Foi inaugurado na noite desta terça-feira (10) a loja Almir Ferragens Home Center em Santana do Ipanema.
A solenidade de inauguração aconteceu no pátio da loja situada as margens da AL-130 e contou com a presença de autoridades, políticos, empresários, familiares. Na tribuna de honra registramos as presenças do empresário Almir Ferragens, Josinaldo Soares, presidente da Associação Comercial de Santana do Ipanema, Desembargados José Carlos Malta Marques, presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, Luciano Barbosa, ex-prefeito de Arapiraca e o deputado estadual Fernando Toledo. Registramos ainda as presenças do Dr. Durval Mendonça Júnior, Juiz de Direito da comarca de Santana do Ipanema, Dr. Cicero Angelino, presidente da OAB seccional Santana do Ipanema, DR. José Arrrais Onofre e esposa, empresários César Vital Aquino Barros (Casa O Ferrageiro), Adhemar Falcão Júnior (Mais Mármore), Advogado e ex-vereador Edson Magalhães, Dakson (jogador do Vasco da Gama), dentre outros. Na solenidade usaram da palavra o desembargador José Carlos Malta Marques, deputado Fernando Toledo, ex-prefeito de Arapiraca Luciano Barbosa e o prefeito Mário Silva, todos destacando a dinâmica empreendedora de Almir. O presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas Dr. José Carlos Malta Marques no seu pronunciamento disse que os pesquisadores em empreendedorismo têm que estudar as ações do Almir Ferragens, pois a visão futurista dele resultou nesse empreendimento que não deixa a desejar de nenhum nos grandes centros. “Almir escolheu a pacata cidade de Olivença ,onde o comércio não é tão expansivo, mas fez prosperar. alguém até pensou que não iria para frente, mas veja o que aconteceu” – enfatizou o desembargador. Após as falas foi exibido um vídeo com o histório do empreendimento Almir Ferragens. Encerrando a solenidade o empresário Almir Ferragens usou da palavra um tanto emocionado e alegre, como sempre o faz agradecendo a presença de todos, fazendo referencia ao pronunciamento do DR. José Carlos Malta Marques, fez agradecimentos especiais nominando os presentes. Finalizou dizendo que ama Santana do Ipanema e que o povo santanense o abraça sempre. Vamos juntos dar as mãos e caminhar juntos, pois seremos fortes – finalizou o empresário Almir Ferragens. O Padre Clejean Melo proferiu a bênção e na sequencia aconteceu o corte da fita inaugural e bênção e visita das instalações e coquetel.
Como foram explicados para os leitores, anteriormente, os trabalhos da Associação Guardiões do Rio Ipanema, foram planejados em quatro fases. Primeira, pesquisa no rio e seus afluentes urbanos. Segunda, apresentação da AGRIPA e entrosamento com representantes de escolas e comunidades santanenses (somente da cidade). Terceira, convocação das autoridades em geral e representantes da sociedade organizada para exposição pela AGRIPA da situação atual do rio, ouvir os presentes e estabelecer parcerias para salvar o trecho urbano do Ipanema. Quarta, ações efetivas contra as mazelas existentes.
A satisfação social acima é sempre necessária para quem acompanha os passos dos guardiões.
Acabamos de entrar na segunda fase do todo planejado. Durante o mês de janeiro, estaremos enviando convites para representantes de todas as comunidades, escolas estaduais, municipais e particulares, para o nosso primeiro encontro. Caso consigamos cumprir a terceira etapa no mês de fevereiro, com certeza, em março, toda a população estará ajudando a AGRIPA num trabalho sistemático de resgate do nosso mais importante acidente geográfico. E no dia 21 de abril Dia do Rio Ipanema, poderemos realizar uma grande festa.
Ontem, quarta-feira, mais uma sessão foi realizada na sede provisória, Escola Estadual Profª. Helena Braga das Chagas, Bairro São José. Foi aprovado por unanimidade patrono da AGRIPA, o defensor da Natureza, nordestino, padre Cícero Romão Batista e que também é Padroeiro das Florestas, do Greenpeace. Foi apresentado um mapa dos trechos motivos de trabalho dos guardiões, exclusivo e para melhor análise aos que procurarem conhecer de perto propostas da Associação.
