Vamos para os 180 anos da morte do Imperador do Brasil D. Pedro I, de tantas peripécias. O filho de D. João VI governou o Brasil como imperador desde o famoso Grito do Ipiranga, 7 de setembro de 1822 até o dia 7 de abril de 1831. Nesta data, Pedro renunciou em favor do seu filho, o futuro D. Pedro II, e partiu para a Europa.
D. Pedro veio a falecer em 24 de setembro de 1834 com apenas 36 anos, depois de intensas lutas na península Ibérica. Era assistido sempre pelo seu médico particular Dr. João Fernandes Tavares (1795-1874), que emitiu o seu atestado de óbito e fez a autópsia. Dr. João Tavares, deixou escrito detalhadamente à saúde do ex-imperador do Brasil, o que o afasta da suspeita de ter envenenado o seu paciente.
D. Pedro sofria do fígado e tinha problemas nos rins. Passou por 36 graves quedas equestres, destacando-se uma em 1823 e outra em 1829. Nesta, fraturou costelas e perfurou o pulmão. Além disso, era epiléptico e não escondia esse mal de ninguém. Já perto de morrer, pelas dificuldades da guerra que empreendia, tinha bronquite, febre e tosse com sangue, sintomas da tuberculose.
D. Pedro faleceu no palácio de Queluz, arredores de Lisboa, no mesmo quarto onde havia nascido. Havia pedido para ser sepultado como general e não como rei. Seu coração foi retirado, embalsamado (como era seu desejo) e levado para a igreja da Lapa, na cidade do Porto, onde ficou dentro de uma urna.
Em 1972, seus restos mortais foram transladados para o Monumento Ipiranga, em São Paulo.
Em 2012, a arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel exumou os restos mortais de D. Pedro I para o Museu de Arqueologia da USP.
*Extraído e adaptado: Revista de História da Biblioteca Nacional, 9 (101): 18-26, fev. 2014.
Para não esquecermos a importância do dia de ontem: “A Igreja Católica proclama dois evangelhos no domingo de ramos: O primeiro, que narra à entrada festiva de Jesus em Jerusalém fortemente aclamado pelo povo; depois o Evangelho da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, onde são relatados os acontecimentos do julgamento de Cristo. Julgamento injusto com testemunhas compradas e com o firme propósito de condená-lo à morte. Antes, porém, da sua condenação, Jesus passa por humilhações, cusparadas, bofetadas, é chicoteado impiedosamente por chicotes romanos que produziam no supliciado, profundos cortes com grande perda de sangue. Só depois é que Ele foi condenado à morte, pregado numa cruz.
O Domingo de Ramos abre por excelência a Semana Santa. Relembra e celebra a entrada triunfal de Jesus Cristo em Jerusalém, poucos dias antes de sofrer a Paixão, Morte e Ressurreição. Este domingo é chamado assim porque o povo cortou ramos de árvores, ramagens e folhas de palmeiras para cobrir o chão onde Jesus passava montado num jumento. Com folhas de palmeiras nas mãos, o povo o aclamava ‘Rei dos Judeus’, ‘Hosana ao Filho de Davi’, ‘Salve o Messias’… E assim, Jesus entra triunfante em Jerusalém despertando nos sacerdotes e mestres da lei muita inveja, desconfiança, medo de perder o poder. Começa então uma trama para condenar Jesus à morte.
O povo o aclama cheio de alegria e esperança, pois Jesus como o profeta de Nazaré da Galileia, o Messias, o Libertador, certamente para eles, iria libertá-los da escravidão política e econômica imposta cruelmente pelos romanos naquela época e, religiosa que massacrava a todos com rigores excessivos e absurdos.
Mas, essa mesma multidão, poucos dias depois, manipulada pelas autoridades religiosas, o acusaria de impostor, de blasfemador, de falso messias. E incitada pelos sacerdotes e mestres da lei, exigiria de Pôncio Pilatos, governador romano da província, que o condenasse à morte.
O Domingo de Ramos pode ser chamado também de “Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor”, nele, a liturgia lembra e convida a celebrar esses acontecimentos da vida de Jesus que se entregou ao Pai como Vítima Perfeita e sem mancha para nos salvar da escravidão do pecado e da morte”. Leia também em clerisvaldobchagas.blogspot.com
Ontem, sexta-feira, às 17horas, na sua sede provisória, Escola Prof.ª Helena Braga das Chagas, no Bairro São José, a Associação Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA realizou a sua primeira sessão ordinária de abril. A sessão foi longa com vários assuntos a ser tratados, principalmente à recepção aos novos guardiões. Passados pelo teste de firmeza nos seus projetos em defender o meio ambiente, os sócios novatos foram aplaudidos delirantemente pelos veteranos.
