ONDE ESTÁ O AMOR A TERRA

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de junho de 2014

Crônica Nº 1.201

CORAÇÃODentro da lógica “só se ama o que se conhece”, focamos às nossas escolas brasileiras lembrando o Projeto Rondon. Um projeto criado para que estudantes de uma região conhecessem outras regiões do país e com elas fizessem intercâmbios culturais. O nosso país é imenso e, são muito grandes as diversificações, embora a língua portuguesa com seus vários sotaques nos mantenha unidos. Se todos os brasileiros tivessem oportunidades de conhecer o seu país, a discriminação, por certo, seria reduzidíssima.

Entretanto, tudo deve começar dentro de cada município. Demonstrando a realidade do território de Santana do Ipanema, como exemplo, deveria haver semanalmente, deslocamento de turmas de alunos de certa escola para conhecer o restante do município. Temos a região serrana onde as crianças nascem crescem e estudam em cima das serras, Estas escolas deveriam passear constantemente para ver novas realidades, tanto em outras serras quanto na baixada. Os estudantes da serra do Poço, Gugi, Caracol, Camonga e outras, iriam conhecer a baixada como Olho d’Água do Amaro, Samambaia, Pedra d’Água dos Alexandres… E vice-versa, orientados por equipe de professores que exigiria depois, trabalhos e discussões do que viram. Como podemos cobrar do aluno o amor ao seu município se ele não o conhece. Não se ensina a história municipal, a geografia com seus acidentes e economia, não se faz uma única incursão… Como essa realidade pode mudar?

Por outro lado, a falta de criatividade, conhecimento e mesmice, faz com que continuemos numa escola do passado. Quando surge alguma boa ideia, logo é atropelada pelo desânimo da “falta de condições das autoridades”. E o mestre que não é mestre de nada, não procura outras alternativas para realizar o que idealizou, desanimado com o enfado de cada dia.

O resultado é que o aluno se torna adulto e até precisa trabalhar em outra região do país, mas nem sequer identifica a história, a geografia e os hábitos do seu município, somente os poucos quilômetros quadrados do bairro ou do sítio em que nasceu.

Um dos grandes resultados da ignorância, também se reflete na política quando a população exige dos seus dirigentes honestidade e amor a terra. Ora se eles nada conhecem, ONDE ESTÁ O AMOR A TERRA?

30 Maio

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ACEITA UMA FRECHADA?

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de maio de 2014

Crônica Nº 1.200

Foto: Agentes da História e Resistência Verde

Foto: Agentes da História e Resistência Verde

“Uma flecha é um projétil disparado com um arco. Ele antecede a história e é comum a maioria das culturas.

Uma flecha consiste de uma haste longa e fina, com seção circular, feita originalmente de madeira e agora também de alumínio, fibra de vidro ou de carbono.

Ela é afiada na ponta ou armada com uma ponta de flecha em uma extremidade, dispondo na outra de um engaste (nock) para fixação na corda do arco. Pontas de flecha são disponibilizadas em uma variedade de tipos, adequando-se ao uso que será feito da flecha, seja desportivo, caça ou militar. Próximo à extremidade posterior da flecha são colocadas superfícies de estabilização que constituem a empenagem da flecha, a fim de ajudarem na estabilização da trajetória de voo. Geralmente em número de três, as penas são dispostas ao redor da haste formando um ângulo de 120º entre si. Nas flechas modernas as penas são fabricadas em plástico e afixadas com cola especial.

Artesãos que fabricam flechas são conhecidos como “flecheiros”, termo relacionado à palavra francesa para flecha, flèch

Conforme a flecha voa em direção ao alvo, sua haste irá entortar-se e flexionar de um lado para o outro, lembrando um peixe debatendo-se fora da água e caracterizando um fenômeno conhecido como paradoxo do arqueiro.

O equipamento, espécie de coldre ou estojo, usado para carregar as flechas usadas pelos arqueiros desde a mais remota antiguidade é chamado de aljava”.

