Por mais de uma ocasião em minha vida, fiz o papel de Pilatos, algumas vezes encenação, noutras, literalmente. Quando Secretário Municipal de Agricultura, em Senador Rui Palmeira – AL (1998-2004), formamos, junto a comunidade católica, e a juventude, um grupo que encenava a “Paixão de Cristo”. Em plena sexta-feira Santa íamos pelas principais artérias da cidade. Francisco Soares fazia a locução, e o saudoso Adeilson Dantas, filmava e produzia. A peça culminava com o ato da Crucificação, na periferia. E eu lá, no papel daquele que lavara as mãos diante do tribunal, a qual submeteu Jesus Cristo a julgamento.
Está no evangelho de S. Lucas cap. 18,45;19,42:
“Pilatos saiu outra vez e disse-lhes: -Eis que vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele nenhum motivo de acusação.
Apareceu então Jesus, trazendo a coroa de espinho e o manto de púrpura.(…) Quando os pontífices e os guardas o viram, gritaram:
-Crucifica-o! Crucifica-o!
Falou-lhes Pilatos:
-Tomai-o vós e crucificai-o, pois não acho nele culpa alguma.”
Mas, e aí, Pilatos cometeu contra Cristo, crime doloso ou culposo? “No crime doloso a pessoa efetua o ato com intenção de causar algum dano a outro indivíduo(…) dolo significa má fé, ação praticada com a intenção de violar o direito alheio. Já o crime culposo, o agente do ato não teve a intenção de praticar o mal, o crime, mas mesmo assim obteve o resultado. A pena para um crime culposo é bem menor do que a de um crime doloso(…) (Fonte: Guiasdicasgratis.com).
Passamos a contar uma história (verídica) de uma encenação da Paixão de Cristo, ocorrida em plena sexta-feira Santa, num circo, na periferia de Arapiraca.(Fonte: João do Mato via E-mail)
“O elenco foi escolhido dentre os moradores locais. No papel principal, de Jesus Cristo, colocaram o cara mais “gato” do pedaço. Houveram vários ensaios, e às vésperas do evento, o dono do circo descobriu que “Jesus” estava de caso com sua mulher. Furioso, o corno deu-se conta que não podia fazer escândalo, pois corria o risco de perder todo o trabalho de montar a peça. Pensou, pensou…E teve uma ideia.
No dia da encenação anunciou que iria participar, no papel de um dos centuriões que açoitavam Jesus. Mesmo diante dos protestos do elenco, não se intimidou, e argumentou que nem precisara ensaiar, afinal o centurião que ia fazer, não falava nada! E eis que chegou o dia: Jesus carregando a cruz. O centurião começou a dar-lhe chicotadas, só que de verdade! Jesus reclamou, em voz baixa. O centurião contra argumentou:
-É pra dar mais veracidade a cena!
E toma chicotada. Lept! Lept! O chicote comendo solto no lombo do infeliz. Até que “Jesus” que já reclamara bastante, enfureceu-se de vez. Largou a cruz no chão! Puxou uma faca peixeira e partiu pra cima do centurião:
-Vem desgraçado! Vem que eu vou te ensinar a não bater num homem indefeso!
Resultado: O centurião correndo, “Jesus” correndo atrás com uma peixeira, e a platéia em delírio, gritava:
-Fura ele “Jesus” aqui é Alagoas não é Jerusalém!”
O menino da Camoxinga, ainda mora no meu imaginário. Morar mesmo morava na Camoxinga. A casa ficava além da ponte e do riacho que dividia Santana do Ipanema ao meio. Na ladeira do Cemitério Santa Sofia. Num tempo, tão lá atrás, que nem havia calçamento de paralelepípedo, ladrilhando as ruas, afastadas. E tão pouco era o número de casas, que de cá do Monumento, dava pra ver o alto. E apontando dizia: -A casa que eu moro é aquela, amarela! Tá vendo? Nossos olhos iam pra lá. Um aceno de cabeça pra confirmar. Apenas confirmar, pois era muito provável que nem estivéssemos enxergando a tal casa amarela. E tendo certeza da dúvida, ele fazia questão de descrever como era: -Tem uma área na frente, um portão de ferro, muitas plantas! Com um pouco mais de atenção, talvez desse pra ver, sua mãe, cultivando uma nesga de húmus, que chamava de jardim. E haveria de debulhar um rosário de imprecações, se a bola traquina, dos meninos, fosse esbarrar nas suas plantinhas queridas, velhas amigas com que conversava toda manhã.
Às vezes fico pensando se tenha existido de verdade, o menino da Camoxinga. Se não teria sido apenas fruto da imaginação. Mas era tudo tão real. Porque meninos são seres de mente muito fértil, capazes de inventar histórias, inverossímeis, inimagináveis. E menino, era o que a gente nunca devia deixar de ser. Mesmo que o tempo se encarregasse de naufragar, lá bem dentro do corpo aumentado, a frívola, a mágica energia dos verdes anos.
