Apontados como autores materiais do assassinato do estudante universitário, Fábio Acioli, morto com requintes de crueldade na noite de 11 de agosto de 2009, os acusados Carlos Eduardo Souza e Wanderley Nascimento Ferreira foram condenados, pela maioria do júri, a 26 anos e 4 meses de prisão.
Na setença lida pelo juiz Geraldo Amorim, da 9ª Vara Criminal da Capital, os réus foram condenados por homicídio qualificado, quando o motivo do crime é torpe e fútil.
Por já ter cumprido parte da pena enquanto aguardava julgamento, Carlos Eduardo Souza vai cumprir agora 23 anos e 22 dias pela morte de Acioli. Enquanto Wanderley Ferreira Nascimento, que ficou um tempo foragido, cumprirá 23 anos, 4 meses e 18 dias de prisão.
Após a leitura da sentença, os acusados choraram e afirmaram estar respondendo por um crime que não cometeram. Um deles chegou a falar em voz alta que a dor que a família da vítima sentiu é a mesma que a família deles vai sentir agora, ao vê-los pagando por esse crime.
Chorando, a família da vítima não quis falar com a imprensa. Antes de se retirar do fórum, o pai de Fábio Acioli afirmou acreditar na inocência dos réus. “Eu acredito que não foram vocês”, disse aos acusados.
Crime sem mando
Durante o julgamento, o promotor do caso relembrou que, à época das investigações, se comentava sobre a participação de pessoas influentes como sendo os mandantes do crime. “Em toda a cidade se falava que havia a participação de um autor intelectual no crime. Esqueceram a autoria material e passaram a só comentar e divulgar informações sobre o mandante”, disse.
De acordo com o promotor, as testemunhas até colaboraram, passando informações sobre o caso, mas depois recuaram diante dos boatos de que havia pessoas influentes envolvidas no crime.
Em um dos depoimentos, o funcionário público Rafael Cícero de França, apontado inicialmente como a pessoa que atraiu o universitário para a emboscada, denunciava um empresário do ramo imobiliário como mandante. Mas, segundo a promotoria, a falta de laudos das perícias realizadas em computadores e telefones celulares da vítima e de outros acusados atrapalharam as investigações. “Se tivéssemos achado uma só conversa entre ele e essa pessoa apontada pelas testemunhas, poderíamos denunciar esse autor intelectual. Mas até hoje esperamos o resultado da perícia que teria sido realizada nos Estados Unidos”, afirmou.
Entenda o caso
Fábio Acioli foi sequestrado em 11 agosto de 2009, após deixar uma escola de idiomas no bairro da Ponta Verde, em Maceió. Quando passava pelo bairro de Cruz das Almas, local onde residia com a família, o jovem estudante foi abordado por dois homens e colocado na mala do veículo Peugeot prata, que pertencia ao seu pai.
O estudante foi levado para um canavial no bairro Benedito Bentes. Lá, foi torturado e, em seguida, queimado vivo. Segundo os médicos, Acioli teve 85% do corpo queimado. Os sequestradores deixaram o local com o veículo, que foi encontrado queimado dias após o crime.
Debilitado, o jovem se arrastou até a pista principal do bairro para pedir socorro a moradores da região, que acionaram uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Em contato com a família, Fábio Acioli foi encaminhado diretamente a um hospital particular da cidade, onde permaneceu internado por vários dias com queimaduras pelo corpo. Ele chegou a ser transferido para um outro hospital no Recife (PE), mas não resistiu aos ferimentos e faleceu 15 dias após o crime.
G1 Alagoas