Trabalhar para derrotar o candidato tucano nesta eleição não significa estar de acordo com o governo em curso. Sim, a gestão do PT a frente do país é marcada por reproduzir em vários aspectos ações do governo do PSDB, como privatizações, corrupção, congelamento do salário de várias categorias dos servidores federais, pagamento inconsequente da dívida pública e a paralisação da reforma agrária, além de um distanciamento dos movimentos sociais. Mesmo as medidas de distribuição de renda, expansão do ensino superior e técnico e de aumento real do salário mínimo, que expressam diferença do passado FHC são pequenas diante dos lucros dos bancos.
O PT errou ao optar governar com mercenários. Deixando de se apoiar nas lutas populares o caminho ficou pavimentado para um recuo cada vez maior de um programa de esquerda. Em nome da governabilidade as pautas construídas pelos trabalhadores ao longo de décadas deixaram de ser prioridades e assim o governo Lula/Dilma é também um dos principais responsáveis pelo avanço das forças conservadoras do país.
Porém, Aécio Neves, o playboy mineiro, é o candidato preferido da extrema direita. Basta ver como os setores mais conservadores da política brasileira se unem em torno do seu nome. Alguns lobos em pele de cordeiro se revelam, como Eduardo Jorge e Marina Silva, outros claramente reacionários nada tem a esconder, como Malafaia, Feliciano e Bolsonaro. Juntos, pretendem retirar direitos dos trabalhadores flexibilizando a CLT, reduzir a maior idade penal, como se isso representasse a solução do problema da insegurança, além de entregar de vez o que resta de empresa pública para o capital privado.
Aécio Neves reproduz em seus discursos a cantilena verborrágica já tradicional do PSDB. Se eleito, Aécio Neves repetirá, desta vez de maneira trágica, o projeto neoliberal de submissão ao FMI, Banco Mundial e ao governo dos Estados Unidos. Isso representará mais privatização, mais repressão, mais desemprego e sucateamento absoluto do serviço público.
Com uma visão de governo tecnocrata, os interesses dos trabalhadores, que já são mínimos, estarão condenados a extinção em detrimento dos interesses mais nocivos do capital.
O candidato tucano se diz representante da verdadeira mudança, mas mudar para pior, dar passos atrás, não significa um futuro de justiça social, mas um horizonte nebuloso e caótico e certamente não é disso que precisamos.
Por Magno Francisco*
*Magno Francisco é filósofo e professor da Universidade Federal de Alagoas.