos pela vida em fora, até que eu mergulhe no silêncio perpétuo que é o manto indevassável que nos separa do misterioso Outro Lado da Vida”.

MONTEIRO, Raul Pereira. Lembranças. Ideia, João Pessoa, 2002, págs. 33-34.

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de dezembro de 2017

Crônica 1807 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

NAPOLEÃO E A ILHA DE SANTA HELENA

CASA DO EXÍLIO DE NAPOLEÃO. (Foto: Guia Geográfico)

Lembrando-me da minha mãe, Helena Braga, veio à vontade de chegar até a Ilha de Santa Helena. E essa vontade veio desde os tempos de estudante, quando vimos na História à prisão de Napoleão Bonaparte. Vencido e acusado de ser o perturbador do mundo, o imperador e general francês foi preso e conduzido à ilha de Santa Helena.

A ilha acha-se localizada no Atlântico Sul a cerca de 2000 km da costa africana. Possui uma área de 17 km de comprimento por 10 km de largura e pertence aos britânicos. É formada de montanhas rochosas de origens vulcânicas, não existe praia e é muito difícil uma fuga.

Faz parte a ilha de Ascensão e um arquipélago chamado Tristão da Cunha. Atualmente sua população gira em torno de quatro mil pessoas que falam o inglês possui governo autônomo, constituição própria e tem como capital Jamestown. 

Ali Napoleão foi confinado durante os últimos seis anos da sua vida, desde 15 de outubro de 1815. Ficou em uma casa de fazenda britânica, onde morreu em 1821. A história diz que o homem faleceu vítima de um câncer de estômago, porém, ainda existe suspeita de envenenamento lento causado por arsênio.

Vagando pelo mundo geográfico, vimos que a ilha que usa a moeda: “libra de Santa Helena”, a primeira vista parece feia com suas rochas escuras. Devido aos seus ventos perigosos, nenhuma companhia aérea teve condições de realizar voos para lá. Os movimentos são feitos através de transportes marítimos, mas em 2016, foi construído ali um aeroporto que custou uma fortuna.

Ao ser concluído, recebeu imediata crítica de que era “o aeroporto mais inútil do mundo”. Somente um avião brasileiro da EMBRAER, o E190, consegue pousar com segurança naquele aeroporto. Devido à história de Napoleão, os britânicos querem desenvolver o turismo em Santa Helena.

Nem sempre nomes famosos despertam nossos desejos de visitantes, mas também a fotografia, o relato, o vídeo… No caso da ilha de Santa Helena, perdi inteiramente a vontade de conhecê-la em mar e rocha.

Deixemos Napoleão em paz.

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de dezembro de 2017

Crônica 1.806 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

VOCÊ CONFIA NA INTERNET?

Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado

Leia o texto abaixo com o subtítulo: Escravos da Tecnologia.

Na Internet, há liberdade para a expressão de opiniões, mas o preço é caro. Os sujeitos são controlados, com seus dados armazenados pelas empresas que realizam o serviço, por meio de algoritmos que exercem a  no função de vigias da rotina diária do usuário, em computadores tradicionais, cartões de bancos e outras formas de registro de informações.

Um problema que toma dimensões gigantescas, pois o controle faz do espaço proposto como democrático uma prisão, onde o usuário está confinado, com seus dados para possível utilização empresarial e mesmo política. Ele é atacado com a violação de e-mails, controle de navegação, oferta de produtos em espaços pessoais e outras imposições da tecnologia.

Com a simples presença de um chip no cartão, a pessoa é monitorada pelo banco, acerca de seus saques e pagamentos realizados, gerando o controle do cidadão. A vida passa vigiada a cada passo. Uma escravidão que aprisiona o internauta sem ele próprio saber que, desta forma, cai em uma verdadeira rede, estando sem ação frente às regras de jogo.

Um jogo em que o usuário vai ao encontro do universal, numa sensação de liberdade total em frente a um computador, sem saber que os dados digitados e suas preferências estão sendo armazenados, seja pelo provedor de acesso, o navegador ou todo tipo de sítio de conteúdo.

