Rio Ipanema recebe os Guardiões

Foto: Agripa

Foto: Agripa

O Sol nem havia saído ainda. A neblina dominava os montes que circundam Santana sob ameaça de mais um dia frio e chuvoso, mas os “Guardiões do Rio Ipanema” já estavam apostos para mais uma apurada investigação pelo rio que pede socorro. Como o Ipanema trecho urbano havia sido dividido em seis subtrechos, a saber: Poço Grande/Ponte da Barragem; Ponte da Barragem/Poço das Mulheres; Poço das Mulheres/Poço dos Homens; Poço dos Homens/Passagem Molhada; Passagem Molhada/Poço do Escondidinho; Poço do Escondidinho/Cachoeiras, máquinas fotográficas, cadernetas de anotações e muita coragem acompanharam os Guardiões. Como o primeiro trecho já havia sido percorrido, os Guardiões desceram o rio iniciando pela ponte da Barragem e foram até as Cachoeiras. Muitos obstáculos tiveram que ser vencidos como pedras lisas, lamaçal, águas fétidas, cercas de arame, urtigas, falta de trilhas e outros que não desanimavam aos que se propuseram ao enfrentamento. A incursão só terminou nas Cachoeiras, quando os componentes retornaram pela rua do Bebedouro, passando pela foz do riacho Do Bode, divisória natural do perímetro urbano por ali. A investigação foi encerrada na casa da Guardiã, Dona Joaninha, onde aconteceu agradabilíssimo momento de lazer.

Assim a AGRIPA já possui relatórios e provas do que está acontecendo nos seis subtrechos do rio Ipanema. Agora estão previstas novas incursões pelos afluentes: riacho Camoxinga, Salgadinho, Salobinho e Bode para fechar a fase de pesquisa, organizar os arquivos e partir para a etapa de ouvir as comunidades, associações e escolas das proximidades do rio Ipanema e os tributários acima. Enquanto isso, os dados coletados até agora permanecerão em segredo até que na hora certa, todos os representantes da sociedade organizada serão convidados para a realidade do rio Ipanema e seus afluentes. A partir daí, então, medidas concretas deverão ser adotadas pelas autoridades, segundo se supõe.

Sexta-feira passada (a incursão foi no sábado) houve mais uma reunião ordinária da AGRIPA, em sua sede provisória, Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas, Bairro São José. Profícua sessão quando várias propostas foram discutidas, votadas e aprovadas, muitos informes, tempo de estudo, palavra à bem da AGRIPA e compromisso com a entidade. Os Guardiões continuam firmes na sua fase organizacional e investigativa.

Clerisvaldo B. Chagas, 1º/2 de setembro de 2013 – Crônica 1079

Entrevista com Chinna Model falando sobre o MISTER ALAGOAS

1044811_600520376646072_624432670_n

Edilanio Cunha (ChinNa) coordenador responsável pela franquia do concurso mister Alagoas universo, é com grande satisfação que comunico através desde que oficializamos contrato com o maior concurso de beleza masculina do Brasil e os responsáveis pela franquia é a produtora Chinna Model da qual respondo. O evento já tem data marcada e receberá os diversos candidatos do estado entre os dias 27 e 29 de setembro na cidade de Santana do Ipanema, tendo a final dia 28 ás 20h na quadra de esportes do Menor. Na oportunidade será eleito o representante de Alagoas neste grandioso evento nacional. Algumas cidade já confirmaram seus candidatos na disputa como a própria cidade sede, Santana do Ipanema, Maceió, Boca da Mata, Carneiros, Olho D’água das Flores, Palmeira dos Ìndios, Rio Largo, São José da Tapera, Dois Riachos, Ouro Branco, Maravilha, Craibas, Viçosa, Satuba, União dos Palmares, Porto Calvo, Belo Monte, Arapiraca, Porte do Pedras, Marechal Deodoro e Poço das Trincheiras. As inscrições para o concurso ainda estão abertas no site: www.misteralagoas.wix.com/universo2014 e os interessados também podem acessar o site oficial do Mister Brasil: www.misterbrasiluniverso.com.br.

ESTRANGEIROS EM TONS DE BRANCO

Havia um anjo, que se punha sentado no pináculo da igreja. Sereno, de pernas cruzadas. Sim, eu o via, estava lá. Aonde os frisos e arcos arquitetônicos arrematavam, entre a cruz e a torre da campânula. De onde estávamos não dava pra ver suas asas. Não precisava, era um anjo, eu sabia. Além de mim, ninguém mais o via. Também ele olhava a rua, o movimento daquela tarde. Para nós tudo era novo, nunca tínhamos visto. Estrangeiros éramos ali.