Para que uma pessoa se torne guardiã do rio Ipanema, precisa ter seu nome apresentado por um padrinho do quadro, ser discutido e aprovado por unanimidade. Foi assim que os novos guardiões do rio Ipanema chegaram à Associação e participaram da reunião de ontem.
ANTONIO (EMPRESÁRIO,) DILMA E LUCINHA (PROFESSORAS), CHARLES (POETA) E GESSÉ (MAQUETISTA). (Foto: Assessoria Agripa)
A sessão foi presidida interinamente por Clerisvaldo Braga das Chagas, conduzindo-a de acordo com seu ritual: leitura da ata da sessão anterior, leitura do expediente, ordem do dia, palavra à bem da AGRIPA, tempo de estudos e avaliação final da sessão através do seu orador.
A limpeza do rio Ipanema, no dia 20 ou 21, através da Secretaria de Obras, marca um dos grandes objetivos da AGRIPA e apenas o início de resgate do Panema. Este foi um dos assuntos da ordem do dia, juntamente com a divulgação do Dia do Rio Ipanema, 21 de abril.
Ficou decidido também a cobrança à câmara municipal das leis ambientais do município e uma solução da CASAL e da Codesvaf sobre o esgotamento sanitários da cidade.
Os guardiões se preparam para uma visita à Capelinha para se juntar à luta dos Guardiões de Mata, à população e a um canal de TV, contra multinacional que objetiva extrair areia naquele povoado, cuja população e animais bebem água das cacimbas do rio.
O presidente em exercício lançou o projeto de condecoração da AGRIPA, em evento solene, sempre em seu aniversário, dia 10 de agosto, aos que muito fizeram pela AGRIPA e pelo rio Ipanema. O desenho, material e confecção da peça terá a concorrência de artistas locais e de fora e será representado pelo símbolo da AGRIPA, com o nome: Condecoração pote de barro. O símbolo da AGRIPA é uma homenagem a mulher, cabocla sertaneja, “carregadeira d`água” das cacimbas do rio Ipanema, desde a fundação da cidade até os anos 1960. A ideia foi aprovada por unanimidade.
Todos os novatos se comprometeram a lutar pelo rio Ipanema, riachos e o meio ambiente do município de Santana.
Duas ou três crônicas ainda não diriam sobre todos os assuntos tratados na AGRIPA, cuja sessão entrou pela noite e foi encerrada com poesia, forró e muitos aplausos.
No final, o orador Ariselmo Melo avaliou a sessão tarde/noite como altamente positiva. O presidente em exercício, Clerisvaldo Braga das Chagas, encerrou a sessão.
O regougar dos trovões na madrugada da última terça, trouxe constrangimentos e esperanças. Todo mundo tem medo do trovão assustador que traz consigo os perigos de raios matadores. As pessoas se metem debaixo da cama e os cachorros da rua, sabiamente, disparam para casa. E lá vai o ritual do povo esclarecido, desligando tomadas e se afastando de metais. A energia vai embora e volta várias vezes deixando assanhado o repouso noturno. João corre atrás da caixa de fósforos e Maria procura as velas no escuro. O calor abafado clama pelo ar refrigerado e, a muriçoca vinga-se das investidas humanas, atacando no breu. O sertanejo passa uma noite mal dormida e apela para o antigo abano de palha do tempo da vovó. Lá fora os sucessivos clarões no céu, mostram, entretanto, que as chuvas não estão muito perto, pelo menos em Santana do Ipanema que tanto precisa de boa chuvarada. A noite tortuosa finalmente vai embora e somente a “rebarba” do aguaceiro chega por aqui. Uma frustração. Mas as notícias aos poucos vão chegando de municípios vizinhos que receberam as cargas d´água em toda plenitude.
Ontem correu o boato de cheia no rio Ipanema com águas vindas de Pernambuco. Há muitos anos o rio sertanejo temporário não vem com uma grande massa d’água. De fato as águas barrentas foram chegando e tomando a largura da barragem, correndo pelas sete bocas da ponte firmada na BR-316, dentro da cidade, porém, não foi a cheia aguardada de tempos passados. A profecia do sertão diz claramente que quando o Panema bota cheia nessa época o inverno é bom. Pelo menos essa esperança permanece no coração do homem do campo que espera o final de mais um ciclo de seca em Alagoas.