Mas o povo brasileiro gosta de inventar palavras e associar situações. Conheci um sujeito, humorista por natureza, que bebia cachaça. Quando dava a sua hora de enfrentar o copo, dizia para os amigos: “Vou ali tomar uma frechada”.

Mas flechada de verdade ainda existe no Brasil moderno. Bem que o protesto dos índios em Brasília foi uma coisa inusitada. Devidamente caracterizados e pintados para a guerra, misturaram-se a outros descontentes e não foram ouvidos pelas autoridades. Deu no que deu.

Perambulando entre um prédio público e outro, os indígenas foram atacados pela cavalaria. Índio é bicho disposto, tome flechada num cavaleiro que talvez se julgasse do Apocalipse. Vai para o hospital o infeliz varado na coxa, pensar porque atacava os indefesos. Índios contra a cavalaria numa cena tipicamente urbana, e flechadas das boas repercutiram pelo globo.

Isso faz lembrar o tempo em que certo governador de Alagoas, mandou que a cavalaria massacrasse os professores diante do palácio, educadores que apenas queriam dialogar com ele. Os castigos de Deus não tardaram e ainda hoje o ditador sofre às consequências.

O meu compadre quer ser índio explorado, policial metido à besta, professor insatisfeito ou governador padrão bufa?

A única saída desse quadrado, amigo, é esquecer tudo. Vamos comigo, comemorar 1.200 crônicas escritas para o mundo! ACEITA UMA FRECHADA?

29 Maio

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REFLETINDO NOS CAÇUÁS

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de maio de 2014

Crônica Nº 1.199

Foto: Blog o Sarrafo

Foto: Blog o Sarrafo

“Na mitologia de vários povos, os primeiros seres humanos foram criados a partir de elementos da natureza, como argila e areia.

Um antigo povo da América do Sul, os tiahuanacos, acreditava que o deus Wiracocha teria emergido das águas do lago Titicaca para criar o primeiro casal humano.

Um mito da Indochina conta que os primeiros seres humanos viviam em um paraíso, podiam voar e conversar com os animais e as plantas. Lá havia ferramentas que trabalhavam por eles e sua única obrigação era alimentá-las. Mas houve uma vez em que os seres humanos não cuidaram das ferramentas. Elas então castigaram os homens, fazendo-os trabalhar na Terra para sempre.

Um mito africano, dos povos iorubas, conta que Obatalá criou os primeiros seres humanos modelando-os em barro. Foi o sopro do deus Olodumare, porém, que deu vida a eles.

Já no chamado Antigo Testamento, um conjunto de livros sagrados para os judeus e que também faz parte da Bíblia dos cristãos, há uma explicação para o surgimento dos seres humanos. Segundo a narrativa bíblica, tudo o que há na Terra foi criado por Deus.

As explicações mitológicas influenciaram as tradições e os costumes de muitos povos. Nelas os seres humanos teriam sido criados com a mesma aparência de hoje, sem passar por transformações ao longo do tempo. Tais explicações também são chamadas criacionistas”. (VAZ, Maria Luísa & Panazzo, Sívia. Jornadas.hist. 2. ed. São Paulo, Saraiva, 2012. Pag. 41).

Ao longo da vida conheci e conheço muitos que poderiam achar simpáticas às teorias da origem do ser humano; além de simpáticas, divertidas até. Para esses o que não pode ser divertido é à saída do homem da Terra. “Que ingratidão de Deus! Depois de se roubar tanto e oprimir com arrogância do próprio sangue, não poder levar o que arrebanhou”. Na linguagem chula, basta um dinheirinho a mais, um carguinho ou a menor vaga da carreira política: os homens cagam dinheiro e as mulheres mijam loção.

De bolso liso, sobe ou desce o defunto safado, mas não tem muita certeza de como subornar o fisco dos céus ou as catervas de satanás.

Ô povo besta da peste!

