Na tarde desta segunda-feira (13), foram reabertas as portas de um dos prédios mais importantes da história do cinema alagoano: o Cine Penedo. Situado no município banhado pelo rio São Francisco, o local inspirou memórias durante todo o tempo em que esteve na ativa, e sua reinauguração promete marcar ainda mais histórias do povo penedense.
Parte da plataforma de honra da cerimônia de reinauguração, Sérgio Onofre, coordenador do Circuito Penedo de Cinema, comparou a iniciativa de salvaguarda do patrimônio cultural com a prática de conservação do meio ambiente. “A preservação da natureza, de mananciais aquáticos como o nosso Velho Chico, passam diretamente pela preservação da história das pessoas. Ao reabrir o Cine Penedo, damos espaço para que a história de tantas pessoas que se divertiram aqui respire novamente”, disse o coordenador.
Além de Onofre, estavam na plataforma de honra o reitor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Josealdo Tonholo; o prefeito de Penedo, Ronaldo Lopes; a secretária de ensino superior do Ministério da Educação, Denise Pires de Carvalho; a secretária de estado da cultura, Mellina Freitas; a vice-reitora da Ufal, Eliane Cavalcante; a representante do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Janaina Sobrinho, o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Ademar Júnior; o presidente do comitê da bacia hidrográfica do rio São Francisco, Maciel Oliveira, e o gerente adjunto do Sebrae em Penedo, Ricardo Coimbra.
A plataforma de honra realizou os simbólicos atos do desenlace de fita e descerramento de placa, como ocorre em toda grande inauguração. No caso do Cine Penedo, não seria diferente, dada a sua importância histórica e cultural, e dos horizontes que se abrem para novas contribuições do cinema para o desenvolvimento artístico e criativo do município.
Aliás, o primeiro longa-metragem exibido após a reinauguração da sala de exibição do Cine Penedo foi o documentário “Retratos Fantasmas”, do cineasta pernambucano Kleber Mendonça Filho, cuja narrativa dialoga diretamente com o momento. O filme aborda como as salas de antigos cinemas movimentavam a população e como seus fechamentos tiveram impacto naqueles que costumavam frequentar tais espaços.
Fechado há mais de 40 anos, o Cine Penedo movimentava o município desde o fim da década de 1950, e diversas são as histórias de moradores que guardam um universo de memórias afetivas vividas ali, no interior da sala de exibição, já naquela época.
Em 1978, o prédio chegou a sediar o IV Festival do Cinema Brasileiro de Penedo, que contou com oito edições, entre os anos de 1975 e 1982. O festival atraía os olhos do Brasil e do mundo para as produções exibidas na cidade ribeirinha, tendo entre os cineastas premiados nomes de destaque como o alagoano Celso Brandão, agraciado por suas produções “Ainda Hoje” (1976), “Aurélio Buarque: roteiro sentimental” (1980) e “Chão de Casa” (1982).
Os frutos dessa forte influência da sétima arte em Penedo são colhidos até hoje, uma vez que o município foi reconhecido como Cidade Criativa, na categoria Cinema, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (a Unesco). Em todo o país, além de Penedo, apenas a cidade de Santos, em São Paulo, já foi selecionada na mesma categoria. Tal reconhecimento visa promover a cooperação internacional entre as cidades que reconhecem a criatividade como um fator importante em seu desenvolvimento urbano.
A honraria da Unesco surgiu num momento bastante oportuno, uma vez que as dependências do recém-inaugurado Cine Penedo serão sede da Escola de Artes e Tecnologias Criativas, com ofertas de cursos técnico e superior na área de produção cultural, audiovisual e design. O projeto, gerido pela Ufal, já tem aval do Ministério da Educação e, durante a cerimônia de reabertura da sala de exibição, a secretária de estado da cultura, Mellina Freitas, recebeu o planejamento da nova unidade educacional diretamente das mãos do reitor da universidade.
“Penedo tem tudo o que a gente mais precisa para este projeto: a arquitetura da cidade, que vai do barroco ao moderno e proporciona os mais belos cenários; o belíssimo rio São Francisco, banhando todo o município; e o principal: a gente penedense, afoita por conteúdos como este”, concluiu Josealdo Tonholo.