Após realizar assembleia geral com a categoria na manhã da segunda-feira (4), professores da rede municipal de ensino de São Miguel dos Campos decidiram paralisar as atividades, por tempo indeterminado, a partir da próxima quinta-feira (7). Eles cobram da gestão municipal o pagamento dos salários atrasados referente ao mês de dezembro.
“A greve foi acordada pela categoria porque nada justifica este atraso de salário. Os professores se sentem caloteados até porque o que há na prefeitura é uma gestão continuada. Fizemos o comunicado e estamos dando o prazo legal de 72 horas para deflagrar a greve. Se até não houver pagamento até lá vamos suspender os trabalhos”, expôs o professor Leonel Cavalcante, ao relatar que na rede pública do município há cerca de 400 professores e 12 mil alunos.
Segundo o professor, o município de São Miguel dos Campos recebeu em 2012 mais de R$ 25 milhões do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), e que R$ 15 milhões deveriam ser destinados a folha salarial. “O grande problema é que extrapolaram a folha com contratações desnecessárias penalizando os demais servidores que trabalham”, disse Cavalcante, ao colocar que a categoria denunciou ao Ministério Público suspeitas de desvio no recurso do Fundeb.
Diante da situação, o professor disse que a categoria vai às ruas da cidade junto com os alunos para explicar o motivo da greve. “Nestes três dias que antecede a pralisação vamos fazer uma série de mobilizações para mostrar a população o que está acontecendo e convocar os profissionais. Só voltaremos ao trabalho caso ocorra o pagamento, ou se a Justiça declarar a greve ilegal. Até lá, a paralisação será mantida”, acrescentou.
Dificuldades financeiras
Ao falar com à reportagem do G1 sobre a ameaça de greve, a secretária-adjunta de Educação do município, Alexandra Rodrigues, disse que a reivindicação é justa, porém, a gestão municipal explicou o problema para os professores durante reunião de negociação.
“Recebemos o ofício comunicando a greve e ficamos surpresos. Durante negociação, deixamos claro para a categoria que o município passa por uma situação econômica difícil. E e que não há como fazer esse pagamento agora porque o recurso a ser usado não é do Fundeb, mas sim dos próprio cofre, onde não há dinheiro suficiente”, explicou Rodrigues.
Segundo a secretária-adjunta foi acordado com os profissionais que o os salários de dezembro serão pagos até o dia 20 de março. “Não há outra possibilidade porque a secretaria de Finanças não visualiza a chegada de recursos até lá. Entretanto, o que o município deve é o salários líquido dos profissionais que recebem acima de R$ 1 mil. Quem ganha menos está com os vencimentos em dia”, falou Alexandra Rodrigues ao evidenciar que mesmo diante da situação a gestão municipal pretende negociar com os grevistas.
“O que os professores precisam entender é que a gestão municipal não vai acertar uma data como eles querem para depois não poder cumprir. Estamos mostrando a realidade e chamando para negociação. A situação financeira da prefeitura é tão difícil que os cargos comissionados estão desde novembro sem receber”, completou.
Por G1