Luiz André era um menino diferente. Jamais entenderei porque, seria necessário gastar quatro decanos de calendários, separando-nos tempo e espaço, pra chegar a tal constatação. Diferentes uns dos outros todos somos. Mas não seria dessa diferença, a que me refiro. Luiz André era um menino azul. Não que trouxesse o anil na tez. Azul cobalto era sua alma, e isso brotava no oceano dos seus olhos. Transparecia no piano do seu sorriso marinho. E mesmo o azul do céu, a brisa vespertina, vinha intrometer-se em seu cabelo liso em desalinho. E de tanto vê-lo trajado no brim da farda do Grupo Escolar Padre Francisco Correia, ficou assim, um menino Azul Cecília Meireles. E numa daquelas magníficas tardes, depois que a gente saía da escola, esteve a contar-me mais uma de suas inúmeras histórias fantásticas, que tanto me fascinavam.
Sentados a um dos bancos da praça, remexendo no que restara dos nossos lanches do recreio. A sua lancheira azul, em alto relevo trazia o desenho do capitão América. A minha, o Homem de Ferro. Observando outros meninos fazendo estripulias nos brinquedos do parque da praça, calmamente disse: -A minha casa é mal-assombrada. Estávamos no final de outubro daquele ano, e remendou: -Por esses dias fica ainda mais mal-assombrada! –Como assim? Quis saber. Com a proximidade do dia de finados, o Cemitério Santa Sofia ficava muito movimentado, o povo ia limpar e ornamentar as catacumbas. As almas dos defuntos, que não tinham ido pro céu, ou pra lugar algum, surtavam. Incomodadas com a presença de tanta gente barulhenta acabavam por vagar pelas redondezas. Iam perturbar a vizinhança. Derrubavam panelas na cozinha, quebravam pratos na pia. À noite acendiam as luzes dos quartos. Abriam torneiras da pia do tanquinho, do chuveiro. Ligavam ventiladores e o liquidificador. Espalhavam discos pelo chão, punha a vitrola pra tocar. O gato coitado, eles conseguem ver esses espíritos desencarnados, era o primeiro a desaparecer naqueles dias, pois não o deixava em paz. Também o cachorro lá no quintal, latia freneticamente e uivava de modo sombrio. Era como se chorando dissesse: –Socorram-me! Eles estão me perturbando! O próprio André presenciara, numa das vezes que fora acalmar o cão, de lá do breu do quintal, atiraram-lhe uma manga verde, sem que houvesse possibilidade alguma dum ser vivente ter feito aquilo. E os galhos da mangueira balançaram violentamente, ainda que não houvesse o menor resquício de ventania, na noite quente abafada.
Teve uma vez que estava dormindo, e acordou com alguém lhe chamando, pelo nome. Era voz de um menino. Procurou embaixo da cama, não estava. Revistou os cantos, nada. Abriu o guarda-roupas, encontrou. Um menino bem afeiçoado, bonito. De cócoras todo molhado, a roupa colada ao corpo, tremia de frio. Os cabelos castanhos, lisos, molhados, escorridos na testa. Os olhos grandes, de longos cílios, pareciam ainda maiores, arregalados. Disse que tinha medo. Medo de um homem muito mal que queria lhe fazer algo muito ruim. Disposto a ouvi-lo, sentou-se ao seu lado. Ouviu dele que o homem mal era seu tio, que havia perdido os pais, num acidente de carro. Por isso foi morar no sítio, com o irmão de seu pai, mas a esposa não gostava dele, lhe batia chamava-o de afeminado. Um dia o tio, que era alcoólatra, encontrou-o a buscar água no açude, arrastou-o pro mato, e abusou sexualmente dele. Pra ter certeza que não contaria a sua esposa, afogou-o. Também pra parecer que tinha sido ele mesmo que se afogara. André e Augusto ficaram amigos, e combinaram uma vez por ano se encontrarem. Dia de finados, seria o dia.
Muitas outras histórias seriam compartilhadas, bem como, muitos outros momentos bons. Nos banhos do rio Ipanema. Tantas foram as vezes que foram juntos a uma tropa de meninos, na maior algazarra, rumos pra além da Maniçoba. A um lugar chamado “Escondidinho”. Chegavam ao início da manhã. Escalavam rochedos pra se atirar perigosamente no turbilhão das águas bravias. Desafiando todas as leis do universo, o mundo era daqueles meninos. E se o gasto energético ocasionava a fome, saiam à cata dos frutos dos umbuzeiros, tubérculos, frutos e mesmo folhas. Ao aproximar-se a hora de deixar o “velho” amigo ficavam todos nus. Estendiam os calções para enxugar ao sol. E pareciam um bando de índios. E ficavam excitados e masturbavam-se por puro prazer, sem mesmo recorrer à visão de uma vulva feminina. Uma versão da Terra dos Meninos Pelados, nua, crua, sem poesia, longe de Quebrangulo, distante do sonho de Graciliano Ramos.
André convidava-me a fazer determinadas estripulias que sozinho jamais teria coragem de fazer. Roubar uvas no pomar de Doutor Clodolfo, desfrutar os mamões do terreno baldio do Grupo Escolar. Tirar tamarindo, escalando o muro do quintal de Dona Marina Marques. Surrupiar amendoim, um pouco de fubá e farinha de mandioca, dos mangaieiros, no meio da feira. Tomar banho no proibido, açude de Seu João Augustinho, ou na piscina da chácara de Doutor Aderval Tenório. Tentar entrar no circo por baixo da lona, sem pagar. Acompanhar o palhaço no meio da rua, anunciando o espetáculo, pra ganhar um ingresso. Tentar entrar no cine Alvorada, num dia de filme impróprio para menores. Um dia compramos uma garrafa de vinho de jurubeba, meio quilo de salame e alguns pães. E fomos pescar pitu no riacho do bode. Cheguei tarde e levei uma sova de meu pai por isso. Acabei aprendendo a usar o menino da Camoxinga como subterfúgio, atribuindo a ele, as coisas erradas que fazia e eram descobertas. Dizia: -Foi o menino da Camoxinga! Um menino que simplesmente nunca passaria de fruto do meu fértil imaginário.
