Santana do Ipanema faz 143 anos de Emancipação Política; saiba o significado

24 abr 2018 - 00:42


Centro de Santana do Ipanema (Foto: A2 Produtora / Alagoas na Net)

A cidade de Santana do Ipanema, situada a 206 km da capital Maceió e fincada no Médio Sertão de Alagoas completa neste dia 24 de abril de 2018, 143 anos de Emancipação Política. Foi neste mesmo dia e mês de 1875 que a antiga vila foi elevada a situação de município. Mas o que isso realmente representa?

Para explicar essa data e o que ela simboliza no decorrer desse tempo o site Alagoas na Net conversou com o professor, escritor e historiador Marcelo Fausto. O santanense é autor e co-autor de obras que falam das origens da terra de Senhora Sant’Ana e do rio Ipanema. Através de um bate-papo ele fala da importante data.

Alagoas na Net: O que na prática é uma Emancipação Política?

Marcelo Fausto: O conceito de emancipação política remete para a independência política de um país, estado ou região. O país ou estado que se emancipa, adquire autonomia no âmbito político.

ALnaNET: No caso de uma cidade, como se dá essa Emancipação?

MF: A comunidade sai da condição de Distrito de outro município e conquista o direito de ser município – passando a ter sua própria câmara de vereadores, prefeito e prefeitura e todos os demais órgãos administrativos de uma cidade. A data em que este distrito se desligou passa a ser comemorada como a de sua emancipação. (No caso de Santana, ela passa de freguesia para vila)

ALnaNET: Antes de ser Emancipada, como era a situação de Santana?

MF: Até 1787, ano da Fundação, cujos fundadores oficiais foram Martinho Rodrigues Gaia e Padre Francisco José Correia de Albuquerque, esse arraial era povoado por mamelucos. A partir da construção da Capela dedicada a Senhora Santana (pedido feito pela primeira devota, Dona Ana Tereza, esposa do fazendeiro Martinho Rodrigues Gaia), toda região que se chamava “Ribeira do Panema”, passou a ser conhecida como “Sant’Anna da Ribeira do Panema”. Padre Francisco Correia torna-se primeiro vigário neste mesmo ano.

ALnaNEt: O Padre Francisco é uma figura importante nessa época?

MF: De acordo com o Padre Theotonio Ribeiro, a figura do Padre Francisco Correia vai ser de suma importância, o mesmo fora um dos treze conselheiros do Conselho Geral da província, usou de sua influência e pela Lei nº 09, foi criada em 24 de Fevereiro de 1836 a freguesia de Sant’Ana do Panema. O padre Theotonio vai instituir a feira aos sábados, que antes eram aos domingos. Em 1842, o Padre Francisco aos 85 anos deixa Santana e falece em 1848 em Bezerros, Pernambuco.

ALnaNEt: E o cenário da época, o que tinha na “antiga Santana”?

MF: No livro “230” (história icnográfica de Santana) do Professor Clerisvaldo B. Chagas aparece nessa época da história a Cadeia Velha construída em 1860 que fora demolida entre 1966 e 1970. Foi cadeia, necrotério, batalhão e ponto de venda de escravos. Segundo ainda o professor Clerisvaldo, os Correios começam a prestar serviços nas terras de Senhora Santana a partir de 1870.

ALnaNet: Como se deu a Emancipação de Santana?

MF: A emancipação político-administrativa de Sant’Anna da Ribeira do Panema foi concedida pela Resolução nº 681, de 24 de Abril de 1875. (Depois dessa data passa a ser chamada Sant’Ana do Panema que vai até 1921, finalmente ganhando o nome de Santana do Ipanema). O povoado foi elevado à categoria de vila e sede do município, ato aprovado pela Assembleia Legislativa provincial, sancionado pelo Dr. Vieira de Araújo, então presidente da província.

ALnaNEt: E como ficou seu território?

MF: Os limites do novo município permaneceram como os da antiga freguesia. A vila foi desmembrada da comarca de Traipu, voltando a jurisdição de Penedo até 07 de junho de 1876. No ano seguinte, 1877, a vila voltou a Jurisdição de Traipu. Pela lei de 866, de 13 de maio de 1882, foi desmembrada de Traipu e incorporada à jurisdição de Pão de Açúcar. Em 07 de junho de 1906, a vila foi desincorporada de Pão de Açúcar e anexada a Comarca de Mata Grande. Pela Lei de 1.846, de 04 de junho de 1920, a vila de Sant’Ana foi elevada a categoria de comarca. Finalmente, pela Lei nº 893, de 31 de maio de 1921, sede do município, a vila foi elevada à categoria de cidade de Santana do Ipanema.

O professor Marcelo Fausto ressalta que os dados expostos estão disponíveis através dos livros “Santana do Ipanema – conhecimentos gerais do Município” (2011) e “230 – História Icnográfica de Santana do Ipanema” (2017), ambos de Clerisvaldo B. Chagas; “Santana Conta e Sua história”, de Floro de Araújo Melo e Darci de Araújo Melo (1976); e “A freguesia da Ribeira do Panema”, de Tobias Medeiros (2016).

Por Lucas Malta / Da Redação

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