28 Maio

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Aparência importa?

capa-ruiva-tattoo

Ultimamente, tenho percebido que no cotidiano, as pessoas montam seu perfil sem ao menos te dizer um “Oi”. Isso parece impossível, mas não é. No vai e vem da correria diária, as pessoas estão cada vez menos interessadas em saber como realmente os outros são. E, de forma equivocada, julgam os outros pelo que elas vestem, ouvem, assistem, etc. Ou seja, se faz presente o julgamento antecipado, mais conhecido preconceito

Não é novidade que a internet está cada vez mais quebrando tabus e desmistificando mitos, mas mesmo assim, ainda existem pessoas que preferem se fechar em seu “mundo”, julgando-se como certa. É impossível viver dessa forma hoje em dia, onde uma notícia atravessa o oceano em segundos. Por falar em mito, as tatuagens são motivos de debates super prolongados, no entanto, já se encontra por aí profissionais considerados “sérios e inatingíveis como promotores de justiça e juízes, tatuados. Quebrando paradigmas e esteriótipos. 

Quando se faz um julgamento antecipado de alguém, você pode estar deixando de lado um potencial, exemplo disso, entrevistas de emprego. Onde a maioria das empresas tradicionais tem uma “forma de bolo” onde o candidato precisa se encaixar milimetricamente. E com isso, a empresa pode perder alguém que mudaria o patamar da mesma.

Porém, vale ressaltar que para tudo tem exceção. Tudo tem um “depende”. E não estou aqui para dizer o que é certo ou errado. Apenas a minha opinião sobre. E considero que uma tatuagem ou um jeito de se vestir, ou um gosto musical, não pode definir alguém por completo. O ser humano é indefinível, cada um é excepcionalmente diferente. E é exatamente isso que faz a coletividade. O que realmente precisa acontecer é que cada um respeite o ponto de vista alheio e que receba esse respeito também. Assim, a vida seria muito mais simples de se viver.

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28 Maio

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FESTA DA JUVENTUDE 2014

festaA Coordenação de Eventos de Santana do Ipanema, anunciou durante a tarde de hoje que o prefeito Mário Silva (PV), deverá anunciar na próxima sexta-feira (30) a programação completa da 52ª Festa da Juventude. O evento acontecerá de 6 à 13 de julho deste ano e segundo a organização pretende seguir os mesmos parâmetros do ano passado.

Após diversas reuniões durante a semana, a Coordenação debateu inúmeros assuntos visando a melhor organização da tradicional festa que ao longo dos anos ganhou o status de “Maior festa jovem do estado de Alagoas”. Em pauta estiveram: a estrutura do festival, as modalidades esportivas que estarão em disputa, às atrações musicais da sexta, sábado e do domingo, além da elaboração do material publicitário para divulgação do evento.

Em reunião, ficou definido que a estrutura da festa seguirá o padrão do ano anterior com dois grandes palcos que serão instalados na Avenida Dr. Arsênio Moreira, acompanhado de camarotes, além do espaço para ambulantes venderem comidas e bebidas. Na Praça Adelson Miranda, ficará uma grande tenda eletrônica, onde na quinta-feira (10), será realizado o desfile da Rainha da Juventude.

Como ocorrido no ano anterior, no sábado haverá a competição automobilística. A novidade será o encontro de paredões, ambos no campo de pouso.

Sobre as tão esperadas atrações musicais, o prefeito Mário Silva deverá fazer o anuncio em uma coletiva para a imprensa sertaneja, em seu gabinete.

Da Redação com Assessoria PMSI

28 Maio

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AGRIPA, CASAL E CÂMARA PRESSIONARÃO A CODEVASF

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de maio de 2014

Crônica Nº 1.198

Presidente e Vice, da AGRIPA, Sérgio Soares Campos e Clerisvaldo Braga das Chagas (Foto Agripa/Arquivo)

Presidente e Vice, da AGRIPA, Sérgio Soares Campos e Clerisvaldo Braga das Chagas (Foto Agripa/Arquivo)

Como ficou acertado no último encontro entre AGRIPA e autoridades, no auditório da prefeitura, haverá uma forte aliança em favor do rio Ipanema e seus afluentes urbanos.

