FLORO NOVAIS: ESCRITORES SANTANENSES RELANÇARÃO LIVRO

Livro Floro. O Antes e o Depois (Foto: Divulgação)

Como o segredo já foi revelado, esperamos para o mês de outubro, na Paraíba e Pernambuco, a 2a edição do livro “Floro Novais, herói ou bandido?”. A primeira edição do citado livro aconteceu em 1985, sendo rapidamente esgotada. Pressionado por inúmeros pesquisadores, principalmente da área advocatícia, os autores Clerisvaldo B. Chagas e França Filho, constituíram parceria com o maior livreiro nordestino, Francisco Pereira Lima, visando a 2a edição. O livro “Floro Novais, herói ou bandido”, é fruto de documentário realizado com a própria família do “Vingador do Sertão”, da atual cidade de Olivença, Alagoas.  Esta edição será reproduzida na íntegra, com mudança apenas na capa e na apresentação técnica da obra.

Veja o que disse o escritor olhodaguense Antônio Machado, em prefaciar a 10 edição. (…) Convictos estamos caros escritores, que o livro FLORO NOVAIS, HERÓI OU BANDIDO? que vocês, oram oferecem ao nosso povo, não será um ópio, mas um apanágio dentro de uma sociedade tão manipulada pelos meios de comunicação de nosso tempo, e onde a Literatura ainda é tão mal difundida. O livro de vocês é realmente digno de elogios, porque além da fidelidade dos fatos, possui uma narrativa acessível e um linguajar “assertanejado” e, indubitavelmente, tornar-se-á um “best-seller” dentro da literatura alagoana e quiçá nordestina (…).

De fato ainda é um “best-seller” em toda a Região Nordeste. O nosso parceiro Francisco pretende lançar o livro no próximo evento do “Cariri Cangaço”, se não me engano, em Pernambuco no próximo mês de outubro. Aqui em Santana do Ipanema, não faremos lançamento. Avisaremos com antecedência pelos meios de comunicação e agendaremos lugar, dia, hora e preço para uma mesa redonda com os que se interessarem em adquirir um exemplar.

Após a era lampiônica, Floro Novais tornou-se a figura lendária de maior relevo em casos de vingança. Foi motivo de reportagem nacional pela Revista o Cruzeiro e, teve um reinado, assim como Lampião, em torno de vinte anos, com inúmeras reportagens no Nordeste sobre suas ações. Como personagem polêmico, só você, caro leitor – após a leitura – poderá dizer se FLORO NOVAIS, FOI HERÓI OU BANDIDO?.

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de julho de 2018

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 1.952        

VOLTANDO AO BAIRRO SÃO JOSÉ

Posto São José, em obras. Praça Das Artas, limpa. (Fotos: Clerisvaldo B. Chagas).

Vamos fechar a semana das crônicas dedicadas a Santana do Ipanema. Nesses últimos dias de festa da Padroeira, fomos examinar como santanense os trabalhos do Posto de Saúde e da praça do Bairro São José. O quadro está muito diferente daquele último quando apelávamos para as autoridades; todo terreno completamente limpo com o prédio em fase de pintura, mesmo sem portas e janelas, coisa que chama a atenção. Não podemos afirmar, porém, se todos os serviços serão concluídos e se o Posto São José irar funcionar decentemente. Além de não termo procuração alguma para afirmar o futuro, vê-se por aqui o povo desconfiado, numa dúvida enorme com duas apostas radicais. Pelo menos o aspecto físico já mudou bastante e muitos fantasmas desapareceram.

Quanto à chamada Praça das Artes, teve seu lixo removido (ainda na calçada) que preencherá por certo inúmeras caçambadas. A praça está totalmente limpa que somente pela limpeza a diferença é grande. Abandonada após a gestão Marcos Davi foi invadida como depósito de lixo, estábulo, encontro de ladrões, drogados e paraíso de ratos, baratas e mosquitos. Bem que aquele terreno, ao lado do posto de saúde, poderia ser transformado em biblioteca, museu de artes, centro de convenções… Mas abelhas zoam que será recuperado, inclusive, com iluminação semelhante à Praça Frei Damião. Até os artistas Roninho e Paulinho estão entusiasmados para construírem na praça uma estátua de São José com três metros de altura e um pedestal criativo com mais três metros, totalizando seis metros verticais de perfeição; homenagem desses filhos do bairro ao nosso padroeiro.