O PIB mundial em 2013 deve atingir o montante de 74,1 trilhões de dólares correntes. Com 1,1 bilhão de habitantes, a participação das economias mais ricas no “bolo” da produção de bens e serviços deve ser de 49,2%, com uma renda per capita de mais de 41 mil dólares em termos de paridade do poder de compra (ppp, na sigla em inglês).
Do outro lado do planeta, a renda per capita para os demais 6 bilhões de habitantes atingirá 7,4 mil dólares (ppp).
Assim, o “bolo” da economia mundial vai crescendo e cada vez mais as distorções em termos de acesso ao que foi produzido vão se acentuando. Enquanto o “lado rico” do planeta continua recebendo polpudas ajudas financeiras, ao “lado pobre” sobram quirelas.
Em abril de 2009, numa reunião em Londres, os países integrantes do G-20 (as 20 economias mais avançadas) prometeram aos países vulneráveis a importância de 1,100 trilhão de dólares. Passados quatro anos, somente 5% desse valor “desembarcou” nos cofres das economias mais carentes, ao passo que, no mesmo período, US$ 18 trilhões foram injetados nas veias das instituições financeiras dos países mais avançados.
Depois do pacote de ajuda à Grécia, Portugal e Irlanda, agora é a Espanha que pede socorro. Os países da zona do euro já se movimentam para esparramar na economia espanhola até 100 bilhões de euros (cerca de R$ 251,1 bilhões) na tentativa de recapitalizar o setor bancário. De onde virá o dinheiro? Do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e do Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE).
Não obstante a isso, a financeirização internacional movimenta em termos especulativos 3,5 trilhões de dólares por dia, montante 40 vezes superior ao valor monetário das transações de bens e serviços mundiais. Depois que eclodiu a crise financeira internacional em 2008, os especuladores retiraram recursos de ativos de alto risco apostando na valorização das commodities puxando assim os preços dos alimentos para cima, o que resultou maior dificuldade de acesso à comida, sobretudo nas áreas mais afetadas pela fome.
Por esse caminho, de um lado, se empanturram de dólares os cofres da agiotagem internacional, enquanto do outro ronca de fome 1 bilhão de estômagos vazios. Desse 1 bilhão de pessoas (jovens, idosos, pobres e miseráveis) que passam fome, 180 milhões (quase um Brasil inteiro) são crianças (menores de 10 anos de idade). Destas, 11 milhões são sepultadas todos os anos.
Enquanto se discute meios para proporcionar ajuda monetária aos incompetentes banqueiros internacionais, o mundo contabiliza 25 milhões de óbitos em decorrência da Aids.
Enquanto os dentes afiados dos especuladores agem livres, leves e soltos nas praças financeiras em busca das maiores taxas de juros e da valorização de commodities, corpos de inocentes vão tombando ao chão pela falta de acesso à água potável e pela crônica desnutrição – a cada 3 segundos uma pessoa morre de fome no mundo. Só na Somália, as Nações Unidas estimam que 3,9 milhões de pessoas estejam passando fome, o que equivale à 40% da população (dados de 2011).
No entanto, bastaria menos de 0,5% do PIB mundial para acabar de uma vez por todas com essa sandice chamada fome e desnutrição. Já que há um Fundo de Estabilidade Financeira, por que não é criado um Fundo de Amparo à Fome e a Desnutrição? Já que há um Mecanismo de Estabilidade para salvaguardar bancos, por que ainda ninguém pensou em criar um Mecanismo de Moralidade para decretar o fim da pobreza e da miséria no mundo?
(*) Economista, especialista em Política Internacional e mestre pela USP.
Professor de economia na UNIFIEO e na FAC-FITO (São Paulo)
André Luiz da Costa Lins– Graduado em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade federal de Alagoas Especialista pela Escola de Saúde Pública da FIOCRUZ MBA em GestãoPública me renderam proveitosas experiências onde fui por dois anos consecutivos pesquisador do Conselho Nacional de Pesquisa. Fui membro dos Programas Integrado de Orientação Materno Infantil e de Ações de Saúde Coletiva Comunitária pela Universidade Federal de Alagoas.
Ser Enfermeiro nos tempos atuais trás responsabilidades e conhecimentos que tem que ser buscados extramuros de uma Universidade. O processo de trabalho da enfermagem na cultura de cuidados de saúde no exemplo clínico e interdisciplinar tem sua gerência atribuída ao projeto intelectivo.
Apesar de muito se tenha debatido sobre a importância do trabalho interdisciplinar da equipe de saúde para a construção de um padrãosituado no usuário a fim de orientar o planejamento e o cumprimentof,vmoldojggll,tgt6uhgbcdas ações de saúde, encontramos uma fato organizado em função deanáliseterapêutico de corpos doentes.
