Iniciando a sua segunda edição, isto é, partindo para a fase direta de cobranças do poder público sobre o resgate do rio Ipanema e afluentes urbanos, a AGRIPA partiu para a guerra. Convidou através de ofícios protocolados, todos os nove vereadores de Santana do Ipanema, a Secretária de Saúde, a Secretária de Ação Social, o Secretário da Agricultura e Meio Ambiente, o representante da CASAL e o presidente local da OAB.
Foto: Assessoria Agripa
O encontro aconteceu ontem (21) às nove horas no auditório da prefeitura, inclusive com a presença espontânea do prefeito, professor Mário Silva, que, mais uma vez, afirmou seu apoio total aos Guardiões do Rio Ipanema.
Logo após o início do encontro, o presidente da AGRIPA, Sérgio Soares Campos (por problema particular) passou a presidência para o vice-presidente, guardião Clerisvaldo Braga das Chagas que conduziu o encontro até o final. O debate aconteceu num clima de duras cobranças por parte da AGRIPA, mas num clima respeitoso, agradável e de alto nível.
Foram lidos e entregues pela Associação às autoridades, lista detalhada dos problemas encontrados em cada um dos seis subtrechos urbanos do rio Ipanema e outra lista lembrando as atribuições de cada órgão convidado pelos guardiões. Foi dito na reunião que os santanenses querem seu rio e afluentes limpos de volta: sem lixo, sem cercas de arame, sem pocilgas, sem estábulos, sem construções debaixo de pontes e na foz de riachos e do Panema, sem fossas despejando noite e dia em seus areais. O santanense quer ainda providência urgente quanto ao derrame da fossa do hospital na pobreza da Cajarana e do antigo hospital dentro do leito do Ipanema; época de defeso para a pesca predatória; investigação sobre a extração de areia; urgência na transferência do matadouro e outros problemas graves, cuja população ribeirinha grita através da voz da AGRIPA.
Foto: Assessoria Agripa
Atendeu ao chamado do povo, representado pela AGRIPA, os vereadores José Vaz, Dôra de Ubiratan e José Lucas. (E os outros?). Os três vereadores presentes afirmaram compromisso com a AGRIPA e o meio ambiente e vão procurar elaborar as leis ambientais do município.
O Coordenador da CASAL, José Arnaldo, também se saiu muito bem ao falar de tudo que está acontecendo no caso do saneamento. Como estava sozinho na luta, agora tem o apoio da AGRIPA e dos vereadores que compareceram para pressionar a responsável (Codevasf) pelos serviços citados.
Foto: Assessoria Agripa
O Secretário da Agricultura e do Meio Ambiente foi representado pelo Diretor Manoel Messias que explanou as dificuldades encontradas naquele setor.
Por parte da OAB, o seu presidente local, Dr. Cícero Angelino, parabenizou o trabalho dos guardiões e se prontificou a assistir juridicamente a AGRIPA, inclusive até através de órgão federal.
Os guardiões agradeceram a todos os presentes e lamentaram apenas pela ausência da Secretária de Saúde, da Ação Social e dos vereadores que seguiram o mesmo caminho.
Lá fora, ao saber das ausências e do não envio de representantes para o debate, os faltosos foram alvos de piadas grosseiras e chacotas por parte de alguns populares. Nada a AGRIPA tem com isso, mas a obrigação de dizer quem compareceu e quem faltou, tem sim. Esses foram os eleitos pelo povo e os indicados para os cargos que ocupam.
Três problemas ainda não resolvidos maltratam a nossa qualidade de vida, afora outras coisas amplamente denunciadas. Caçambas, carroças, caminhões e carro de boi ainda circulam pelas ruas da cidade, transportando areia, sem lona protetora, emporcalhando ruas, bairros e centros de Santana do Ipanema, a capital do sertão alagoano. Ao mesmo tempo em que almejamos uma cidade limpa e civilizada, indagamos quais são os órgãos responsáveis pela defesa do povo e contra essa afronta à população. O leitor saberia responder?