Segundo a CASAL, a estrutura de saneamento de Santana do Ipanema, via CODEVASF e realizada por certa empresa, não permite a operalização total do sistema. Enquanto isso, ninguém sabe de fato, quantos milhões de metros cúbicos de fezes são jogadas diretamente no riacho Camoxinga e no rio Ipanema. Esse é um caso de calamidade que vem se arrastando sem nenhuma reação de autoridades e sociedade organizada.

Guardiões ouvem explicações da CASAL. (Foto Agripa/Arquivo)

Guardiões ouvem explicações da CASAL. (Foto Agripa/Arquivo)

Cansado dessa mordaça que impede de apontar onde estão os milhões e milhões que supostamente foram enterrados no subsolo santanense, surgiu um grupo de cidadãos e cidadãs que não dará tréguas em busca de respostas. Onde está a verdade sobre o saneamento de Santana e a destruição do seu calçamento? Quem foi denunciado? Quem denunciou? Quem já foi preso?

A CASAL já acionou em vão a CODEVASF, segundo seu coordenador José Arnaldo, para que ela resolva consertar o que está errado visando realizar a coleta do material dos esgotos.

Foto: Agripa / Arquivo

Foto: Agripa / Arquivo

Esclarecida essa parte, A Companhia de Saneamento de Alagoas, ficou de enviar relatório à Câmara de Vereadores Tácio Chagas Duarte, através do seu presidente José Vaz que se comprometeu a lutar junto da CASAL. O mesmo relatório deverá ser entregue a AGRIPA – Associação Guardiões do Rio Ipanema, através do seu presidente Sérgio Soares Campos, quando haverá uma ação conjunta das três forças sobre a Companhia de desenvolvimento do Vale do São Francisco – CODEVASF.

A AGRIPA está disposta a ir à luta, deslocando-se até aquela companhia, se for preciso, uma vez que não vê movimentação alguma nesse sentido, da Secretaria da Agricultura e do Meio Ambiente. Os guardiões e os vereadores aguardam o relatório do coordenador da CASAL, para o início da pressão contra esse crime sobre a Natureza e o povo santanense.

27 Maio

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ESCRITOR ALAGOANO E AGRIPA VÃO ÀS TRINCHEIRAS

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de maio de 2014

Crônica Nº 1.197

Agripa em reunião (Foto: arquivo)

Agripa em reunião (Foto: arquivo)

A Associação Guardiões do Rio Ipanema – AGRIPA – realizou ontem, a última sessão do mês de maio, em sua sede provisória, Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas.

O presidente em exercício, escritor Clerisvaldo B. Chagas, presidiu os trabalhos da noite, passando a palavra à secretária Maria Vilma de Lima que leu a Ata da Sessão Anterior, aprovada sem emendas. Após a Leitura do Expediente, houve excelentes e proveitosas discussões sobre os temas apresentados. Foi aprovado o calendário de limpeza do lixo do Ipanema e seus afluentes, a pedido do prefeito Mário Silva. O calendário será entregue ao prefeito ainda esta semana em caráter oficial, tendo ficado todas as primeiras terças do mês, durante o ano de 2014.

A noite festiva com os familiares da AGRIPA e convidados foi aprovada para a noite do dia 25 de junho.

Ainda foram discutidas e aprovadas questões como página da AGRIPA no Face e acrescentados itens aos Estatuto, sobre problemas de faltas.

Agripa em reunião (Foto: arquivo)

Agripa em reunião (Foto: arquivo)

A discussão maior foi sobre a entrega de titulares de pastas do poder público que estão completamente omissos em suas atribuições ambientais, principalmente sobre os nossos cursos d’água e as não ações sobre problemas gritantes e ignorados em outro setor, recentemente denunciado pela TV Gazeta. Essa entrega seria ao Ministério Público, a imprensa total e ao IMA. O Guardião Manoel Messias, conseguiu contornar as denúncias, por enquanto, mas os guardiões, em geral, irão mostrar o que fazer com os omissos que desdenharam do convite de responsabilidades.