Assim a atual administração vai fazendo jus ao complexo escolar do bairro com três escolas, mais Corpo de Bombeiros, DNIT, com a soma do Posto de Saúde e a Praça das Artes, tudo junto, reforçando a qualidade de vida do humilde e aguerrido Bairro São José. Quem sabe se com essa estrutura investidores não se sentirão seguros para novos empreendimentos no entorno!

E com dissemos, nos últimos dias de festa da Padroeira do município parece ter vindo uma força dos céus para São José, o carpinteiro pai de Jesus. Que venham as inaugurações com saúde e com arte.

Clerisvaldo B. Chaga, 27 de julho de 2018

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 1951

Responsabilização e reparação de danos por ofensas proferida nas redes sociais

Mensagens nas redes sociais podem virar alvo de briga na Justiça (Foto: Lucas Malta / Alagoas na Net)

São cada vez mais recorrentes no âmbito do judiciário, reclamações por ofensas proferidas contra a honra, à imagem e à dignidade do ofendido, estas veiculadas em redes sociais e na própria internet. O objetivo do ofendido nessas ações tem sido a coibição e a reparação de tais ofensas, buscando impor aos ofensores a responsabilização adequada aos ilícitos praticados, seja na esfera Cível ou Penal.

A internet e as redes sociais têm sido em geral grandes ferramentas que possuem um leque imenso de utilidades, sejam no sentido informativo, de pesquisas, propagandas, dentre outros. Apesar da diversidade de benefícios que a grande rede pode proporcionar aos usuários, de igual modo, a mesma se reveste de malefícios que podem provocar graves consequências à vida do ser humano.

É certo que a internet é um espaço amplo e democrático que deve ser acessível a todo e qualquer público, possibilitando a seus usuários indistintamente o exercício da liberdade de expressão. Postagens, comentários, compartilhamentos, posicionamentos, curtidas, são algumas das faculdades que os usuários do meio cibernético podem fazer uso, porém com as cautelas devidas.

A “liberdade de expressão” é tida como uma garantia constitucional a todo e qualquer cidadão, esta deve está presente nos mais variados meios de comunicação possíveis, porém apesar de seu aspecto amplo e liberal encontra limites legais, os quais visam, tão somente, restringir abusos e excessos e na internet não é diferente.

Diariamente, navegando por sites da internet ou utilizando as redes sociais, nos deparamos com notícias falsas, às chamadas “Fake News”, uso indevido da imagem, com montagens sem consentimento, injúrias, difamação, calúnia, acusações levianas, entre outras censuras que podem causar ao ofendido grande abalo psicológico, profissional, etc. No intuito de coibir atos dessa natureza, a recente Lei Caroline Dieckmann (LEI 12.737/2012), trouxe penas mais severas para o autor de crimes cibernéticos, já o Código Civil e o Penal possibilitam medidas menos austeras, mas que buscam responsabilizar civil ou criminalmente o ofensor.

Importante se faz esclarecer que a responsabilidade pelos conteúdos postados na internet e nas redes sociais não se restringem tão somente ao autor das postagens, também aqueles que compartilham ou que curtem determinadas postagens ou comentários podem de igual forma incidir em práticas delitivas podendo também ser responsabilizado penal ou civilmente.

Responsabilização penal

Na internet os crimes contra a honra são os mais frequentes, principalmente cometidos através das redes sociais. As pessoas se excedem nos comentários ou compartilhamento de determinadas mensagens e acabam atingindo a reputação alheia e, nesses casos, os autores estarão sujeitos às consequências judiciais cabíveis.

Em caso de ofensa, além de uma possível indenização à vitima, o autor também estará sujeito às consequências do Direito Penal, com prisão, penas restritivas de direitos, multa, retratação e outros efeitos da condenação criminal.

Havendo ofensa à honra de outra pessoa deve o ofensor ser responsabilizado sem qualquer distinção do meio. Nesse caso a legislação determina que a ação penal deve ser promovida pelo ofendido, através de advogados, no que se denomina ação penal privada.

Responsabilização cível

A responsabilidade civil ficará caracterizada quando uma pessoa causar dano psicológico a outra, o denominado dano moral, ou seja, quando alguém ofende a honra de outro, seja em redes sociais, blogs, com mensagens, comentários ou outra forma de manifestação.

Pode ocorrer ainda que um mesmo ato provoque tanto um dano material quanto um dano moral, dependendo da circunstância. Nesses casos o ofendido poderá ajuizar apenas uma ação de indenização por reparação de danos, a fim de que o ofensor pague uma indenização.