O pessoal da Associação Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA esteve no Panema à jusante da barragem, enfrentando a fedentina insuportável do matadouro, filmando e fotografando a pequena cheia.
Todos os habitantes do sertão sabem como as chuvas são importantes para a lavoura, para o criatório, e o tema é uma constante da tradição interiorana. Fora o vaticínio das cheias do Ipanema para ser ano de bom inverno, também existem várias outras experiências que o povo sem rádio, sem televisão, sem Internet, aprendeu e ainda hoje repassa para a juventude sequiosa de conhecimentos. Com muita ou com pouca água é assim: PANEMA CHEIO, DÁDIVA CELESTE.
Em meados da década de quarenta, meus pais mudaram-se, do início da Rua Barão do Rio Branco, foram morar no Largo do Monumento, numa casa, defronte a capela de Senhora Assunção. Naquela ocasião eles eram o casal, e um filho. O primogênito, e que não era eu. Contava-me minha mãe, que a partir de então, os compadres passariam a afirmar: “-Vocês agora estão morando em bairro de burguês!”
Naquela época a Quinta do Monumento, nem tinha calçamento, somente a igrejinha ao centro, o quartel da Brigada Militar, sob o comando do Coronel Lucena Maranhão, que teria vindo da capital alagoana pro sertão, pra combater e acabar com o cangaço. Anos mais tarde, o quartel viria a ser a Escola do curso de Comércio, Santo Tomaz de Aquino, e depois o Ginásio Santana. Era tão somente isso o que existia por ali, naquele tempo. A casa dos meus pais e mais algumas poucas moradias. Um dia, minha mãe se punha sentada a porta, e observou o intendente Firmino Falcão, munido de uma fita métrica, e um ajudante, a medir uma área na frente das residências. Não demoraria e surgiria o “Pinguim”, graciosa lanchonete, alpendrada e lajeada que tinha uma espécie de coreto na parte de cima.
A casa. De fachada simples, quase sem eiras e beiras. Tinha janela e uma porta, e três cômodos: sala de estar, um quarto e a cozinha. Aos poucos meu pai foi aumentando, pois o quintal era tão grande que ia até o Largo São Francisco, que mais tarde viria a ser a Rua Marinita Peixoto Nóya. Dali avistava-se perfeitamente a Quinta do Maracanã, e a ladeira que subia até o cemitério Santa Sofia. Assim, quando morria alguém, dos fundos da minha casa, dava pra ver o cortejo subindo, subindo, até chegar ao Quinto das Tabuletas. A cisterna que tomava parte do nosso quintal foi demolida, pra dar lugar a mais três cômodos. A cozinha remodelada e ampliada. Outros dois cômodos eram quartos dos meninos e das meninas. Entre a nova cozinha e o quarto dos meus pais, acabaria ficando uma espécie de clarabóia que anos depois mudaria numa área verde. Antes disso ocorreu o episódio do furto.
A história do tal ladrão, contaremos com brevidade porque não é as desventuras de um reles larápio o ponto de convergência da nossa história. Foi num dia que Francisco, o primogênito, que embora já houvesse casado, naquela noite resolveu dormir em casa dos pais. Já ia alta a madrugada quando pelo quintal do vizinho, o gatuno, sem dificuldade alcançou a clarabóia. Entrou pela escadinha que Severino e Seu Zé Benjamin usavam para encher a caixa d’água do banheiro com água do Panema, trazida em ancoretas no lombo de jumento. Andou pela casa toda, no entanto levaria consigo, o relógio, uma corrente de pescoço banhada a ouro, a carteira, a calça e os sapatos do meu irmão. Já ia indo embora, e desistiu de levar a calça, deixou-a na escada. Largou também a carteira somente com os documentos.
A casa da minha mãe por esses dias teria passado por uma reforma. Já estava mais do que na hora de uma recuperação na sua infra-estrutura. A última que lembro, tinha ocorrido a cerca de quarenta anos. Foi próximo da revolução de 64. Naquela época notícias a uma cidade como Santana do Ipanema, encravada no sertão nordestino, chegavam através do telégrafo. A agência dos Correios, naquele 21 de março, recebera a notícia que os paulistanos tinham realizado na metrópole brasileira, a grande “Marcha da Família com Deus”, que reuniria cerca de quinhentos mil pessoas, manifestavam pela lei e pela ordem, e contra a transformação do Brasil numa república comunista do tipo adotada pelo ditador da ilha de Cuba, Fidel Castro. As Forças Armadas, Exército, Marinha e Aeronáutica, foram para as ruas, invadiram palácios de governos estaduais, marcharam contra as universidades e reprimiram com vigor e veemência os dissidentes políticos, taxados de golpistas e comunistas. Muita gente foi presa: intelectuais, escritores, artistas e políticos da linha dita de esquerda. Muitos deles foram deportados, outros conseguiram asilo político em países vizinhos, outros foram encontrar guarida em países da Europa e na América.