No momento em que muitos outros lugares já estão orientando os seus habitantes a recolherem o óleo usado de cozinha, continuamos capengando. Todo o óleo de cozinha, em Santana do Ipanema, após o uso, vai escorrer pelas pias e poluir mais ainda o rio Ipanema. Você sabe, amigo, quais os órgãos responsáveis do governo municipal que deveriam nos orientar e providenciar isto? Dê um palpite?
Por último, somente para falarmos sobre esses três problemas, o que o cidadão santanense faz com as pilhas usadas? Sabe não? Joga-as no lixo e que vão para o lixão do povoado Areias Brancas ou diretamente no rio Ipanema, riacho Camoxinga e Salgadinho, para falarmos somente da sede municipal. E você sabe qual o órgão responsável pela orientação de como se livrar das pilhas usadas? Adivinhe!
Vamos, caros santanenses, gritar, berrar aos responsáveis pelos direitos a que todos nós temos por melhor qualidade de vida. População calada é população morta, pasto fácil para os que têm compromisso apenas com o bolso e a vassalagem. Desperta Santana, dessa torpeza de apenas pão e circo! Vamos marchar juntos apontando a quem cabe resolver e ORIENTAR A POPULAÇÃO.
Iniciando a nova fase de sessões semanais, sempre as segundas, às 19 horas, a AGRIPA abriu a semana muito mais objetiva. Após leitura e aprovação da Ata da sessão anterior e apresentação do Expediente, o presidente em exercício, guardião Clerisvaldo Braga das Chagas, abriu as discussões na Ordem do Dia com dedicação exclusiva ao encontro com autoridades locais. Os guardiões presentes sentiram com seriedade que a partir da próxima quinta-feira, todos estarão com tinta preta no rosto em sinal de guerra, se preciso. É que, após a fase de organização interna, palestras, entrevistas, esclarecimentos e primeira limpeza do lixo doméstico e comercial do rio Ipanema, os guardiões entram na etapa crucial das batalhas.
Como sempre, primeiro, propostas de parcerias com autoridades e orientações às populações mais próximas ao rio Ipanema e afluentes urbanos. Depois, uso de todos os meios precisos contra todos os órgãos públicos, municipais, estaduais ou federais que não mostrarem boa vontade em cumprir o dever sobre o rio Ipanema. Acampamento, movimentos de rua, rádios, televisão, sites, blogs, IMA, IBAMA, Ministério Público, OAB, com denúncias constantes e sem trégua, serão alternativas para os guardiões.
A AGRIPA convidou oficialmente, todos os vereadores de Santana, a Secretária da Saúde, da Ação Social, secretário do Meio Ambiente e representante da CASAL porque esses órgãos são responsáveis diretos pelos meios de resgate do rio Ipanema e seus afluentes. A reunião deverá acontecer na quarta-feira, dia 21, a partir das 9 horas no auditório da prefeitura, para uma avalição e posicionamento de cada órgão convidado. A OAB também confirmou sua presença, o que assegura pelo visto, um encontro esclarecedor e decisório de alto nível.
Passados alguns dias desse encontro, a cobrança não dará tréguas com todas as opções possíveis. Será a segunda edição da AGRIPA.
Saindo da Ordem do Dia e entrando na Palavra A Bem da AGRIPA, o guardião Ariselmo de Melo falou sobre os guardiões de Capelinha; o guardião Marcello Fausto trouxe inúmeros incentivos de pessoas altamente influentes da sociedade; a guardião Edilma Gomes sugeriu contato com a ONG Canoa de Tolda e, a guardiã Vilma de Lima, propôs que a primeira noite festiva com os familiares dos guardiões aconteça na última semana de junho, tendo sido aprovada a proposta.
O guardião Marcello Fausto, preencheu o Tempo de Estudos e, em seguida, nada havendo mais a tratar, o presidente interino Clerisvaldo Braga das Chagas passou a palavra ao guardião e orador Ariselmo de Melo para suas considerações e em seguida encerrou a sessão.
