04 Maio

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Prisão por descumprimento das ações de combate ao Covid-19, é possível?

Foto: Tom Farmer / Pixabay

Isolamento, quarentena, ficar em casa, lavar as mãos, uso obrigatório de máscaras e álcool gel, tem sido assuntos rotineiros em nosso cotidiano e que estão sendo utilizados como forma de prevenção e combate ao Covid-19, o coronavírus.

Com o avanço da pandemia e o consequente aumento no número de casos do Covid-19, o poder público tem buscado endurecer as medidas de enfrentamento ao Coronavírus. Desde o início da pandemia vários decretos já foram editados, muitos inclusive, com restrições severas à direitos fundamentais, como o de ir e vir.

Inicialmente, importante destacarmos as diferenças existentes nos termos “quarentena” e “isolamento”. Segundo a Lei 13.979 de 2020, isolamento consiste na separação de pessoas doentes ou contaminadas, de maneira a evitar a contaminação ou a propagação do coronavírus; já a quarentena, representa a restrição de atividades ou separação de pessoas suspeitas de contaminação, das pessoas que não estejam doentes, de maneira a evitar possível contaminação ou a propagação do coronavírus.

Apesar de possuir conceitos distintos, tanto uma, como a outra, são medidas que cerceiam a liberdade dos cidadãos, no entanto, visam conter a propagação ou contaminação de doenças, seja por pessoas doentes, contaminadas ou suspeitas de infecção do vírus.

Mas até que ponto esses tipos de cerceamentos são legítimos? É obrigatório ficar em casa? E o uso de máscaras?

Pois bem, com a edição da Lei 13.979, o Governo Federal estabeleceu medidas com a finalidade de regulamentar o período de quarentena. Na prática, a medida traz responsabilização penal para quem descumprir as determinações legais.

As referidas determinações estão lastreados no Código Penal, mais precisamente nos artigos 228, que fala sobre a infração à determinação do poder público, cuja pena pode ser de detenção de 1 mês a 1 ano e multa. Já o artigo 330, dispõe sobre o crime de desobediência à ordem legal de funcionário público, este, estabelece uma pena de detenção de 15 dias a 6 meses e multa.

Recentemente o governador do estado de Alagoas, no uso de suas atribuições, além de decretar estado de calamidade pública pelo coronavírus, editou decretos estabelecendo medidas coercitivas preventivas e de enfrentamento ao covid-19 em Alagoas.

Dentre as medidas mais radicais, o decreto obriga todas as pessoas com sintomas de gripe a ficarem em isolamento domiciliar, mesmo com sintomas leves. Também foram suspensos o funcionamento de bares, restaurantes, lanchonetes, templos, igrejas, shoppings, cinemas, academias e outros estabelecimentos comerciais, com exceção de supermercados, farmácias e locais que prestem serviços de saúde.

Em que pese as medidas de enfrentamento já editadas, o alto índice de mortes por Covid tem motivado o gestor estadual a estudar possibilidades mais drásticas para o combate à pandemia. Como em alguns estados, o chamado “lockdown” pode ser a próxima medida de enfrentamento à ser estabelecida em nosso estado. Nessa situação, todas as entradas do perímetro do estado seriam bloqueadas, com segurança reforçada para ninguém entrar ou sair. Além disso, a circulação de pessoas e todas as atividades seriam interrompidas.

Os Decretos estaduais e municipais, estão consubstanciados nos artigos 23, II e 24, XII da Constituição Federal que dispõem sobre a competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em legislar sobre a saúde. Nesse caso, há uma certa independência dos entes públicos quando se refere as diretrizes da saúde pública.

