O Teatro Deodoro se tornou palco do Concerto Sinfônico Popular em homenagem aos 173 anos da Banda de Música da Polícia Militar de Alagoas. O evento ocorreu na noite dessa quarta-feira (26). Os urdimentos, coxias e camarotes da tradicional casa alagoana de espetáculos culturais foram preparados especialmente para celebrar o aniversário do conjunto militar, Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural Imaterial do estado.
A apresentação contou com repertório eclético e levou emoção à plateia presente. A solenidade foi aberta ao público e contou com a presença de autoridades civis e militares. O comandante-geral da corporação, coronel Paulo Amorim, participou da cerimônia e fez questão de destacar a importância da banda de música para toda a sociedade.
“Nosso patrimônio imaterial esteve presente em diversos momentos marcantes da nossa história, sempre levando boa música, cultura e também alegrando e emocionando a todos os seus ouvintes”, reforçou o comandante.
Tradição passada por gerações
Na plateia do Deodoro, um espectador se destacou quanto a sua emoção ao ver a apresentação de uma das clarinetistas. O major Carlos Gomes, oficial da reserva remunerada e antigo regente do Centro Musical, após tantos anos se apresentando no teatro, foi a primeira vez que ele viu a sua filha, a soldado Keila Katiane, participar de um Concerto Sinfônico.
“Durante tantos anos eu trouxe minha filha para me ver tocar. Hoje poder vê-la se apresentar, ao lado de companheiros de fardas que trabalharam comigo e eu estando aqui na plateia é motivo de orgulho e admiração”, destacou o major.
A soldado Katiane cresceu ouvindo a banda da PM-AL. Sempre que podia, a militar acompanhava seu pai nas apresentações e concertos, desfiles e no Projeto Vem Ver a Banda Tocar, aos domingos na orla de Maceió. Segundo ela, a influência musical sempre esteve presente em sua família e trabalhar com a música, assim como o seu pai, tem sido uma realização.
“Eu me sinto extremamente feliz e destaco o quão importante é o papel desenvolvido pelo Centro Musical, que não mede esforços para oferecer o melhor repertório, a melhor experiência e trazer alegria a tanta gente. Durante quase 30 anos meu pai pode vivenciar essa experiência e hoje é minha vez, não há nada que possa pagar esse sentimento de realização. Nos ensaios, tinha uma música a qual eu lembro muito de ter ouvido nas apresentações quando ia com meu pai. O sentimento nostálgico quando fui tocar foi maravilhoso, sabe? Antes eu ia para vê-lo se apresentar, hoje ele é quem ‘baba’ a filha”, disse a instrumentista.
Histórico da Banda de Música
Dentro da corporação, a Banda possui papel fundamental. Cabe aos seus integrantes a execução sinfônica em formaturas e solenidades. É a música que marca cada momento e confere a cadência da marcha e a uniformidade da tropa. Além do caráter marcial, em Alagoas, o Centro Musical também realiza performances voltadas ao entretenimento da população tanto na capital quanto no interior por meio da seção sediada no 3º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em Arapiraca.
A Banda como hoje é conhecida, data do século 19. Foi criada em 1851, por meio da Lei n.º 145, de 2 de junho, no organograma da então Milícia Provincial. A música miliciana esteve presente em episódios como a recepção ao Imperador Dom Pedro 2º em sua visita a Penedo em 1859. Em 1865, a Banda desfilou pelas ruas de Maceió prestando homenagem aos Voluntários da Pátria que embarcaram com destino à Guerra do Paraguai. O ano de 1936 foi marcante pelo nascimento do Bloco Vulcão, considerado o mais seguro das prévias carnavalescas de Maceió.
O ano de 1999 marcou o início dos concertos populares intitulados Vem Ver a Banda Tocar: o programa leva apresentações musicais que acontecem aos domingos no Espaço Gerusa Malta, na Praia de Ponta Verde, e atrai grande público a cada edição.
Em 2012, no dia 29 de maio, a Banda se tornou Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural Imaterial de Alagoas por força da Lei n.º 7.355. Atualmente, o CM tem como regente o tenente-coronel Carlos Feitosa. Desde setembro de 2023, com o Decreto de Ordenamento Básico da Corporação, a Banda passou a integrar a Diretoria de Comunicação Social (DCS), tornando-se a DCS/CM.