Em Santana do Ipanema, a revolução não passaria em brancas nuvens, também tivemos manifestantes nas ruas. Assim que a notícia da revolução se espalhou os estudantes foram pras ruas. O jeep da polícia realizou várias batidas, prendeu alguns boêmios, vários estudantes, e um professor. Alguns prédios públicos foram depredados e pichados. O prédio da perfuratriz ganhou um símbolo nazi-facista a suástica alemã, uma mão com o dedo polegar içado, e os dizeres: “Fora Comunistas!” Manifestantes haviam invadido o posto da Coletoria Estadual, móveis foram atirados no leito da rua, e queimados, juntamente com diversas pastas e documentos. Ainda naquele dia, da capital chegou um pelotão da Infantaria Motorizada, soldados do exército que teriam feito uma batida na cidade sitiada. Composta de dez homens, a guarnição trajava farda de cor cáqui, coturnos de cano longo, fuzis com baionetas e capacetes em forma de bola, o que possibilitaria o pejorativo apelido de “soldadinhos de cuia”. A varredura incluía revista a prédios públicos, escolas, estabelecimentos comerciais e mesmo algumas residências. Ao se negar ser revistado pelos soldados, no cassino A Lira d’Ouro meu pai foi preso.. Nesse tempo era banqueiro de jogos de azar, vivia do carteado. O farmacêutico Seu Carola, compadre de meu pai, não fazia muito, havia sido nomeado delegado. Teria conseguido um salvo conduto, para que fosse posto em liberdade, ficando sob sua custódia. Mas só depois de ter ficado preso por uma noite na Cadeia Pública.
Quando entrei percebi que minha mãe não estava só. Era sempre assim, sempre que ia lá eu a encontrava na presença de alguma visita, comadres, amigas do coral da igreja, amigas do grupo da “melhor idade”. Saboreavam café com torradas, ou comiam pipoca quentinha, a tevê ligada, porém ninguém assistia. Naquele dia não era nenhuma dessas companhias. Junto com ela havia duas pessoas. Conversavam com certa animosidade, riam. Aproximei-me. Sentada na sua poltrona, minha mãe olhou-me sorrindo. Pedi-lhe a benção. Abençoou-me. Noutras cadeiras de frente a dela, um chinês e um índio. Cumprimentaram-me com um cordial “Boa tarde.” Ressabiado retribui o cumprimento. Cuidaram em se apresentar.
Feng Shui e Aruwana. E tinham uma história pra contar. Pra tentar descontrair e possibilitar amabilidade, perguntei o que significavam seus nomes. O “Clamor do Vento e da Água” disse o chinês. “O que tem a “Língua-Dura-como-Osso” falou o índio. O chinês se iniciou no que tinha a dizer; “Amigo, somos viajantes, andarilhos pelo mundo. Viemos aqui trazer uma revelação: todo lugar no planeta tem uma vibração, libera uma energia positiva ou negativa. Se uma edificação é erguida próximo ao sopé duma montanha a energia se acumula, numa construção próxima de um rio haverá energia em constante movimento. No caso desta casa, construída próximo a um templo de oração as vibrações positivas se expandem num raio de cem metros. Todos os que nascem ou nasceram neste local estão ou foram revestidos desta energia. No entanto caso se afaste, ou vão pra longe precisam voltar com certa frequência aqui, para renovarem esta energia, que vai se gastando ao longo do tempo, até se acabar e passa a acumular no corpo a energia contrária, a negativa. Dessa energia divina é que dependem as suas, as nossas realizações pessoais, o encontro consigo mesmo, a paz e tranquilidade interior.
E chegou a vez do índio falar. “Amigo, venho de uma tribo politeísta. Meu povo acreditava em Cinco deuses: Hotí deus do fogo; Hatí deus da terra; Watí deus da água, Hér deus do Ar. Certo dia chegou na nossa aldeia, um homem de longas vestes pretas, chapéu preto, uma cruz pendurada no pescoço. Ele falou de um único Deus em quem devíamos acrditar. Falou da importância do jejum e da oração. Não dei valor a nada do que ele disse, além do mais disse-lhe palavras duras, daí ganhei o apelido de “Língua-Dura-Como-Osso”. E por castigo fiquei mudo. Num sonho fui visitado por um profeta que me perguntou: “Aruwana! Que rei tem quinhentos no começo e cinco no meio? Tens até a quinta lua pra responder. Passei quatro luas tentando encontrar a resposta. Quando clamei a Deus, Ele me respondeu, Aruwana, o rei que tem quinhentos no começo e cinco no meio é o rei Davi. E minha língua se soltou. E até hoje sou o que sou.”