Foi também esse o entendimento do STF no julgamento do ADPF 672 quando estabeleceu que “(…) não compete ao Poder Executivo Federal afastar, unilateralmente, as decisões dos governos estaduais, distrital e municipais que, no exercício de suas competências constitucionais, adotaram ou venham a adotar, no âmbito de seus respectivos territórios, importantes medidas restritivas como a imposição de distanciamento/isolamento social, quarentena, suspensão de atividades de ensino, restrições de comércio, atividades culturais e à circulação de pessoas, entre outros mecanismos reconhecidamente eficazes para a redução do número de infectados e de óbitos, como demonstram a recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) e vários estudos técnicos científicos (…)”

Nesse sentido, os Decretos governamentais quando baseados em legislações próprias, legitimam a obrigatoriedade de isolamento social, bem como do “uso de máscaras”. No entanto, a aplicabilidade deve estar dentro dos limites legais, ou seja, a obrigatoriedade deve ser às pessoas indicadas na Lei 13.979, que apresentem os sintomas nela estabelecidos.

04 Maio

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Maio era nossa celebração, mas virou nosso pesadelo

Homenagem aos profissionais da saúde e policiais no Hospital das Clínicas em São Paulo (Foto: Governo do Estado de SP)

Nesse mês celebramos em duas datas os dias dos profissionais de enfermagem. Com nossa situação de saúde pública alarmante e quase entrando em colapso, temos na linha de frente esses profissionais que sofrem uma desvalorização histórica, política e social imensurável.

Estamos lutando contra o desconhecido e sem tempo hábil para se obter informações concretas em relação ao combate efetivo, a prova disso é que mesmo diminuindo a curva de crescimento ela está acontecendo e também está afetando esses profissionais.

Temos nas unidades hospitalares diversas categorias de profissionais que são indispensáveis para a manutenção desse serviço mais do que essencial, mas a única categoria assistencial que fica prestando cuidados de saúde e prezando pela vida dos pacientes são os profissionais de enfermagem.

Existe um preconceito e desmerecimento com os profissionais de enfermagem pelo desconhecimento das atribuições desse profissional em qual setor de saúde que o mesmo esteja inserido, rotineiramente são taxados de “fez medicina e não passou” ou “enfermagem é quase medicina”, são falas totalmente errôneas da população que não percebe o quão essencial esse profissional é dentro do nosso sistema de saúde pública ou privada e o quanto a enfermagem tem um caminho de trabalho diferente do médico, porém as profissões precisão ter troca e uma não trabalha sem a outra.

Outro ponto, enfermeiro não é submisso de médico, são profissões que seguem suas devidas regulamentações e tem suas atribuições e ponto final. Foi necessário o surgimento de uma pandemia principalmente em nosso país para que nossa sociedade, nossos governantes e os formadores de opiniões nas mídias começassem a olhar de forma diferenciada para esses profissionais que lutando diariamente de forma incansável para prestar cuidados de saúde.

Na maioria dos hospitais e UPAs do Brasil o enfermeiros é o profissional responsável pelo primeiro atendimento ao paciente e fazer os primeiros procedimentos, atualmente estamos com um índice alto no país de afastamento desses profissionais devido ao covid-19, pois, a valorização instituída em nosso país foi através de palmas nas janelas e marcações nas mídias sociais e enquanto isso dentro dos serviços de saúde não está sendo ofertado o equipamento básico para proteção individual desse profissional que irá realizar seu trabalho em condições insalubres e vulnerável, retornará para sua casa e além de adoecer poderá contaminar seus familiares. 

Defendo aqui todas as categorias, todos os profissionais e a valorização de todos, mas por pertencer a enfermagem aproveito esse mês que se estivéssemos em nossa normalidade, estaríamos nos organizando para comemorar e aprimorar ainda mais a base cientifica da nossa profissão.

03 Maio

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Conhecendo Santana do Ipanema pela ótica de Dr. Avelar

Livro do médico Avelar Alécio (Foto: Divulgação)

Minha querida Santana do Ipanema, a famosa Rainha do Sertão, que no último dia 24 de abril completou seus 145 anos de Emancipação Política. Essa graciosa cidade tem muitas histórias, e pensando nelas, me enriqueci na leitura do livro “Santana: vivendo e contando histórias”, de autoria do médico José Avelar Alécio.

A obra traz inúmeras histórias de vida do autor, desde sua infância, parte de sua trajetória estudantil e profissional, até a vida adulta e sua contribuição a nossa querida cidade sertaneja.

