OS SANTANENSES NÃO SABEM: HÁ 107 ANOS

Foto: Divulgação

O coronel Delmiro Gouveia construiu por conta própria 520 km de estradas, trechos em Alagoas e Pernambuco. De Pedra a Quebrangulo, passando por Santana do Ipanema e Palmeira dos Índios tinha ramal Bom Conselho – Garanhuns e mais outras em Alagoas.

Em Santana do Ipanema ela passava pela Rua da Poeira, Comércio, Antônio Tavares, Rua de São Pedro e Bebedouro/Maniçoba. As estradas começaram em 1911 e, no primeiro semestre de 1912, Delmiro chegava a Santana com seus automóveis. (O primeiro automóvel de Alagoas foi o do coronel).

O encontro de Delmiro com o coronel Manoel Rodrigues da Rocha, foi considerado o “Encontro do Século”. A feira do sábado acabou-se nesse dia com tanto matuto correndo com medo do automóvel e outros querendo conhecê-lo e até “matá-lo”, dizendo que era a besta-fera. Os carros da comitiva eram: um “Fiat”, um “Austim” maior, um “Austim” menor e mais um N.A.G. imenso.

Em 1915, fins de julho, o ministro da Agricultura Dr. José Bezerra e o governador de Alagoas, João Batista Acióli (daí o nome da antiga escola Batista Acióli, o “Bacurau”, da Rua São Pedro, em homenagem ao governador) vieram de Quebrangulo para uma visita à cachoeira. Passaram pela Pedra com três automóveis.

Em meados de 1916, na qualidade de governador de Pernambuco, Manoel Borba veio em comitiva com Delmiro Gouveia e o próprio coronel Manoel Rodrigues da Rocha para a Pedra e jantaram em Santana do Ipanema no sobradão do coronel, no dia 22 de agosto.

Essa é apenas uma fração da história do Sertão alagoano que teve repercussão e influência Nacional. Mas, as nossas escolas não ensinam a História de Santana do Ipanema, produzindo gerações e gerações de ignorantes sobre a própria terra em que nasceram.

Quantas e quantas vergonhas os nossos jovens passam por não saberem nada ABSOLUTAMENTE nada do nosso passado. AUTORIDADES! FAÇAM ALGUMA COISA antes que seja tarde demais. Capacitar professores sobre a história de Santana é uma necessidade. Cidade sem história é lixo.

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de janeiro de 2018

Crônica 1.830 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

JÂNIO, LOT E OS JUMENTOS DE MARCIONÍLIO

Foto: tribunamoxoto.com

Lembro-me bem quando era adolescente. O nosso empregado Marcionílio indagou a meu pai, quem eram os candidatos à presidência da república. E o meu pai – que havia colecionado fascículos sobre Jânio e mandara encaderná-los em capa dura – respondeu normalmente, querendo, porém, conquistar alguns votos para o homem: “São dois candidatos, Marcionílio, Jânio Quadros e o marechal Lot”.

O empregado analfabeto rejeitou o segundo nome na hora: “Lote? Lote que eu conheço, Seu Manezinho, é lote de jumentos!”. O resultado é que o lote de jumentos de Marcionílio perdeu. Como intelectual e prometendo limpar o Brasil dos ladrões, cujo símbolo de campanha era uma vassoura, o Jânio vitorioso decepcionou.

Podemos transportar a problemática para o século XXI, principalmente sobre eleições municipais. Desde o candidato desconhecido dos difíceis tempos das comunicações até agora, com ajuda do rádio, televisão e as redes sociais, o nó das más intenções continua o mesmo. Culpa-se o analfabeto que vota em troca de alguns “peixes”, mas o letrado também vira bajulador em troca de um carguinho qualquer.

Quando não acontece a indicação é porque o prazer sexual de bajular está mesmo na cara sem-vergonha. Quem sofre de fato com tudo isso, são os membros da sociedade (analfabetos ou não) dignos, conscientes, carimbados pela própria Natureza sobre o verdadeiro papel que se deve exercer como minúsculo e decente cidadão da Terra e da Pátria.