Desde 1986, com a Carta de Otawa, o conceito de saúde extrapola o corpo físico, sendo ampliado de modo a considerar o contexto social, ambiental, político e econômico. Enfermeiro é uma profissão científica do cuidar, do prevenir, de ser vigilante e de ter um olhar diferenciado com o paciente, pois a males que é sistêmico, mais a males que é da alma, saibamos auscultar o indivíduo como um todo. Meu nome é André, sou Enfermeiro e ausculto meus pacientes com a alma.
Pela régua da tradicional macroeconomia, mede-se crescimento econômico de um país a partir das mudanças na produção física, enfatizando o aspecto quantitativo, levando-se em conta o movimento ascendente de algumas grandezas econômicas (renda nacional, geração de empregos, entre outras) modificando alguns setores econômicos.
Assim, crescimento é aumentar a quantidade dos bens de produção. Grosso modo, é expandir a base física da atividade produtiva colocando mais mercadorias nas prateleiras para que o deus-mercado absorva e repasse aos consumidores vorazes. Contudo, o crescimento econômico só faz sentido se promover o desenvolvimento social e humano, sem agressão ambiental. Por razões óbvias de finitude dos recursos naturais, esse propagado crescimento tem limites, embora a economia tradicional não aceite de bom grado esse apanágio.
Já o desenvolvimento econômico passa pela expansão e acesso das chamadas possibilidades criativas, proporcionando diversas oportunidades que se abrem aos indivíduos, permitindo que essas se coadunem no imperativo das condições de melhoria da vida pessoal, até mesmo porque o desenvolvimento se refere às pessoas e não aos objetos e as mercadorias.
Desenvolvimento econômico implica, ademais, mudanças estruturais, culturais e institucionais e visa indubitavelmente proporcionar bem-estar. Assim, o desenvolvimento social e humano tem o crescimento econômico como meio e a melhoria do padrão médio de vida das pessoas como fim. Desenvolver uma economia, nesse sentido, é criar e possibilitar mais qualidade às pessoas. Enquanto crescimento é associado à quantidade, o desenvolvimento se associa à qualidade.
Pois bem. Como todo e qualquer sistema vivo que habita a natureza, o crescimento (espécie de “ser vivo” do sistema econômico) é uma condição inerente; cedo ou tarde, vai acontecer.
Contudo, todo e qualquer crescimento tem um determinado ponto em que precisa parar uma vez que a expansão infinita – impossível de ser alcançada – não encontra base de apoio dentro de uma biosfera de ordem finita. Por isso, o crescimento tem limites, mas o desenvolvimento não.
Essa é a razão precípua que deve ser enfrentada com seriedade por governos que aplicam políticas econômicas que somente estimulam o crescimento, mas nem sempre conferem maior atenção ao desenvolvimento. Um dos motivos que leva a essa distorção de finalidades é enxergar nas taxas de crescimento as justificativas plausíveis para se atenuar, por exemplo, os vexatórios índices de miséria e pobreza que marcam algumas sociedades contemporâneas. Um dos equívocos ainda muito em voga nas economias modernas é defender que o crescimento, per si, elimina automaticamente as taxas de pobreza.
A pobreza – quando conceituada corretamente – jamais deve estar relacionada apenas ao aspecto monetário. Dessa maneira então, não se deve conceituar pobreza tão somente pela ausência de dinheiro nos bolsos. O correto conceito de pobreza passa além disso. Logo, não é fazendo a economia crescer gerando mais renda em nível nacional que se conseguirá mediante isso colocar – automaticamente – um ponto final nas taxas de pobreza.
Se assim fosse, o desempenho econômico alcançado pelo Brasil nos últimos 100 anos, quando nossa economia fez o PIB crescer em mais de 150%, teria sido um dos mais ilustrativos exemplos. No entanto, a economia cresceu, mas não eliminou as diferenças sociais em proporção semelhante. O mesmo ocorreu com a economia mundial que nos últimos 210 anos cresceu mais de 50 vezes. No entanto, para ficarmos num único exemplo, a vida de 4,1 bilhões de pessoas (60% da população mundial) que habitam o continente asiático (com destaques para a China, Índia e Indonésia) não melhorou na mesma escala de crescimento.
Pior ainda é verificar que todo esse crescimento econômico mundial ao longo do tempo mencionado se deu sob intensa destruição e pauperização do meio ambiente. Definitivamente, quem degradou – e continua degradando – a qualidade de vida do planeta foi (e continua sendo) o sistema econômico praticado sem limites e parcimônia.
Em decorrência da condução de uma atividade econômica de maneira expansionista, coube ao homem-econômico destratar o meio ambiente em três grandes frentes: 1) no papel de usufruidor de recursos naturais; 2) na condição de consumidor voraz de bens e serviços e; 3) como potencial “produtor” de dejetos em forma de lixo.
Esse homo sapiens industrial, usando a expressão de Paula Brugger, soube como ninguém interferir nos planos da natureza. Nas palavras dessa autora: “A Terra tem 4,6 bilhões de anos. Durante as últimas frações de segundo geológico da história do nosso planeta, o homo sapiens industrial interferiu em ciclos naturais que levaram de milhões a bilhões de anos interagindo dinamicamente para formar as atuais condições de vida que conhecemos e às quais nos adaptamos. Tais intervenções antrópicas têm se traduzido frequentemente em problemas como extinção de espécies, mudanças climáticas, poluição, exaustão de recursos úteis ao homem e outras questões que nos são hoje bastante familiares.”