Situado a 210 quilômetros de Maceió e a 300 da serra da Barriga, palco de luta do Quilombo dos Palmares, o município foi colonizado pelos arrendatários de terras e sesmeiros descendentes de portugueses. Pelo primeiro documento encontrado sobre Santana do Ipanema, datado de 1771, vê-se claramente que a região sertaneja já estava semeada de proprietários rurais instalados em léguas de terras selvagens que caracterizam o início do povoamento branco.
A área era ocupada pelos índios Fulni-ô ou Carnijós que habitavam o território da vizinha Águas Belas, Pernambuco. Os Fulni-ô foram acessíveis àqueles diferentes que chegavam ao Sertão. As raças foram se cruzando, formando o mestiço curiboca, mameluco ou caboclo, sendo esta última, a expressão mais usada até hoje. O caldeamento branco mais índio formou assim um novo tipo humano resistente de pele branca, queimada: o caboclo nordestino.
O gado há havia invadido o rio dos Currais e as pequenas ribeiras do semiárido alagoano, surgindo à figura destemida do vaqueiro, caboclo tratador do gado por excelência e que ao boi dedicou a sua vida. Foram assim formadas a origem e a descendência do povo santanense com a aristocracia rural branca de sangue português e a coragem bravia dos índios da caatinga.
Os negros em Santana, todavia possuem um elo que tentamos descobrir com o quilombo da serra da Barriga. É bem possível que Martinho Rodrigues Gaia, fazendeiro vindo da Bahia, tenha trazido escravos que ajudaram no abrir de picadas até Santana, em 1787, data da fundação da cidade.
Moradores do povoado negro Tapera do Jorge – AL (Foto: Clerisvaldo)
Entre 1640 e 1695 (morte de Zumbi) ocorreu o auge e as guerras dos negros refugiados na Barriga. Levando-se em conta a data de 1687, apenas 100 anos separariam o espaço entre os acontecimentos. É de se supor, contudo, que, tanto pela extensão do quilombo de Zumbi que ia até a foz do rio São Francisco, quantos pelos desertores das várias batalhas com os brancos, tivessem chegado por aqui os primeiros e esporádicos elementos ou representantes da raça negra.
Mas, nem todos os negros fugidos de fazendas iam para Palmares. Alguns, desorientados, procuravam apenas ficar o mais distante possível do patrão. Na realidade, negros por essas bandas já havia muito antes do primeiro documento, 1771. De qualquer modo a influência negra pode ter sido maior do que os vestígios deixados no Município nas décadas de 1940, 1950 e 1960. Negros em Santana eram tão raros que logo quando surgiram eram apontados com a palavra “negro” à frente do nome: “negro” Fulano, “negra” Beltrana”.
*Texto e imagens extraídos do livro “Negros em Santana”.
Finalmente a Associação Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA chegou ao início dos seus objetivos, planejados durantes meses. Assim como o rio Ipanema, trecho urbano foi dividido em seis partes, para melhor ser trabalhado pelos guardiões, o socorro também foi planejado por etapas. Primeiro remover o lixo doméstico, comercial e entulhos, além de uma campanha permanente. Depois virão outras fases como as das cercas de arame, construção no leito, pocilgas, esgotos, currais, lava-jato e mais. As escolas já estão aderindo ao resgate total do rio Ipanema e a população começa a sentir e a juntar-se à AGRIPA por uma melhor qualidade de vida.
Uma representação dos guardiões esteve ontem à tarde com a comissão dos festejos da emancipação política, levando sugestões para a inclusão do Dia do Rio Ipanema no programa da festa. Houve entendimentos e em breve serão divulgadas as atividades do dia 21.
Ainda na tarde de ontem o prefeito Mário Silva recebeu os representantes dos guardiões, quando se pôs à disposição para ajudar o resgate do rio Ipanema. Haverá uma grande movimentação nos areais do rio, principalmente entre o Poço Grande (acima da barragem assoreada) até a ponte molhada, imediações da Rua da Praia, parte mais crítica da zona urbana, incluindo trecho do riacho Camoxinga e Salgadinho. Campanhas deverão ajudar na mobilização de escolas, comunidades e população em geral.