Nem só a honestidade faz um bom prefeito. É preciso ser um ótimo administrador. Dizia o meu velho que “o excelente administrador é como cavalo bom, mora longe um do outro”. O sem estudo no cargo de gestor quase sempre é um palerma. O letrado é míope das letras, só enxerga as cifras negras. Se o fraco não faz, o forte não quer fazer.

E as cidades brasileiras, principalmente as do interior vão acumulando mazelas sobre mazelas, inferno da populaça e paraíso dos modernos coronéis. Assim o Brasil vai afundando cada vez mais onde existem muitas ratoeiras, porém, poucas são robustas bastantes para segurar os ratos.

Continuamos vendados. Sem quiromancia, sem cartomancia, sem esperanças, guerreamos ladeados por lotes e Minervas.

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de janeiro de 2018

Crônica 1.829 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

BR-316: FINALMENTE A CONSOLIDAÇÃO

 

Foto: Alberto Rui / Assessoria

Finalmente o Alto Sertão entra numa festa esperada durante mais de 40 anos. Demagogias sucessivas e vitórias para muitos mentirosos povoaram as cabeças da população sertaneja de alma simples e muita crença. Mas o próprio homem do semiárido sempre afirmou diante das dificuldades que “tudo tem o seu dia”.

E foi montado no ditado popular dos mais velhos que a rodovia BR-316 sacudiu, literalmente, a poeira e os catabios dessa eternidade de 40 anos. Assim a BR-316 desenterra a cabeça de burro fincada entre o entroncamento do povoado Carié (Alagoas) e a cidade de Inajá (Pernambuco) com cerca de 47 quilômetros de sofrimentos.

Chamada por nós de “Estrada de Lampião”, por ser a escolhida pelo bandido para entrar em Alagoas vindo do estado vizinho, era margeada de bela e exuberante vegetação de caatinga.

Retomada às obras após recesso de fim de ano, apenas 03 quilômetros faltam para o término da obra que terá sete pontes com acostamentos e passeios de pedestres. É bom saber que os danos ao meio ambiente também estão sendo acompanhados para proteger o bioma tão massacrado durante décadas quando muitas espécies vegetais e animais desapareceram.

A BR-316 em Alagoas, é uma longa rodovia federal que corta o estado no sentido Leste-Oeste, desde Maceió até a ponte sobre o rio Moxotó que separa os dois estados e deságua no São Francisco. O extremo oeste-norte de Alagoas é bastante seco tendo até fatia com clima desértico. Para quem quer conhecer uma beleza agreste diferente, é bastante trafegar pela BR-316 com espírito aventureiro e desbravador.

Além do escoamento da produção sertaneja, facilidade em alcançar os maiores centros e comunicações diárias com as demais cidades, a BR irá ajudar também os grandes eventos religiosos ou não há muito consolidados que motivam ampla mobilidade populacional.

Como o turismo está em alta, o Sertão tem muito a oferecer como os cânions do São Francisco, histórias de cangaceiros, artes e arquiteturas sacras, festas de padroeiros e acontecimentos diversos ligados à Economia de cada município.

A conclusão da BR-316 é uma vitória alagoana sem par. E se tudo tem o seu dia, teve o dia também da “Estrada de Lampião”.

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de janeiro de 2018

Crônica 1.828 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

PESQUISANDO COM O PADRE JACIEL

PADRE JACIEL E ESCRITOR CLERISVALDO B. CHAGAS (FOTO: B. CHAGAS)

Como complemento do livro ainda inédito: “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema”, resolvemos pesquisar junto à Paróquia de Senhora Santa Ana. Apesar de inúmeras informações sobre o mundo católico local, registradas no livro acima, fomos despertados para as origens e tudo o mais sobre os sinos e o relógio da Matriz.