Dr. Avelar, como é mais conhecido, é natural do município de Pindoba, mas chegou a Santana do Ipanema muito pequeno. Em novembro de 2015 o médico recebeu o título de cidadão honorário de Santana do Ipanema.  

Ao mergulhar nas páginas de cada história, pude sentir sua força, alegria e até mesmo a tristeza, em suas falas. Aquele seu jeito tranquilo de falar, pude imaginar sua voz calma contando cada capítulo. “Santana: vivendo e contando histórias” vai te fazer sentir o gosto ao embarcar numa viagem ao passado dessa bela cidade, com suas alegrias e dificuldades.

O escritor José Avelar retrata seu encanto enquanto criança com a pureza de ter infância, dos jovens pelas calçadas em noites, sem o risco que corremos hoje, em estar fora de casa. Uma de suas histórias, foi a da bodega “Casa Milhões”, uma loja da época, que jamais ouvi falar, realmente como o próprio escritor retrata, que ficava imaginando milhões, imagino que não poderia comprar lá, pois não teria milhões (risos).

Avelar ainda fala sobre as cheias dos anos 60 e 70, dos famosos cinemas, shows de calouros, das feiras noturnas, times da cidade, festas, homenagens a pessoas ilustres que contribuíram de alguma forma para o desenvolvimento social do município.

Fiquei muito surpresa em saber tanto sobre os cinemas da nossa cidade, algo que sinto muita falta e que seria uma atração constante para a região. O autor ainda registra todo seu amor pela nossa querida terra. Na segunda parte do livro Avelar fala da sua dedicação ao ofício da medicina, fazendo alguns registros e apelos para melhoria saúde e da vida de todos que necessitam do SUS.

Além da experiência de imergir em suas histórias, digo que foi possível perceber seu enorme desejo em ver essa cidade com tanto potencial em desenvolvimento. Se assim como eu você quer sentir isso, tá esperando o quê? Corre e vai ler “Santana: vivendo e contando historias”.

Psicóloga do Hospital de Santana treina colaboradores para impactos da Covid-19

O Hospital começou o treinamento junto aos colaboradores (Foto: Assessoria / HRSI)

O Hospital Regional de Santana do Ipanema (HRSI), unidade gerida pelo Instituto Nacional de Pesquisa e Gestão em Saúde – INSAÚDE, deu início a preparação dos seus colaboradores, abordando o tema “Regulação das Emoções em Tempo de Pandemia”.

O objetivo desse treinamento é adotar medidas de equilíbrio e harmonia da saúde mental de todos que atuam na unidade médica, tentando diminuir os impactos psicológicos causados pelo Covid-19 na rotina de trabalho.

Para a Psicóloga do HRSI, Lícya Cerqueira, a promoção de treinamentos, capacitações e palestras serão utilizadas para a implementação de medidas que promovam a saúde mental do trabalhador.

“Diante do cenário de emergência atual de COVID-19, o apoio e intervenção psicológica tende adotar medidas de moderação, equilíbrio e resiliência, contribuindo para a melhora do estado emocional, principalmente dos colaboradores que promovem a saúde em todas as instâncias e que devido a pandemia estão constantemente sob o domínio do estresse”, esclareceu a responsável.

Da Redação com Assessoria

Os reflexos da PEC 241

O projeto congelou os os gastos públicos com saúde e educação por 20 anos (Foto: Marcos Santos / USP Imagens)

Provavelmente, você não deve lembrar do que se trata esse Projeto de Emenda à Constituição. Existem dois motivos para isso, primeiro, por conta do número não ser familiar atualmente e segundo porque o brasileiro esquece rápido mesmo.

A PEC 241 foi uma proposta vitoriosa do governo Michel Temer, no fim de 2016,  que congelou os os gastos públicos com saúde e educação por 20 anos. O texto da proposta dizia que todas as despesas públicas serão corrigidas de um orçamento para o outro se baseando apenas na inflação. Não haverá aumentos reais.