O povo banto, da região do atual Camarões, África Central, migrou para o sul daquele continente. Atualmente os bantos ocupam partes da República Democrática do Congo, Angola e faixa setentrional da África do Sul. Essa migração durou, aproximadamente, 2.500 anos. Enquanto estudiosos achavam que essa ocupação era devido ao conhecimento dos bantos com a metalurgia, outros dizem que esse conhecimento foi adquirido durante essa expansão.
Os bantos tornaram-se conhecidos através da perfeição das obras de arte como esculturas, tronos, cajados e máscaras.
No Brasil, como escravos, foi grande a contribuição dos bantos, principalmente no idioma, na música e na culinária. Das suas origens chegou até nós às palavras: moleque, camundongo, marimbondo, macaco, cochilar… E influência culinária como jiló, quiabo, melancia, azeite de dendê e feijão-fradinho.
Na tradição africana, a figura do ferreiro ganhou destaque. Os bantos tinham o ferreiro em grande monta, não somente pela capacidade da produção do ferro, mas também pela capacidade de o ferreiro extrair esse material do seio da terra. Sendo assim, deveria ele, o ferreiro, também saber lidar com as forças e os espíritos da própria natureza. Para os bantos, o ferreiro era tão respeitado que até mesmo reis se diziam ferreiros para adquirir maior confiança dos seus súditos.
Em Santana do Ipanema, a profissão de ferreiro sempre foi rara. Um ou dois para a população da cidade, como acontece nos dias atuais. A visita a um ferreiro só vai quem tem negócio. Os dois últimos que ainda faziam sucesso por aqui, um morava no Bairro Camoxinga e, segundo o povo, só trabalhava quente que nem o ferro que batia na bigorna. Uma cachaça da peste! O outro ficou famoso mais pelo apelido de que mesmo pela habilidade com a profissão. Trabalhava no início da Rua Prof. Enéas e atendia pelo belo vulgo de “Pé-Espaiado”.
O sertão voltou a vê barbeiros, espécie quase extinta que retornou à vida através de cursos do governo. Mas o homem que bate ferro, diferente do povo banto, continua raridade aos olhos do sertanejo. Você conhece algum ferreiro? Já conversou com ele? Sabe onde fica sua tenda? Ele é mesmo de carne e osso? Você acredita de verdade que esse ser existe? Então nos responda, fazendo uma comparação entre Brasil e África: QUANTO VALE UM FERREIRO?
Entre nomes diferentes que saem da nossa rotina, alguns se fixam na memória. É o caso de Pompeu. Quando menino ouvia a garotada cantar e até cantava também na rua, a quadra:
Dona Mariquinha
Cadê Pompeu?
Pompeu foi à rua
Os arubu comeu…
Parecia u’a marchinha boa de cantar que era uma beleza! Contudo, eu nunca soube quem era dona Mariquinha, quem foi Pompeu e como e porque os “arubu” haviam devorado o sujeito. Talvez até a quadrinha fosse cantiga de palhaço de circo, daqueles mais sem vergonhas possíveis. E eu com isso!…
Dona Mariquinha
Cadê Pompeu?…
Enquanto o eco permanecia esvoaçando pela Rua do Sebo, a primeira de Santana do Ipanema, o menino estirava-se para cima.
Quando adolescente estudei a história de outro Pompeu.
Este era filho de um homem enriquecido que veio do meio rural, tornou-se senador e cônsul de Roma, cuja elite não olhava com bons olhos essas pessoas porque, segundo ela, os campesinos não tinham sangue nobre. Pompeu foi criado nos acampamentos, acompanhando a trajetória do pai. Quando este morreu deixou a fortuna pra o filho que começou a fazer carreira militar logo cedo. Como o progenitor, era olhado com desconfiança pela elite de Roma, porém, venceu tantas batalhas que foi considerado um herói popular.
