Sobre Diógenes Pereira

Diógenes Rodrigues Pereira é Psicólogo Clínico, Terapeuta Cognitivo Comportamental, Especialista em Avaliação Psicológica, Palestrante, Consultor Pessoal e Organizacional. Formado pelo Centro Universitário Cesmac (Maceió).


QUAL É O MODELO IDEAL DE FAMÍLIA?

4 agosto 2019


Foto: Michal Jarmoluk / Pixabay

A discutir-se a origem e a importância da família, uma pergunta recorrente é se a instituição familiar é universal, e se deve seguir um padrão?

A origem da palavra Família vem do latim fames (“fome”) e que afirmasse que deriva do termo famulus “servente”. Por isso, alguns autores acreditam que, originariamente, o conceito de família era usado para fazer alusão ao conjunto de escravos e criados enquanto propriedade de um só homem.

Historicamente a família constitui o primeiro grupo social, sua existência é fundamental para a formação de um individuo. É a partir dessa raiz de ensinamentos que se mantem as referências culturais de um povo, estabelecendo através das relações e identificações, que a criança se desenvolva estruturando sua matriz da identidade.

Para o antropólogo Francês Levi-Strauss, a família se forma a partir do momento da união do casamento, sendo acrescentados cônjuges e filhos nascidos do casal. Esse grupo mantem laços legais, econômicos e religiosos entre os membros. Com uma série de proibições e privilégios sexuais, e todos vinculados com respeito, afeto e amor em um laço psicológico relacional, que os manterá durante anos. 

Na visão de outros teóricos, a família é a unidade básica da sociedade que é formada por indivíduos com ancestrais em comum ou ligada pelos laços afetivos. Regimento de um grupo de pessoas que representam uma parte da sociedade que influencia e é influenciada por outras pessoas ou instituições. Esses membros geralmente compartilham o mesmo sobrenome. 

Alguns antropólogos defendem que algumas regras de convivência da família, foram se moldando para fortalecer a espécie humana. Como por exemplo, na maioria das culturas é proibido o casamento entre parentes de primeiro grau, (pais X filhos / irmãos), esse requisito garante que os descendentes nasçam resistentes. 

Apesar de cada região do planeta ter seus costumes e consequentemente suas configurações familiares próprias, o modelo (Patriarcal) tendo a figura masculina como principal gestor das famílias é algo em comum que se mantem ao longo de séculos. Atualmente as leis culturais que regem as famílias vão ganhando novas formas, e o conceito de família também vai mudando. 

E qual o impacto para a sociedade com essa desconstrução no modelo da família?
Quais os riscos e vantagens para a próxima geração em que não respeita o mais velho da tribo como autoridade?
O que acontece com a sociedade quando um povo perde suas referências?
São questões que algumas pessoas comemoram pela mudança, e outras lamentam. Na sequência irei citar algumas alterações sociais que já são vistas nos dias de hoje, derivadas dessa transformação.

A função primordial da instituição família é o cuidado e a proteção, não só proteção física, mas também o direcionamento emocional para a resolução de problemas e conflitos, fábrica de valores e crenças, sobre tudo na condição de saúde e doença que são expressas através dos comportamentos de cuidado entre seus membros.

Nos dias de hoje encontramos com frequência crianças carentes desse “cuidado familiar”, às vezes órfão de pais vivos, sem referência cultural e religiosa, e consequentemente sem regras de socialização e paramentos de respeito. Toda essa deficiência gera conflitos emocionais, dificuldade de entendimento sobre direitos e obrigações sociais, essas frustações são causas por falta de espelhamento em um adulto com papel de hierarquia.

O antropólogo norte americano Murdock, defendia que a família é uma organização de importância universal, e afirmava também que em nenhuma cultura ou sociedade é possível substituir adequadamente o modelo nuclear da família (pai, mãe e filhos). Ou seja, na família que falta um dos genitores na criação dos filhos, nada preenche adequadamente o espaço simbólico e sentimental deixado por ele. 

Tomando por base as ideias de Murdock, é possível identificar quatro características elementares nesse modelo de família: a sexual, a reprodutiva, a econômica e a educativa. Essas funções requisitos essenciais para manutenção de qualquer sociedade. Talvez sejam esses alguns dos aspectos de estejam fazendo falta na nossa atual sociedade. 

No século XXI tem aumentado o número de famílias com ausência de um dos cônjuges na criação dos filhos, é grande também a quantidade de filhos sendo criados por eletrônicos, ou indo cada vez mais cedo para creches para que os pais trabalhem. 

Será que o contato humano (relação olho no olho) das famílias de hoje estão sendo suficientes para estruturar essas crianças?

Será que presentes materiais e permissividade a uma criança, recompensam a ausência de um cônjuge na sua criação?

Será que a maneira de socializar e educar essas crianças está sendo suficiente para que elas reconheçam a hierarquia?

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