Durante a sessão de ontem, tivemos a grata surpresa de recebermos o nosso primeiro visitante, Jailson “Balbino”, empresário no ramo de extração mineral. O empresário nos trouxe valiosas informações sobre o primeiro trecho urbano do rio Ipanema, onde desenvolve suas atividades. Teremos outros visitantes, sempre na primeira sessão das duas de cada mês. Em breve, novas notícias da AGRIPA.
A Rua Antônio Tavares tem nome do panificador Seu Tavares que negociava no Comércio. Morreu de desgosto ao passar três dias trancado onde residia ao ser desmoralizado pelo soldado Artur (O Boi, a Bota e Batina, História Completa de Santana do Ipanema). Contam que algumas pessoas pobres, querendo desconto, perguntavam quanto custava um pão. Seu Tavares respondia. O cliente insistia na pergunta indagando: “E dois, Seu Tavares?”. O homem tornava a responder, irônico: “Tá o besta! Tá o besta! Dois é mais! Seu Tavares era pai do deputado estadual, santanense Siloé Tavares, um dos invasores ao palácio no caso do Impeachment, governador Muniz Falcão. Em Santana estava entre os fundadores do bloco carnavalesco “O Bacalhau”, juntamente com Seu Carola e, nunca falou em vingança.
Talvez no mesmo lugar ou vizinho, surgiu a Padaria Royal, de ares modernos, comandada pelo empresário Raimundo Melo. A Padaria Royal na época era a grande sensação de Santana. Várias qualidades de pães surgiam como novidades, como o pão Roberto Carlos e o Pão Recife. As bolachas tipos cream-cracker eram vendidas em latas ricamente decoradas. Ao chegar o final de ano o freguês recebia como brinde um Pão Recife em forma de jacaré. Por se situar no comércio a padaria que também ficou conhecida como padaria de Raimundo, era frequentada naturalmente pela elite santanense. Raimundo Melo, cidadão que morava à Rua Nova, era sério, introvertido e homem de bem. A padaria Royal atravessou décadas em Santana sob o seu comando que ao se mudar para a capital, deixou em seu lugar Manoel Melo, cidadão moldado na escola pessoal e trabalhista do antecessor. Muitos anos após do início do comando, Manoel Melo, que também ficou conhecido como Mané da Padaria, foi acometido de um derrame que o deixou em recuperação difícil. Na luta diária que ainda enfrentou, ontem não resistiu ao chamado do pai maior.
Manoel Melo, apesar de comedido, prestou relevantes serviços a Santana do Ipanema, além de escrever seu nome na história das panificações e evoluções das massas no município. Evolução que vem de antes de Raimundo com o singelo costume de deixar os pães em sacolas penduradas às portas dos clientes.
Não conheci Seu Tavares, mas fico feliz em ter conhecido Raimundo e Manoel, cujo estabelecimento continua em outro ponto com o mesmo nome romântico do passado: PADARIA ROYAL.
A eterna rotina eleitoreira mal se aproxima e as cobras velhas procuram refazer os ninhos. Os alagoanos vivem mergulhados numa velha tradição implantada pelos coronéis do padre Feijó e os senhores escravagistas dos engenhos açucareiros. Antigos costumes que poderiam ter sido quebrados por governadores sertanejos com oportunidades de ouro às mãos. Mas é como diz hoje um matuto enriquecido no ramo de transporte alternativo, em nosso estado: “Mãe pergunta quem é que mexendo com mel não lambuza as mãos e prova da doçura?”.
É mesmo difícil de acreditar que o homem de bem entre na política e não se corrompa. Outros afirmam que o corrupto já existia com cara de bonzinho, faltava apenas à oportunidade reveladora. Assim, aquele que teve oportunidade de mudança, passou a ser um dos piores no antigo Palácio dos Martírios. Um cargo tão infeliz que procuraram mudar a roupa do hospedeiro. De Martírio passou a Palmares, como se a simples mudança de nome e lugar alterasse alguma coisa. Os hóspedes continuaram à tradição da porcaria enlameando a alma do herói negro Zumbi.