A Internet, a ferramenta que revolucionou a comunicação e a forma de entrar em contato com as pessoas dos locais mais remotos do planeta, converteu-se em um instrumento cujas consequências ainda não são inteiramente conhecidas.

O ser humano torna-se frágil e pequeno em meio a todo este aparato tecnológico que armazena sua vida, desde dados preferenciais de consumo a endereço, passando por números de todo tipo de cartão de compra e identificação. É um caminho de difícil volta: o ser humano virou escravo de toda esta tecnologia, tornando-se dependente de um sistema que manipula, controla e ainda é pago.

Texto de Valério Cruz Brittos e Éderson Pinheiro da Silva. A realidade da internet. Extraído do Livro Vontade de Saber Português, pag. 77.

Clerisvaldo B. Chagas, 20 dezembro de 2017

Crônica 1.805 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

NELSON GONÇALVES E O VESÚVIO

Vulcão Vesúvio na Itália (Foto: Guia Geográfico)

Ouvindo uma velha música de Adelino Moreira, lembramos os vulcões ameaçadores de hoje em várias partes do mundo.  Mas ficou na história da humanidade a mais famosa erupção de um vulcão chamado Vesúvio.

O fato ocorreu na manhã de 24 de agosto de 79 d.C., no sul da Itália. O vulcão Vesúvio entrou em atividade depois de uma violenta explosão, lançando poeira, cinzas e rochas que chegaram a alcançar 20 quilômetros de altura e se estenderam em terra por 15 quilômetros.

Os habitantes da cidade de Pompeia, 16 mil pessoas, refugiaram-se como maioria dentro das casas. Em pouco tempo o material do vulcão, em grande quantidade, cobriu em poucas horas a cidade pelas cinzas. O vulcão ainda não havia expelido lavas. Muitos morreram soterrados e intoxicados pelos gases. Tudo impedia a fuga dos moradores.

Na manhã do dia seguinte, o Vesúvio continuou em erupção derramando grande quantidade de lava cobrindo a cidade de Pompeia que era um dos núcleos habitacionais mais importantes daquela região.

Após a tragédia, a cidade de Pompeia ficou esquecida e soterrada por mais de 1.700 anos. Somente em 1748, com escavações na área por alguns operários, Pompeia foi redescoberta.

Daí para cá, inúmeras escavações foram realizadas, desenterrando mais da metade das ruínas da cidade. Foram encontrados vários corpos petrificados nas mais diversas posições em que foram surpreendidos.

A paisagem do lugar foi bruscamente transformada. Mas tudo que foi soterrado pelo Vesúvio, como móveis, pessoas, obras de arte, utensílios, serviu para os estudos que se desenvolveram mostrando como se vivia naqueles tempos, logo depois de Cristo.

Assim o grande compositor Adelino Moreira compôs para Nelson Gonçalves a canção: “Esta noite ou nunca”, em que acaba imortalizando também o raivoso vulcão. Na última estrofe da belíssima canção, diz o cantor com seu vozeirão, ligando o amor à Geografia:

“(…) Sou uma fogueira crepitando

Vesúvio de lavas colossais,

Esta noite ou nunca, meu amor,

Amanhã será tarde demais”.

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de dezembro de 2017

Crônica 1.804 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

ENTERRANDO OS SINOS

Torre da Igreja Matriz de Senhora Santana (Foto: Lucas Malta / Alagoas na Net)

Conversando com amigos a respeito da potência dos sinos de Igreja Nova e da Matriz de Senhora Santa Ana, de Santana do Ipanema (Alagoas) entramos em parte da história do sino no mundo.

Dizem que foi na China que teve início a história do sino, no ano de 3000 a.C. A Igreja tinha o sino como coisa pagã e só foi reconhecê-lo no decorrer do século II d.C., para anunciar os Evangelhos e chamar os  fiéis para as reuniões. No século VI os monges missionários introduziram os sinos na Europa Central.