Por outro lado, a AGRIPA esteve presente na palestra Lagoa Viva, através do seu orador, Ariselmo Melo. Segunda-feira, Ariselmo Melo e Sérgio Soares Campos, estarão guiando o pessoal do CAPS, num breve passeio em ponto apropriado do rio. A AGRIPA recebeu outros convites e ainda estará participando de encontro sobre resíduos sólidos, em Maceió e, ministrará palestra na Escola Cenecista, após entendimento com a professora Dilma. Hoje, os guardiões Clerisvaldo B. Chagas, Sérgio Soares Campos, Marcello Fausto e Manoel Messias, estarão novamente viajando com a reportagem da TV Gazeta de Alagoas, rumo à foz do rio Ipanema, para novas filmagens.
Os Guardiões do Rio Ipanema estão solidários com a população de Capelinha e seus Guardiões da Mata na batalha em que aquele povoado ora enfrenta contra os que querem dominar o rio Ipanema naquele trecho e matar suas cacimbas. Vamos à luta em defesa do maior rio que corta Alagoas.
Igreja matriz de Senhora Santana. Dali a alguns dias viveria a páscoa. Um pequeno andaime no interior indicava algum tipo de reforma. Diversas latas de tintas, esmaltes, pincéis num copo. Um pintor sentado sobre um tablado. De costas para a nave, concentrado no seu trabalho, pintava. Um céu intenso de luz, de um sol cádmio. Palmeiras, damascos, pinheirais diziam até onde iam os horizontes. Um lajedo compunha o relevo. Ciprestes afloravam do chão, somente aonde permitiam as pedras do solo. Os olhos do observador requisitados pelas duas figuras humana da cena, Jesus ao lado de uma mulher. Semblante sereno, sentado numa pedra. O filho de Deus tinha a face voltada para a madona, que se encontrava sentada no chão, apoiada numa cânfora. O epicentro da paisagem, um poço que havia ali.
Voltando no tempo, pelo menos umas duas décadas. Recordei que antes havia uma pia batismal naquele lugar. A paisagem, de antes, naquela parede representava o batismo de Jesus. João Batista, as margens do Jordão, de pé, muito sério, com cara de dissidente político, cabelo grande, barba cerrada, escura, trajado em peles de animais. Uma das mãos segurava um cajado, e com a outra despejava a água contida numa concha, sobre a cabeça de Jesus. Cabelos e barba castanha, envolto num manto, cor púrpura, a cabeça quase abaixada, os olhos serrados. Enquanto isso lá no céu azul claro, ornado de nuvens estufadas, uma pomba pairada no ar. De suas asas, o espírito santo descia sob a forma de luz. Aquela imagem, retida na mente desde a infância. Jamais esqueceria.
Jerusalém era aqui. Em Santana do Ipanema, tudo se parecia com a terra santa. Nas suas ruas estreitas, no sobe e desce dos becos escuros. Na tendas dos mercadores. Nos trajes coloridos, no sol, no clima semi-árido. Na escassez de chuva, na vegetação rústica, adaptada a esta temperatura. Nos chamados dias grandes, os sertanejos seguiam em romaria, pelos sertões. Em penitência por expiação dos pecados, peregrinavam a lugares altos, aonde houvesse um cruzeiro, iam rezando a ladainha, o santo ofício, a via sacra. A cada estação, as súplicas por misericórdia. Pedidos de perdão a Deus pelas atrocidades da humanidade inteira. Deles que carregam ex-votos, e deixavam-nos na primeira capela que encontrassem. Haveria quem carregasse por todo o percurso uma pesada pedra na cabeça, isso porque um dia uma graça teria sido alcançada, ou um pedido havia sido feito e esperava-se o benefício divino. Mães que vestiam seus filhos pequenos com trajes de frade franciscano. Imagens do padre Cícero Romão Batista, e do Frei Damião de Bozzano conduzidas sob sobrinhas coloridas. Um homem que padecera de um mal por muito tempo, uma vez curado, cumpria sua promessa, uma cruz de tamanho e peso da de Cristo carregaria até o Juazeiro do Cariri. Cheia de fitinhas coloridas presas ao madeiro, por aqueles que almejavam alcançar graças, por aonde o cortejo ia passando.