Marcus Eduardo de Oliveira é economista, professor com mestrado pela (USP).
Estes últimos meses estão sendo tão atribulados que este simples caeté está tendo dificuldade até mesmo de mandar notícias para os amigos. Tem mais de um mês que comecei a escrever esta carta e ainda não tenho a certeza que vou concluí-la no dia de hoje. Natal já passou, carnaval já virou cinzas e eu estou aqui tentando contar como foi uma conversa que tive com uns amigos e parentes no final do ano passado. Mas, como diria Odorico Paraguaçu, “deixemos os entretanto e vamos pros finalmente”.
Eis que no último dia 08 de dezembro, sob a benção de Nossa Senhora da Conceição, fiz uma breve visita à pequenina Poço das Trincheiras, terra de metade da minha família, para uma reunião do Centro Cultural do Sertão na qual o tema era “O natal”. Cidade do interior vocês sabem como é, em qualquer roda de conversa as pessoas ou são parentes, ou amigos de infância, ou as duas coisas e foi nesse clima que a conversa rolou solta com muitas lembranças sobre os antigos natais lá na beira do Panema, no sertão de Alagoas.
Como todo mundo sabe, o natal é uma das principais festas da cristandade e os desbravadores europeus introduziram esta tradição quando da sua chegada aos mais diversos rincões deste país. Mas, no Poço das Trincheiras, lá no sertão alagoano, estes festejos adquiriram uma particularidade, qual seja, que a Festa de Reis passou a ter uma dimensão maior do que a própria noite de natal, de modo que os ditos festejos natalinos começavam na véspera do natal, passavam pela Festa de Ano e finalmente atingiam seu ápice na véspera do dia de Reis, 06 de janeiro.
Hoje em dia, o início dos festejos natalinos é fortemente marcado por anúncios comerciais, numa verdadeira exaltação a uma festa de consumo com a apresentação de novidades, oferecimento de crédito fácil e a promessa de que feliz é aquele que gasta. Num lugar e num tempo em que não havia esse negócio de mídia, marketing, merchandising e outras invenções do gênero, eram os sinais da natureza que anunciavam o início dos diversos ciclos anuais. No sertão nordestino existe uma espécie de ipê-amarelo (Tabebuia caraiba) conhecida na região pelo nome de caraibeira. Contrariando aqueles que dizem que no sertão não existe primavera, nesta estação do ano as caraibeiras exibem uma floração amarela que pode ser vista a quilômetros de distância e “Cicinha”, uma amiga de anos e anos, lembrou que quando as caraibeiras floravam, a comunidade entendia como um sinal de que se aproximava o período de natal e, enquanto mais exuberante fosse a floração, mais animado o sertanejo ficava.
Finalmente chegava o mês de dezembro e iniciavam-se os preparativos para a festa. A igreja era lavada e devidamente ornamentada e, do lado de fora, era armado um parque de diversões. No entanto, como a igreja fora construída numa elevação, a instalação do parque dava-se no outro extremo da rua do povoado porque a faixa que beirava o rio Ipanema era mais plana e facilitava a montagem, de modo que o largo da igreja ficava desocupado.
Na década de 40, lá no sertão, os parques eram bem diferentes dos de hoje em dia. O principal material usado na sua montagem era a madeira, matéria prima farta naqueles tempos. Os brinquedos eram muito simples e movidos normalmente pela força humana. Vovô Gaspar tinha uma bodega que funcionava num dos cômodos da sua casa e, pensando em aumentar o faturamento durante a festa, fez uma sociedade com Manoel de Sulia para construir um carrossel. Alias, por aquelas bandas esse brinquedo era conhecido pelo nome de “curre”, termo talvez originado da palavra francesa “courir” que traduzida para o português significa “correr”. É possível que a ideia de movimento contida na palavra francesa tenha influído no surgimento desta expressão regional, mas acho que somente estudos mais aprofundados poderiam confirmar tal hipótese, ou não. O certo é que, por ser Manoel de Sulia um exímio marceneiro, vovô propôs-lhe sociedade na qual ele forneceria a madeira para a construção de um “curre” e Seu Manoel entraria com a mão-de-obra. Não vou me dar ao trabalho de descrever aqui um carrossel, mas o certo é que naquele tempo não tinha motor e os passageiros rodavam no brinquedo sentados em cadeiras, nas quais podiam sentar até duas pessoas, um deleite para os namorados da época. Para fazer o carrossel girar, eram contratados dois ou três cabras bons para fazer força e, para animar a festa e distrair os passageiros, um dos seus assentos duplos era ocupado por um sanfoneiro e um tocador de pandeiro para alegrar a brincadeira no “Curre de Gaspar”.
Outro brinquedo que tinha presença garantida na festa eram as barcas, uma geringonça que eu ainda tive oportunidade de conhecer e que era acionada pelo próprio “passageiro” que tinha que ficar puxando uma corda de maneira cadenciada para a geringonça balançar. No final daquela década foram surgindo novas opções, como o “curre” de cavalinhos de Seu Manoelzinho das Areias que substituiu alternadamente algumas fileiras de assentos duplos por um par de cavalinhos de madeira, um atrativo a mais.
