AINDA O RIO IPANEMA
Não custa nada repetir trecho de crônica do ano velho. O cidadão chamado Toinho, morador da Rua Professor Enéas, era exímio pescador de mandim a anzol. Eu diria mesmo que ele era absoluto. Descia para o Poço dos Homens, no rio Ipanema e, indiferente aos banhistas ou a outros pescadores de anzol e tarrafa, acomodava-se nas pedras do “estreitinho” (o poço era dividido em Estreitinho e Largo) onde iniciava sua tarefa.
Mandim era um peixe difícil de ser fisgado a anzol, mas Toinho era especialista, atesta meu tempo de rapazote. Discretamente fazia o prato do dia, não se demorava e saía para casa. Toinho era baterista na época dos grandes bailes de Santana do Ipanema, no Tênis Clube Santanense e no clube AABB – Associação Atlética Banco do Brasil. Como o tempo muda, Toinho passou a ser consertador de máquinas simples e fogão quando passou a ser conhecido como: Toinho das Máquinas.
Pois bem, em rio com trecho urbano infernalmente poluído, mais de trinta famílias vivia (talvez ainda vivam) da pesca miúda, matadora de fome da pobreza. Foi Toinho quem descobriu que os peixes pescados por ele, estavam doentes de câncer ou coisa parecida. E indicava protuberâncias feias formadas no lombo desses animais.
Abandonou de vez a pesca no rio Ipanema. Porém, todos os dias você vê pessoas pescando nos poços imundos, de anzol, de tarrafa, pequenas redes e manualmente futucando as locas. É a parte invisível do rio que as autoridades teimam em não vê.
Como despoluir o rio Ipanema? São duas as alternativas. A CASAL, responsável pelo saneamento tem obrigação de concluir os serviços de coletas de esgotos. Segunda, a prefeitura tem que fazer um projeto fazendo um levantamento de casas sem fossas em Santana. Todos os dejetos de casas sem fossas descem diretamente para o rio Ipanema ou através dos riachos Camoxinga e Salgadinho.
Depois ela própria ajudar na construção de banheiros minimamente decentes. Em seguida monitorar todos os bairros, inclusive o Comércio, grande poluidor de lixo doméstico e até industrial. Somente depois de tudo isso, usar sua estrutura para limpar às margens do Panema, da Barragem à Rua da Praia. Verba federal não falta, faça e apresente o projeto.
Clerisvaldo B. Chagas, 10 de janeiro de 2017
Crônica 1.820 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
10 jan
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