Verão bravo e ia o vento assobiando na caatinga, imitando o canto da fogo-apagô. Lá no alto o Cruzeiro, remetendo-nos ao Gólgota, lugar da caveira, ali ocorreria à encenação do calvário. Os vendilhões na porta da igreja e do mercado comercializavam os produtos mais procurados na época da quaresma. As iguarias para o feitio da ceia de páscoa, expostos no leito da rua. Coco seco pro preparo do peixe. Os compradores experientes com uma moeda batiam na casca dura, no tilintar do metal, descobriam se o produto estaria saudável. Rosários de coco ouriciri, umbu pra fazer a umbuzada. O olfato ofendido, e a presença de muitos cachorros vira-latas acusavam a proximidade das barracas de peixes. A balbúrdia, a barganha, os ânimos exaltados. O facão, a peixeira toque-toque aparando barbatanas extirpando vísceras. Pilhas de jacas e de melancias, frutas fartas de polpa pra depois do almoço da semana santa. O homem do campo sabedor da necessidade do jejum se abastecia de frutos e iguarias típicos da quaresma. Quem não observasse os preceitos religiosos, amplamente arraigados, eram taxados de Judas. Nos chamados dias grandes, vivenciam-se os preceitos do Livro de Levítico. A mulher deveria evitar as relações sexuais, antes, durante, e depois da menstruação. O homem que deitasse com meretriz, ou que houvesse contraído gonorréia seria considerado impuro, e jamais deveria aproximar-se do altar, até que estivesse limpo. As crianças de até um ano deveriam ser levadas pra serem circuncidadas. As meninas em idade púbere, mantidas dentro de casa. Não podiam banhar os cabelos, nem aparar os pêlos. Ou ainda usar cosméticos, nos lábios e unhas, nem ornar a cabeça com diademas, nem usar colares e brincos nas orelhas. Afazeres domésticos só depois do por do sol, a portas fechadas. A poeira do piso deveria ser varrida para detrás da porta, nunca jogada fora. Os animais não exerceriam serviço algum no campo. O leite ordenhado da vacaria deveria ser distribuído entre os pobres da vizinhança. O cavalo, considerado um animal impuro, podia ser usado como transporte, apenas em caso de necessidade.
“Por volta de 1000 a.C. os israelitas viviam nas terras altas situadas a oeste do rio Jordão. Onde atualmente fica o território da Jordânia. Segundo os Livros Sagrados os israelitas dividiam-se em doze tribos, que viviam em constante rivalidade umas com as outras. Estas tribos teriam sido unificadas pelo rei Saul, que foi sucedido pelo rei Davi, que por sua vez foi sucedido pelo seu filho Salomão. Depois da morte de Salomão, dez tribos do norte se separaram e formaram o reino de Israel, também conhecido como reino da Samaria. A principal festa dos samaritanos é a páscoa, como manda a tradição, o sacrifício do cordeiro, seguindo as normas consignadas no capítulo 12 do Livro do Êxodo, são seguidores até hoje, do Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia.”
Santana do Ipanema, assim como a Samaria nasceu de doze tribos, que se desenvolveram a partir de três necessidades básicas: os mananciais de água, o cultivo da terra e a atividade pastoril. Seis delas: Pão de Açúcar, Olho d’Água das Flores, Poço das Trincheiras, Riacho Grande, Dois Riachos e Santana do Ipanema, se iniciariam às margens de cursos d’água. São José da Tapera, Olivença e Ouro Branco, a partir do cultivo de feijão, milho e algodão. Carneiros, Maravilha e Palestina, da criação de gado bovino, muares e caprinos. Apesar de unificadas, acabariam um dia tendo que se separar. Dentre as 12, Três dessas tribos, possuem evidências de serem herança da tribo de Judá(a.C.): A cidade surgida as margens do rio Ipanema, sobre a égide de Senhora Santa Ana, avó de Jesus Cristo, a cidade de Tapera, seria do pai terreno do Filho de Deus, São José. E Dois Riachos, ainda hoje sob o auspício da sua Santíssima Mãe, Nossa Senhora da Saúde. A presença de Jesus, por estas paragens, estaria evidenciada nesta narrativa.
“Assim, chegou a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, perto das terras que Jacó dera a seu filho José. Havia ali o poço de Jacó. Jesus, cansado da viagem, sentou-se à beira do poço. Isto se deu por volta do meio-dia. Nisso veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: “Dê-me um pouco de água”. (Os seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.) A mulher samaritana lhe perguntou: “Como o senhor, sendo judeu, pede a mim, uma samaritana, água para beber?” (Pois os judeus não se dão bem com os samaritanos.) Jesus lhe respondeu: “Se você conhecesse o dom de Deus e quem está pedindo água, você lhe teria pedido e dele receberia água viva”. Disse a mulher: “O senhor não tem com que tirar água, e o poço é fundo. Onde pode conseguir essa água viva? Acaso o senhor é maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual ele mesmo bebeu, bem como seus filhos e seu gado?” Jesus respondeu: “Quem beber desta água terá sede outra vez, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Ao contrário a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna”. A mulher lhe disse: “Senhor, dê-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise voltar aqui para tirar água”. Jo 4, 5-15.”