Um belo dia surgiu uma novidade no parque de diversões que foi a “onda” de Seu Liberalino que era outra espécie de carrossel que ao girar, balançava de modo que, às vezes o passageiro estava a poucos centímetros do chão e no instante seguinte estava a mais de um metro de altura descendo em seguida num ciclo contínuo. Teve também outro empreendedor que tinha uma “ondia”, como assim pronunciavam os matutos, que foi o Seu Zé Marcelino, lá das bandas da Serra do Poço. Conversando com seu filho José Marcelino Neto, “Dezinho”, soube que Seu Zé Marcelino chegou a fazer festa até em Tacaratu, no vizinho estado de Pernambuco, uma viagem de mais de cem quilômetros, transportando a engenhoca em carros-de-bois.
Mas a montagem do parque não garantia participação na festa para ninguém. Minha prima Onélia contou que o pai dela só deixava brincar na festa se ela fosse aprovada na escola e aí todo final de ano era o maior corre-corre. Ela sabia da importância de estudar, mas o mais importante na sua cabeça de mocinha era poder brincar na festa do Poço. No tempo em que os professores iam para a sala de aula com giz, apagador e palmatória, eu fico só imaginando o sufoco.
Já na década de 50, o Padre Fernando Medeiros, irmão da minha avó, era pároco em Penedo, lá no baixo São Francisco. Mamãe conta que, sempre ao final de cada ano, ele ganhava uma peça de tecido de uma fábrica que ficava em Neópolis, do outro lado do rio, no estado de Sergipe. “Tio Padre” mandava a peça de tecido para a família e com ele minha avó fazia uma roupa nova para cada um dos filhos. Cada roupa tinha o seu corte específico, mas na noite da festa tinha um monte de meninos, meninas, rapazes e moças usando uma roupa de tecido igualzinho e ninguém ficava chateado ou envergonhado por este detalhe, o importante para todos era participar da festa.
Hoje em dia os brinquedos dos parques de diversões são sofisticados e o preço para sentir sua emoção é também significativo, mas naquele tempo lá no sertão, uma volta no “curre” ou na “onda” só custava alguns tostões e todos podiam se divertir. De várias localidades vinham pessoas para vender comidas e bebidas ou para instalar bancas de jogos e bingos. Dentre as novidades que eram vendidas na festa, Tio Zé de Arimateia lembra bem do cheiro do abacaxi que, apesar de não ser uma fruta desconhecida dos matuto, não havia uma produção local, de modo que a movimentação por conta da festa atraia gente do agreste alagoano para comercializar a fruta que era tão apreciada.
A “festa de largo” movimentava a localidade e atraía gente de toda a região, mas por ser uma festa religiosa a presença das famílias à missa era um compromisso maior. À meia-noite os brinquedos paravam, os vendedores de abacaxis e as bancas de jogos e bingos interrompiam suas atividades e todos dirigiam-se para a igreja. A missa era campal e era rezada à meia-noite. Naquele tempo o vigário era o Padre Bulhões, mas a tradição foi mantida com Padre Cirilo e posteriormente pelo Padre Alberto, que garantiu sua continuidade até o fim da sua atividade sacerdotal em 1980. Após a celebração, a festa então continuava até certas horas.
Apesar do natal ser uma festa tão mercantilizada hoje em dia, desde aqueles tempos a tradição de presentear já fazia parte da festa e mamãe conta que todos, na medida das suas posses, procuravam dar sempre um presentinho para seus filhos. Na noite de natal, antes de dormir, a meninada colocava os sapatos “nos pés da cama” para receber aquele presente que Papai Noel ia trazer. A manhã do dia 25 de dezembro era de alegria para as crianças que podiam conferir a passagem do bom velhinho e ninguém ficava “traumatizado” por ter recebido “apenas um presente”.
Com o passar dos anos a festa foi se modernizando, surgiram brinquedos novos, a música que agora toca é elétrica, eletrônica e similar. Surgiram os veículos de comunicação de massa, levando a uma nova interpretação desta significativa data. Sinal dos tempos? Acho que não. Acredito que é assim a evolução, novas tecnologias, novos habitante e novos costumes que um dia também serão história, mas essa eu vou deixar para outros contarem.
Bem, colegas. Mais uma vez estou dando notícias minhas, nesse meu jeito de contador de histórias, aquelas que vem na lembrança enquanto tenho memória e saúde para contar. Espero que todos estejam bem e, considerando-se a irregularidade com que consigo escrever, acho melhor ir desejando a todos uma boa páscoa, antes que chegue o São João. Desejo a todos sucesso, felicidade e forças para enfrentar as agruras da vida.
