Técnicos são capacitados para tratar autistas por meio da Terapia Teacch Curso foi destinado aos profissionais que atuam nos Centros Especializados em Reabilitação

23 jan 2018 - 09:30


Terapia TEACCH visa o desenvolvimento da independência do aluno (Foto: Olival Santos/Agência Alagoas)

Técnicos que atuam nos Centros Especializados em Reabilitação (CERs) de Alagoas foram capacitados sobre o Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Limitações (TEACCH), relacionada à comunicação.

O propósito da ação, organizada pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), foi aplicar a terapia por meio da utilização de materiais visuais em complementação ao estímulo verbal e, assim, conferir significação para as palavras e comunicação das crianças autistas.

O debate contou com a participação de especialistas das áreas de Psicologia, Fonoaudiologia, Enfermagem, Psicopedagogia, que atuam na Promoção da Saúde nos CERs. O treinamento foi ministrado pela especialista no programa TEACCH, pela University of North Carolina Charlotte/Asheville/Chapel Hill, nos Estados Unidos, Maria Elísia Granchi.

Durante sua palestra, Maria Elísia explicou que o método TEACCH utiliza uma avaliação denominada PEP-R (Perfil Psicoeducacional Revisado) para avaliar a criança. Por meio dela é determinada seus pontos fortes e de maior interesse, bem como, suas dificuldades e, a partir dessas questões, montar um programa individualizado.

“O TEACCH se baseia na adaptação do ambiente para facilitar a compreensão da criança em relação a seu local de trabalho e ao que se espera dela. Por meio da organização do ambiente e das tarefas de cada aluno, o TEACCH visa o desenvolvimento da independência do aluno, de forma que ele precise do profissional para o aprendizado de atividades novas, mas, possibilitando-lhe ocupar grande parte de seu tempo de forma independente”, afirmou.

Nessa terapia, de acordo com ela, são utilizados estímulos visuais, corporais e audiocinestesicovisuais, na busca de um desenvolvimento da comunicação, seja ela de formal oral ou alternativa. Como exemplos de estímulos visuais, há fotos, figuras e cartões. Já por estímulos corporais, foram citados os gestos ou o apontar. No que tange a estímulos audiocinestesicovisuais, são tidos como exemplos os sons, palavras e gestos associados a imagens. As atividades que vão ser desenvolvidas pelos profissionais dos CERs são indicadas por objetos ou imagens, e não apenas faladas para a criança.

Segundo Maria Elísia, trabalhar a percepção da criança autista, desde a percepção de formas imprecisas até chegar gradualmente aos traços das letras, dos números e das palavras, é imprescindível para aquisição da aprendizagem. Isso porque, com estas atividades, a criança autista, pouco a pouco, consegue diferenciar símbolos distintos, que são dados por pontos, claros e escuros, linhas, ângulos e cores, que marcam sua figura. “A criança vai diferenciado figuras e traços, e chega a internalizar os elementos que constituem formas mais específicas tanto nas figuras como nas letras”, afirmou.

Por isso, o programa TEACCH, conforme a profissional, vai muito além de um método que ensina o passo a passo o que fazer. Ele promove, sobretudo, a independência e a autonomia, reduz a rigidez, amplia os repertórios comunicativos, aumenta o entendimento do que se deve fazer (refletido na compreensão), organização, estimulação das habilidades discriminativas e perceptuais da criança autista.

Para Fabianny Medeiros Gomes, fisioterapeuta responsável pela equoterapia de um CER localizado em Maceió, a capacitação ajudou a compreender, de forma mais aprofundada, o mundo da criança e, principalmente, as ferramentas de que os profissionais dispõem para lhe dar apoio.

O treinamento também foi fundamental, segundo a profissional, para mostrar como deve ocorrer a adaptação das ideias gerais que lhe serão oferecidas ao espaço de aprendizado e aos recursos disponíveis, até mesmo às características de sua própria personalidade, desde que, é claro, compreendam e respeitem as particularidades próprias de seus pacientes.

 “É importante essa parceria da Sesau com as instituições, para que possamos conhecer profundamente o espectro autista, a fim de que seja possível trabalhar com a criança de uma maneira que ela desenvolva normalmente o processo de aquisição. Essa capacitação faz com que melhoremos, cada vez mais, a qualidade de nosso atendimento, tanto em nível de Rede como de equoterapia. Não há um tratamento que cura o autismo, mas algumas técnicas comportamentais e educacionais trazem benefícios quando iniciadas precocemente”, destacou a fisioterapeuta.

Por Marcel Vital / Agência Alagoas 

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