Nesse sentido, temos que a internet não é um mundo sem lei, apesar da liberdade de expressão ser tida como um “instrumento” democrático, esta não pode se sobrepor ao princípio da dignidade da pessoa humana, que visa proteger dentre outras garantias, a honra do cidadão. Assim toda e qualquer manifestação dentro da grande rede deve ser feita com responsabilidade uma vez que o autor deverá ser responsabilizado nas formas legais pelas ofensas proferidas seja de forma direta ou indireta.

LAMPIÃO NO GINÁSIO

Jornalistas da TV Cultura e Tribuna Independente no antigo quartel com os escritores Clerisvaldo B. Chagas (boné) e Marcello Fausto. (Foto: Arquivo B. Chagas)

Quando expuseram as cabeças de Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros nos degraus da Igrejinha/monumento de Nossa Senhora da Assunção, o Grupo Escolar Padre Francisco Correia, já existia. Havia sido inaugurado cinco meses antes, em fevereiro de 1938. Foi construído na gestão do prefeito interventor, Joaquim Ferreira da Silva que governou apenas seis meses entre 1937-38. Joaquim também construiu um edifício para ser hospital, mas por falta de condições, o prédio ficou ocioso até ser ocupado pelo 20 Batalhão de Polícia  em 1936, tendo como comandante o, então, major José Lucena de Albuquerque Maranhão. Quando o batalhão foi embora, o prédio voltou à ociosidade até virar a Escola Cenecista Ginásio Santana, em 1950, atualmente com o nome de Colégio Cenecista Santana.

Ali passamos seis anos como aluno e vários como professor. Aprendemos a respeitar o seu ensino que repercutia qualidade em todo o estado. O antigo Ginásio está repleto de história da educação santanense, mas o seu edifício também de muitas histórias do cangaço que permaneceram mudas por anos a fio. Quase ninguém sabia que ali fora o quartel do 20 Batalhão de Polícia que caçava cangaceiros. Por quê? Só com o nosso livro Lampião em Alagoas foi revelado tudo ou quase tudo que se passou naquele quartel. Ali ficaram presos, após a hecatombe de Angicos, vários cangaceiros que se entregaram a Lucena. Antes disso, foi presa a cangaceira Aristéia que estava grávida. O quartel foi ainda depositário de várias cabeças de cangaceiros mortos antes de Lampião.

Foi ali dentro que o cangaceiro Português foi assassinado, após se entregar à polícia. O quartel também recebeu, guardou e expôs as onze cabeças dos bandidos mortos na fazenda Angicos, em Sergipe, inclusives as de Lampião e Maria Bonita.

Quando o Batalhão foi embora o prédio ficou ocioso.

A escola Cenecista Ginásio Santana foi fundada pela ideia do comerciante João Yoyô Filho com os apoiadores: pré-pároco, Fernando Medeiros; Cônego Teófanes de Barros*; padre Bulhões e coronel Lucena. O acontecimento se deu na casa do padre Bulhões. O Ginásio funcionou por dois anos no Grupo Padre Francisco Correia até conseguir o prédio atual que estava na ociosidade.

(Tive a honra de ter sido aluno de Filosofia do cônego Teófanes, dono e diretor do colégio Guido de Fontgalland, depois CESMAC, em Maceió. Uma das maiores ou a maior inteligência de Alagoa, na época).

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de julho de 2018

Crônica: 1.950 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

CALÇADA ALTA DA PONTE; PRIVILÉGIO PERDIDO

Parque ocupa terreno rebaixado. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).

Os moradores da “calçada alta da ponte” perderam o privilégio, aliás, já vinham perdendo desde as administrações Nenoí Pinto e Genival Tenório.  Juntamente na formação do quadro do comércio, no tempo de Santana/vila, o casario para negócios e residências, foi descendo a, hoje, Avenida Barão do Rio Branco até a foz do riacho Camoxinga. Com a ponte Comércio/Camoxinga, construída pelo prefeito Firmino Falcão Filho (Seu Nozinho), as últimas casas do trecho, entre dez e doze ficaram no terreno alto com vistas para a ponte e para o rio Ipanema na largura maior do poço do Juá. Seus moradores podiam contemplar dia e noite o movimento de quem saia e chegava do Alto Sertão. As cheias do rio Ipanema podiam ser vistas daquele passeio, sem ninguém sair de casa.