Morreu na manhã desta terça-feira, 12 de março de 2013, o empresário Jose Fontes – Zé fontes, aos 69 anos, um dos fundadores do Lions Clube de Santana do Ipanema, José Fontes teve um infarto do miocárdio quando trabalhava em seu escritório situado no edifício do Hotel Ribeira do Panema em Santana do Ipanema, socorrido pelo SAMU foi encaminhado para o Hospital Regional Dr. Clodolfo Rodrigues, na unidade hospitalar sofreu mais uma parada cardíaca, o que complicou o seu estado de saúde, já que o Hospital não conta com medico cardiologista, ficando na UTI por vários dias, transferido para a UTI da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, não houve melhora no seu quadro de saúde aonde veio a falecer nesta terça-feira, 12, será sepultado em Santana do Ipanema nesta quarta-feira, 13, no cemitério Santa Sofia. José Fontes Barros foi presidente por várias gestões do Lions Clube de Santana e Tênis Clube.
Definitivamente, a economia neoclássica têm sérias dificuldades em aceitar o fato de que a economia é apenas um subsistema do meio ambiente. Centrados numa visão míope do diagrama do fluxo circular (empresas fornecendo bens e serviços às famílias dada as condições do mercado de fatores de produção) que é de natureza hermeticamente fechada, isolada e restrita, os economistas tradicionais não enxergam (ou não querem enxergar) a completa inter-relação existente entre a economia e a natureza.
Diante disso, passam por cima das questões ambientais, pois entendem que a economia é soberana e superior a tudo. Para os “tradicionais”, as questões de ordem ambiental não passam de meros setores pertencentes à macroeconomia, como são os casos da pesca, da agropecuária, das florestas, entre tantos outros. Para esses não há limites e obstáculos ditados pelo ambiente e a expansão da atividade produtiva pode ocorrer sem maiores transtornos.
Pensando assim, os economistas tradicionais ignoram o que realmente se sucede em termos reais de movimentação dentro de um sistema econômico: entra (materiais) e sai (resíduos); entra matéria e energia, sai ejetada poluição (lixo); logo, a economia não pode ser vista como um sistema fechado. Ao contrário: a economia nada mais é que um sistema aberto dentro de um amplo sistema (o ambiente) que tem a finitude como sua maior característica.
Nesse ponto, convém chamar a atenção para o desenho aqui apresentado: fluxos de entrada (materiais e energia) e de saída (produtos e resíduos ejetados) precisam ser considerados em sua essência, e não relegados ao descaso como é comum pela visão econômica tradicional. A economia necessita (e sempre precisará) da natureza, e não o contrário. Nas palavras de Clóvis Cavalcanti, “não existe sociedade (e economia) sem sistema ecológico, mas pode haver meio ambiente sem sociedade (e economia)”.
É totalmente equivocado pensar a atividade econômica de forma ermitã. A economia é apenas uma parte de um todo; o todo é o meio ambiente.
Nessa linha sistemática de defesa em torno do meio ambiente, quando se aponta dedo em riste sobre a atividade econômica, pontuando a exploração de recursos em favor de um crescimento antieconômico, é forçoso aventar que o “tipo de economia” que pretendemos, capaz de assegurar a capacidade de progresso à geração futura, não está fazendo o jogo do antiprogresso, do antidesenvolvimento, da antievolução. Para termos progresso, desenvolvimento e evolução, de fato e de direito, é necessário entender que há limites biofísicos, e esses obrigatoriamente devem ser respeitados.
Por isso, não há como escapar da seguinte premissa: crescer significa usar o meio ambiente, e mais crescimento significa menos meio ambiente, pois como aponta Herman Daly, a biosfera é finita, não cresce, é fechada (com exceção do constante afluxo de energia solar) e obrigada a funcionar de acordo com as leis da termodinâmica.
Também por isso e para isso, cabe destacar que qualquer subsistema, como a economia, em algum momento deve necessariamente parar de crescer e adaptar-se a uma taxa de equilíbrio natural.
Funda-se nesse argumento um fato imperioso: parar de crescer não significa parar de se desenvolver. É perfeitamente possível prosperar sem crescer. Prosperidade é sinônimo de bem-estar para todos. Logo, não pode haver prosperidade em ambientes que são constantemente expostos à degradação, reduzidos a poluição como objeto final, afetando a qualidade de vida das pessoas.
Com isso, é urgentemente necessário trocar a busca incessante do crescimento (expansão quantitativa) pelo desenvolvimento (melhoria qualitativa). No linguajar dos economistas-ecológicos crescimento econômico vai até certo ponto, ultrapassado esse ponto não há melhorias, mas sim perdas significativas começando pela qualidade do ar que respiramos e pela completa destruição do espaço natural, afetando sobremaneira a qualidade de vida nas cidades, tornando-as insustentáveis.
Marcus Eduardo de Oliveira é economista, especialista em Política Internacional pela (FESP) e mestre em Estudos da América Latina pela (USP).
No dia internacional da mulher a vereadora Dôra de Ubiratan (PDT), fez sua homenagem às mulheres e participou na manhã de hoje (08), da missa solene dedicada à passagem do dia na Igreja Sagrada Família em Santana do Ipanema.
Sendo a única representante feminina no poder legislativo fez questão de não deixar passar esta data em branco, e fez homenagem a uma santanense de coração D. Jovem como é conhecida.
Joventina Maria da Conceição lima (D. Jovem), que é natural de Senador Rui Palmeira, aos 24 anos de idade veio morar em Santana do Ipanema e nunca mais saiu da cidade, se casou com o agricultor Caetano Vieira de Lima e se tornou Santanense de coração.