As casas. Sem elas não haveria cidade, não haveria a rua que olhávamos. Estavam lá, ainda que desfalcadas, estavam lá. Carregadas de tragicidade víamos as que sobreviveram. Como se nada, nunca tivesse acontecido, lá estavam. Como se nunca tivessem passado pelo que passaram. Convidados que fomos a seguir adiante, fomos olhar o rio. Os visitantes precisavam conhecer o vilão. O fantástico ser monstruoso, a que, num tempo não tão remoto, destruíra a vida de tantos. Era preciso que soubéssemos dos que haviam padecido, e se foram. Saber dos que padeceram e ficaram. O rio, agora um fantasma, de tudo e de todos. Bastariam as nuvens empardecem, e os trovões roncarem pras bandas da sua cabeceira. Assustava a plena luz do dia. O rio que tragara a felicidade e a cidade, e os destinos que levou pro mar. Íamos ver aquele que detinha o poder de decidir quem devia e não, ser feliz. Não sabiam como, nem porque, mas isso era parte de seu poder. Continuávamos andando na rua, de repente uma ponte e o vimos. E lá estava. E se nos mostrou um rio pacato, manso. Tão relegado a rio, tão submisso feito nosso “Panema”. Diferente daquele que pintaram, de uma época não tão pra trás assim. Enquanto captavam os ouvidos atentos os relatos, daquele dia fatídico, os olhares iam lá longe. Os olhos como se quisessem virar rio. Como se os cílios dos observantes, de um momento para outro, se transformassem em tentáculos, ou em imensos cordões, que talvez tentassem fazer daquela cidade um descomunal presente, embrulhado com o papel do tempo enlaçado com as lágrimas dos que sobreviveram. As serras eram paisagens novas, e diziam novos relevos, e exigiam que nossos sentidos assimilassem aquela realidade. Paisagem renovada, vistosa, resquícios do que um dia fora: mata atlântica.

E tudo era úmido. Nada, ou quase nada, remetia ao nosso sertão como de fato o conhecemos. Acontece que pra onde quer que vamos, vai nosso legado conosco. A encosta escarpada ameaçava vir interditar o passeio. Quem sabe naquele dia, uma barreira interrompeu o trânsito? Árvores frondosas, exibiam ventres volumosos de raízes lenhosas, que não conseguiram entranhar a terra escura. A força da enxurrada havia arrastado a porção de terra que as circundavam. E punham a mostra o esqueleto retorcido de carnes expostas, de celulose e lignina lustrosa, feito músculo de negro açoitado, fugidio pro quilombo, logo ali. Castanhais, pinheiros, caramboleiras, tamarindos, felizes pela tarde de sol tímido, anuviado, tarde chuvosa, revestiam de verde os olhares. Ruas dançantes, num bailado como a um piano que fora estraçalhado, tornado desiguais os paralelos, que subiam e desciam numa sinuosidade desconexa, como nunca quisesse se encontrar. Uma casa, um terreno baldio. Casa, espaço vazio, casa, escombros, casa, ruína de uma casa encostada noutra casa, que de tanta umidade ameaçava desabar. Tudo refletia umidade. O sol refletia as gotículas de chuvas, faziam reluzentes as folhas verdes. As paredes das edificações choravam sangue de barro vermelho. Descendo desde a cumieira, ou traziam uma linha de molhação, dizendo até onde as águas haviam subido. Infelizmente não conseguiram livrar-se do excesso de água. Depois que submergiram nas águas do rio, nem o tempo conseguira dissimular.

Decidimos que era preciso conhecer o lugar onde éramos estrangeiros. Enquanto íamos andando, a professora ia contando, recordando os fatos que lhe ficaram marcados na alma, naquele dia dantesco. Lembrava dos fatos à medida que ia passando nos lugares onde eles ocorreram. Se lá longe, ela apontava mostrando. O rio tomou a cidade em questão de minutos. Os que conseguiram se salvar largaram tudo pra trás, não dava tempo salvar nada. Os que se salvaram, lá de cima, da encosta viam uma haste negra e fina tremulando no meio do mar de água barrenta apontando pro céu. Depois que as águas baixaram descobriu-se o que era: os trilhos do trem, retorcidos. A Biblioteca Municipal, A Estação Rodoviária, A quadra poliesportiva, o Juizado das Pequenas Causas, agora só havia o terreno vazio, foi o que restou. Os ônibus, os carros de passeio desceram na correnteza, feito barquinho de papel que os meninos de nossa infância em dia de chuva, punha na sarjeta pra água levar.

