O vereador disse que é contra a ideologia de gênero e que se depender dele, qualquer coisa que inclua isso nos planos da educação será motivo de forte reação sua.
Nem mesmo saiu de uma polêmica, a Câmara de Vereadores de Santana do Ipanema, através de seu presidente Genildo Bezerra (PR), já deve entrar em outra. A bola da vez será o Plano Municipal de Educação, que para o parlamentar há “um grande risco” de ser aprovado com uma forte ideologia de gênero e que em suas palavras: “pode acabar com a família”.
E para defender os valores cristãos, Papa Tudo, como é conhecido, informou que deverá realizar duas reuniões durante esta semana, para esclarecer melhor as intenções desses aspectos do plano. Um dos encontros irá reunir lideranças religiosas, que acontece ainda na manhã desta segunda-feira (15); o outro será na próxima quarta-feira (17), no qual já marcou com o promotor responsável pela 1ª Promotoria de Santana do Ipanema.
O vereador já adiantou à nossa redação que é totalmente contra a ideologia de gênero e que, se depender dele, qualquer tema que inclua isso nos planos da educação será motivo de forte reação sua. A atitude repentina se deu após a provocação do promotor Amilton Carneiro, que na ultima quinta-feira (11), emitiu um documento, indicando que o PME estaria repleto de signos linguísticos, típicos da ideologia de gênero. Isso, para o promotor, causaria uma desconstrução das estruturas sociais, entre outros efeitos negativos.
Neste mesmo documento, o membro do MPE elenca suas considerações e afirma que a sua intenção é garantir a simetria com o Plano Nacional de Educação, aprovado no ano passado e que também gerou polêmica envolvendo o mesmo aspecto, mas que no fim suprimiu a ideologia.
O que diz o Plano Municipal
Em conversa com duas integrantes da extensa comissão que elaborou o Plano Municipal, as educadoras apontaram o ponto polêmico o qual o promotor se manifestou. Ele está inserido em um dos trechos (item 1.1.1.1.10), no qual aborda a modalidade: EDUCAÇÃO PARA IGUALDADE DE GÊNEROS E DIVERSIDADE. O aspecto é tratado desde o Plano Nacional, bem como o Estadual, e é semelhante a outras modalidades, tais como: Educação de Jovens; Educação Especial; Educação para relações étnico-raciais, entre outras.
O trecho específico apresenta um diagnóstico do que se passa atualmente na cultura brasileira, em relação ao respeito à diversidade de gênero. Com esse levantamento, o documento mostra-se com a intenção de vislumbrar uma política educacional, que fuja dos moldes pré-concebidos e que não tragam o preconceito e discriminação para os alunos. Confira um recorte: “Nesse contexto, a educação para igualdade, apresenta-se como uma ferramenta macro que pode contribuir com a construção de sujeitos individuais e coletivos libertos dos modelos padronizados hegemônicos sexistas e racistas.”
Os parágrafos desse item finalizam concluindo que, “o município buscará introduzir em seu currículo escolar temas que trabalhem de forma reflexiva e ativa as questões de gênero e diversidade sexual”.
As modificações
Com essa “recomendação” do MPE, as representantes da comissão afirmam que já fizeram as devidas modificações, suprimindo vários trechos vistos como ideológicos. O site Alagoas na Net teve acesso ao novo texto, que em um dos seus trechos finais ficou assim: “Desta forma, dentro das propostas curriculares, na educação de Santana do Ipanema/AL, busca-se preservar o respeito e a cultura familiar, compreendendo que educar é dever da família.”.
O assunto é polêmico, mas, as integrantes da comissão fazem questão de afirmar que houve inúmeras oportunidades de debate de cada item do PME, inclusive com os representantes do Poder Legislativo. “Realizamos recentemente uma consulta pública na Câmara de Vereadores, onde foi apresentado todo o projeto, após sua redação final. Alguns dos vereadores, inclusive o presidente, estavam lá, infelizmente não foi feita nenhuma intervenção”, conta uma das educadoras.
Por Lucas Malta / Da Redação