Assim marcamos um encontro com o padre Jaciel Soares Maciel, titular da Paróquia e procedente do sítio Olho d’Água do Amaro. Com a urbanidade do pároco, fomos para o único livro Tombo que escapou do desaparecimento, mas, infelizmente nada encontramos sobre os sinos e o relógio. Fica assim a História de Santana, devendo essa lacuna particular, específica e de grande significado para a nossa população.

Com a grande e segunda reforma da Igreja Matriz de Senhora Santana no final da década de quarenta e início da próxima, o relógio da Matriz passou a ser indispensável ao comércio e a todos os bairros santanenses. Já o conjunto de sinos complementava a maravilhosa visão da magnífica torre de 35 metros de altura; principal cartão postal da cidade e frontal de igreja mais belo de Alagoas.

Com o tempo, o relógio foi perdendo as forças e o desgaste passou a não compensar mais a sua recuperação. Quanto aos sinos, teve o seu grande mestre Luís, apelidado “Major”, como o maior de todos os sineiros. Mas como tudo tem fim, foi embora o ciclo tão bonito, para o início de outro como acontece com as gerações das pessoas.

De qualquer maneira, ficamos honrados pela receptividade do padre Jaciel Soares Maciel, pessoa acolhedora e sábia cujo carisma tem conquistado o povo católico da Paróquia e o santanense em geral. Nossa conversa foi longa sobre a história da Igreja e de Santana, enriquecendo nosso bate-papo e aparando equívocos em favor de fatos verdadeiros.

Ganhei um mês inteiro no diálogo com o padre Maciel. Senti tristeza apenas quando me dei conta que a interlocução riquíssima poderia ter tido pelo menos100 pessoas interessadas em nossa História, presentes.

Quem sabe, outros encontros virão! Talvez muito mais proveitosos em benefício da nossa cultura e do nosso povo.

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de janeiro de 2018

Crônica 1.827 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

OS PROFETAS DAS CHUVAS

Foto: Paulo Sergio Júnior / Alagoas na Net

Meu pai dizia que “muita gente vê, mas não enxerga”. E para quem pensa que ambas as palavras querem dizer a mesma coisa, está completamente enganada. Em todos os sertões nordestinos sempre existiu e existem pessoas experientes que vivem da agropecuária. São pessoas especiais que aprenderam com os antepassados ou por conta própria a leitura do tempo com animais, plantas e os sinais dos céus.

Mas creio que esses observadores também estão distribuídos pelo Agreste, Zonas da Mata nordestina e mesmo na zona rural do Brasil inteiro. O Ceará foi o primeiro a valorizá-los, convocando-os anualmente em paralelo com a ciência para ouvi-los, comparar e planejar ações para a estação chuvosa. Ali essas pessoas foram apelidadas, “profetas das chuvas”.

Não sabemos se o termo “profeta das chuvas” é um elogio ou uma ironia, mas sempre tivemos por aqui no Sertão alagoano, pessoas formadas nos presságios. Muitas frases que vieram desses verdadeiros doutores da Natura persistem fortemente no semiárido.

O próprio Gonzaga dizia: “Mandacaru quando fulora na seca…”. Em nossa região: “Trovoada de janeiro tarda mais não falta”; “quando Ipanema bota cheia, leva um”; “o ano será bom se chover no dia de São José”; “se correr água no Ipanema no início do ano, o inverno será bom”; “quando o joão-de-barro fizer o sua casa com a entrada para o nascente, não haverá inverno”; “a migração de formigas dos aceiros para os lugares mais altos, indica chuvas”; “e se a rãzinha rapa-rapa, rapar no verão, chegarão às águas”; “se a rasga-mortalha passar costurando, é doença, mas se passar costurando e rasgando, morte na família”; “se um cão uiva a noite inteira, é morte, geralmente trágica”.

Dificilmente essas previsões deixam de acontecer, não podendo assim ser chamadas de superstições pelos que moram longe dessas terras, nas capitais e que não conhecem os mistérios, nem a inteligência dada por Deus aos seus filhos mais rudes dos sertões. Tenho minha própria experiência através da Zoomancia, técnica criada e usada por mim mesmo, como posso, então, duvidar dos “profetas das chuvas”?

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de janeiro de 2018

Crônica 1.826 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

MEDICINA ALAGOANA, UM PONTO NEGATIVO

Hospital Psiquiátrico José lopes. (Foto: Sandro Lima)

O encerramento das atividades, dezembro passado, do Hospital Psiquiátrico José Lopes, foi um golpe violento em toda a Medicina alagoana. Segundo a reportagem de Evallin Pimentel (Tribuna Independente de 10.01.2018), teria havido mais de cem demissões, onde estavam entre cinquenta e setenta pacientes.

Fala-se em falta de verbas do SUS, divergências entre sócios e mais que fizeram cerrar às portas do conceituado e tradicional lugar que adquiriu fama e respeito no Brasil inteiro. Sem entrar no mérito dos problemas e possíveis contendas, estamos lamentando apenas a supressão em nosso estado, do ponto de referência chave nesse complexo ramo da Medicina.

O Hospital Psiquiátrico José Lopes, além do prédio que faz parte do patrimônio histórico de Maceió, serviu por muitas e muitas décadas à população alagoana de pobres e ricos da capital e de todo o interior. Vários profissionais militantes do casarão do Bebedouro tornaram-se notórias figuras da Psiquiatria brasileira.

É muito triste saber que perderemos esses serviços de valores inestimáveis com um final problemático que nem o Hospital e nem a clientela merecem. O que pensarão os jovens que irão estagiar na área? Parece surgir no momento um divisor importante na história da Psiquiatria alagoana dos antes e depois do José Lopes. Como será, então, daqui para frente?

Não estamos falando de um hospital qualquer, mas de um ponto único, magnânimo, respeitadíssimo e que já serviu a milhares de famílias do nosso território. Talvez se entendêssemos mais de Medicina, tivéssemos escrito um ensaio ao invés de uma crônica. Mas o Hospital Psiquiátrico tem história rica, abençoada e crescente.

Deverá ser um acervo de narrativas e conhecimentos que supere em muito o imponente prédio que encanta pela beleza arquitetônica dos tempos de expansão da capital. Seja o que for que tenha acontecido, talvez seja a própria vez de reflexão profunda de donos e dirigentes para que uma luz firme e salvadora.

DEUS SALVE O REI.

Clerisvaldo B. Chagas, 17 de janeiro de 2018

Crônica 1825 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

O ARROZ NOSSO DE CADA DIA

Imagem de produção de arroz (Foto: Ascom Seapa)

Teve início, semana passada, a safra 2017/2018 do arroz, no perímetro irrigado do baixo São Francisco. Estar valendo o teste das 200 toneladas de sementes distribuídas pelo governo estadual através da Secretaria da Agricultura, Pesca, e Aguicultura – SEAGRI – em 2017.

A colheita está acontecendo no município de Igreja Nova, capital do arroz em Alagoas. Como tudo deu favorável, aguarda-se uma produção que irá superar a média nacional de produção por hectare. A perspectiva é de uma colheita de 24 toneladas em uma área de três hectares. Esse é um projeto ligado ao rio Boacica.

Segundo se comenta a produção é atribuída à qualidade das sementes e da água da irrigação, além dos tratos culturais no perímetro irrigado dos rios Boacica e Itiúba. A média da produção nacional é de 6.100 quilos por hectare. A produção agrícola e a agropecuária são geridas pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – CODESVASF.

O arroz, constituído por sete espécies, é uma planta da família das gramíneas e alimenta mais da metade da população humana do mundo. É a terceira maior cultura cerealífera do globo, apenas ultrapassada pelas de milho e trigo, sendo rica em hidrato do carbono. Sua cultura necessita de água em abundância e se desenvolve bem, mesmo em terreno muito inclinado, o que não é o caso de Igreja Nova com suas longas várzeas marginais ao São Francisco.