“-O rio tomou muita água! -Ligeiro! -Depressa minha gente! -Salvem a si mesmo! Não dá tempo levar nada!” O rio foi até a prefeitura, não respeitou o segurança prostrado a entrada. Molhou e sujou de barro a farda Branquinha do contínuo. Subiu pelas pernas do chefe de gabinete, entrou na sala onde o prefeito despachava. Invadiu, sem pedir licença, que atrevimento! O prefeito e a primeira dama tiveram que escalar os móveis, subiram ao teto da prefeitura. Também até a escola, foi o rio, feito menino danado tomou lápis e os cadernos dos pequeninos, se apossou dos livros da professora, apagou a anotação no quadro de giz. A professora não podia por o rio de castigo. Fez o que pode, pela janela escalaram o teto da escola, ali se sentiam a salvo. Rezando para que as águas não subissem mais. O dono do armazém de secos e molhados, agora só tinha molhados. Com seus empregados tentaram por a salvo a mercadoria. Em vão, o rio estava faminto, sedento, e vorazmente foi engolindo, sacas de feijão, arroz, fubá, charque e grades de refrigerante. De repente um monstro de ferro no meio das águas, sendo arrastado pela correnteza, somente parte dele dava pra ver: Era a Descia rápido, tragicamente a gigantesca parafernália de aço acenava, fornalha da usina de açúcar! levada sabe Deus pra onde.

Dona Maria morava sozinha, na beira do rio. Bem ali, ao lado da ponte, construíra sua morada, de dois pavimentos. Dona Maria percebeu a água entrando de casa adentro. Sabia o que estava acontecendo, rapidamente pegou dinheiro e documentos. Já na porta ia saindo, lembrou-se da sua cachorrinha Lili. Não podia deixar Lili. Voltou, tinha que dar tempo! Onde estaria Lili? No primeiro andar, subiu. Achou Lili, estava na cama! Sua danada! Pronto agora era só descer e salvar, a si e a Lili. Cadê a escadaria? Não tinha mais degraus, só água. Tempestuoso, deseducado o rio subiu, e invadiu o quarto. Dona Maria não teve outra alternativa, a não ser alcançar o telhado do sobrado. Mas o rio foi em seu encalço. E o rio abraçou dona Maria e Lili, e arrastou pro turbilhão de água. E nunca mais dona Maria, nem a cachorrinha Lili voltariam ao sobrado.

Pra professora a imagem que ficaria marcada pra sempre, era a de uma menininha, resgatada por um pescador, toda molhada, envolta num cobertor, tremia de frio. Perplexa, olhava fixo pra monstruosa serpente ameaçadora que passava, devorando tudo que interpunha seu caminho. Os olhinhos molhados não tirava-os das águas turbulentas, talvez alimentasse a esperança de ver surgirem dali, seus irmãos, sua mãe. A professora confidenciou que por muitos dias, após o sinistro acontecido, nas muitas noites insones, saía de casa, perambulava pelas ruas desertas, escuras e tristes. As vagações nas madrugadas culminavam com idas até a beira do rio, agora domado. Ali passava horas, fitando as águas calmas e escuras. Chorava, e chorava e perguntava: “-Por que?”

Mais uma vez, volvemos nosso olhar pra fachada da igreja, que o rio lavou. Naquele dia, apenas a cruz ficara emersa. A linha d’água divisava dois tons de branco: branco seco, branco molhado. O anjo continuava lá, encimado no pináculo. Um olhar mais acurado, mais profundo, mais transcendental e conseguiríamos ver, em cima dos telhados, meninas e meninos alados, brincando de “pega”, brincando de soltar pipas azuis celestiais, e se deliciavam com algodão doce, feito de nuvens em dois tons de branco.

Fabio Campos

LAMPIÃO E CORISCO

coriscoPara quem gosta de história de cangaceiros, apresentamos abaixo, matéria publicada na “Folha da Manhã”, jornal sergipano no tempo do cangaço. Dez dias após a morte de Lampião, era estampada no referido jornal:

“Diz-se que, morto Virgulino, o rei do cangaço, tem em Corisco um legítimo sucessor. Entretanto, somente a impressão exterior é que transfere para a atual eventualidade o prestígio de uma majestade que Corisco há muito adquirira por merecimento próprio.

Lampião, sem dúvida, o maior destruidor de riquezas e de vidas que já viveu no Brasil, criou fama à sombra de perversidades e vandalismos sem limite, Era uma alma esfíngica, um ser incompreendido, que guardava uma surpresa em cada gesto.

Suas atitudes não tinham a execução lógica de um caráter fixado na psicologia, pois a sua conduta era um mundo de fugas e fintas para os observadores mais íntimos. Era aliás, a chave do seu terrível prestígio.

Corisco é mais humano. Tem um caráter definido. Sem nenhum sentimento de bondade, age, porém, como homem lógico. É uma verdadeira máquina de precisão. Lampião ameaçava sempre, mas nem sempre executava a ameaça.

Corisco não diz o que pretende fazer. Faz. E, quando age, vai direto ao objetivo. Será fácil adivinhar-se uma atitude de Corisco, ao passo que era impossível saber o que Lampião faria até mesmo na hora do fato. Mas, na técnica de atacar, Lampião ficava muito a distância de seu antigo subordinado.

Na história sangrenta de Corisco não se registra um assalto frustrado. Ele estuda o terreno, pesquisa, prepara-se com requintes de cuidados, mas quando investe é para vencer sempre.

Não se aventura a um assalto duvidoso, ao passo que Lampião muitas vezes teve que fugir diante de uma resistência inesperada.

Esse homem diabólico ainda vive no sertão, onde sua fama só é menor do que a de Virgulino pela repercussão das barbaridades do rei do cangaço. As forças que combatem o banditismo reconhecem a superioridade técnica de Corisco e compreendem ser ele um bandido mais “duro” do que Lampião.

Morto o “terror do sertão”, resta às autoridades a caça ao bandido louro. Manuel Neto, Luiz Mariano e João Bezerra, a trindade de ferro que luta pelo extermínio do cangaço no Nordeste sabem que encontrarão em Corisco um inimigo se não mais perigoso, pelo menos mais valente e mais difícil de abater. Vai começar, agora, a caçada ao bandoleiro de olhos verdes. Não faltarão aos seus perseguidores a tenacidade e a coragem necessária para enfrentar todos os riscos dessa luta de morte a que os sertões nordestinos assistirão”.

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de agosto de 2013

Crônica Nº 1075

“O NATAL DE GRECCIO”

Vamos iniciar a semana com uma inspirada lição de moral do nosso saudoso amigo e escritor penedense. Tenha coragem de ir até o fim.

ASSIS“Os homens crescem no acumular riquezas. Lutam e nem sempre com dignidade pela conquista do poder. Procuram solapar a dignidade da família. Agridem à natureza, obra de Deus, a serviço do próprio homem. Nega a Deus, construindo dentro de si, do seu “eu” um ídolo que o atrai e o trai, deixando-o apaixonado pela sua própria grandeza fugidia e passageira. Assistimos, não vejamos nesta afirmação pieguismo e nem cafonismo, um termo do momento, uma total “negação de Deus”.

O mundo da técnica que deveria crescer harmonicamente está perdido dentro de sua própria realidade. Quando o homem que é obra de Deus, deveria como Francisco cantar o ─ “Cântico das Criaturas”, louvando pelas coisas criadas ao Criador, ele com seu egoísmo procura destruir a natureza, pois destruir o próprio homem já não satisfaz.

Tudo isso acontece porque o homem moderno prefere fechar o caminho que o leva a Deus que é a “oração”, construindo dento de si o muro que divide ricos e pobres, povos, filhos e pais, homens e o homem e Deus.

Como o homem do século XX precisaria parar para uma reflexão! Calar, para no silêncio poder escutar. Tomar consciência de que a sua vida é um trânsito longo ou curto. Porque tanta ânsia de acumular riquezas, deter nas mãos o poder? Porque anular o irmão para conquistar posição na sociedade? Porque anular fugir de sua procedência divina, assumindo um comportamento que nega a sua razão de ser? (…)

(…) Nós homens todavia, continuamos com uma atitude covarde, distanciados da nossa própria realidade, surdos ao chamamento, temerosos do encontro com a Verdade, iludidos com o fugitivo, vazios, realmente, vazios.