No governo Genival Tenório a ocupação disfarçada e incentivada de botecos de madeira e até alvenaria, usou os leitos do rio Ipanema e riacho Camoxinga como piso. Além dos dejetos que descem diretamente para o rio (crime ecológico com vistas grossas) o mirante mais atrativo de Santana foi destruído. Os moradores da calçada alta perderam a paisagem. Com o governo Nenoí Pinto, o casario perdeu também a tranquilidade dos fundos, com a capoeira além dos quintais. O terreno baldio seria transformado em espaço utilizável. E, agora, várias casas altas foram demolidas e o terreno rebaixado. Dizem que será ali um grande estabelecimento comercial. O destino das casas que restaram, deverão em breve seguir o progresso. A paisagem da calçada alta da ponte vai ficar apenas nas fotografias do livro “230” da nossa autoria.

A foto desta crônica já se tornou histórica. Representa a destruição da metade do casario e o rebaixamento do terreno da “calçada alta da ponte” desde os tempos de vila. Estamos nós em julho de 2018. Com as casas demolidas, ficam apenas as lembranças da Escolinha de Dona Helena Oliveira (onde estudamos O Admissão), do “Foto Santo Antônio” e da casa de Luiz Lira (e sua esposa Dona Afrinha). Luiz Lira: antigo dono de casa de jogo vizinho ao Cine Alvorada.

Em breve, cremos nós, toda a pompa do casario virá abaixo, inclusive a bonita casa em que morou o deputado Tarcísio de Jesus e sua esposa professora da Escola Padre Francisco Correia.

Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2018

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 1.949

FLUTUANDO NA CULTURA

MUSEU E IGREJA VISTOS DO LARGO DA FEIRA. (FOTO: B. CHAGAS)

Pelas fotografias antigas os pesquisadores vão alinhavando os seus textos, as suas certezas, definindo os seus contornos. Se você apeia do corcel em Alagoas, poderá dar um mergulho profundo na História, na Geografia, na Cultura que, no Brasil dificilmente se encontra. Em Santana do Ipanema, deparar-se-á com deslumbrantes episódios históricos que honram as grandes narrativas sertanejas. E vamos entrando devagar no portal marcante entre presente e passado, Santana cidade, Santana vila, Santana dos sobrados e casarões que se firmaram no último quartel do século XIX. O centro da urbe está recheado de cultura onde os passos ligeiros dos transeuntes ignoram. Mas os que querem enxergar enxergam.

Como dissemos antes, as fotografias não mentem e vão fazendo suas revelações. E assim vamos encontrar nas primeiras fotos surgidas na cidade, o casarão que continua de pé ao lado da Igreja Matriz de Senhora Santana. Um privilégio e tanto construir ao lado da Matriz, sua residência. Calado, imponente, é percebido pelo homem comum apenas quando quer comprar cigarros na barraca do Sr. Audálio, na esquina ou mandar consertar os sapatos na portinha do porão, através do Sr. Genésio Sapateiro (já partiu). Pode até beber uma pinga no anexo dos fundos, na bodega improvisada cem por cento  discreta.

Ali vizinho o Salão Paroquial parece muito tímido como se dissesse: nada tenho com a história. Mas bem que tem. Desde antes de nascer que o terreno já era querido e perfumado até a decisão do, então, cônego Luiz Cirilo Silva em transformá-lo em edifício. Já serviu muito, não só à Igreja Matriz, mas as muitas organizações sociais prestadoras de serviços. Quantas vezes vimos ali guardadas as charolas de Senhora Santa Ana, de Nossa Senhora, e de Nosso Senhor após as procissões, sob a guarda do “Major”!

No centro, a Igreja Matriz, hoje também o principal cartão postal de Santana do Ipanema. Ladeando a outra esquina, o casarão construído no tempo de vila como proposta comercial, ornamenta pomposo o comércio santanense. Tão poucos metros quadrado repletos de quilômetros de história, cultura e um mundo inteiro de saudades.

Clerisvaldo B. Chagas, 24 de julho de 2018

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 1.948

VISITANDO A FEIRINHA

Feira orgânica em Santana do Ipanema. (Foto: Clerisvaldo B. Chagas)

Nessa ocasião em que o governo do estado incentiva as feiras da agricultura familiar em todo o território de Alagoas, fomos também “curiar” a nossa. Como escritores e parceiros dedicados ao município, eu e Marcello Fausto estivemos visitando o antigo Ginásio, onde fora o 20  Batalhão de Polícia e a Igrejinha de Nossa Senhora Assunção, juntamente com a equipe da TV Cultura e da Tribuna Independente. Estivemos também na Casa da Cultura – motivo do nosso próximo trabalho – e ainda na Feira da Agricultura Familiar, que acontece as sextas defronte a EMATER, Bairro Monumento. O trecho em que se situa a feira é bem movimentado, sendo a parte nobre das imediações.

