Papa Tudo concedeu entrevista a Rádio Correio do Sertão e disse que os vereadores atuais devem votar num projeto que extinguirá o recurso aos edis.
Papa Tudo foi o primeiro vereador a falar sobre o uso da VIAP (Foto: Cicero Souza / Cortesia)
Doze dias depois da operação do Ministério Público de Alagoas, que denunciou, o que chamou de “uma verdadeira farra com recursos públicos” realizada com recursos da Câmara de Vereadores de Santana do Ipanema, um dos vereadores que foi acusado pelo MP, decidiu quebrar o silêncio e dar explicações sobre a Verba Indenizatória de Atividade Parlamentar (VIAP’s), a chamada “verba de gabinete”.
Genildo Bezerra da Silva (PR), o popular “Papa Tudo”, concedeu na manhã desta quarta-feira (20) uma entrevista à Rádio Correio do Sertão, em Santana do Ipanema, e adiantou que ele e seus colegas parlamentares já estão se movimentando para por fim às VIAP’s.
Segundo Papa Tudo, após uma reunião realizada na noite de terça-feira (19), os vereadores decidiram propor um novo Projeto de Lei que irá regulamentar o uso de despesas com combustíveis e carros, a serviço dos próprios parlamentares.
“O presidente da Casa, junto com toda a Mesa Diretora, fará o possível para que a verba de gabinete deixe de existir. Não é de interesse de nenhum vereador colocar a mão no erário público [sic], só que iremos fazer a coisa da maneira correta perante a Lei”, disse o vereador.
O edil negou que estivessem praticando crimes, e que ele e seus companheiros realizavam os gastos baseado em exemplo de outras câmaras e com o aval dos órgãos fiscalizadores.
“O que estávamos fazendo aqui era tudo com base num Termo de Ajuste de Conduta (TAC) proposto na Câmara de Maceió e baseado numa resolução do Tribunal de Contas do Estado. Tudo orientado pelo jurídico da Casa, por isso que eu não vejo problema nenhum”, continuou Papa Tudo.
Questionado pelo radialista Rânio Costa, sobre como ficaria a situação dos gastos com despesas dos parlamentares, Papa Tudo respondeu que a Câmara deverá realizar os procedimentos licitatórios exigidos pelo MP, a fim de contratar empresas para prestarem serviços de venda de combustíveis e alugueis de veículos.
“Nós já temos um projeto aqui, só não protocolamos, pois estamos ‘lapidando’, para que possamos fazer com base na lei. Nele deveremos extinguir as VIAP’s e tomar o método das licitações para justificar gastos com combustíveis e aluguel de carros”, falou Genildo.
Ele continua: “Em relação ao combustível, a Câmara vai fazer uma licitação para todos os edis e irá disponibilizar cotas para cada vereador. Exemplo: se a Câmara tiver disponível nove mil litros, será R$ 1 mil para cada. Esse combustível terá que ser usado no carro locado, que também será escolhido por meio de licitação, onde uma empresa deverá disponibilizar veículos padronizados. Cada vereador vai ter direito a um veículo, desse”.
Apesar de confirmar a mudança no sistema de uso de recursos públicos, o vereador Papa Tudo fez questão de declarar sua opinião sobre a posição do MP.
“Isso não quer dizer que o que estávamos fazendo era ilegal. O entendimento do Ministério Público é um e nós temos o direito de nos defendermos. A classe política já é uma classe discriminada e quando acontece uma coisa dessa natureza, aí passa a ver de maneira diferente. Existe uma discriminação maior em relação a isso. Não quer dizer que os vereadores de Santana estejam na ilegalidade. O Ministério Público entendeu dessa maneira, mas quem vai decidir isso é a Justiça”, finalizou Papa Tudo.
Nesta sexta-feira (22) Papa Tudo e os outros dois vereadores que foram presos na operação realizada pelo Gecoc, participam da primeira sessão na Casa Tácio Chagas Duarte, depois que foram soltos, já que sexta-feira passada (15) foi feriado nacional e acabou não acontecendo a sessão.
Da Redação