Quando publicam a batida cartilha das eleições, o analfabetismo, a violência, o descaso e a falta de apetite de governar, chegam rápidos à cabeça dos alagoanos. Vivemos uma política de raízes e troncos desumanos das quais ainda não conseguimos nos livrar. “A minha voz arrepare eu cantando, é a mesma voz de quando, meu reinado começou”, dizia o Gonzagão. Isso vale para o sistema de desmando que nesse pequenino torrão mantém eterna rolha no suspiro. Em vez de sentirmos orgulho pelos feitos de Zumbi, Floriano e Deodoro, temos vergonha de uma elite podre que não consegue deixar o poder há cem anos, passando procuração para filhos, netos e bisnetos deixando os caetés sem o escape morubixaba. O povo, o que pensa o povo? O que sabe o povo? Filho do torrão, perdido na injustiça, sem saúde, sem educação, sem porta de saída, sob a aflição perene dos mesmos. A única promoção é dentro do próprio circo quando deixa de ser aprendiz e passa a ser palhaço maior. Para eles, DANE-SE O POVO!
Lamentando ainda o desastre espacial brasileiro, acontecido em Alcântara, vamos colhendo novidades. Muita gente disse que aquilo foi obra de americanos, assim também como dizem que foi deles a culpa da disseminação do “bicudo” que acabou os algodoais nordestinos. Com as nações o mesmo com os humanos. Todos pagam pelo mal praticado, não tem bom. Caso o nosso país tenha o destino de ser grande, será grande, indiferente as sabotagens americanas. Espaço com muito prazer para o tema abaixo, trechos de artigo na Globo de Eduardo Carvalho:
“Com 3 anos de atraso, Brasil lança nesta 2ª feira satélite feito com a China
(…) “O Brasil e a China lançam na madrugada desta segunda-feira (9), à 1h26, hora de Brasília, o quarto satélite sino-brasileiro de recursos terrestres, o Cbers-3, com quatro câmeras que vão ajudar a monitorar o território brasileiro e suas transformações ao longo do tempo. O satélite será levado ao espaço pelo foguete Longa Marcha 4B, que deve decolar da base de Taiyuan, a 760 km de Pequim, às 11h26, hora local (…)”.
(…) “Quatro câmeras, de diferentes resoluções e capacidade de captação, vão coletar imagens com maior qualidade de atividades agrícolas e contribuir com o monitoramento da Amazônia, auxiliando no combate de possíveis desmatamentos ilegais e queimadas – foco de projetos ligados também ao Ministério do Meio Ambiente, como o Prodes e o Deter.
Se hoje o satélite Landsat, de propriedade da agência espacial americana (Nasa), demora 16 dias para registrar toda a Amazônia brasileira, uma das câmeras do Cbers-3 conseguirá imagens do bioma em 5 dias, com uma largura de 850 km cada. Duas das câmeras foram feitas com tecnologia 100% nacional.
“Ele vai causar certa revolução em termos de análise de imagens do Brasil”, disse José Carlos Neves Epiphanio, coordenador de aplicações do Programa Cbers (…)”.
(…) Distribuição gratuita de imagens.
Por dia, o Cbers-3 dará 14 voltas na Terra, no sentido Norte-Sul. Cada volta dura 100 minutos, segundo o técnico do Inpe. A cada 26 dias, o satélite terá mapeado totalmente o Brasil.
A produção do equipamento custou R$ 160 milhões ao Brasil, que tem 50% de participação no Cbers-3.
O esforço dos dois países, segundo o Inpe, tem o objetivo de derrubar barreiras que impedem a criação e transferência de tecnologias sensíveis impostas por países desenvolvidos.
De acordo com Perondi, apesar da parceria com a China, dados considerados estratégicos para o governo brasileiro serão restritos ao governo do Brasil, assim como informações consideradas importantes para a China serão enviadas apenas para os chineses.