As aventuras de Pompeu (que chegou a senador, cônsul de Roma e general, daria um filme épico grandioso). Conseguiu até ser um genro de Júlio César e com ele fez aliança. No final das suas campanhas foi derrotado pelo próprio César, refugiou-se no Egito e foi assassinado por antigos companheiros de armas.
E foi lá na loja de tecidos do meu pai, aonde muitas pessoas importantes chegavam à quinta porta – mais larga e mais alta – e faziam o “senadinho” diário. E ali, de vez em quando se encontravam os boiadeiros como Arnóbio Chagas, Lucas, Enéas e Pompeu. Fora esse último, jamais encontrei no sertão outra pessoa com o nome Pompeu. Era famoso em acertar pedradas, usando a mão esquerda; alto de fala mansa e arrastada. Quando ouvia e todos calavam, ele iniciava a sua conversa ou não, mas sempre com a frase se arrastando pausadamente: “Eu-vou-dizer-uma-coisa…”;
Da adolescência para cá, nunca mais vi Pompeu. Mas ultimamente descobri gente tão alta quanto ele. Fiquei muito surpreso em saber que aquele homem com quem eu palestrava era filho de Pompeu. Então, veio à cabeça tudo de uma vez: “Dona Mariquinha…”; general Pompeu; boiadeiro… .
Quando cheguei encontrei Thomas na sala. Dei-me conta que estava chorando. Era um choro desatado, incontido. Choro assim carregado de sentimento, de perda. Seu pequenino corpo tinha-o debruçado sobre o sofá. De joelhos, o rosto entre as mãos. Lápis de cor espalhados pelo chão. Uma folha de papel almaço, garatujada de traços e rabiscos. Ao perceber minha chegada, ainda chorando, virou o rosto e disse: “-Vô! Eu não consigo terminar meu Tiranossauro rex.” Quis saber, dentre tantas coisas que havia lá, qual era o dinossauro, que infelizmente não teria vindo ao mundo por completo. Por imaturidade do inventor, no seu gênesis jurássico.
O indicador da destra apontou um círculo pintado de verde, com outros círculos menores na parte de dentro. Prontificou se a explicar. “-Vô! Eu consegui fazer a cabeça. Isso aqui são os dentes. E aqui os olhos! Faltam ainda as patas! As patas não consigo!” Rebusquei meus arquivos memoriais, e a figura do rei dos dinossauros surgiu-me ameaçadora. Constatei que na hora de criar o monarca do período Triássico, da Era Mesozóica, Deus, assim como meu neto Thomas, caprichou nas arcadas dentária, porém suas patas dianteiras pareciam atrofiadas. Ainda uma lágrima descia, entre um e outro soluço. E de repente, um raio de luz entrou pela janela atingindo-nos em cheio. Tive a sensação de estar encolhendo. Infelizmente não era apenas pressentimento, realmente havíamos encolhidos. O feixe de luz nos fez deslizar, até a superfície de papel. E lá estávamos agarrados em galhos azuis, de uma árvore exótica, que liberava um cheiro forte. Eram galhos duma árvore pintada com tinta azul de metileno. E tinha a árvore frutos parecidos com maçãs, só que maiores, e blues. Olhando pro horizonte vi uma imensa bola cor de ouro. Dum amarelo intenso, cor de cádmio. Era um sol, cor e luz, porem não liberava calor. Um astro rei sem quentura. Fomos parar num mundo, onde as plantas não realizavam fotossíntese, nada era verde, não possuía clorofila. Thomas quis saber: “-Vô! Onde estamos?”
