Tratamento oftalmológico inédito a pacientes com doenças na retina Atendimento ocorre no Hospital Metropolitano de Alagoas; primeiros pacientes já foram assistidos

Bia Alexandrino / Ascom Sesau

24 nov 2023 - 09:00


A aposentada Maria do Carmo tem 76 anos, foi contemplada com a injeção intravítrea após ter sido diagnosticada com retinopatia diabética. (Foto: Marco Antônio / Ascom Sesau)

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) passou a assegurar um procedimento inovador em oftalmologia capaz de recuperar e impedir a perda progressiva da visão de pacientes com patologias graves na retina. O procedimento, denominado injeção intravítrea, é realizado no Hospital Metropolitano de Alagoas (HMA), localizado no bairro Cidade Universitária, em Maceió.

O oftalmologista retinólogo do HMA, Diego Lisboa Araújo, explica que a injeção intravítrea é aplicada com uso de anestésico, diretamente dentro do olho, e é indicada para pacientes com doenças como retinopatia diabética, edema macular e Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI). Essas patologias provocam sintomas como perda da visão, diminuição da acuidade visual, escurecimento da visão ou aparecimento de manchas na vista.

“O número total de aplicações de injeção intravítrea que o paciente vai necessitar ao todo pode variar. Por isso, não é possível afirmar um tempo único de tratamento. Além disso, não é necessário internação e, por isso, ele já pode ir para casa depois da aplicação, que é rápida e indolor”, esclarece o médico Diego Lisboa Araújo, ao lembrar, ainda, que a injeção intravítrea é um tratamento seguro e que deve ser realizado em ambiente cirúrgico.

O médico do HMA enfatizou que a unidade hospitalar é a primeira da rede pública estadual a ofertar esse tipo de intervenção à população alagoana. De acordo com ele, em cerca de 95% dos casos, existe uma melhora relevante ou pelo menos a estabilização da acuidade visual, mas isso também depende de alguns cuidados do paciente com relação ao diagnóstico. “É muito importante o controle glicêmico no caso dos pacientes diabéticos e a cessação do tabagismo nos pacientes com DMRI”, concluiu.

Os pacientes contemplados pelo procedimento são acompanhados no Ambulatório de Oftalmologia do HMA, primeiro serviço público de Alagoas neste segmento, inaugurado em agosto deste ano para assegurar serviços na modalidade eletiva clínica e cirúrgica. Além da injeção intravítrea, o ambulatório garante cirurgias de catarata, pterígio e blefaroplastia. A marcação para os serviços de oftalmologia do HMA ocorre via regulação por meio das secretarias de saúde do município. Beneficiados

Os primeiros pacientes beneficiados com a injeção intravítrea foram dona Maria do Carmo da Silva e o seu José Vieira de Lima, que realizaram o procedimento e já voltaram ao hospital para a consulta de retorno com o oftalmologista. A avaliação constatou uma boa recuperação, e já foi agendada a próxima aplicação para a continuidade do tratamento.

A aposentada Maria do Carmo tem 76 anos, mora na capital alagoana e foi diagnosticada com retinopatia diabética, complicação do diabetes que afeta os olhos, causando danos aos vasos sanguíneos que ficam na retina. Antes de realizar a injeção intravítrea, ela tentou outros tratamentos sem sucesso, mas a injeção está mostrando bons resultados. Ela afirmou ainda que, em decorrência da doença, ela tem muitas restrições em casa.

“Eu ainda preciso fazer outra aplicação no mês que vem, mas eu já estou enxergando melhor”, afirmou Maria do Carmo. “Eu chorei quando descobri o meu problema de visão, mas minha filha me acalmou, porque a gente tem que ter fé em Deus. Quando eu cheguei aqui fui bem recebida, bem tratada, o médico trabalha com paciência e as meninas que trabalham aqui são umas joias preciosas”, disse a aposentada.

Já seu José Vieira é arapiraquense, tem 75 anos, e também já consegue notar o resultado do procedimento. “Antes a minha vista era boa, depois é que começou a ficar tudo cinza. Mas ainda bem que eu consegui fazer esse tratamento, porque a minha vista já está clareando, graças a Deus e a esse doutor que é uma excelente pessoa e me atendeu muito bem”, comemora.   “Há uns quatro meses eu estava assistindo televisão e notei uma diferença na minha vista, que estava ficando cinza. Eu achei que a televisão estava ruim. Mas quando saí de casa para ver a roça e as árvores, eu só enxergava uma mancha. Eu acreditei, então, que o problema era com os óculos, mas não era. O problema era na minha vista”, narrou seu José, que agora é aposentado, mas já trabalhou como cobrador de ônibus, feirante e também na roça.

A oftalmologia tem atribuído cada vez mais importância à visão funcional para preservar a autonomia e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Estudos em geriatria e psiquiatria indicam que a deficiência visual adquirida impacta negativamente na saúde mental e na autonomia dos pacientes. A prevenção e o tratamento precoce da deficiência visual podem ter efeitos positivos na manutenção de um estilo de vida saudável.

Conforme o Relatório Mundial sobre a Visão de 2021 da Organização Mundial da Saúde (OMS), adultos com deficiência visual tendem a ter menor participação e produtividade no trabalho, além de maiores taxas de depressão e ansiedade em comparação com a população em geral. Em idades mais avançadas, essa deficiência pode contribuir para o isolamento social, dificuldades de locomoção, aumento do risco de quedas e fraturas, e maior probabilidade de institucionalização em lares. A deficiência visual também intensifica a limitação da mobilidade e o declínio cognitivo.

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