‘Quando o satélite estiver sobre o país, estaremos gravando em tempo real com as quatro câmeras operando normalmente. E quando estiver sobre a China, somente eles irão gravar’, afirmou o diretor do Inpe.
A unidade do Inpe instalada em Cuiabá (MT) será responsável por receber do satélite as imagens para análise. Cerca de 200 pessoas do instituto estão envolvidas na operação do satélite.
O equipamento lançado na segunda terá vida útil prevista de três anos. O diretor do Inpe confirmou também que nos próximos dois anos será desenvolvido o Cbers-4, projeto que também deve custar R$ 160 milhões aos cofres públicos e que terá o objetivo de substituir o novo orbitador”.
Um velho homem se fazia, sentado numa velha cadeira de balanço, no alpendre duma rude casinha desaprumada, lá no sopé do serrote da Camonga. A colossal “Baronesa”, do escritor Clerisvaldo B Chagas compunha o fundo dessa cena. O sol a pino, em todo seu esplendor, de raios, a tudo desnudava, tornando livre de qualquer poesia. O rei dizia que já ia o meio dia. Crudelíssimo sol, a muito estriando o seio do árido solo moreno do sertão. A craibeira semelhante a uma gigantesca mão de uma bruxa, brotada dantescamente do ventre da terra. Crispada, pedia clemência pelos seus pecados. Um carro de boi na estrada, violino rústico compondo a melodia do sertão. O carreiro fez os animais, unidos pela canga, pararem a marcha. Apoiando a vara de ferrão no chão quente, olhou pra lá. Os bois da dianteira, um fio de baba se esticando do espelho da bocarra. Sopravam das ventas hálito de mato rumino. Meneio de cabeça, e um dos bois, olhou pra lá. O cachorro, negro de cor, lá adiante parou. Tentou morder umas pulgas que lhe incomodava nos genitais. Endurecendo as sobrancelhas brancas, olhou pra lá. E Deus que a tudo assistia, olhou pra lá. Olhavam todos para lá. Para o homem sentado na velha cadeira de balanço, no alpendre da casinha no sopé da montanha. E era Deus aquele homem.
O homem solitário. Barba branca, de alguns dias por fazer, olhava o horizonte, na direção donde o azul do céu se ia misturar com o lago do Bode. Onde caprinos pastavam na relva, e galinhas selvagens flutuavam na superfície d’água. Olhando pra lá, Ele apenas piscou os olhos, na própria lentidão da cena. Um milésimo de segundo talvez. Foi o suficiente. Os cílios das pálpebras, mal tocaram os cílios de baixo. Sequer os olhos se fecharam, e dez gerações haviam se passado. Um século adiante era o que o calendário dali por diante dizia. E Deus olhou pra estrada. Carro de bois, carreiro, cachorro pulguento, estrada, craibeira, nada mais havia lá. Nada do que antes existia tinha mais. Porém, O Homem, ainda estava lá. Sentado calmamente a cadeira de balanço, no alpendre da casinha. O solo continuava, castigado de sol causticante, inclemente. O escritor não mais existia, porém a senhora “Baronesa” continuava lá. Em toda sua imponência, de pedra, granito, ervas, envolta de clorofila. Ainda mais rica de lendas, histórias e mistério. E o limiar do primeiro ano que dera início aquele século, talvez parecesse com aquele que culminaria com o início da primeira grande guerra, cujos jornais do mundo noticiaram:
“28 de junho de 1914, o assassinato do arquiduque Francisco Fernando da Áustria, o herdeiro do trono da Áustria-Hungria, pelo nacionalista iugoslavo Gavrilo Princip em Sarajevo, na Bósnia, foi o gatilho imediato da guerra, o que resultou em um ultimato Habsburgo contra o Reino da Sérvia. Diversas alianças formadas ao longo das décadas anteriores foram invocadas, assim, dentro de algumas semanas, as grandes potências estavam em guerra; através de suas colônias, o conflito logo se espalhou ao redor do planeta.”