No momento em que o país está cada vez mais produzindo agricultura de plantation para indústria e para exportação, temos que louvar aqueles que produzem o feijão nosso de cada dia que é o agricultor de roça. Portanto, o incentivo a agricultura familiar é digno de louvor. Ai se não fosse ela! Gostamos em muito do que vimos. Uma feira com barracas limpas e padronizadas, nada de lixo no chão e preços razoáveis. Frutas, raízes, hortaliças e outros produtos orgânicos (sem agrotóxicos) trazidos do campo, vão conquistando o novo consumidor exigente. Até mesmo exposições artesanais são encontradas nas bancas como inúmeras peças em ferro e também em tecidos. O espaço para clientes e transeuntes é o suficiente para esse encontro das sextas entre campo e cidade.

A Feira da Agricultura Familiar – já denominada pelo povo, de Feirinha – é empreendimento da prefeitura local através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural, Meio Ambiente e de Recursos Hídricos. Encontramos por ali, um mar de amigos e conhecidos cujas palestras improvisadas produziram efeitos renovadores e várias ideias aproveitáveis. Deduzimos, então, que além de ponto de encontro entre campo e cidade, a Feirinha também é um excelente lugar para encontros amigos e conversas “miolos de pote”.

Olhe, esperamos que a Feira da Agricultura Familiar, cresça mais ainda e se firme definitivamente. Exemplo a ser seguido.

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de julho de 2018

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 1.947

TV E JORNAL ENTREVISTAM ESCRITORES SANTANENSES

Jornalistas entrevistam B. Chagas. (Foto: Marcello Fausto)

A população de Santana do Ipanema foi ontem representada pelos escritores Clerisvaldo B. Chagas e Marcelo Fausto em sua historiografia cangaceira. Já no cair da tarde – tendo como palco o Restaurante e Pousada Aquarelas – uma enxurrada de perguntas, por mais de duas horas, crivou a mente dos sertanejos na Távola Retangular daquele estabelecimento. A catapulta veio com satisfação dos jornalistas da Tribuna Independente e TV Cultura Wellington Santos, Adailson Calheiros e João Marcos Carvalho. Os cenários dos anos 20 e 30 foram rastreados na desenvoltura dos jornalistas no cerco aos bandos cangaceiros. Santana do Ipanema surgiu inúmeras vezes como núcleo de forças volantes e sede de batalhão formado para combater o cangaceirismo em Alagoas.

Santana do Ipanema começa a sua notoriedade na luta contra bandidos, a partir da implantação do 20 Batalhão de Polícia com sede na cidade. Ocupando a Cadeia Velha e depois o prédio ocioso construído para ser hospital, os soldados tinham como comandante o, então, major José Lucena de Albuquerque Maranhão. Era daquele edifício que saíam as ordens para todas as volantes espalhadas em território alagoano. Dali também saíram as últimas ordens para o aperto final da polícia contra Lampião e seus asseclas. E para quem não sabe, partiu de Santana do Ipanema para o Brasil e para o mundo a primeira notícia da morte de Lampião, Maria Bonita e mais onze congaceiros. A igrejinha/monumento a Nossa Senhora Assunção, recebeu em seus degraus a exposição das onze cabeças dos sequazes trucidados na fazenda Angicos, em Sergipe, por três volantes alagoanas.

Este é apenas um resumo da entrevista à Tribuna Independente e a TV Cultura, diante das argutas indagações dos escolados jornalistas. A história do cangaço na compartimentação Santana do Ipanema é totalmente ignorada pela sua população de hoje, mas, rica em detalhes em nosso livro: Lampião em Alagoas, atualmente, única testemunha daquele tempo tenebroso.

Mas como essa geração pode saber de nada se a história do município não está nos currículos escolares. Enquanto isso o livro “O boi, a bota e a batina, história completa de Santana do Ipanema, continua na gaveta”.

Onde estão os mecenas e as autoridades?

