Um ano depois, morte de ‘Junior da Ceal’ ainda parece não ter solução Crime contra o funcionário público aconteceu em frente a uma fazenda de sua propriedade e, segundo a própria polícia, apresentou sinais de crime de mando..

21 abr 2013 - 06:09


Foto: Alagoas na Net

Foto: Alagoas na Net

Um ano se passou, desde que o funcionário público Nilson Queiroz de Melo Junior, mais conhecido por ‘Junior da Ceal’, foi morto covardemente quando chagava à sua propriedade, localizada próximo ao Povoado Areia Branca, em Santana do Ipanema, Sertão de Alagoas.

O crime até hoje traz indignação de toda a população santanense, pois ao longo destes 365 dias, nada de concreto foi apresentado pelas autoridades responsáveis.

O crime

Ocorrido por volta das 11h30, da manhã de um feriado de Tiradentes, Junior da Ceal, foi executado por homens que estariam em um veículo VW Golf, de cor prata. No momento do crime o funcionário púbico chegava em sua chácara, quando foi abordado pelos criminosos.

O executor do santanense saiu do carro e chamou por ele, enquanto o outro comparsa estava dirigindo o veículo. Ao se virar, Junior recebeu vários tiros à queima roupa, sem chance de reação.

No dia do crime, a equipe da Polícia Civil, que estava de plantão na 2ª Delegacia Regional, era comandada pelo delegado Rubens Cerqueira, o Caximbau, que realizou os procedimentos iniciais e entregou o inquérito ao delegado titular Rodrigo Cavalcanti.

De mão em mão

Com as informações iniciais, o delegado regional iniciou as investigações colhendo os primeiros depoimentos dos familiares e testemunhas, porém, uma transferência até o município de Delmiro Gouveia, acabou o deixando fora do caso.

Vídeo mostra veículo dos executores do santanense (Foto: Ascom PC)

Vídeo mostra veículo usado pelos executores do santanense (Foto: Reprodução / Ascom PC)

O segundo delegado a ficar a frente das investigações foi Manoel Wanderlei, entretanto, meses depois de também coletar algumas provas, tais como os vídeos que identificaram o veículo usado no crime, o delegado passaria o inquérito para a mão de outro responsável.

Designado através de portaria da Diretoria Geral da Polícia Civil, o delegado Robervaldo Davino, atualmente Diretor da Polícia Judiciária Área 1, recebeu a ‘missão’ de concluir o inquérito, ficando até hoje à frente do caso.

De acordo com a última entrevista dada à imprensa local, em dezembro do ano passado, Davino afirma que a polícia já tinha o caso quase que concluído, mas se limitou apenas a dizer que descobriu apenas o autor material do crime.

Família sem respostas

Apesar das declarações do delegado, que já faz mais de quatro meses, parentes e amigos do santanense assassinado lembram tristemente a data de um ano de sua morte e ainda buscam as respostas e solução deste crime.

Em entrevista exclusiva ao Alagoas na Net, o filho mais velho de Nilson, Erick Queiroz, falou sobre a morte do seu pai e disse, entre outras coisas, como ele e a família buscaram pressionar as autoridades a realmente mostrar os resultados das investigações.

“Cerca de trinta dias depois do crime, procurei ajuda com o desembargador José Carlos Malta Marques, hoje presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, que, como autoridade no Judiciário e conterrâneo sertanejo, acreditei que poderia dar celeridade e cobrar a resolução do crime”, falou.

Erick ao lado policiais após saber da morte do pai (Foto: Sertão 24 Horas)

Erick  conversa com policiais após saber da morte do pai (Foto: Sertão 24 Horas)

Por coincidência, ou não, um tempo depois da cobrança do filho, o delegado Davino assumiu o caso e foi neste momento que Erick novamente apelou à autoridade, sobre a solução do crime.

“Sessenta dias após o crime, o Davino já havia me falado que já descobrira quem efetuou os tiros contra meu pai, mas que ainda estava querendo chegar ao autor intelectual para assim agir”, relatou o jovem santanense.

Erick afirma que nunca entendeu por que a polícia acabou dando declarações na imprensa de que o caso já estaria praticamente resolvido, mas nunca agiu.

“Eles disseram que identificaram o autor, mas até agora nada foi feito. Acho que esse tipo de declaração só serve apenas pra ‘dar satisfação’ à sociedade, mas nada tem de eficaz”, completou Erick.

Questionado por nossa reportagem sobre o sentimento que ele tem sobre as acusações que pesam sobre membros da família, pois uma das linhas levantadas seria a de crime de mando, por conta de um seguro, o jovem foi direto e enfático.

“Sei que sou apontado como um dos suspeitos, mas nunca me senti mal com que a sociedade pensava, até porque, quem me conhece sabe da minha relação do meu pai, de como convivia e gostava dele”, disse o filho da vítima.

Mesmo assim Erick ainda afirma: “Muita gente me acusou e me julgou, mas o que mais fazia mal era ver que a própria polícia, que tem o poder de investigar, não me questionava”.

O jovem continua: “Pra você ter uma ideia, o único que me questionou sobre isso foi o Davino, e quando ele me fez a pergunta de que poderia ser eu o autor do crime, uma agente que estava do lado torceu o rosto e disse: ‘Eita essa é uma pergunta difícil’. Olhei para ela e respondi: não, isso é o trabalho de vocês, e se tiver que ser feito, pode fazer”, finalizou o filho de Junior da Ceal.

Andamento e conclusão do inquérito

Em contato com o Delegado Regional da 2ª DRP, Rosival Vilar, o mesmo afirmou que o inquérito sobre a morte de Junior da Ceal, ainda não tem um prazo definido pra acabar, mas que o próprio Davino, já havia solicitado à justiça, alguns documentos para a sua conclusão.

Enquanto, o processo ainda não chega a justiça, amigos e familiares registram um ano sem o ente querido. A missa de um ano da morte de Nilson Queiroz de Melo Junior, será realizada neste domingo (21) na Igreja Matriz de Senhora Santana, às 19h.

Por Lucas Malta / Da Redação

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