Na Palavra a Bem da AGRIPA, a notícia do elogio do IMA à AGRIPA e os pedidos de inúmeros dados pera homenagens em Maceió.

A coordenadora do meio ambiente de Poço das Trincheiras, professora Aparecida, esteve na sede da AGRIPA quando convidou o guardião e escritor Clerisvaldo B. Chagas, para uma palestra durante evento sobre o meio ambiente naquele simpático município.

A AGRIPA recebeu a notícia com imensa satisfação e aprovou a ida do guardião indicado para essa nobre tarefa. A professora Aparecida estará de volta na próxima segunda, oficializando o pedido e assistindo a sessão da AGRIPA, com seus convidados.

O Tempo de Estudos foi ministrado pelo professor e guardião Ariselmo de Melo, levando a todos um pensamento de Mahatma Gandhi.

Em não havendo mais nada a tratar, o presidente passou a palavra ao mesmo guardião que, como Orador, fez sua avaliação como uma das melhores realizadas pela AGRIPA. O presidente em exercício, Clerisvaldo Braga das Chagas, deu por encerrada a sessão.

26 Maio

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OS RUMOS DA JUVENTUDE

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de maio de 2014.

Crônica Nº 1.196

Ilustração (gréciaantigaeatual.blogspot.com).

Ilustração (gréciaantigaeatual.blogspot.com).

“Na sociedade espartana aos sete anos, os meninos das famílias ricas eram enviados para acampamentos militares onde praticavam exercícios físicos, enfrentavam fome, sede e frio a fim de se prepararem para dificuldades que provavelmente enfrentariam em uma guerra. Aprender a ler e escrever não eram considerados importantes.

Para aperfeiçoar seu treinamento, aos catorze anos os jovens acompanhavam os soldados em batalhas de verdade. Aos vinte anos eram considerados preparados para participar das guerras; somente abandonavam o exército e as funções militares ao completarem sessenta anos de idade.

Nas famílias mais poderosas, as meninas eram cuidadas para crescerem saudáveis e terem filhos fortes para servir ao exército. Elas praticavam jogos, ginásticas, danças e aprendiam música e canto. Quando adultas, casavam-se, criavam os filhos e eram respeitadas por serem mães e esposas dos guerreiros.

As famílias menos abastadas geralmente criavam suas filhas dento de casa, mas muitas mulheres de trabalhadores exerciam atividades fora dela para ajudar no sustento familiar.

Os soldados espartanos tinham pouco tempo livre para a vida familiar, mas isso não era motivo de insatisfação, pois a sociedade valorizava a dedicação de seus guerreiros”.

(VAZ, Maria Luísa, & PANAZZO, Sílvia. Jornadas.hist. 2. Ed. São Paulo, Saraiva, 2012). (6º ano, Ensino Fundamental) p. 201.

Hoje, no Brasil, para onde caminha a nossa juventude, morrendo entre os catorze e os vinte e dois anos? A droga chegou com o desenvolvimento do país, destruindo e encorajando menores de todas as classes sociais, ao roubo, assalto e ao assassinato frio por nada. No tempo de Lampião, matar um simples soldado de polícia era suficiente para que o chefe do bando aceitasse de imediato o candidato a cangaceiro. Segundo a linguagem do cangaço, “quem matava um soldado tinha três culhões”.

Atualmente, a bandidagem não teme a polícia e com ela tiroteia desde os doze anos, por causa da força da droga e da oportunidade de ser reconhecido como herói do mundo criminoso.

Dizem os historiadores que olhar o passado é aprender para o futuro, citação que não traz dúvidas. A encruzilhada leva a pensar em preparar os jovens para a guerra com outros países ou as batalhas diárias do tráfico. Será que existe alguma diferença entre Esparta e Brasil? Os teóricos que respondam sobre OS RUMOS DA JUVENTUDE.