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de julho de 2018

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 1.946

A VEZ DE SENHORA SANTA ANA

PADRE JACIEL COMANDA A FESTA. (FOTO: CLERISVALDO B. CHAGAS)

Uma vez encerrada a Festa da Juventude, volta à cena a Padroeira de Santana do Ipanema, Senhora Sant’Ana. Volta ao antigo esplendor, mantendo a tradição de festejos sem contas durante o mês de julho em calendário mundial. Volta o seu colorido físico com multidões e veículos do campo e a pompa espiritual que fortifica a terra abençoada. Mudam os párocos, mudam as épocas mudam o jeito, mas não mudam o vigor e a fé do santanense em sua amiga e protetora. Sob a chuva, sol ou garoa, o devoto enche-se de coragem e, a alma o arrasta para o altar caminhante da avó do Cristo. Os céus vão temperando a cidade e o campo para o projeto e a realidade do novenário.

Este mês, com um inverno moderado, tem prosseguimento a Festa da Padroeira que anexou à sua abertura, uma procissão de carros de boi e que vem dando certo há alguns anos. É o homem da zona rural participando gostosamente dos festejos, trazendo suas emoções e fé àquela que foi introduzida na Ribeira do Panema, em 1787. Foram os carros de bois dos nossos antepassados que alargaram as veredas dos indígenas, as trilhas dos almocreves e suas inesquecíveis tropas de burros e de muitas histórias pelos sertões. Foram eles com os seus carreiros desbravadores os heróis de um Brasil engatinhante. Foram os precursores do caminhão, do automóvel, os agrimensores de estradas. Agora carreiros e seus carros de pau reforçam o início da festa, em um espetáculo incrível e deslumbrante.

Logo, logo, teremos a Festa do Carro de Boi, no município de Inhapi, uma das grandes atrações do estado no mês de julho. Sucesso total e que só cresce a cada ano. Então, será uma grata satisfação realizada pelos nossos carreiros dentro do mês tão aguardado por citadinos e rurícolas. E nós vamos deixando de lado a roupa profana da Festa da Juventude para às orações benfazejas no seio da Matriz de Senhora Sant’Ana. Vamos reforçar os nossos lares com as bênçãos colhidas na Igreja. Vamos, enfim, espalhar os benefícios colhidos pela boa vontade da Padroeira.

Santa Ana espera o turista de braços abertos.

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de julho de 2018

Crônica: 1945 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

DAMIÃO: UM SANTO NO NORDESTE

Frei Damião na praça (Foto: Clerisvaldo B. Chagas)

Estando aqui na bifurcação da Rua Delmiro Gouveia com a Rua Manoel Medeiros, Bairro Camoxinga, encontramos amigos diante da estátua de Frei Damião. Ainda na fila das restaurações, a imagem de fato é bem feita e ainda não foi motivo de ataques de quem não tem o que fazer. Ao contrário, mesmo não se encontrando em boa altura, constantemente é visitada por devotos que costumam deixar fitas coloridas nos seus braços, como motivo de promessas. Os amigos indagam e nós vamos respondendo de acordo com as nossas limitações, sobre o frade que se tornou brasileiro, pregador e santo do Nordeste. O local é um dos mais movimentados da cidade – tanto pelo dia, quanto à noite – e um dos principais pontos de referências do Bairro.

Nasceu Frei Damião de Bozanno, na aldeia de Bozzano, município de Massarosa, na Toscana, Itália, em 5 de novembro de 1898. Adaptado ao Brasil, fez o Nordeste vibrar com as suas Santas Missões, pregando, aconselhando, peregrinando em procissões e celebrando missas. Gostava das madrugadas quando era seguido pelas multidões em busca de conselhos e curas para seus males. Sua presença, anunciada, gerava expectativas enormes e, quando o frei se aproximava de qualquer cidade, o povo mesmo ia ao seu encontro em caravana de veículos. O espocar de fogos marcava sua presença, quase sempre trazendo chuvas em sua bagagem espiritual. As filas para confissões com o frade pareciam não ter fim.

Considerado por muitos como o sucessor do padre Cícero Romão Batista, Frei Damião conquistou os sertões nordestinos e parecia estar no canto certo, no tempo certo, da sua nobre missão na terra. Gostava de peregrinar por Alagoas onde sempre encontrava calorosas boas-vindas das multidões sertanejas. Já com o peso da idade, veio a falecer no dia 31 de maio de 1997, com quase 99 anos, causando grande comoção no Brasil. O seu corpo foi sepultado no Convento de São Félix, no Recife. Inúmeras estátuas de Frei Damião de Bozzano estão espalhadas pelos logradouros nordestinos. Aqui em Santana do Ipanema, era o mínimo que se poderia fazer pelo santo popular querido e respeitado.

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de julho de 2018

Crônica: 1944 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano