“Na rua, nas escolas, nas praças, na caatinga, no litoral, no Sertão. Vinte e quatro horas, todos os dias, a Polícia Militar de Alagoas está a serviço do cidadão”. A afirmação, em forma de versos, é do comandante da Polícia Militar de Alagoas, coronel Paulo Amorim, que, na sexta-feira (3), participou, ao lado do governador Paulo Dantas, das celebrações dos 191 anos da Corporação.
Amorim comanda uma tropa de cerca de 7 mil homens e mulheres distribuídos no quadro de combatentes – responsáveis por atuarem na atividade – fim da segurança pública ostensiva, – e nos de administração, de especialistas, da área da saúde e também de músicos.
Os versos acima, pertinentemente ditos pelo comandante, dizem respeito à proteção dos 102 municípios alagoanos sob a guarda institucional da Polícia Militar, das unidades operacionais do Comando de Policiamento da Capital (CPC) e do Comando de Policiamento do Interior (CPI). Isso sem falar nas unidades administrativas, as de ensino, diretorias, seções e setores.
A Polícia Militar foi criada em 3 de fevereiro de 1832 pelo Corpo de Guardas Municipais Permanentes no território alagoano. A Corporação integra a Secretaria de Segurança Pública (SSP) de Alagoas e, conforme a Constituição Federal em seu artigo 144 e parágrafo 5º, sua missão é a de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública.
Polícia Cidadã: reconhecimento nacional
Um dos orgulhos na história dos 191 anos da PM foi a criação do Centro de Gerenciamento de Crises, Direitos Humanos e Polícia Comunitária da Polícia Militar de Alagoas que este ano completará 25 anos. Em 2003, o Centro de Gerenciamento recebeu o Prêmio Nacional de Direitos Humanos, em Brasília, onde a unidade foi reconhecida como a Polícia Mais Cidadã do Brasil. À época, o evento contou com a presença do então presidente Lula, que este ano retornou ao cargo.
As atribuições do grupo estão na competência de fazer cumprir de mandados judiciais, reintegração de posses, mediações de conflitos, desbloqueios de vias públicas, entre outras atribuições. Diariamente, estão escaladas equipes de serviço, uma responsável por atender ocorrências no interior e, outra, na Capital. A população pode acionar a equipe de negociadores por meio do numero de emergência 190.
O Gerenciamento de Crises foi criado no dia 25 de abril de 1997, inicialmente com o nome Comissão Central de Direitos Humanos, em virtude do massacre que houve em Eldorado dos Carajás em 17 de abril de 1996 no Estado do Pará, onde 19 trabalhadores sem-terra foram mortos durante a ação da Polícia Militar daquele estado.
À época a PM estava preocupada com o que a aconteceu no Pará, e tendo em vista que em Alagoas já ocorriam várias ocupações de terras, resolveu autorizar a criação da Comissão Central de Direitos Humanos que posteriormente se denominou Centro de Gerenciamento de Crises, Direitos Humanos e Polícia Comunitária (CGCDHPC) da Polícia Militar de Alagoas.
Durante toda a atuação do grupo, as ocorrências têm sido solucionadas de maneira pacífica e a equipe de negociadores tem preservado vidas e aplicado a lei. Ao contrário do que aconteceu no Estado do Pará, o Estado de Alagoas tem um setor especializado na PMAL para cuidar de várias temáticas sociais, evitando que haja confronto, que se tenham pessoas mortas e também militares processados, e afirmando que o diálogo ainda é a melhor ferramenta para resolução de ocorrências e possíveis conflitos.
Seu Edval: uma família na PM
Edval Lima da Silva, 74 anos, serviu por mais de 30 anos nas fileiras da Polícia Militar de Alagoas e chegou a tenente, antes de se aposentar. Ele era só alegria nas celebrações do aniversário da PM. “Fui até delegado e servi nesses trinta anos no caminho reto, sem uma punição sequer durante esse tempo”, orgulha-se. “Saí como um ficha-limpa”, completa Edval.