Até o ano de 2016, orçamento das duas áreas era cerca de 100 bilhões de reais por ano. Um valor atingido devido ao tal aumento real. Em 2002, a saúde tinha cerca de 55 bilhões anuais e a pasta da educação, 30 bilhões de reais.

Os resultados, relativamente recentes, desses congelamentos já começam a ser colhidos ao percebermos que, na prática, a PEC determinou uma diminuição de investimento em áreas da saúde e educação. Principalmente, nos planejamentos para o longo prazo, obrigou os gestores de saúde [pública] a repensar e reorganizar as prioridades, pois não há verbas. 

Não há verbas para concursos, para renovação de equipamentos, renovação de frotas de ambulância, alguns municípios atrasam pagamentos de salários e compromissos com fornecedores, e sim, isso impacta na criação e manutenção de hospitais bem como, no não fechamento de outros.

E atualmente, diante da pandemia, as verbas são escassas para investir em equipes qualificadas, ventiladores mecânicos e leitos de UTI. Como disse Millôr Fernandes: “o Brasil tem um grande passado pela frente”, que frase atemporal.

Através de um livro conheci a história do nosso rio Ipanema

Capa do livro Ipanema, um rio macho, de Clerisvaldo B. Chagas (Foto: Cortesia)

No ano em que o rio Ipanema virou manchete nacional, após uma enchente que abalou em especial a cidade de Santana do Ipanema, muitos moradores deste município ainda não sabem a história desse rio, que nasce em Pernambuco e deságua em Alagoas.

Pensando nisso procurei algumas respostas lendo o livro “Ipanema Um Rio Macho”, do professor e escritor santanense, Clerisvado B. Chagas.

Indico essa obra como base primordial, não só para os moradores locais, mas para você que é professor, e que deseja transmitir isso aos seus alunos. Ela relata a origem do rio Ipanema e traz em detalhes todo o seu percurso, da nascente até a foz.

O livro é ilustrado com mapas, tabelas, fotos do rio, das aventuras de um grupo de amigos, aspectos técnicos e versos de um repentista.

O autor também aproveita para contar a história de sua infância à beira do rio Ipanema. As aventuras de um grupo de cabras machos que percorreram toda margem do rio Ipanema, do trecho Santana do Ipanema até sua foz, simplesmente a pé. 

“Durante as trovoadas de final e início de ano ou nos bons invernos o Ipanema botava cheias. Toda cidade parava para vê o Ipanema”, descreve Chagas.

Percebe-se que essa atitude das pessoas como está no livro, não é diferente de hoje. Mesmo em pleno risco dessa pandemia, moradores saem das suas casas para admirar o rio. As pessoas estavam alucinadas com aquele gigante. 

Dessa vez o rio tão belo e gigante, que antes adoçava os olhares de quem o admira. Infelizmente, a força da sua vinda, trouxe também tristeza e lágrimas para alguns ribeirinhos.

A você leitor que sofreu com enchente, se comoveu ou teve o coração partido pelas águas do Panema, venha conhecer toda história dessa força da natureza, no livro “Rio Ipanema Um Rio Macho”.

O machismo ainda está longe de acabar 

Mulheres protestam, em 2016, contra violência doméstica (Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)

O debate sobre as consequências do machismo é necessário, e tem se tornado cada dia mais intensa discussão, muito embora diante dos traços culturais, filosóficos e sociais, ainda é uma batalha sem prazo para encerar. 

O Machismo é caracterizado pela opinião ou conduta de favorecimento e vantagens de direitos e deveres ao macho em maior proporção do que à fêmea. Significa o enaltecimento do sexo masculino, o destaque, o orgulho do gênero, que em contra partida é demonstrado na maioria das vezes, de forma intolerante, exagerada, violenta e preconceituosa.

As reinvindicações feministas, em busca da igualdade de direitos e deveres iniciaram no século XVIII nos países europeus. Mesmo percebendo que muito evoluiu ao longo das gerações, é possível notar que ainda está um pouco distante do que é ideal, aja vista a violência (física, psicológica, sexual e social) imposta contra a mulher, é mais antiga da história.