26 Maio

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ROSAS ENCARNADAS, NEGRO GATO

Nossa história daria de começar assim um tanto triste. Não por causa daquela chuva fina que caía no fim da tarde. Tampouco tinha a ver com o rubro, no leito da rua encharcada, trazido pela enxurrada. O barro vermelho da chácara de Seu Narciso, acabava tingindo de encarnado o calçamento da Rua São Vicente. Uma melancolia branda, plúmbea, desenhada junto das nuvens, lá nos cantos do mundo. Encontraram Damásio morto.

Quem era Damásio? Um dos sete gatos de dona Milu. Veio-me, ainda agora, a lembrança de seu esposo, Seu Benjamim, o tangedor de burros. Chapéu de massa, que um dia fora preto, na cabeça. A copa amarrotada, bolorento na fita. A peninha colorida, milagrosamente se mantinha intacta, a aba carcomida na fronte. Corpo franzino, rosto sulcado de salubridade das águas do Panema. Barba rala. Camisa de mangas compridas. Rota, nos ombros. Desgaste provocado pelas ancoretas. Os punhos enrolados até os cotovelos. Caso Seu Zé “Bêja” tirasse o chapéu, o que era raro acontecer, expunha uma testa alva. Serpenteada por alguns poucos fios de cabelos que lhe restavam. O jeito dele andar é que era interessante. Andava como se mancasse, como se acabasse de pisar num espinho. Arqueava os braços, semi-abertos claudicante. Também a calça enrolava a bainha até a altura das panturrilhas. Nos pés um par de alpercatas. Falava mais com o corpo que com a boca. Se sorria, expunha os incisivos tintos de fumo. Teve um dia, que junto com a carga d’água, trouxe-nos um gatinho enjeitado. Feio, assustado, não parava de miar, e tremia. O bichinho quase sumiu nas mãos cascudas, enrugadas de meu pai. Foi adotado, meu pai gostava de gatos.

O bichano morto de dona Milu havia sido encontrado por Seu Genésio carroceiro, as margens da Br 316. De manhãzinha. Foi levar um carreto de areia, pra reconstrução de um muro de arrimo, que o aguaceiro derrubou, bem ali perto do santuário da Virgem de Guadalupe. Dona Milu não entendia como Damásio fora parar na pista. Não era comum seus gatos sairem de casa. Quando era de tardezinha, Enquanto recolhia os panos do varal, eles a acompanhava no terreiro atrás de casa. Roçavam em suas pernas. Brincavam fazendo estripulias, rolavam no capim verdinho. Amolavam as unhas no caule duma goiabeira. Saltavam uns sobre os outros, e perseguiam gafanhotos e borboletas. Depois que o marido morrera, e os filhos foram embora pra São Paulo restara-lhe a filha caçula, com síndrome de Down, e os gatos pra lhe fazer companhia. No fim do mês, quando recebia o dinheiro da aposentadoria, na feira de sua mantença, dona Milu, tinha como obrigação a compra de ração. Tratava aqueles bichanos melhor que seus filhos. E tinha esperança que um dia, voltassem os que se tinham ido.