“-No seu desenho Thomas!” Com algum esforço descemos da árvore. O chão onde pisamos era macio, todo branquinho como neve, porem não havia frio, nem umidade. Uma neve que não era neve. Como de pipoca o chão, de uma superfície tão alva que doía. Iniciamos uma caminhada, sem ter a menor idéia pra que lado devêssemos ir. Ocorreu-me que a qualquer momento poderíamos encontrar um dos bichos desenhado por Thomas. Melhor seria não ter pensado em nada. Nem bem fechei o pensamento, e um carro surgiu no horizonte. Os faróis acessos o que primeiro vimos. E veio vindo, sem fazer o barulho característico dos carros, porque não tinha motor, portanto não liberava dióxido de carbono na natureza. Um menino cor de grafite, porque desse mineral era do que era feito, ao volante. O carro andava de modo desengonçado, como se fosse se desmontar a qualquer momento, porque os pneus eram círculos irregulares, imperfeitos. Feitos de caneta hidracor de cor lilás. Nesse momento Thomas sorriu, pois reconheceu o piloto. Disse-me que se tratava de “um velho” amigo, Diego. Na verdade, acabavam de encontrar-se criador e criatura. Um fraterno abraço selou o encontro dos dois. E como se pareciam!
De repente uma nuvem negra, cobriu nossas cabeças. Que nuvem que nada! Eram centenas de Pterodáctilos! Mais que depressa Diego nos fez entrar no seu carro, cuja lataria se constituía de riscos de caneta esferográfica! Era o que manteria nos protegidos dos pré-históricos pássaros carnívoros. Permanecemos ali até findar a revoada dos pterousauros gigantes. Uma vez que se foram, voltaram os amigos à conversa. Diego queria saber como Thomas tinha ido parar na “Terra do Onde-Tudo-Era-Possível”, assim chamada segundo ele, porque do branco tudo podia surgir. E disse mais: “-Naquele mundo, todos temiam o lápis preto. Tida como a cor símbolo das trevas, devorava tudo que era luz.” Todos seres daquele lugar fugiam do nanquim, como o diabo foge da cruz! Thomas disse-lhe apenas como tudo tinha ocorrido que estava na sala mais o avô, quando uma luz atingiu-os e eles encolheram. Diego disse não entender o que havia ocorrido, mas que na “Terra do Onde-Tudo-Era-Possível” lá para além da montanha Branca, morava o mestre dos Magos que com certeza sabia o que tinha acontecido. O problema era encontrar a montanha Branca, num mundo onde, até aonde a vista podia alcançar, tudo era branco.
De volta ao carro de Diego, iniciaram a jornada em busca da alba montanha onde morava o mestre dos Magos. Não andaram mais do que umas vinte jardas, vencendo a neblina da neve, que não era neve. E os faróis alumiaram uma imensa montanha verde. Ora! Se o sol não emitia calor como nascera planta ali? “-Cuidado vô! A montanha está se mexendo!” Que montanha que nada! Nossos incautos heróis tinham acabado de encontrar o Tiranossauro rex inacabado, de Thomas. Como não tinha as patas inferiores permanecia deitado, porém movimentava a cabeça para um lado e para o outro. Thomas aproximou-se. Desta feita foi a vez do avô cobrar-lhe cuidados. O menino de carne e osso, disse ao “vô” para não se preocupar, seu dinossauro não comia carne (pelo menos não a dele!). O dinossauro era amigo. Dócil, queria saber do seu criador, quando pretendia terminá-lo. Não via a hora de sair andando pela “Terra do Onde-Tudo-Era-Possível.” Assim que encontrasse um jeito de crescer, e voltar ao mundo dele, e do avô, respondeu-lhe Thomas. O Tiranossauro rex então disse: “Ora! Não é à toa que me chamam de rei!” E concluiu: “-Na ponta da minha cauda tem um osso pontiagudo, em forma de lápis. Tudo o que um menino traçar sobre o branco com ele, vira realidade.” Pegando a ponta da cauda do dinossauro Thomas desenhou no chão branquinho, um par de patas traseiras pro dinossauro. Disse-lhe o avô: “-Dê-lhe o nome de Renato, porque significa renascido.” Desenhou também um par de asas mecânicas gigantes e colocou-as no carro de Diego. E voaram até a montanha do Mago da “Terra do Onde-Tudo-Era-Possível”.
No terceiro dia de jornada encontram o castelo. O mago recebeu muito bem os estrangeiros em seu palácio. Depois de ouvir a história, explicou o que havia acontecido: “-Todo ano que termina com o número quatro; quatro planetas do sistema solar se alinham. Exatamente na metade do outono quando, faltam quarenta dias pro solstício de verão no hemisfério sul. Se no exato momento do alinhamento, um menino que tenha quatro anos, iniciar um choro, por um motivo muito necessário, em qualquer parte da terra, desencadeia-se um campo de energia cósmica, do espaço sideral que faz com que aquela criança, e quem dela estiver próximo encolha. O problema é o antídoto. É preciso que a bisavó da criança esteja pensando nela, no exato momento do realinhamento, quando a terra e os outros três planetas voltarão as suas órbitas de origem, o que acontecerá daqui a sete dias.”
Minha mãe estava só. Era noite. A luz fluorescente da cozinha derramava-se sobre seus cabelos brancos. Tornando assim, ainda mais brancos. Tomou café. Sentou-se a sua poltrona. Pôs-se a folhear o calendário: a folhinha do Coração de Jesus. Em que dia do mês estava? Perdera a conta. A velhice tem dessas coisas, a gente esquece o dia, o mês, e até em que ano se está. As horas passavam a passo de tartaruga. E vieram velhas recordações. O dia em que morrera seu pai. Veio o padre Moisés para as exéquias. Teria o sacerdote afirmado: “-Tomaz, morreu num grande dia: 25 de março dia da anunciação!” E lhe ocorreu um pensamento: “-Um de meus filhos tem um neto, com o nome de meu pai, só que ao invés de Tomaz chama-se Thomas.”
GUARDIÃ D. JOANINHA E GUARDIÃO CLERISVALDO (Foto: M. Messias)
O povo sertanejo gosta muito de citar a frase “É morrendo e aprendendo”, atribuída a um sujeito imaginário chamado Camões. Apesar de ser filho de Santana do Ipanema e viver nesse pedaço de mundo, só há pouco descobri Maria Joana da Conceição. De origem pernambucana e vivendo em Alagoas desde os dezessete anos, quando veio morar no sítio Pinhãozeiro, dona Joaninha, como é conhecida é uma figura extra.
Mulher de pequena estatura, roceira e semianalfabeta, puxando para os sessenta anos de idade, consegue prender o pesquisador até por um dia inteiro, se precisar. D. Joaninha é doce quando quer ser doce e fera quando a situação exige. É uma senhora guerreira das mais guerreiras e carrega consigo a sapiência da vida. Gosta muito de contar casos, a maioria acontecida com ela mesma e, que deixa o ouvinte atento, extasiado. O pesquisador logo percebe que está diante de uma pessoa diferente e de um valor de alto preço.
GUARDIÃO MANOEL MESSIAS, GUARDIÃ D. JOANINHA E NETA (Foto: Clerisvaldo)
Lutando na roça e nas causas sociais, muitas vezes enfrentando políticos e pessoas da Justiça, pelos seus direitos e direitos alheios, tem dado até lições em magistrados que se metem à besta. Tem enfrentado marginais em seu território e gritado nos ouvidos das autoridades através do rádio e da presença física. É um terror para os inimigos, um poço de sabedoria para os que dela se aproximam.
Dona Joaninha, atualmente, reside no Bairro Bebedouro e dirige duas comunidades vizinhas: Bebedouro e Maniçoba
Dizendo-se cansada de tanta luta, nem queria participar de mais nada, porém, abraçou de imediato a causa da futura AGRIPA, tornando-se uma das fundadoras da Associação Guardiões do Rio Ipanema.
Sua presença nas reuniões da AGRIPA é uma festa grande de tanta satisfação e, para os chamados à luta, está sempre em traje de guerra.
Em Santana do Ipanema, mulher nenhuma é mais valorosa do que Maria Joana. Onde está o reconhecimento a essa estrela de primeira grandeza? A AGRIPA tem o prazer e o orgulho de constar em seus quadros a DONA JOANINHA, A MULHER DE FERRO.