O Homem agora ia pela estrada que levava a cidade. Era dia, porém o céu que cobria o mundo se fazia plúmbeo. O ar pesado carregado de partículas poluentes era quase palpável, pouco respirável. Densa neblina de gás que anuviava as coisas todas que existiam. Cheiro forte de resíduos queimados, como se o mundo tivesse se transformado num imenso lixão. E a densa neblina cinza, escondia o céu, de um quase azul, azul sujo, encardido. Muitos elementos que no passado era abundante, passaram a ser precioso. Água era um deles. Os alimentos agora eram sintéticos. O combustível dos únicos transportes existente, os ônibus espaciais, era de origem atômico nuclear. Quando chovia, e isso só ocorria algumas vezes por ano, era chuva ácida. Água potável, só havia nos pólos da terra, no que restava das calotas polares.
As grandes nações haviam se apossado dos territórios gelados do planeta, formando a Triple Aliança: Estados Unidos da América e seus aliados se apossaram do pólo Ártico. Alemanha e China, mais outras potências européias e asiáticas, se apossaram da Antártida. Os países emergentes, depois da revolução religiosa agruparam-se em dois blocos. Um deles explorava o Oceano Atlântico, a água do mar, era parcialmente dessalinizada. Do mar se sustentavam. Outro bloco era formado por países africanos, e mulçumanos do oriente médio, formavam a maior organização terrorista do planeta. Exploravam o Pacífico. As notícias chegavam ao sertão com alguns anos de atraso. A rede internacional de computadores não havia mais. Como naqueles inícios de séculos do passado, o mundo passava por mais uma revolução industrial. Os grandes rios haviam secado. As usinas hidrelétricas não funcionavam mais, por falta de água. A energia ainda existente era de origem eólica ou solar.
Senhor Josevel e dona Mirian tiveram seis filhos. Belchior, Baltazar e Gaspar que tinha três irmãs Francisca, Jacinta e Lúcia. O ano de 2113 estava terminando. Havia sido um ano muito difícil. Naquele ano Seu Josevel faleceu. A família ficou amparada com os recursos que tinham. Prédios, que alugavam na cidade. E a exploração de minas de alumínio, cobre e enxofre. Instaladas num lugar inóspito. Perto de uma região que no passado, chamada de agreste. Descobriram mananciais de vários metais, próximo a uma urbanidade chamada de Jaramataia. A divisão dos bens causou grave desunião entre os irmãos. As irmãs queriam reter os prédios alugados somente para as três. Sob sua responsabilidade ficara a guarda da mãe, sofrendo mal de Alzheimer, em idade avançada e viúva. Os irmãos achavam injusta a divisão, pois as minas davam sinal de esgotamento.
O mês de dezembro, do primeiro ano do início daquele século, estava quase no fim. A uma casinha alpendrada, fincada no sopé da montanha da Camonga morava Donana e Seu Joaquim. Eles tinham uma filha única, chamada Maria. Eram devotados cristãos. Nesse tempo os cristãos eram perseguidos pelos Mulçumanos. A prática da religião católica era proibida. Padres, missionários e cristãos eram perseguidos e mortos. Tratados como bandidos. Missas eram celebradas as escondidas, em grutas e cavernas em lugares secretos. Os governantes recompensavam quem denunciasse o que eles chamavam de rituais, que atentavam, segundo os que comandavam, contra a lei, a moral e os bons costumes. Maria fora desposada por um rapaz chamado José. E a quase menina estava grávida. Estava para se completar os dias de dar à luz. José fora embora pra São Paulo. Viajaria dizendo que só voltaria quando tivesse juntado dinheiro, o suficiente para comprar uma casa. Carpinteiro de profissão pensava em montar uma marcenaria. Trabalhava com madeira sintética, produzida a partir de plásticos, prensado com outros materiais recicláveis.