O município acima pode não contar em roteiro turístico, mas é muito visitado pelos que procuram estudar e conhecer o perímetro irrigado dos rios Boacica e Itiúba, que se espraiam pelas terras baixas e planas. Também a vida selvagem e específica do lugar atraem pesquisadores para a área tão perto da foz do “Velho Chico”. Para quem deseja conhecer a região, pode-se chegar até ali através de Arapiraca e São Sebastião ou através de Coruripe, Penedo. 

Como a notícia da safra é muito boa, aguarda-se mais qualidade à mesa do alagoano e do Brasil. Não precisa ser chinês, para mergulhar num prato de arroz com bode assado.

Ê mundo “véi”, quanta coisa boa!

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de janeiro de 2018

Crônica 1.824 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

PARABÉNS VIÇOSA

Matadouro em Viçosa está sendo construído (Foto: Agência Alagoas)

Parece que o governo estadual vai mesmo cumprir o que falou ano passado, sobre a decisão de construir abatedouros modernos em cidades estratégicas de Alagoas. Anunciou que iniciaria por Viçosa. Muito bem, tivemos a grata satisfação em ter lido a reportagem e as fotos de Ronaldo Lima, Agência Alagoas, que anuncia para o final de março a conclusão do referido matadouro.

Vamos reproduzir de outra forma as palavras de representação da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura – SEAGRI. O Matadouro Regional de Viçosa – zona da Mata Alagoana – vai atender a nove municípios do Vale do rio Paraíba do Meio, conhecido como Vale do Paraíba.

O local terá instalações e equipamentos de última geração. O matadouro que também é chamado Frigorífico terá em sua estrutura: currais, salas administrativas, vestiários, caldeiras, subestação, bloco de abate, necropsia, pocilga, lagoas de tratamento dos resíduos e depósitos para cascos e chifres. Numa área de 2.300 m2, terá ainda câmara frigorífica, boxe de atordoamento automático, bloco para abate e processamento da carne.

A capacidade é para o abate de 150 animais/dia entre bovinos, suínos e caprinos. Para isso o governo estadual investiu 9,6 milhões e promete ambiente adequado de abate, higiene e condições de trabalho, além de atender todos os requisitos exigidos pela legislação federal.

Santana do Ipanema constou da lista divulgada o ano passado, cujos municípios aguardarão na fila. Contudo, naquela ocasião não foi apresentada a posição de espera de cada um. Vamos aguardar a inauguração do primeiro abatedouro decente, para saber qual será o próximo município a ser contemplado.

Não podemos continuar com a carne clandestina, de reses cancerosas e outras mazelas que bandidos disfarçados de marchantes tentam vender nos açougues públicos. É o primeiro passo para sairmos da Idade Média no tema tratado acima.

Parabéns Viçosa. Quando o “bichão” estiver pronto, com certeza iremos conhecê-lo.

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de janeiro de 2018

Crônica 1.823 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

SANTANA RECEBE FACULDADE DE MEDICINA E INAUGURA PONTES

Ilustração (Foto: Sonho com Amor)

Eu estava lendo texto de um site santanense que dizia como manchete: Santana recebe faculdade de Medicina e inaugura pontes. O texto discorria: Hoje haverá grande festa em Santana do Ipanema com a inauguração de três pontes sobre o rio periódico que banha à cidade.

A primeira delas fica entre a Rua da Praia e o Conjunto Eduardo Rita, região das antigas olarias e primeira rodagem de saída para Olho d’Água das Flores. Esta é uma reivindicação antiga que vai desafogar o trânsito de Santana. Quem vier de olho d’Água das Flores, São José da Tapera, Piranhas, Carneiros e toda área ao sul da cidade, cortará caminho pela citada ponte, se for em direção a Maceió. Chegando à Rua de São Pedro, pegará o asfalto que corta antiga estrada de carro de boi, até as imediações da UNEAL, sem passar pelo centro.