Viver a nossa realidade de ser criado não significa negar o valor dos “valores de hoje”. Cada tempo tem a sua marca e sempre o homem é o agente da sua realização. Se na Idade Média vivemos um momento inspirado no “Teocentrismo”, no Renascimento assistimos a transformação da sociedade alicerçada no ideal Antropocêntrico. O homem assume a própria dignidade de ser criado e começa a participação da obra da criação que é contínua e perene.

A mística seráfica não objetiva deixar o homem apático, fora da realidade da vida, alienado das exigências do tempo. A mística seráfica soma com muita autenticidade o Teocentrismo como fonte de ser como o antropocentrismo atitude consequente de tomada de posição, onde o homem realiza a sua missão de ser “co-criador com Deus”. Viver o franciscanismo é assumir com dignidade a presença dos desafios porém sem egoísmo, mas com plena consciência em Deus. É aceitar a sua realidade de agente co-criador e na obra de criação que continua. É a aceitação plena da nossa condição de homem”.

MÉRO, Ernani. Retalhos. Maceió, Sergasa, 1987. Págs. 50-52

Sinos Dobram? Sinos Falam! E isso não é metáfora

Foto: Ilustração

Foto: Ilustração

Noutro dia numa aula de biologia, tentei convencer meus alunos que a simples deslocação do acento de uma vogal para outra, em determinadas palavras, que nomeiam estruturas de uma célula, comprometem totalmente o entendimento do vocábulo. Por exemplo: mitocôndrias, vacúolos, centríolos. Na boca de quem não adquiriu intimidade com a tonicidade vocabular, podem virar monstrengos como: mitocondrias, vacuólos ou váculos , centriôlos e por aí vai. Pra explicar a gravidade do erro, escandalizei:

-Experimentem deslocar o acento tônico da palavra coco! Coitado! Vai virar cocô! Ou seja, uma coisa que serviria de alimento, por conta de um simples acento ortográfico, fora do lugar, vira dejetos humanos!

Sobre outros vocábulos famosos: Você sabia que a batata inglesa não é inglesa? Isso mesmo a batatinha é do Peru. E a chave inglesa? Na Europa é conhecida como chave Sueca! Aliás, as intromissões dos ingleses, naquilo que é de outros vem de longe: Gandhi os expulsou das índias. Já nossos “hermanos” argentinos, não tiveram a mesma sorte, as Ilhas Malvinas, os britânicos tomaram e batizaram-nas de Falkland islands. Agora deram de reter material de jornalista brasileiro, quanto atrevimento!

Já há algum tempo, as escolas públicas recebem algumas publicações, que servem de suporte para nós professores. Ajudam na formação, na otimização da preparação das aulas. Gosto particularmente de duas delas: Revista da Língua Portuguesa, e Revista Cálculo. Vejam só que pérolas de uma e outra:

“A origem de @: O sinal tipográfico de arroba já existia antes de virar uma espécie de síntese visual da internet. Era sinônimo de peso, equivalente a 15 quilos, e veio do árabe ar-rub (“a quarta parte”). Ociosa nas máquinas de escrever, a tecla de @ foi associada aos endereços de e-mail por obra de Ray Tomlinson, da BBN Technologies, em 1971, como forma de separar o nome do usuário do nome do servidor. Em inglês, o sinal pronuncia-se “at”, que remete ao latim “ad” sinônimo de “em”, “para”. (fonte: revista da Língua Portuguesa, edição 93, ano 8, pág. 19).

“Premonição de Morte: Um brasileiro sonha com a morte de uma amiga. No dia seguinte, num acidente de carro, ela morre. Ele ficará chocado com a experiência, e provavelmente dirá que recebeu um aviso de Deus. Se for estudante de matemática, contudo, não se surpreenderá ao perceber que fez parte de uma coincidência, passível de explicação com fórmulas simples.” (fonte: revista Cálculo, ano 3, nº27,abril 2013, pág. 38).