Lá pras bandas do por do sol. Uma estrela mais brilhante que as outras surgiu no céu. E os filhos de Seu Josevel, amigos de Seu Joaquim e Donana, quiseram ir visitar Maria que estava para ter bebê. Levariam presentes. E pegaram seus cavalos, e rumaram pras bandas do Serrote da Camonga. Um carro de boi na estrada, violino rústico compondo a melodia do sertão, tendo ao fundo magnífico por de sol. O carreiro fez os animais, unidos pela canga, pararem a marcha. Apoiando a vara de ferrão no chão, olhou pra lá. Os bois da dianteira. Fio de baba se esticando do espelho da bocarra. Soprava das ventas hálito de erva ruminada. Meneio de cabeça, e os bois, olharam pra lá. O cachorro, negro de cor, lá adiante parou. Tentou morder umas pulgas que lhe incomodava. Endurecendo as sobrancelhas brancas, olhou pra lá. O homem sentado a cadeira de balanço assistia a tudo. E Deus olhava pra lá.
Não pairam dúvidas sobre a capacidade inigualável da economia capitalista globalizada em atingir especificamente quatro pontos: criar riqueza, expandir o crédito, estimular os avanços tecnológicos e assegurar o crescimento físico das economias de mercado. Com isso, fica enaltecido o dogma do progresso, consubstanciando de forma equivocada o padrão de vida humana numa perspectiva de acumulação material.
É correto afirmar que, ao menos nesses quatro pontos, a economia capitalista conseguiu nos últimos 60 anos dar provas incontestes de sua supremacia, principalmente no que toca a produzir riqueza e propagar o crescimento econômico.
Contudo, o que essa mesma economia capitalista não soube fazer com a mesma proeminência foi conciliar o crescimento econômico com a preservação ambiental, muito menos soube priorizar o combate à pobreza e à miséria, em lugar de promover, em caráter majoritário, a criação de riqueza, a produção de suntuosidades.
Razão pela qual há atualmente 14% (quase 1 bilhão entre 7 bilhões de pessoas) da população mundial passando fome diuturnamente, ocupando os bolsões de pobreza, margeando os mais indecentes níveis de exclusão social.
Se, por um lado, a economia mundial cresceu exponencialmente (saindo de um PIB global de US$ 5 trilhões, em 1950, para US$ 50 trilhões, em 2000, chegando a mais de US$ 73 trilhões em 2012) em termos de produção material, entulhando assim o mundo com diversas mercadorias; por outro, a destruição ecossistêmica, fruto desse exorbitante crescimento, não encontra precedentes na história do mundo, muito menos os índices de desigualdades socioeconômicas que se avolumam, criando, conforme aludimos, muito mais pobres e miseráveis do que “novos” ricos, ainda que a criação de riqueza seja incontestavelmente um ponto preponderante da economia capitalista globalizada. No entanto, frente às gravidades social, econômica e ambiental, a prioridade não é essa.
Especificamente em relação à destruição ecológica, a economia tradicional, sob a vestimenta do paradigma neoclássico, desde seu surgimento, principiado pela Revolução Marginalista (a partir de 1870), tem sido potencialmente nefasta no modo como faz a economia crescer, pouco se importando para com os custos e a dilapidação do patrimônio ecológico decorrente desse processo, até mesmo porque, se tem algo mais que a economia convencional fez (e ainda faz) com eficiência ímpar, é subordinar toda a biodiversidade ao instinto produtor-dilapidador da atividade econômica. Razão pela qual faz a economia crescer (materialmente), porém, ao custo de destruir (ambientalmente).
São diversos os estudos e análises que corroboram esse argumento. Apenas nas últimas décadas, de acordo com o Millennium Ecosystem Assessment (Avaliação Ecossistêmica do Milênio), 20% dos recifes de corais do planeta foram destruidos, e outros 20% completamente degradados. Apenas em 30 anos (de 1950 a 1980) mais terras foram convertidas em lavouras do que em150 anos (de 1700 a 1850).
Além disso, 35% das áreas de manguezais foram perdidas nas últimas décadas. Atualmente, 25% dos estoques de peixes marinhos comercialmente explorados estão sobreexplorados.