Da janela do quarto de Francisco, o primogênito, tendo sido este o primeiro a ir embora, pro Paraná. Recordava. Prisioneira das coisas ligadas ao elemento terra. Pupilas retraídas pelo excesso de luz, a íris criando efeitos, nos reflexos do sol nos vidros da janela. Os cílios varriam tudo que estava ao alcance das vistas, inclusive a rua. Desenganava a mente que aparentemente não encontravas beleza em coisa alguma. O balaustre, um muro de tijolos, a montanha tão verdinha! Lá longe. Uma estrada, um caminho, era o chão, era a estrada, e era o sol. E viu um menino correndo, várias crianças correndo. E viu o tempo, inexorável sem dar trégua, sem parar, não parava nunca. E uma força estranha no ar. E a mulher que passava no caminho, preparando outra pessoa. Roberto Carlos vindo de um tempo tão longe, a estar ali. O carteiro procurando um destino se apoiando num corrimão, subiu uma escadaria carente de pintura. E os olhos finalmente foram lá pro alto. Arremessados pra mais um céu vespertino. E ficou refém dos azuis, que foram parar nas águas, saturadas de cloreto de sódio, dos olhos. Duas pequenas manchas de marrom bem a sua frente, num fio de alta tensão. Dois pardais conversavam com animosidade. Novamente se abaixaram as vistas, indo colherem rosas no jardim. Uma garça estática de dar dó, dizendo: sou apenas uma ave. Porem a imaginava uma graça, voando. E um sapo, tão à vontade, de pernas cruzadas, imitando os banhistas quando vão a praia e ficam embaixo de seus guardas sóis. A grama verdinha, calada, resignada, apenas dizendo: sou grama! O pintor porem diria: Ai das rosas se não fosse você! Sentiu que era observado. Um par de olhos de algum ponto, de algum lugar lhes olhava. E descobriu, lá estava ele. Um gato em cima do balaustre. Era um gato branco enorme. À quanto tempo estaria lá? A íris dos olhos dele viradas num fio, adaptadas a luminosidade, fitava-o. As patas dianteiras juntas faziam-lhe um monge, meditando. As orelhas apontadas pra cima diziam: estava em sinal de prontidão. Como se a qualquer momento partiria a caçar. Será que queria dizer-lhe algo mais?

Por uma dor ainda maior que a de dona Milu passara Zelito. Ao chegar a casa encontraria Rosalina, sua única filha, estuprada, e morta. O crime ocorreu no sitio Barra da Talhada, interior do município de Riacho Grande. Como era que uma desgraça desta foi acontecer. Logo com ele Zelito, que sempre fora um homem temente a Deus. Um seguidor da Lei de Crente. O objeto de mais valia na sua residência, era a bíblia sagrada. De todo lucro que obtinha dez por cento doava a igreja. Todo ano, era assim. Bastava vir as trovoadas de janeiro, azeitava as máquinas de plantar feijão. Tirava a ferrugem das pás do arado, untava as rodas com óleo queimado. Tudo pro preparo das terras a agricultar. Ele e a companheira, de sol a sol na lida. Tinha ano que dava parte da terra, pra homens cultivarem-na, acordando a divisão da safra. Naquele ano, um bando de homens viera arar parte de sua terra. Entre eles, Antonio um mancebo viril, apelidado Negro Gato. Num cair de tarde Zelito acabaria flagrando o negro a espreitar Rosalina nua, no banho de riacho. Pondo-se a um prazer mórbido, ao ver a menina de dez anos apenas a banhar-se.

Aquele fora realmente um ano ruim. As promissoras trovoadas, não vieram. As cabeçadas d’água que abasteciam os açudes falharam, os barreiros secaram. O gado pondo-se a mirrar. Sem pasto no cercado morrendo um a um, tudo tornado difícil. A silagem minguando. A água da mantença da casa escasseando. Zelito em tais ocasiões, punha uma pipa no carro de boi. E duas vezes por semana ia buscar água nos Poções, a mais de dez léguas de distância. Resumiam-se as refeições à fubá de milho, meio dia com um taco de charque, e a noite molhada com leite. Mas como desgraça na casa de pobre nunca vem solteira. A mulher de Zelito resolveu ir embora. A menina Rosalina, filha do casal, a altura dos seus doze anos, optara em ficar com o pai.

