Sem ações profissionais, clubes alagoanos sofrem com o famigerado balão

04 jan 2013 - 13:26


Foto: Alberto Oliveira

Anúncio oficial, jogador com data de apresentação marcada e como num passe de mágica, o atleta surge em outro clube, com outra camisa. Está caracterizado o balão, expressão usada no futebol e que dirigentes tem uma verdadeira ojeriza.

Em Alagoas, este fenômeno tem atormentado os dois mais tradicionais clubes alagoanos: CSA e CRB. O Galo tomou dois balões e o Azulão tomou outro.

O CRB anunciou como contratados, o atacante Rodrigo Dantas e o volante Daniel. Dantas apresentou-se ao rival ASA. Daniel desembarcou em outro clube alvirrubro, o América (RN).

Já o CSA tomou um balão do Campinense. Após anunciar o meia Andrezinho, o jogador se apresentou no rubro-negro paraibano.

Normalmente o balão não é aceitável e os dirigentes dos clubes procuram desqualificar o jogador. No caso do meia Andrezinho, o presidente do CSA, Jorge VI, até criou uma nova expressão linguística para justificar a desistência do jogador. “Ele quebrou um contrato verbal e não vem mais para o CSA”, afirmou o presidente em entrevista.

Já no lado do CRB, a pancada foi mais contundente e os dois jogadores foram desqualificados nos aspectos profissional e moral. O presidente Marcos Barbosa afirmou que o jogador Rodrigo Dantas não tinha moral e que havia descumprido com a palavra. O mesmo caminho adotou o dirigente Ednilton Lins em relação ao volante Daniel, denominando o atleta como “sem caráter” e que o CRB até teria saído em vantagem pois as informações que o CRB recebeu deponha contra o jogador. “Foi bom para o CRB. Não ficaremos com um jogador sem moral. Vamos trazer um substituto bem melhor”, declarou o dirigente.

Normalmente os jogadores não são ouvidos no processo. Recentemente no caso do atacante Rodrigo Dantas, ele respondeu através do facebook e levantou outra questão. Dantas colocou que foi dispensado sem nenhuma justificativa, mesmo tendo contrato com o clube. Em relação ao volante Daniel, o próprio jogador comunicou a diretoria do CRB que não viria, fato este divulgado pela assessoria de imprensa do clube.

Profissionais envolvidos no mundo da bola falaram a reportagem do portal esportealagoano sobre o fenômeno balão. Thiago Borella é gerente de futebol, monta equipes no Nordeste e tem jogadores espalhados pelo país. Ele tem uma atuação mais forte no futebol paraibano e já foi campeão pelo Nacional de Patos em 2007. Borella mostrou uma visão em defesa dos jogadores.

“Os atletas são considerados pelos clubes como uma mercadoria, caso dê certo ou não, o nome não é o do clube e sim o nome do atleta que fracassou. Quando o rival, por toda questão cultural de não perder nem nos bastidores para o clube que considera inimigo, fica sabendo da proposta, procura cobrir com outra oferta melhor e o jogador de futebol já sabendo que será apenas mais um e que tem uma carreira curta, acaba aceitando uma proposta mais vantajosa”, disse,Borella.

O balão não se restringe a clubes pequenos ou apenas a jogadores periféricos, o processo também acontece em grandes clubes. Recentemente o atacante Romarinho, campeão mundial pelo Corinthians, chegou a jogar a primeira partida da Série B pelo Bragantino contra o CRB, já estava certo com o Santos, mas acabou indo para o Corinthians. Guilherme, que atuava pelo Portuguesa, acertou o tempo de contrato e salários com o Palmeiras e fechou com o Corinthians e um caso clássico foi o de Ronaldinho Gaúcho, que era tido como jogador do Grêmio, o Estádio foi preparado para a festa de apresentação e jogador pintou no Flamengo.

Para o agente credenciado pela FIFA, Daniel de Paiva, descarta o aspecto de mercenário, rotulo, normalmente colocado em atletas e agentes que se envolvem em balões. “Acontece porque ás vezes, o agente e o atleta acham outro clube mais interessante e vantajoso profissionalmente e financeiramente”, declarou Daniel.

Ele também observa que a a maior incidência dos balões é com jogadores periféricos e de menor expressão. “Isso acontece na maioria das vezes com atletas de menor expressão., na maioria das vezes, atletas em início da carreira”, opinou o agente.

Mesmo envolvendo personagens diferentes, as opiniões sobre os motivos pelos quais acontecem o balão são bem parecidas.

Segundo Thiago Borella, existe uma explicação simples. “Acontece pelo simples fato do amadorismo no futebol. Deve-se apenas manifestar interesse no atleta com contrato assinado e multa de rescisão. Antes disso nunca deve-se mostrar desejo pelo atleta, muito menos anunciar um jogador contratado, sem ter estes documentos”, afirmou.

Daniel de Paiva também comunga desta opinião e é enfático ao apontar caminhos para evitar que o problema aconteça. “Sugiro sempre fazer um pré-contrato com o atleta. Vejo este fato acontecer internacionalmente, mas não em grande quantidade como acontece no Brasil”, declarou.

Este ano Borella protagonizou um caso de atiçou ainda mais a rivalidade entre Treze e Campinense. O atacante Roni Dias foi apresentado como jogador contratado pelo Campinense. O Treze ofereceu o dobro ao jogador, pagou a multa rescisória, de acordo com a lei e levou o jogador no outro dia. Houve uma nova apresentação, desta vez, com a camisa do Treze.

Os balões continuam acontecendo diariamente e são comemorados como um titulo por aqueles que o protagonizam. Já para os que sofrem o balão é comum marcarem o atleta como persona não desejável. A verdade é que mesmo, na maioria das vezes, sendo uma atitude deselegante, o balão atiça rivalidades, mostra fragilidade da palavra no atual momento do futebol e provoca muitas discussões nas rodas de boleiros.

Por Esportealagoano

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