Por falar em dormir, sonhar e matemática etc. e etc. Contaremos outra de Shyco Farias, o professor de Educação Física da Ufal, irmão de Capiá. Pra nós santanenses, o popular “Tamankinho”. Ainda, lá na Escola Mileno Ferreira, na hora de acertamos os relógios, recordava com muito carinho, do relógio da Matriz de Senhora Santana, que badalava seu sino no alto da torre da igreja para assinalar as horas. Contou-nos que, um certo cidadão boêmio, de nossa cidade. Sempre dado as farras. Certa vez, voltou pra casa altas horas da noite, justo na hora que a campânula tocou apenas uma badalada, que anunciava: uma hora da madrugada. No dia seguinte sua companheira quis saber:

-Que horas tu chegou esta noite, homem?

-Dez da noite.

-Deixe de mentira! Eu ouvi, o sino tocou só uma vez!

-Ôxente! E tu queria que o sino tocasse o zero!

Fabio Campos 23.08.2013

No blog fabiosoarescampos.blogspot.com Conto inédito em breve!

VENDEM-SE PRÉDIO (OU) TROCA-SE POR HIDRELÉTRICA!

Vou sugerir a Revista da Língua Portuguesa, o estudo de um tema interessante: A língua Lusófona e o mundo do crime. Pano pra manga tem muito. Vez outra, ficamos sabendo através das reportagens televisavas, de casos interessantes em que bandidos enviam mensagens, através do celular, e as vítimas um pouco mais atentas, descobrem que se trata de ação ilícita, justo porque o meliante “escorrega” na língua, na hora de redigir seu texto:

“VoÇê acaba de sÊ conteNplado com um prêmio de um carro. Basta depoZitÁ R$…”

Tipo assim, basta dominar um pouco nossa língua pra entender que empresas idôneas, não costumam ter no seu quadro de funcionário pessoas semi-analfabetas que saiam por aí enviando mensagens cheias de falhas escabrosas feito essa.

Ainda mais nas causas forenses, erros de português podem libertar como podem condenar. Lembro que quando estudei 8ª série (lá pelo ano 78) no livro da Língua Portuguesa tinha uma piada, em que numa cidadezinha do interior de Minas, o delegado havia prendido uma quadrilha de perigosos assaltantes, composta de um chinês, um peruano e um português. Daí o homem da lei envia um telegrama pra Belo Horizonte contando a façanha:

“Nóis prendeu os hômi. São trêis: um chinêis, um piruano, e u outro portuguêis.”

O chefe da polícia da capital, respondeu:

“Muito bem delegado. Mantenha-os presos. Amanhã iremos buscar, mas corrija o português.”

Resultado: O delgado mandou baixar o cacete no pobre do português.

Jô Soares sempre inicia seu programa da madrugada, com algumas piadas, a maioria sem graça, mas a gente com boa vontade ri, até pra libertar o espírito, pra ir dormir como a alma mais leve. E o próprio Jô falava outro dia que os portugueses entraram com uma ação contra nós brasileiros por essa discriminação em contar piadas, depreciando a inteligência dos nosso irmãos lusitanos. De modo que agora se a piada for de português mude para um argentino. Pois então lá vai uma:

“Um argentino veio de férias pro Brasil, lá ia ele numa autopista quando uma placa de sinalização o avisou: “DEVAGAR! QUEBRA-MOLA.” Nosso incauto condutor não se fez de rogado, acelerou o máximo o carro. A porrada foi tão grande na lombada que quebrou toda suspensão. O argentino, pegou tinta e acrescentou na placa: “CORRENDO TAMBÉM!”

Ainda ontem estivemos na Escola Mileno Ferreira, pra fazer parte da equipe dos fiscais da COPEVE, no concurso pra Pós-graduação da Ufal. Nosso comandante, de novo era ele, refiro-me ao carismático Shyco Farias, o popular “Tamaquinho” irmão de Capiá. De maneira singular, que somente um membro da família “sorriso” sabe, passou-nos as instruções. E pra descontrair entre uma história e outra, contou algunss fatos pitorescos:

“Quando alguém fala: “Ah! Você é da cidade que o povo colocou um jumento na praça! Meu amigo, pelo menos lá nós colocamos na praça, pior é na terra onde colocaram na prefeitura!”

E sugeriu diretamente a nós que colocássemos aqui. O saudoso vulto histórico dos fatos pitorescos de nossa cidade: “Lulu Felix, foi a capital paulista. Estava lá bem no centro de São Paulo começou a olhar pra um dos prédios mais alto. Um malandro aproximando-se lhe abordou:

-E aí “paraíba”! Quer comprar?

-Comprar, comprar não… mas troco na Cachoeira de Paulo Afonso!