E se o orgulho do currículo o deixa emocionado, imagina isso com quatro filhos que seguiram a carreira militar. Edval não cabia em si nas comemorações dos 191 anos, ao lado de três dos quatros filhos que deram prosseguimento à carreira na caserna: “Ver todos os meus filhos seguindo minha carreira, poxa, que alegria!”, informa, ao apresentar os filhos Edval, Leidiane e Leilia, ao lado do pai e também presente às celebrações de aniversário.
O filho Edval Lima da Silva Júnior, 44 de idade e 22 de polícia, é taxativo: “Segui o exemplo do meu pai, um orgulho, sempre dentro da lei e fazendo o melhor para a sociedade”, resume o filho mais velho de Edval, atual capitão PM.
A Capitã — e a mais emotiva do clã com os olhos sem conseguir segurar as lágrimas ao olhar para o pai —, Leidiane Santos da Silva diz a razão de também seguir a carreira de Edval: “Meu sonho sempre foi ser policial militar desde pequenininha. Quando andava com meu pai nos quartéis, achava lindo aquilo, a farda. O exemplo que ele sempre levou para casa de servir me motivava. E aos 18 anos realizei este sonho. É uma honra levar em frente esta profissão e o nome de meu pai”, ressalta Leidiane.
“Sempre dizia comigo se eu não fosse policial militar, a outra profissão seria a de policial militar”, completa Leidiane, que revela ter se formado em Direito, mas não quis ir adiante. “Na crise que a PM passou há alguns anos, vi meu pai ir pescar para nos garantir a sobrevivência. Nos momentos difíceis que o Estado passou com até seis meses sem receber os proventos, ele nunca reclamou, mesmo passado dificuldades que outras pessoas passaram”, relembra Leidiane, ao emocionar-se, relembrando o período de 1997, quando o Estado entrou em uma crise financeira.
Na condição de capitã, Lediane atualmente é instrutora da Academia de Polícia Militar e do Centro de Aperfeiçoamento de Praças na instituição. A outra filha, também militar, Leilia Andrea Santos, tem 20 anos de polícia, e lacônica, diz. “O exemplo da conduta de meu pai me motivou a seguir, nunca pensei em outra profissão também. Se eu não fosse polícia, não seria feliz, como minha irmã disse. É só agradecer”, afirma Leilia, ao abraçar o pai, a irmã e o irmão.
E para não fugir à tradição militar da família, a outra filha de seu Edval é sargento, mas esta é do Corpo de Bombeiros Militar.
“Policiais Mirins”, o futuro da PM é logo ali
Vanessa Fernandes da Silva tem o pai que é sargento já há mais de 20 anos na PM. No dia do aniversário da PM, ele estava em serviço, mas Vanessa teve motivos de sobra para compensar a ausência paterna na celebração dos 191 anos da Corporação. A filha Radássia Vitória, de apenas 5 anos, desfilou à caráter. Ela foi a sensação com mais duas amiguinhas da mesma idade ao desfilar com o governador Paulo Dantas.
“O maior desejo dela é seguir a carreira do avô”, diz a mãe Vanessa. Toda orgulhosa ao lado do governador, Radássia ratifica o desejo infantil e a sinceridade característica de uma criança. “Quero ser polícia para seguir meu vô”, disse. As outras duas crianças que também desfilaram foram Júlia Radássia e Larissa Melo, ambas de apenas 4 anos.
A primeira tem parentesco com militares, mas a outra, não. Mas independentemente de parentesco ou não, as três meninas, pelo visto, estão bem encaminhadas ao serviço militar. Isso porque as crianças participam do Grupo Mirim da PM.
Comandados por Sueli Vita, primeiro sargento da Reserva, ela foi a idealizadora do Grupo. “Nem todos são filhos de militares, mas o sonho delas é seguir a carreira”, afirma Sueli, que comanda o pilotão mirim há um ano e meio.