Por conta da pressão econômica em sempre produzir cada vez mais, há, como resultado, um considerável esgotamento dos serviços ecossistêmicos de provisão (lavoura, criação, pesca de captura, madeira, lenha, recursos energéticos, água, produtos bioquímicos e outros), bem como dos serviços reguladores (qualidade do ar, controle de erosão, purificação da água e tratamento de resíduos, entre outros).
Somente a partir de 1959, houve 60% de aumento na concentração de CO2 na atmosfera. Não obstante a esse estrago ambiental, nos últimos anos a desigualdade social deu saltos quantitativos insuportáveis. Atualmente, 1,1 bilhão de pessoas sobrevivem com uma renda menor que US$ 1 por dia; quase 1 bilhão de habitantes do planeta sofrem de subnutrição (consumo abaixo de 1900 kcal/pessoa/dia), e 2,6 bilhões não têm qualquer acesso a saneamento básico, não deixando de mencionar ainda a existência de 1 bilhão de pessoas que não contam com acesso à água potável.
Do outro lado dessa “moeda” chamada desigualdade, a riqueza grassa sorrateiramente a passos largos. Em 2012, o Credit Suisse Group (banco de investimentos sediado em Zurique) emitiu relatório intitulado Global Wealth Report 2012, apontando que a riqueza global foi estimada US$ 223 trilhões (dados de 2012). Possuindo entre cem mil e 1 milhão de dólares encontravam-se exatamente 344 milhões de adultos (equivalente a 7,5% do total de pessoas na maioridade no mundo). A pergunta que emerge dessas observações parece ser uma só: até quando suportaremos a distorção de um modelo econômico capaz de criar riqueza destruindo a natureza?
Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo.
A foto acima que ilustra a situação de seca no Rio Grande do Norte, faz lembrar um objeto não muito comum chamado “galão”. Com uma lata d’água pendurada em cada extremidade de um pau, este é conduzido nos ombros pelo sofredor. Mas a palavra “galão” tem vários significados, como por exemplo, galão de tinta, divisa dourada usada como distintivo militar e outros mais.
Por outro lado, o violeiro-repentista nordestino é valorizado pela criatividade em qualquer circunstância. Mostremos como primeiro exemplo uma cantoria que estava havendo numa fazenda. Era hora de arrecadar dinheiro e a cada nome assinalado pelos versos, vinha à pessoa para depositar num prato, ali no centro, uma significativa oferta monetária, após rasgado elogio do violeiro. Eis que havia ali no meio daquele pessoal, um senhor pobrezinho, pobrezinho que tinha apenas no bolso uma nota de pequeno valor. A esse tipo de nota o nordestino chama de “piniqueira” ou couro-de-rato. Joaquim, o pobrezinho, não quis, entretanto, ficar sem a sua colaboração diante do chamado do poeta. Ao colocar sua nota no prato, a criatividade do vate foi maior do que a sua misericórdia:
“Parece que seu Joaquim
Passou a noite no mato
Com uma faca amolada
Tirando couro de rato
Deixou o rato sem couro
Jogou o couro no prato”.
Pois bem, voltando ao caso do galão, dois poetas cantavam na feira, também pedindo dinheiro através das estrofes criativas, quando se aproximou um cabo e um tenente. Um dos vates iniciou a sextilha dizendo que iria promover o tenente a capitão, mas logo a estrofe tomou um rumo novo. Disse o repentista:
“Eu agora vou botar
Um galão nesse tenente…”
Mas o tenente não gostava de pagar a cantador, puxou o cabo e disse: “Vamos embora, deixe esse corno pra lá”. O poeta conseguiu ouvir e terminou a estrofe dizendo:
Escola Estadual Profª. Helena Braga das Chagas (Foto: Arquivo)
Ontem, dia 2 de dezembro, houve reunião de professores na Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas, Bairro São José. Ainda militando na área educacional naquela unidade, constatei a presença maciça de todos os convocados e ouvi frases como “atualmente é a melhor escola da cidade para se trabalhar”. Da minha parte o que sei é que o diretor, além de pulso, teve sorte de formar uma excelente equipe comprometida de fato com Educação. Ao término dos trabalhos pedagógicos, um lanche foi oferecido a todos, recheado de boa música nordestina. Tivemos a felicidade de contar com a visita do professor e novo escritor da cidade, Fábio Campos, ocasião em que foi abrilhantado esse encontro vespertino.