Diante de um valor filosófico, até o dicionário é machista. Ao pesquisar a palavra FÊMEA, encontramos apenas a frase: animal do sexo feminino, substantivo feminino. Ao pesquisar a palavra MACHO, encontramos a frase: que é do sexo ou gênero masculino, qualquer animal do sexo masculino, acrescido de alguns adjetivos: forte, vigoroso, valente, corajoso, másculo. Como se a mulher não tivesse a possibilidade de desenvolver essas habilidades e atributos.

É necessário lembrar que, a violência e o preconceito contra a figura da fêmea é tradição. Por isso acredita-se que essa luta por igualdade ainda se prolongará para outras gerações, pois essa vasta conduta que desvaloriza a mulher está em todos os cenários. Entenda-se: religião, política, formações científicas, empreendedorismo, formação familiar e outros que adotam modelo patriarcal. 

Desde a pré-história dos humanos na maioria das culturas, era o macho que tinha obrigação de prover o alimento, de liderar e proteger a família, e por essa necessidade sua projeção evolutiva corporal foi se adequando para essas atividades. Por isso o macho geralmente tem um porte físico maior, e se posiciona de maneira mais agressiva e dominante, muito embora em algumas culturas remotas a exemplo de tribos da Estônia onde as mulheres são as lideranças da comunidade. 

Para o filósofo Cortella o machismo é uma prática desinteligente, pois desenvolve suas condutas argumentando sua opinião em uma hipótese de superioridade, já o feminismo é um movimento que defende a igualdade de direitos e deveres.

Eu acredito que, um dos aspectos que fazem essa luta evoluir lentamente é maneira com que algumas lideranças e simpatizantes feministas se posicionam nos debates e protestos. Em meio às pautas igualitárias de direito que são cobrados, são inseridas ações de intolerância religiosa, em alguns casos ganha roupagem de destruição de patrimônios públicos, as manifestações perdem o foco no objetivo questionado, invalidando parcialmente a razão e a moral pela forma que é reivindicada, as mulheres e homens que lutam pela igualdade de direitos devem defender isso de modo inteligente e responsável, a final essa é uma luta da humanidade e não de um grupo isolado. 

Assim como a masculinidade é tóxica ao reproduzir para próximas gerações as condutas machistas que negam o respeito e o direito da mulher trabalhar em cargos iguais, em ser remunerada no mesmo nível, naturalizando a violência e o feminicídio. O feminismo também pode se tornar tóxico e autodestrutivo, quando reivindicam direitos, usando muitas vezes condutas reprovadas pelas próprias mulheres. 

Sabemos que cada ser humano tem seu papel na manutenção e na reprodução da espécie, ao menos em contextos fisiológicos diante da formatação da funcionalidade do organismo do macho e da fêmea, existem comportamentos pré-estabelecidos que são esperados do homem e da mulher.

Então de modo singular e necessário ao cuidar e ensinar filhos e pessoas para conviver em sociedade, treine-os para que as relações sejam pautadas no respeito e na valorização do ser humano, independente de ser macho ou fêmea. Se houver respeito, a vida será mais harmoniosa, sem existir descriminação de gênero, raça, profissão, classe social, religião, e etc.

 Para concluir deixo aqui uma breve reflexão. 

Que o feminismo seja inteligente e imponha respeitoso para conquistar com elegância seu espaço merecido, pois na força será mais difícil vencer quem usa a violência e a cultura de forma desleal. Não se trata de rebaixar o homem, a luta deve ser pautada em valorizar a mulher.

Santana do Ipanema, 145 anos de Emancipação, e muita cultura

Foto: Arquivo Pessoal

Nesta sexta-feira, 24 de abril de 2020, o município de Santana do Ipanema completa 145 anos de emancipação política. De todo esse tempo, eu desfrutei de 58 anos, a idade que tenho. Neste período, muito eu aprendi com as tradições da cidade que me viu nascer e crescer.