Pintura de Machael Zeno Diemer, ilustra a caravela Santa Maria, umas das naus usadas por Cristóvão Colombo, na descoberta da América em 1492 (Foto: Michael Zeno Diemer/WIKIMEDIA/com mons)
Importantíssima descoberta para diversas ciências foi publicada para o planeta. A história, por exemplo, fica mais enriquecida com a declaração de um geólogo que diz ter descoberto a carcaça da caravela capitânia, de Cristóvão Colombo. A caravela seria a embarcação Santa Maria que fazia parte do trio Santa Maria, Pinta e Nina, usado no descobrimento da América em 1492.
Segundo reportagem do G1 “O arqueólogo especializado em exploração submarina Barry Clifford afirma ter encontrado no fundo do mar do Caribe, perto do Haiti uma carcaça de embarcação que, segundo ele, pode ser da caravela Santa Maria, uma das três naus comandadas por Cristóvão Colombo no descobrimento da América em 1492 (as outras eram Pinta e Nina).
Clifford disse em entrevista à rede de TV CNN que encontrou a carcaça na área exata onde Colombo afirmava ter encalhado a Santa Maria. O naufrágio está preso em um recife ao largo da costa norte do Haiti, de 10 a 15 metros de profundidade.
(…) Segundo a CNN, o arqueólogo Charles Beeker, da Universidade de Indiana, passou várias horas debaixo d’água no local e também estudou a documentação do Clifford . ‘Eu me sinto Barry. Ele tem provas muito convincentes‘, disse Beeker. ‘Barry pode ter finalmente descoberto a Santa Maria.’ O explorador agora negocia com o governo do Haiti uma autorização para poder fazer escavações no fundo do mar para poder colher partes da carcaça. Por enquanto Clifford e sua equipe fizeram apenas registros fotográficos do local.
Santa Maria foi uma das embarcações usadas na pequena frota de Colombo, que partiu da Espanha em agosto 1492, sob o patrocínio do rei Fernando II e da rainha Isabel.
A viagem teve como objetivo encontrar uma rota para a Índia e a China, mas em outubro do mesmo ano os navegantes chegaram ao Haiti, onde estabeleceram um forte.
Em dezembro daquele ano, o Santa Maria acidentalmente encalhou ao largo da costa da ilha. Algumas tábuas e provisões do navio naufragado, que era cerca de 117 pés (36 metros) de comprimento, foram utilizados pela guarnição no forte, de acordo com a Encyclopaedia Britannica. Colombo partiu de volta para a Espanha com os dois navios restantes, a Nina e a Pinta, em janeiro de 1493”.
Não é querendo ser engraçado, mas se o geólogo descobriu onde está à caravela Santa Maria, poderia também esclarecer para o mundo onde estão Nina e A PINTA DE COLOMBO.
A Associação Guardiões do Rio Ipanema, através da sua diretoria, resolveu ampliar o número de sessões.
A AGRIPA vinha funcionando com apenas duas sessões mensais, sendo a segunda sexta-feira do mês e a última. Com o crescimento rápido de suas ações, os compromissos triplicaram, fazendo com que ficasse um vazio, hoje, considerado grande entre as duas reuniões. Para manter e ampliar o controle interno, atender a demanda social como convites para palestras sobre a História no rio Ipanema, sua Geografia, Sociologia, Economia, fauna, flora, pesca, lazer, passeios, belezas naturais e mais objetivos, não houve outra saída. Na sessão da sexta, transferida para ontem, a AGRIPA preencheu parte da Ordem do Dia, discutindo o assunto. Foi aprovada a ideia das sessões semanais às segundas-feiras, iniciando sempre as 19 e chegando, no máximo, às 21 horas.