Caí na surpresa da turma quando eu mesmo já havia esquecido o próprio aniversário. Entre os parabéns planejados secretamente, tive que encarar as velinhas que marcavam meus “dezoito anos”, soprar as “teimosinhas” e partir o bolo! Que delícia, um aniversário lembrado por colegas e amigos.
Encerrada a primeira fase, ainda ficamos conversando até o anoitecer, eu Marcello Fausto, diretor, Fábio Campos e o professor Ivanildo, todos apaixonados por temas do Nordeste. Mais uma vez a Escola Helena Braga foi cenário de literatura e poesia especializada de Fábio Campos, cuja fábrica estava funcionando a pleno vapor. O telão mostrava Gonzaga, Zé Ramalho e outros monstros sagrados da música regional, alegrando à tarde sagitariana que chegava ao fim.
Discutidos os acertos para o final do ano letivo, um aprazível lugar foi apresentado para confraternização. Com certeza 2014 poderá ainda render boas novas para a escola do Bairro São José, de acordo com o planejamento e vontade dos seus militantes integrados. Se eu fosse mais jovem teria dito: FOI MASSA!
A região asiática de a Palestina estar formada dentro de um deserto onde a vida não é muito fácil. Sabemos que por mais inóspito que seja o lugar, nunca deixa de haver compensações. Os homens, porém, ainda neste planeta belo e selvagem, encurtam a sabedoria e esticam a intolerância. E as discórdias religiosas dos tempos bíblicos, prolongam-se pelos rumos atuais com o nome Deus na língua e o sangue na espada.
Longe, todavia, do Oriente Médio, outra Palestina enfrenta problemas comuns no Brasil, como a sabedoria política de todos os lados. Mas a cidade Palestina alagoana não é só política. É um núcleo populacional com mais de 5.000 habitantes, localizado em pleno semiárido, recebendo toda influência da Bacia Leiteira das Alagoas. Vive, como os demais vizinhos, do criatório de gado e da agricultura tradicional de milho e feijão. A cidade é simples, mas agradável e antes possuía o nome de Retiro. Servida por via asfáltica, a Palestina marca 174 km até à capital e convive bravamente com as secas periódicas. Tudo começou com uma fazenda de gado desde os tempos de 1880. Ali foi instalada primeiro uma mercearia e um entreposto de compra de cereais. Em seguida foi montada uma fábrica de laticínio que chegava a produzir 10 mil litros de leite por dia. Foi instalado ainda um descaroçador de algodão para absorver o produto local. Assim começou a progredir o conhecido Retiro de Cima. Um povoado logo surgiu formando sua feirinha, ainda em 1949.
Para quem gosta de passear, conhecer e se sentir bem com a simplicidade das cidades sertanejas, poderá fazer uma visita a Palestina, bem iluminada pelo sol, limpa, cheia de comidas regionais e outras atrações na feira semanal. A festa do Padroeiro, Sagrado Coração de Jesus, acontece no dia 29 de junho, sendo motivo de fé, alegria e orgulho para todos os palestinenses.
Estive ali algumas vezes, mas não consegui fazer o que muita gente dali gosta de aprontar: tomar banho no açude do DNOCS, em tempo de calor. Perto do rio São Francisco, o município fica um pouco afastado da rodovia, mas vale pela tranquilidade e acolhimento da sua gente. Nem só de eleições vive a PALESTINA.
Clerisvaldo B. Chagas, 02 de dezembro de 2013
Crônica Nº 1096
Sobre Clerisvaldo Chagas
Romancista, historiador, poeta, cronista. Escritor Símbolo do Sertão Alagoano.
Usamos cookies em nosso site para oferecer a você a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e visitas repetidas. Ao clicar em “Aceitar tudo”, você concorda com o uso de TODOS os cookies.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.
12 dez
0 Comments