Fabio Campos 19.08.2013

No fabiosoarescampos.blogspot.com o Conto: “A Menina Júlia”

 

Pelas ruas de Maceió

Parque Gonçalves Ledo, em agosto de 2013. (Autor)

Parque Gonçalves Ledo, em agosto de 2013. (Autor)

Navegando em cima de duas pernas, vamos inspecionando o Comércio da velha Maceió, fundada em 1609 e desmembrada da Vila de Santa Maria Madalena da Alagoa do Sul, em 1815. Sua elevação à condição de cidade, aconteceu em 9 de dezembro de 1839, graças ao movimento do porto de Jaraguá, por onde era exportado açúcar, tabaco e coco.

O Comércio pouco mudou em relação ao nosso tempo de estudante, em seu aspecto físico. Podemos dizer que a única novidade relevante foi o calçadão que veio com a finalidade de revitalizar o Centro, após o advento de Shoppings, pelos bairros. O costume da burocracia brasileira de concentrar tudo nas capitais faz-nos peregrinar repartição por repartição para resolver simplesmente uma folha de papel, graça a arrogância de chefinhos de repartições.

E vamos aproveitando para rever ruas tão faladas e prédios tão pouco conhecidos. Assim nos deparamos com a Rua do Sol, onde inúmeras vezes passamos na luta pela vida. Beco do Moeda, Rua das Árvores, Ladeira do Brito, denominações emplacadas pelo povo que ainda hoje resistem aos títulos oficias das vias.

Ali está o Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, onde entramos pela primeira vez, como estudante, pagando apenas uma quantia simbólica. Em segunda oportunidade, conversamos muito com o escritor penedense Ernani Otacílio Méro − que muito nos incentivou a migrar para a capital − prefaciador do meu romance “Defunto Perfumado”. Pela terceira vez adentramos aquele prédio para pesquisar sobre ”Lampião em Alagoas”.

Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, em agosto de 2013.  (Autor)

Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, em agosto de 2013. (Autor)

O Instituto é uma organização da sociedade civil dedicada ao estudo e à pesquisa nos diversos campos da História, da Geografia e das Ciências Sociais. É um edifício tombado pelo patrimônio estadual e fundado em 2 de dezembro de 1869. Abriga o mais representativo acervo iconográfico e documental sobre a história de Alagoas, além de conjuntos de interesse arqueológico e etnográfico, obras de arte, hemeroteca, fototeca, biblioteca e arquivo.

Mais acima um pouco, do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, o Parque Gonçalves Ledo que muito me impressionava na época. Não perdeu a beleza, porém, com histórias de tarados, drogados e outras coisas mais, anda um pouco deserto pela falta de segurança nos logradouros da cidade. Vamos navegar PELAS RUAS DE MACEIÓ.

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de agosto de 2013. Crônica Nº1068

Ponte do Urubu

Espaço começa a passar por obras (Foto: Assessoria PMSI)

Espaço começa a passar por obras (Foto: Assessoria PMSI)

Cochilando no ponto nos dias 13 e 14, estamos tentando recuperar o tempo perdido com um grito bom. É estampada finalmente a notícia do início das obras no chamado “Buraco de Nenoí” ou “Ponte do Urubu”, denominações populares sobre um terreno baldio em pleno centro comercial.

O local fica por trás dos muros de parte da Rua Tertuliano Nepomuceno, Rua Barão do Rio Branco, Rua Siqueira Campos e proximidades do Bairro Artur Morais. O terreno tem forma de anfiteatro, é cortado pelo riacho Camoxinga que hoje não passa de uma grande língua negra no trecho urbano que envergonha a cidade. Desmatado e futucado no final da administração 1993-96, com alegações de que seria uma praça multe eventos, o povo duvidava porque não havia tempo hábil.

Apenas uma ponte foi construída no terreno desbastado e, a cobertura do riacho nunca saiu do papel. Após cerca de dezessete anos de tanta imundície no centro de Santana, sem que uma única gestão colocasse pelo menos uma pedra na malfadada obra, eis que de repente acontece o inesperado: O anúncio da grande transformação. Com tanto abandono, lixo e águas negras, a população ainda chama o local e suas imediações de “Ponte do Urubu”.