Passando pela Leitura da Ata Anterior, Expediente e Ordem do Dia, chegou à vez da Palavra A Bem da AGRIPA, quando vários informes foram apresentados e discutidos. O Tempo de Estudos foi preenchido pelo professor Clerisvaldo Braga das Chagas e, logo depois a palavra foi entregue ao Orador Ariselmo de Melo que avaliou a sessão e, o presidente Sérgio Soares Campos, encerrou os trabalhos da noite.
A partir da próxima semana, as sessões já serão realizadas as segundas, às 19 horas, na sede provisória, Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas, no Bairro São José.
Hoje (13) a AGRIPA estará convidando oficialmente as Secretárias da Saúde, Ação Social, Meio Ambiente, gerência da CASAL, representantes da OAB e os vereadores, para discutir soluções participativas outras que possam resgatar definitivamente o rio Ipanema e seus tributários. O encontro deverá acontecer no dia 21 a partir das nove horas no auditório da prefeitura.
Diante de uma chuva fina e continuada, a Associação Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA realizou a sua última sessão do mês de abril, na segunda-feira (28) em sua sede provisória, Escola Professora Helena Braga das Chagas, no Bairro São José.
Lida a Ata da sessão anterior e o Expediente, o presidente Sérgio Soares Campos, pôs à mesa a Ordem do Dia. Entre outros itens foram preenchidas as vacâncias relativas ao Conselho Fiscal, complementando assim o quadro desejado para outros passos importantes. Ficou acertado também que a AGRIPA distribuirá cinco mil panfletos (ganhos) com apelos aos cidadãos e cidadãs santanenses sobre as ações em favor do meio ambiente. Assim, duas empresas importantes, como essa, juntam-se aos guardiões por melhor qualidade de vida no município e no resgate do rio Ipanema e seus afluentes. Foi apresentada, discutida e aprovada a iniciativa em enviar convites através de ofícios pessoais aos Vereadores, a Secretária da Saúde, da Ação Social, do Meio Ambiente, Gerência da CASAL e representante da OAB. Cópia poderá ser divulgada pela Imprensa como garantia dos trabalhos propostos. O dia 21 de maio (quarta-feira) seria o dia desse encontro com os representantes do povo para traçar estratégias e comprometimento em salvar o trecho urbano do rio Ipanema. Está em pauta: lixo comercial, entulhos, lixo residencial, pocilgas, fossas do hospital antigo e o atual, esgotos e fossas residenciais, cercas de arame no leito e nas margens avançadas do rio e riachos, extração de areia, entulhos, garagens, casas de prestação de serviço e residências debaixo de ponte do rio Ipanema e foz do Camoxinga, lava a jato, construções avançadas. A elaboração de leis ambientais do município será cobrada.
A AGRIPA quer dividir responsabilidades em parceria.
A AGRIPA também está funcionando como centro de informações, sobre o rio Ipanema, como prevíamos. Escolas têm procurados os guardiões com frequência, para passeios, palestras, informações, pesquisas sobre o rio Ipanema, inclusive sobre sua economia, caso de alunos de curso superior.
Foi ainda durante a sessão, designado o novo guardião Jessé Alexandre de Barros, como representante da AGRIPA, para acompanhar as palestras sobre resíduos sólidos, da Secretaria de Recursos Hídricos do estado, a convite daquela pasta.
Após a Palavra a Bem da AGRIPA (vários assunto abordados) quando o guardião Ariselmo Melo falou do êxito da sua missão no rio Ipanema com os alunos da Escola Cenecista Santana, chegou o Tempo de Estudos, ocupado pelo vice-presidente Clerisvaldo Braga das Chagas.
Em não havendo mais nada a tratar, o Orador Ariselmo Melo fez uma avaliação dos trabalhos e o presidente encerrou a sessão.
Sobre Clerisvaldo Chagas
Romancista, historiador, poeta, cronista. Escritor Símbolo do Sertão Alagoano.
Usamos cookies em nosso site para oferecer a você a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e visitas repetidas. Ao clicar em “Aceitar tudo”, você concorda com o uso de TODOS os cookies.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.
22 Maio
0 Comments