Santana: Vigilantes se recusam a trabalhar em “hospital assombrado” A reportagem descobriu que não é de agora que esse assunto é tema na cidade.

09 out 2013 - 00:57


Foto: Alagoas na Net

Um fato no mínimo inusitado está acontecendo em Santana do Ipanema, cidade localizada no Sertão de Alagoas. O caso é que, alguns vigilantes noturnos, que trabalhavam no prédio do antigo hospital da cidade, acabaram abandonando seus postos alegando que o local é mal-assombrado.

O prédio, desativado há cerca de três anos, alocava o Hospital Municipal Dr. Arsênio Moreira, situado na Praça São Cristóvão e hoje está se preparando para abrigar a nova sede da Secretaria Municipal de Saúde.

No entanto, os administradores estão tendo problemas com a escala de vigilantes noturnos naquele local. Segundo o que se comenta na cidade, principalmente pelos próprios trabalhadores que já passaram por lá, vultos e barulhos estanhos estão “tirando o sono” dos trabalhadores daquele local.

Nossa reportagem foi em busca de informações que pudessem apurar com mais detalhes tais afirmações e acabou descobrindo que não é de agora que esse assunto é abordado.

Velha História

De acordo com uma antiga funcionária da instituição, que pediu para não ser identificada, “a questão é que somente agora, que fecharam-se as portas, é que as coisas pioraram, pois durante as noites, agora, fica apenas uma pessoa, e aquele prédio é muito grande, e esquisito”.

Segundo apurou o Alagoas na Net, pelo menos três vigilantes teriam pedido para sair do trabalho nos últimos dias, alegando o fato assombroso.

O caso mais “intrigante” aconteceu com o ex-vigilante, Mauro César Oliveira Cabral, de 30 anos, morador no bairro São José (Cohab Velha). Em relato à nossa reportagem, ele revelou que trabalhou apenas dezessete dias, mas como alegou, “foi o suficiente para nunca mais entrar ali”.

Algumas salas ainda guardam entulho e móveis do antigo hospital (Foto: Alagoas na Net)

Algumas salas ainda guardam entulho e móveis do antigo hospital (Foto: Alagoas na Net)

Sugerimos ao morador que fossemos gravar seu depoimento no prédio em questão, mas Mauro, que hoje trabalha como pedreiro, se recusou veementemente e se limitou apenas a falar o porquê de não mais querer trabalhar como vigilante noturno no ex-hospital.

“No início, quando ouvia apenas chiados e batidas nas portas, tinha medo, mas dava pra ficar, o problema piorou após quinze dias de trabalho. Estava assistindo televisão quando vi um vulto se aproximar; me arrepiei e fiquei parado, mas ouvi para piorar, ouvi uma voz dizer próximo ao meu ouvido ‘oi!’, e quando me virei não tinha ninguém”, disse o ex-vigilante, que no começo ainda hesitou em falar sobre o assunto.

Mauro relata que ainda pensou em não contar a história, pois, segundo ele, ninguém iria acreditar.

Vale ressaltar que, no antigo hospital, funcionou por muitos anos uma sala, que serviu como uma espécie de necrotério, onde todos os mortos por acidentes ou assassinados ocorridos na região eram levados para lá, onde acabavam ficando em cima de uma cama feita de concreto, até a chegada de equipes do Instituto Médico Legal.

De acordo com Mauro, foi nesse local em que diz ter visto várias sombras.

O apontador, Côca mostra a nossa reportagem o local onde ficavam os corpos a espera do IML (Foto: Alagoas na Net)

O apontador, Côca mostra o local onde ficavam os corpos a espera do IML (Foto: Alagoas na Net)

Procuramos outro vigilante, indicado pelo apontador Adson Sobreira Freira, o “Côca”, responsável por vistoriar vários prédios públicos. Desta vez, o ex-trabalhador do prédio considerado mal-assombrado pediu para não se identificar, no entanto confirmou que também tinha passado maus momentos durante algumas noites em que vigiava o antigo Hospital Dr. Arsênio Moreira.

“Entre outras coisas, nunca vou esquecer do dia em que ouvi o barulho de um vidro quebrando, dando a impressão que alguém teria jogado uma pedra numa janela. Logo corri para ver se alcançava quem tinha feito aquilo, mas para minha surpresa, ao chegar no local, não tinha nenhum vidro quebrado e muito menos alguma pedra”, disse o vigilante, que, a pedido, foi transferido para outra repartição.

Na mesma praça em que está localizado o prédio considerado mal-assombrado, está a igreja matriz de São Cristóvão. Foi exatamente para lá que correu esse vigilante que acabara de ouvir o barulho de vidro quebrado.

“Como sou católico, corri e entrei na igreja em busca de ajuda. A senhora que me atendeu me acalmou e me mandou fazer algumas orações e disse que isso era necessário para acalmar aquelas almas”, falou ainda o vigilante.

Firme e forte… por enquanto!

Diferente dos que dizem ter visto algum tipo se aparição mal-assombrada, conversamos com outros vigilantes que trabalham durante a noite e afirmam nada ter visto. Um deles é o veterano Noé Davi, há 25 anos como vigilante municipal. Noé foi remanejado para o antigo hospital, justamente para substituir um dos vigilantes que se negaram a continuar ali.

Perguntado se já tinha visto algo de estranho naquele local, Noé foi curto na resposta: “apenas a zoada dos grilos”.

O vigilante Noé garante que ainda não registrou nada de suspeito... ainda! (Foto: Alagoas na Net)

O vigilante Noé garante que ainda não registrou nada de suspeito… ainda! (Foto: Alagoas na Net)

O boato vira rotina

Além dos depoimentos de alguns desses trabalhadores noturnos, nosso repórter também teve a oportunidade de conversar com alguns servidores públicos da área de saúde, que já passaram ou ainda prestam serviço naquele prédio.

Sem querer se identificar, uma técnica de enfermagem confidenciou que devido a todos os comentários de possíveis assombrações, alguns funcionários, que acabaram de se mudar para o prédio, considerado mal-assombrado, “pelo sim pelo não” tem mudado a rotina na hora de ir embora, normalmente após as 18 horas, e preferido esperar sair em grupo, do que largar do trabalho sozinhos.

O site Alagoas na Net também tentou entrar em contato com a secretária municipal de saúde de Santana do Ipanema, Petrúcia de Matos, para que pudesse comentar em relação ao tal boato, contudo as nossas várias tentativas telefônicas não surtiram efeitos e nenhuma ligação foi atendida.

Da Redação

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