A planta apresentada em um dos sites da cidade, não é muito esclarecedora. Esperamos que tenha sido feita por urbanista, engenheiro ou coisa assim e não por aqueles tipos sabe-tudo que sempre estão pendurados nas prefeituras, tão broncos como antigas paredes de igrejas. Após dezessete anos de espera, não se pode desejar mais um mostrengo para nos envergonhar mais ainda. O site não diz se vai haver cobertura do riacho Camoxinga naquele trecho. Não fala em saneamento e limpeza completa no núcleo e periferia, pois não queremos, com certeza, uma noiva de luxo com pés de lama. De qualquer maneira, louve-se a atitude do atual prefeito, professor Mário Silva, que apontou diretamente a fístula urbana para uma ansiada cirurgia, onde faltou a coragem e sobrou malícia em quem, podendo fazer não a fez. O prefeito sempre se baseou em Arapiraca, pois essa obra não deverá ser menor em nada em comparativo com as que temos observado e louvado como grandiosas e modernas na antiga Terra do Fumo. Outra obra que deverá coroar o trabalho do professor deverá ser o grande calçadão do comércio da Praça Emílio de Maia ao Mercado de Carne. Acontecerá?

Com a decisão sobre o Largo Cônego Bulhões, o professor Mário Silva dá uma prova que não vai ficar ESCOVANDO O URUBU.

Clerisvaldo B. Chagas, 13/14/15 de agosto de 2013. – Crônica Nº 1067

Agripa vitoriosa em Reunião

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de agosto de 2013.

Crônica Nº 1063

RIONo cair da tarde de ontem (6) a Associação Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA – órgão ainda não oficial, obteve calorosa e importantíssima vitória na reunião do auditório do INSS. Ainda enrijecendo seus primeiros passos, os Guardiões atraíram como reforços para os combates que virão importantes personagens que ocupam cargos relevantes e que poderão fazer a diferença entre o fracasso e o êxito da empreitada. Numa reunião vigorosa com o mínimo de protocolo, todos se sentiram à vontade para uma sessão de depoimentos emocionantes, afirmação de amor ao rio e compromisso até o fim do resgate desse afluente bi estadual do rio São Francisco.

Prestigiando a AGRIPA estava presente o prefeito, professor Mário Silva que por duas vezes, no início e final da reunião, firmou sério compromisso de apoio aos Guardiões. Sua afirmação foi o ponto alto de vitória para os organizadores, ocasião em que o prefeito foi bastante aplaudido pelo seu pronunciamento. Estava à mesa também o presidente da Câmara Municipal Tácio Chagas Duarte, vereador José Vaz, que, agindo igual ao prefeito, participou com alegria do encontro e prometeu apoio daquela casa ao que se propõem os defensores do rio intermitente Ipanema e seus afluentes urbanos como o Salgadinho, Salobinho, Bode e Camoxinga.

Outras pessoas ilustres abrilhantavam o evento como o advogado Cícero Angelim, representante da OAB em Santana; Selma Campo, à frente da Agência local do INSS; Manoel Messias, secretário do meio ambiente; Fernando Valões, diretor de cultura; professora Vilma, ex-diretora da Escola Estadual Profª Helena Braga das Chagas; historiador e escritor Marcello Fausto, diretor da mesma escola; Sérgio Campo, o pai da ideia; Ariselmo, jovem diretor de escola e entusiasta do Panema; Vaneube com o toque amigável do som e do incentivo; Cajueiro e Dona Joaninha, representantes de comunidade que vivem o surrealismo atual do “Pai de Santana”. Contamos ainda com representantes de outras cidades, como Piaçabuçu; professores Paulo César, Paulo Roberto, Lucas e Sueli Campos e ainda outras pessoas, cujos nomes não consegui anotar. O encerramento aconteceu com uma bela poesia recitada pelo poeta Ferreirinha, um dos mais animados defensores do Ipanema.

Nas próximas reuniões da AGRIPA, deverá ocorrer a organização interna como diretoria, nome definitivo, símbolo, estatuto, slogan, dia do rio Ipanema… Uma vez organizada internamente e legalizada a AGRIPA, os guardiões percorrerão todo o trecho urbano do Panema e seus afluentes de perto, em contato com as comunidades, onde deverão fazer um levantamento inteiro dos problemas que afligem a todos. Consequentemente os outros passos serão para a consciência das escolas, comunidades e povo em geral quando os Guardiões partirão para as ações definitivas e mais duras em cima dos laços que ora enforcam o rio Ipanema.

A Imprensa da terra esteve presente, através dos sites que disparam o nome de Santana para o mundo.