Ficou conhecida na cidade por vender coxinha e cocada, nas escolas e ruas por 23 anos, foi assim que ganhou muitos amigos e admiradores por ser uma mulher tão batalhadora, dentre eles a vereadora Dôra que resolveu homenageá-la pela bela historia de vida.
“Por ter uma historia de vida tão parecida com a minha resolvi fazer essa homenagem a essa mulher tão forte e guerreira”. Ressaltou a vereadora Dôra.
Na oportunidade a homenageada recebeu um buque de rosas e todas as mulheres presentes receberam um botão de rosas representando assim a beleza feminina.
O potencial de consumo dos lares brasileiros tem agora um novo líder. A região do interior do estado de São Paulo ultrapassou a Capital e a Região Metropolitana de São Paulo (38 cidades) e se converteu no maior mercado consumidor do país.
Os números que representam esse cenário são ilustrativos. Em 2012, os mais de 22 milhões de habitantes das 607 cidades do interior paulista gastaram pouco mais de R$ 380 bilhões, ao passo que os moradores da capital e da Região Metropolitana gastaram R$ 379 bilhões em alimentação, habitação, saúde, transporte e lazer.
Essa pujança consumista do interior paulista está intimamente relacionada a alguns segmentos produtivos. O fato proeminente é que a “interiorização” da economia transformou o mapa do desenvolvimento do Estado ao colocar na agenda de investimentos o agronegócio (respondendo hoje, por exemplo, com mais de 63% da produção nacional de açúcar, 60% da de álcool, 95% do suco de laranja exportado e 13% do gado abatido), além dos segmentos de petróleo e gás. Esses três segmentos, em conjunto, permitiram levar novas tecnologias ao interior, facilitando a geração de empregos e o aparecimento da renda, estimulando como consequência o consumo.
Em 2011, a região do interior paulista absorveu 44% dos empregos gerados no Estado. Esse percentual representa 13% de toda a geração de empregos no País. Um ano antes, em termos de valores, os investimentos foram de quase R$ 50 bilhões no Estado de São Paulo, sendo que o interior abocanhou mais de R$ 21 bilhões desse montante. Já em 2011, o Estado de São Paulo somou em investimentos a importância de quase R$ 84 bilhões. Desse montante, mais de 50% tomaram as estradas rumo às cidades do interior.
Com geração de emprego e renda em alta, melhoram-se consideravelmente as condições de vida da população. Tomando como base o Índice de Desenvolvimento Municipal que mede o desenvolvimento dos municípios a partir das quantidades de emprego formal, matrícula infantil, consultas pré-natais e mortalidade infantil, dos 100 melhores do Brasil 73 estão em São Paulo (dados de 2012).
Os dez melhores índices nacionais são cidades paulistas, localizadas a mais de 430 km da capital, com destaque para as duas primeiras: Indaiatuba e São José do Rio Preto.
Esse avanço econômico do interior paulista se conecta ao intenso processo de descentralização que a economia brasileira tem vivenciado. Quando uma região absorve empresas com potencial tecnológico, como é o caso dos segmentos mencionados acima, leva-se junto toda uma cadeia de novas empresas do setor de serviços e, principalmente, de comércio. Isso dinamiza e pulveriza a atividade econômica, pois permite o surgimento de novas demandas, estimulando mais ainda o consumo em todas suas vertentes.
Não por acaso, há mais shoppings-centers no interior do que na Grande São Paulo. Ilustrando melhor essa situação é oportuno dizer que 80% de toda a produção de cosméticos e eletrônicos, por exemplo, é consumida no interior paulista.
Nesse pormenor, os principais destaques ficam para Campinas, Sorocaba (que possui mais de 1,5 mil indústrias no segmento de manufatura), São José dos Campos e a Baixada Santista.
Junto aos investimentos em paralelo aparece o consumo. A renda per capita de cidades como São José dos Campos e Campinas, por exemplo, é de R$ 34 mil e R$ 27,7, respectivamente. Esses valores são superiores à média nacional que é de R$ 19 mil.
Em 2011, o interior paulista contava com um PIB de US$ 146 bilhões, valor superior a toda a produção de bens e serviços da Nova Zelândia. A força econômica do interior paulista supera a produção de vários países, dentre eles o Chile (que produz 10% menos).
Esse potencial decorre do fortalecimento da infraestrutura da região interiorana. Uma região que contém o maior porto do país (Santos), uma importante hidrovia (Tietê-Paraná) e alguns bons aeroportos facilitando o escoamento de cargas (Viracopos, em Campinas, p. ex.) sempre será fortalecida em relação a lugares cuja infraestrutura ainda carece de investimentos.
Não obstante a isso, vale mencionar o exemplo da região do Vale do Paraíba que abriga a quarta maior indústria mundial de aviões de uso comercial, a EMBRAER, em São José dos Campos.
Em termos de valores científicos, o interior paulista conta com importantes polos universitários: Campinas (UNICAMP), Ribeirão Preto (USP), São Carlos (USP), São José dos Campos (ITA) e Piracicaba (ESALQ) são modelos de produção intelectual, uma vez que respondem por ¼ de toda a produção científica do país. Tudo isso permite o fortalecimento econômico, cultural e também político do interior.
(*) Economista, com especialização em Política Internacional e mestrado em Estudos da América Latina pela (USP).
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30 mar
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