Eu buscava uma frase do poeta, romancista e dramaturgo Ariano Suassuna, a fim de complementar um artigo que estava escrevendo no qual falava de esperança, quando me deparei com a frase acima, do escritor e jornalista italiano Antonio Amurri (1925-1992).
A frase me chamou atenção devido ao fato de ter ouvido na última sexta-feira (28) o discurso de um legítimo representante do povo durante a sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Santana do Ipanema. O tema era a falta de segurança na cidade.
Como um repórter ávido por noticia, o vereador anunciava na tribuna da Casa “em primeira mão” que uma casa lotérica da cidade tinha acabado de ser assaltada.
O parlamentar, que responde pela alcunha de Papa Tudo, falou de vários casos de violência que ultimamente tem acontecido no município, inclusive um ocorrido contra a sua família.
A Associação Guardiões do Rio Ipanema, – Agripa, a qual faço parte, tem se empenhado o máximo para chamar a atenção dos santanenses para um problema que, ao longo dos anos, foi se avolumando até se tornar, para muitos, sem solução.
A poluição que hoje observamos num trecho de aproximadamente três quilômetros, na zona urbana de Santana do Ipanema, começou, infelizmente, há mais de 40 anos quando o poder público municipal construiu o Matadouro Público Municipal em seu leito, onde, até hoje, restos de amimais abatidos são despejados, no que se tornou o maior esgoto a céu aberto do Sertão.
Pode-se até dar um desconto ao então prefeito Adeildo Nepomuceno Marques, responsável pela obra, pois nessa época não se falava tanto em preservação do meio ambiente como agora. No entanto, não se pode esquecer que essa atitude acabou incentivando outros moradores e administradores a não alimentar a consciência de prevenção ambiental.
Depois do matadouro, construído logo abaixo da ponte apelidada de “Barragem”, vieram as fossas domésticas, seguidas de outro enorme poluidor do rio, a fossa do antigo Hospital Arsênio Moreira. Descendo com destino ao São Francisco, o grande esgotão continua com o lixo comercial, além de pocilgas.
Nessas alturas do campeonato não adianta buscarmos culpados pelo estado deplorável em que se encontra o nosso rio Ipanema. Pensando nisso a Agripa entra em cena e sugere um pacto ambiental com a sociedade santanense: “Vamos salvar o rio enquanto há tempo?”.
A proposta da associação é apartidária; interessa a todos nós: brancos, pretos, índios, pardos, ricos, pobres, mulheres e homens. Quem ama não polui: eis a questão.
Quero parabenizar aos vereadores de Santana do Ipanema que neste dia 28 de março de 2014 participaram de um momento histórico: a aprovação do Projeto de Lei que cria o Dia do Rio Ipanema.
Essa atitude, com total apoio do vereador-presidente da Câmara José Vaz e seguida pelos vereadores: Mário do Laboratório, Heleno do Temperão, Dôra de Ubiratan e Zé Lucas, torcemos para que todos os santanenses, nascidos ou adotados pela terra de Senhora Santana, voltem a ter amor pelo rio que dá nome a cidade de maior representatividade no sertão alagoano.
Essa homenagem é o mínimo que podemos oferecer aquele que tanto nos deu, desde a instalação dos índios Fulni-ô e Carnijós à chegada dos colonizadores portugueses, no final do século XVIII.
Água para beber; material para construção de casas e praças; peixe para o alimento e lazer, isso faz parte da longa e bela história do rio Ipanema, parte importante do desenvolvimento de nossa cidade.
Em julho saldamos a excelsa padroeira Senhora Santana, e a partir de agora, em abril, saudemos o Rio Ipanema.
Salve Santana do Ipanema!
Sobre Sérgio Campos
Sérgio Soares de Campos, nasceu em 11 de novembro de 1961, em Santana do Ipanema, Alagoas. Possui crônicas publicadas em sites e livros como: À Sombra do Umbuzeiro e À Sombra do Juazeiro. É membro idealizador e cofundador da Associação Guardiões do Rio Ipanema (Agripa). Criou o projeto musical Canteiro da Cultura, lançado dia 14 de dezembro de 2019.
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15 abr
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