Entre tudo o que essa terra me deu, uma delas foi o aprendizado para compor músicas e poesias relativas a cultura do nosso povo, que teve os índios fulni-ô e cariris como primeiros habitantes.

Para parabenizar a minha cidade amada, compus a música “Essa é Minha Santana”. A canção trata da sua fauna, flora, culinária e das características da nossa população. Abaixo a letra:

ESSA É MINHA SANTANA 

REFRÃO

Santana do Ipanema, tuas riquezas nos enche o coração. 

A fauna a flora a culinária e seu povo,

Sempre nos traz orgulho e emoção. 

Minha cidade tem craibeira,

Tem mameleiro, aroeira e mulungu,

Tem juazeiro, pau d’arco e cajueiro,

Tem xiquexique e pé de mandacaru.

REFRÃO

É Santana da siriema,

É a cidade do mocó e do preá.

Do tatu-bola, cutia, camaleão. 

Da asa-branca e também do carcará. 

REFRÃO

Minha Santana tem cuscuz e tem buchada 

Sarapatel, mocotó e carne assada. 

Beiju, pamonha, canjica e tapioca. 

E uma boa lapada de misturada. 

REFRÃO

É Santana do caboclo e do vaqueiro.

Da rezadeira, do mateu e do romeiro.

Santana da rendeira e violeiro.

Do zabumbeiro, triagueiro e sanfoneiro.

Esta é minha singela homenagem a Santana do Ipanema pela passagem dos seus 145 anos de uma bela história.

Parabéns rio Ipanema

Imagem da barragem do rio Ipanema em Santana (Foto: Sérgio Campos / abril 2020)

O rio Ipanema, que há muitos anos foi bem cuidado pelos nosso irmãos índios, possui o 21 de abril como sendo o seu dia, para celebração pelos moradores santanenses. A data é fruto de uma lei sugerida pela Associação Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA – aprovada pela Câmara Municipal, no ano de 2014.

Santana do Ipanema, que em 2020 completa 145 anos de emancipação política, é a única cidade em que recebe o nome deste belo rio, que percorre cerca de 220 km, desde sua nascente, em Pesqueira/PE, até a sua foz, no povoado de Barra do Panema, em Belo Monte/AL, onde deságua no rio São Francisco. 

Na condição de membro idealizador e fundador da Associação Guardiões do Rio Ipanema (Agripa), única instituição criada em defesa dele, eu parabenizo este rio, por tanto bem que ele já nos ofereceu, como por exemplo, água para beber, peixe como alimento, areia para construção de residências e comércios, além de lazer.

Guardiões comemoração o dia do rio Ipanema em 2017 (Foto: Lucas Malta / Alagoas na Net / abril 2017)

Minha ligação com o Panema

A minha história no rio Ipanema começa na infância, quando, além de matar a sede, eu ia me banhar em suas margens. Os locais mais frequentados por mim e muitos dos meus amigos, eram a Ponte dos Canos e o Escondidinho, acima e abaixo da Maniçoba e Bebedouro, respetivamente.

Já na juventude, a minha frequência de lazer se deu na Barragem, em um local chamado de “Pedra da Moça”, um dos lugares mais belos do Ipanema, no trecho que corresponde à nossa cidade, cerca de 3 km.

Sergio Campos na sua juventude quando visitou a chamada Pedra da Moça (Foto: Arquivo Pessoal)

Podemos citar outros trechos também muito frequentados por santanenses, mas que eu confesso nunca ter me banhado, a exemplo do “Poço do Juá” e “Poço dos Homens”, lugares onde hoje a areia encobriu e já não existem na condição de poços.

Sergio Campos em visita ao local conhecido como cachoeiras (Foto: Sérgio Campos / Cortesia / 2014)

Ainda existem belezas 

Mesmo com tanto abandono, eu nunca deixei de frequentar o rio Ipanema. Em sua grande maioria, as visitas foram para vislumbrar o que ainda resta de beleza.

Se percorrermos todo o leito do Ipanema, não veremos tanto lixo e lama como em na parte urbana de nossa cidade.

Ainda assim, encontramos lugares onde se pode passar um domingo de lazer e desfrutar das suas belezas naturais.

As duas partes mais preservadas estão exatamente nos dois extremos do seu leito. Na Barragem pode-se fazer um gostoso banho. Outra bela parte do rio se encontra abaixo do Bebedouro, nas chamadas “Cachoeiras”. Lá, além de se molhar, podemos admirar belas paisagens, onde árvores frondosas enfeitam o rio.

Ponte da Barragem sobre o rio Ipanema em Santana (Foto: Sérgio Campos / Cortesia / abril 2020)

As enchentes 

Durante a minha infância e juventude, me acostumei a observar as enchentes do Panema, que se repetiam entre os meses de dezembro e janeiro.

Durante esse belo espetáculo, era comum ver a garotada descer o rio, da Barragem a Maniçoba, em cima de câmaras de ar. Também era grande a quantidade de garotos que pulavam das pontes da Barragem e do Padre.

Em 2004 aconteceu uma das grandes enchentes deste século, onde muitas casas foram invadidas pelas águas do Ipanema, ocorrendo um número alto de desabrigadas.

Este ano aconteceu aconteceu outra grande cheia, onde mais prédios foram atingidos.

Enchente destruiu muitas casas que estava as margens do rio (Foto: Lucas Malta / Alagoas na Net / março 2020)

No entanto, é bom salientar que o rio não invadiu os espaços alheio. Ele apenas passeou pelo seu leito, onde, ao longo dos anos, foi invadido pelos moradores, ou comerciantes, que não tiveram o cuidado ao construir na parte em que pertence ao rio. 

Salientando também que os órgãos responsáveis por defendê-lo não o fizeram, tais como Defesa Civil e Instituto do Meio Ambiente, por exemplo.

Estragos da enchente deste ano no rio Ipanema (Foto: Sérgio Campos / março 2020)

Mesmo diante de tantos lamentos, venho através deste meio de comunicação parabenizar o nosso querido rio Ipanema pelo seu dia.

O Colapso Intensivo

Foto: Neide Brandão/ Agência Alagoas / Arquivo

Muito tem se falado sobre ventiladores mecânicos, leitos de UTI, equipes capacitadas para atendimentos à pacientes graves. Esse assunto sempre vem à tona quando a sociedade está diante de surtos, principalmente, as pandemias.

O que poucos sabem é que esses assuntos são discutidos todos os anos e durante o ano todo, internamente, entre os profissionais da saúde. O déficit de equipamentos de qualidade e pessoal capacitada é assunto em diversos congressos, conferências e fóruns de norte a sul do Brasil.

A capacidade de leitos de Terapia Intensiva é muito baixa. Oficialmente, sabe-se que o País conta com 55 mil leitos de UTI, sendo a maior concentração no Sudeste. Sendo que o ideal recomendado seriam de 3 a 4 vezes esse número.

A capacitação profissional é outro problema. Uma UTI requer uma equipe multiprofissional e multidisciplinar especializada, treinada e atualizada. A Terapia Intensiva é uma das áreas que mais exigem atualização da equipe com as novidades de tratamentos, protocolos, fluxos etc. A vivência em UTI exige isso. 

A realidade desse serviço de saúde é complexa e, em algumas partes do País, caótica no dia a dia comum sem pandemia. E essa realidade, por vezes, bloqueia a capacidade reflexiva dos profissionais e impede que processos de avaliação de nossas ações sejam realizados com o cuidado necessário.

No cotidiano da Terapia Intensiva, a equipe recebe pressões de todos os lados: a queixa do paciente e acompanhantes pela demora do tratamento, os protocolos a consultar, os formulários a serem preenchidos, os relatórios diários de cada paciente, entre tantos outros. E isso tudo é multiplicado quando se vive uma pandemia.

É urgente a atenção necessária à todos os setores da saúde no País e, ao se tratar de UTI, que a preocupação quanto a baixa quantidade de leitos e equipes não dure apenas no desespero e sim que sirva para um planejamento de reestruturação. Mesmo que seja no longo prazo.