A segunda ponte vai desde a Praça Senador Enéas, em pleno Comércio até o Bairro Domingos Acácio, desafogando também o trânsito pelo “Corredor do Aperto” e a antiga Ponte General Batista Tubino, no Centro.

A terceira ponte a ser inaugurada liga o Bairro São José ao Bairro Floresta, passando pela Escola Helena Braga. Esta encurtará a distância em 4 km de quem vem pelo oeste: Canapi, Poço das Trincheiras, Maravilha, Ouro Branco, Delmiro, Inhapi e mais, em procura do Hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo. O trânsito pela Avenida Castelo Branco, também evitará engarrafamento no Centro da cidade, além de encurtar a distância acima.

Além da grande festa pela inauguração das três pontes, Santana do Ipanema acaba de receber faculdade de Medicina. Os empreendimentos citados vai permitir maior expansão da urbe com muito mais segurança e desenvolvimento. Além de ter sido dado passos importantes na infraestrutura, o curso de Medicina consolidará Santana do Ipanema como um grande polo acadêmico do Nordeste.

Em seguida, o texto falava da euforia dos santanenses, rasgava elogios aos políticos e dava a programação completa.

QUANDO ACABEI A LEITURA DO SITE, ACORDEI. HAVIA SIDO UM SONHO TÃO REAL QUE FIQUEI ENCABULADO EM TER QUE REGREDIR À TRISTE REALIDADE.

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de janeiro de 2018

Crônica 1.822 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

O URSO PRETO DE SANTANA

Bloco do Urso Preto em Vitória de Santo Antão (Foto: Blog do Pilako. Acervo do IHG)

Os carnavais mais remotos de Santana do Ipanema, no Sertão de Alagoas, foram registrados pelo escritor santanense Oscar Silva no livro Fruta de Palma. Nomes de blocos, masculinos e femininos, cânticos e ações, surgem maravilhosamente narrados. Temos que tenham acontecidos na década de 1920. Mas o bloco carnavalesco mais antigo da minha lembrança é o bloco do urso preto. Um homem vestido de urso acorrentado e seu domador. Conjunto regional tocando (sanfona, pandeiro, zabumba) e grupo não muito grande de foliões bebendo e cantando atrás:

E como foi

E como é

O urso preto

Vem da barca de Noé…

O urso preto (Ursus americanus) é encontrado desde o Alasca ao Norte do México, alcança 2.20 m de comprimento e 1.10 m de altura com um peso até 360 kg. Mas por que foram buscar o animal da América do Norte para os nossos carnavais? Não sei. E lá vai a turma complementando a segunda estrofe:

Todo mundo já dizia

Q’uesse urso não saía

Esse urso anda na rua

Com prazer e alegria…

E repetiam infinitamente os primeiros versos.

O urso do Norte come frutos, nozes, gramíneas, raízes, seiva de árvores, peixes e pequenos mamíferos. Mas o de Santana comia ou come tira-gosto em casa de pessoas influentes e cachaça, muita cachaça. O mais famoso domador foi o dono de farmácia, Cariolando Amaral, chamado Seu Caroula), homem seríssimo com sua gravata borboleta, mas nos carnavais… O “urso” em destaque era o marginal Zé Nogueira. Existe até uma peça engraçada entre o urso, seu domador e uma dor de barriga no animal. Não foi do meu alcance a participação nos carnavais com o coronel Lucena. Depois veio o outro domador, Chico Paes com o urso seu sobrinho, mecânico Josinho, em que existe passagem mais engraçada ainda quando foliões tentaram estuprar o urso.

Depois que os carnavais sertanejos levaram um tombo, nem sei se o urso preto conseguiu sobreviver à dor de barriga e a tentativa de estupro.

Ah! Meu Sertão, meu sertãozinho!

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de janeiro de 2018

Crônica 1.821 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano