O Nordeste enfrenta atualmente a pior seca dos últimos 50 anos e suas consequências podem ser vistas na vida da população sertaneja. Para discutir ações que minimizem os danos na saúde dessas pessoas, os secretários estaduais da Saúde do Nordeste se reuniram nesta sexta-feira (12), em Fortaleza (CE), para a elaboração da Carta do Nordeste.
O documento, que trata das repercussões da seca no setor da saúde, será entregue ao ministro Alexandre Padilha, no próximo dia 24, durante a posse da nova diretoria do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que acontece em Brasília.
Tratamento da água, cuidados com a alimentação, qualidade da água dos carros-pipa e financiamento direcionado para a vigilância e saúde foram alguns pontos colocados em pauta. Segundo a gerente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Meiry Sakamoto, é importante mesclar a questão climática com a saúde, uma vez que as consequências da seca trazem agravos para a população, provocando doenças e aumentando a mortalidade. Para Sakamoto, é preciso criar uma política sólida de ações, uma vez que as secas tendem a ser mais prolongadas.
Na carta criada pelos secretários, alguns pontos propostos foram: a universalização da água em quantidade e qualidade para consumo humano; garantia de aquisição de estação de tratamento móvel para água de consumo humano, eficiência, efetividade e comprovação dos controles dos carros-pipa da Defesa Civil e assistência técnica de financiamento e fomento de alternativas agroecológicas de produção de alimentos adaptados à escassez de água.
Também foi destacada a implantação de programas emergenciais de suplementação alimentar para gestantes e crianças de até dois anos de idade; ampliação e fortalecimento das redes psicossociais e do Programa Saúde nas Escolas; fortalecimento da Atenção Básica de Saúde e a ampliação dos recursos para equipes de saúde da família, além de qualificação dos agentes de saúde.
Além destes pontos, foi decidido que deve haver a inclusão da garantia de um financiamento diferente do Programa de Atenção Básica para o Nordeste e a ampliação do teto da vigilância em saúde, além da elevação em 12% do teto da saúde dos estados do Nordeste que, em função do período de longa estiagem, sofrem com a redução do Produto Interno Bruto (PIB), necessitando de mais investimentos na saúde. Para o secretário de Saúde de Alagoas, Jorge Villas Bôas, a saúde não pode ser deixada de lado nas ações de combate à seca.
“É preciso que o Governo Federal tenha um olhar diferenciado para o Nordeste. A cada ano a seca é pior e isso acarreta consequências graves à saúde da população, e até mesmo ao planejamento financeiro das secretarias, que precisam investir mais para amenizar estes problemas”, enfatizou, destacando que “ações como a do Governo de Alagoas, que transferiu sua sede para Santana do Ipanema, em março deste ano, são importantes para vivenciar o problema e buscar soluções”.
Villas Bôas disse ainda que a Carta do Nordeste é um marco na política de saúde da região, inserindo uma nova realidade a ser planejada. “Não podemos ficar com situações emergenciais, nós precisamos, nesse momento, ter ações estruturantes”, frisou. Para o secretário de saúde do Ceará e vice-presidente do Conass, Arruda Bastos, é preciso urgência nas ações, uma vez que, “diante da falta de água, a saúde da população está sendo atingida e, por isso, os secretários estaduais de saúde do Nordeste discutiram a construção de diretrizes para ajudar a solucionar essa crise”.
Por Agência Alagoas