A história triste estava chegando ao fim. Ainda mais triste, por dois motivos: dona Milu jamais saberia que Damásio não morrera atropelado, e sim envenenado. Aturdido saíra de casa porque sabia que ia morrer. Comera uma isca. Uma bola, colocada, pra outro gato ladrão. O filho de Seu Antenor perdera um canário e ofertou a ermo, a refeição macabra, vitimando um inocente. Zelito também até hoje acredita que Negro Gato teria sido o autor do crime hediondo contra sua filha. Se ele tivesse o cuidado de observar minuciosamente o corpo da filha poderia ter chegado mais perto da verdade. Não seria comum um rapaz de vinte e poucos anos, largar pêlos grisalhos, na vítima. E embaixo das unhas da menina, resto de pele branca, de ranhuras que dera no assassino. Ora não era o rapaz um negro? Zelito alguns dias depois conversava com o velho Rosalvo Maragato, seu vizinho de propriedade. A prosa versava sobre colheita, gado e carestia.

E quando deitaram a falar dos males que o corpo, com o passar dos anos dava de apresentar, Zelito até brincou, duns arranhões que o vizinho apresentava no pescoço: -Oxente! E o compadre andou brigando com uma raposa choca? Do alpendre pitavam e contemplavam o plantio, o céu azul. A luz do sol intensa não vos permitia, verem uma menina de cabelos de ouro, brincando com um gato no meio do milharal.

Fabio Campos

23 Maio

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A LENDA DO SÍTIO PEDRA RICA

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de maio de 2014

Crônica Nº 1.195

Pinturas rupestres na Serra da Capivara

Pinturas rupestres na Serra da Capivara

O pesquisador tem que rodear muito. Pode rodar do centro de Santana do Ipanema via povoado São Félix que fica fora do eixo Santana-Maceió. São doze quilômetros até ali, por uma estrada de terra razoável. Seguindo em frente o curioso percorrerá grotas e grotões pouco habitados, beirando a fronteira com Pernambuco até chegar a uma imensa área de areia branca, onde está o sítio denominado Pedra Rica.

As imediações de uma escola municipal parece ser o ponto de referência de circulação da área. Está bem pertinho do prédio o lajeiro responsável pela denominação de Sítio Pedra Rica que supõe riqueza financeira. Mais fácil, porém, não menos longe é seguir para o local através do município de Dois Riachos, passando pela sede num roteiro de terra branca em melhores condições.

Segundo comentários dos habitantes do lugar, foi enterrado na periferia do lajeiro um tesouro de muitas joias e moedas de ouro, em tempo que ninguém sabe definir. Os moradores são cautelosos, entretanto, diante da pergunta se alguém do sítio Pedra Rica tentou encontrar esse tesouro existe uma apatia ou certo receio de falar sobre o assunto.

Conduzidos por um guia fomos até o local, onde existe no lajeiro uma pedra arqueada para dentro, habitada por ferozes marimbondos. A primeira vista não vimos vestígios de esqueletos, cerâmica, flechas ou outro material naquela parte rochosa, mas a pintura rupestre está presente no teto da pedra, mostrando círculos e outras formas comuns, como as encontradas em outros lugares do Brasil.

Talvez tenha sido a imaginação popular a autora de tantas joias e moedas de ouro que estão enterradas pela região. Os desenhos rupestres despertam o imaginário das pessoas simples do lugar que não percebem que o verdadeiro tesouro são as marcas deixadas pelos nossos antepassados e que irão enriquecer o estudo da História e outras ciências afins. Os vestígios, entretanto, sugerem uma pesquisa mais apurada nas imediações que é assim que se encontra um sítio arqueológico.

Estima-se que existam cerca de 20 mil sítios arqueológicos espalhados por todo território brasileiro. Todos os sítios são considerados, por lei, patrimônio da União, devendo contar com proteção especial, pois fazem parte da história do povo brasileiro e das Américas.

A pequena amostra de pintura rupestre do sítio Pedra Rica pode ser “a ponta de um iceberg” na região ou apenas um caso isolado de passagem rápida de indígenas. Muito mais difícil é considerar a lenda de que aquela pedra fora apenas um ponto de referência para enterro de riquezas por parte de aventureiros. De qualquer modo não ficou ignorada A LENDA DO SÍTIO PEDRA RICA.