Fabricar sinos desde os enormes aos simples sininhos de bois de carro, sempre foi uma arte. Foi a partir do ano de 1600 que surgiu a técnica de produzir determinados timbres, notas e até melodias. Falam que a partir daí, foi possível fazer soar vários sinos ao mesmo tempo sem dissonância.

Quanto ao fabrico, é fantástico o ritual. O sino é composto de 20% de estanho e 80% de cobre, levando-se em conta a espessura, o timbre que se quer, o preparo da matéria e o escorrimento do material fundido para dentro da forma. Além disso, vem o misticismo: tem que se fazer silêncio e uma prece a Deus. Para que a forma não seja destruída ao atingir a temperatura de 1.150 graus, ela é enterrada no chão da oficina e o líquido incandescente escorre em sua direção por canais de tijolos. O sino só é desenterrado, quatro dias depois, com a temperatura normal. O molde é retirado e o timbre testado.

Um sino excelente soa a quilômetros de distância. Nas guerras antigas os inimigos invasores procuravam em primeiro lugar, calarem as vozes dos sinos que davam o alarme para os defensores. Muitos sinos, com o advento do canhão, foram transformados em canhões, pelos inimigos. Sinos foram derretidos para obtenção do estanho, durante as duas Grandes Guerras, no século XX.

Em Santana do Ipanema (AL), o quilombola apelidado “Major”, podia até não entender de fabrico de sinos; mas foi o Mestre dos mestres dos sineiros do município e da região.

Major é major, pois não.

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de dezembro de 2017

Crônica 1.803 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

ARBORIZAÇÕES SERTANEJAS

Craibeira na zona rural (Foto: Manuella de Melo Queiroz)

O Sertão voltou a pegar fogo e a cor cinza estar predominando no semiárido, nas serras e nas baixadas, como se as árvores fossem simples garranchos. A temperatura dos últimos dias aperreou muita gente no Médio e Alto Sertão e no Sertão do São Francisco.

O Sol abrasador no asfalto e no calçamento das ruas faz subir uma temperatura que pode até comprometer a saúde de pessoas, principalmente, as mais vulneráveis. Daí a necessidade de uma melhor qualidade de vida através da arborização.

Com a realidade vivida no semiárido, toda a vegetação arbórea no entorno das cidades sertanejas, deveria ser preservada e transformada em parque protegido (pulmão verde) para amenizar a temperatura desses núcleos urbanos, coisa que se atinge até em média de 2 graus.

A arborização de ruas e avenidas é uma necessidade e coisa fácil de fazer, inclusive implantar os parques verdes dentro também das próprias cidades, tantos quanto for o tamanho da cidade.  Alguns núcleos possuem bastantes árvores, mas é tão importante arborizar quanto realizar a poda obedecendo a calendário com orientação de agrônomo.

Os galhos da poda poderiam ser levados para local apropriado e ser transformado em humos, gerando riqueza para o homem e para a terra. Além das sugestões acima, para diminuir as temperaturas das cidades, ainda se podem estimular os plantios de árvores frutíferas nos quintais disponíveis, com distribuição de mudas e campanhas educativas.

Segundo Larissa Costa e Samuel Roiphe Barreto: Água para vida, água para todos: livro das águas:

(…) Quando a chuva cai em uma região arborizada, escoa lateralmente pelos troncos e folhas das árvores e alcança o solo de forma suavizada, diminuindo o impacto da gota ao cair no chão. Uma parte desta água é evaporada ou absorvida antes de chegar ao solo (…). Quando retiramos a cobertura vegetal de um lugar, deixamos o solo desprotegido. A capacidade do terreno de reter a água da chuva é diminuída e esta passa a escorrer muito rápido, arrastando a camada superficial do solo. Além de se iniciar um processo de erosão e de perda de fertilidade do solo, os materiais arrastados com a água, vão se acumular no fundo dos rios, lagos e fontes, deixando o leito do rio cada vez mais raso, ocasionando o seu assoreamento.

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de dezembro de 2017

Crônica 1.802-Escritor Símbolo do Sertão Alagoano