O Núcleo de Pesquisa e Estudos Arqueológicos e Históricos (Nupeah) do Campus do Sertão da Universidade Federal de Alagoas está mais uma vez contribuindo com estudos sobre importantes descobertas dos povos indígenas da pré-história. O professor Flávio Moraes finalizou na última sexta-feira (19) a primeira etapa de um trabalho de escavação no Sítio Furnas dos Ossos, na cidade de Vertentes, na região Agreste de Pernambuco.
Trata-se de um sítio do tipo abrigo sob rocha, com material ósseo humano disposto por quase todo o local. “A gente já identificou alguns ossos com pigmento vermelho, quer dizer que se trata de ritual secundário de sepultamento; e alguns dentes de felinos – possivelmente de onça – com marcas de perfuração, ou seja, que foram usados como pingentes em colares ou pulseiras no passado”, relatou o pesquisador.
Moraes conta que há variação de faixa etária dos ossos encontrados, mas que além de adultos foram identificadas ossadas de crianças de 2 e de 6 anos. Sobre a datação dos materiais ainda não é possível afirmar, mas, de acordo com o professor, há indícios de que tenham mais de 1.500 anos.
“Estamos buscando material mais preservado para fazer a datação, mas pela experiência de outras escavações na região, tem característica de material pré-histórico. Em dois sítios que escavamos aqui próximo os materiais têm 1.600 e 1.500 anos antes do presente”, adiantou.
Confira aqui Ossos humanos encontrados por pesquisador da Ufal tem cerca de 1.600 anos — Universidade Federal de Alagoas o recente trabalho que o professor Flávio participou, no estado da Paraíba
Parceria para preservar
O projeto que está em andamento foi submetido ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e conta com a parceria de alunos e professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). O apoio vem especialmente do Laboratório de Antropologia, Arqueologia e Bem viver (Laab) da UFPE, Campus Agreste, e do Laboratório e Museu de Arqueologia da Unicap.
Segundo o docente da Ufal, nenhum arqueólogo tinha ido ao local anteriormente e a equipe tem uma importante missão: “A gente iniciou a pesquisa para tentar salvar esse material. O sítio fica numa área turística, as pessoas frequentam de forma desordenada, sem controle, e acaba chegando pessoas sem consciência que mexe em tudo e destrói. Para a arqueologia a preservação do contexto é importantíssima”, disse Moraes.
O material foi coletado para ser estudado e entender um pouco mais sobre as práticas mortuárias dos povos do passado. A próxima etapa em campo será em outubro, quando os pesquisadores vão procurar algum sepultamento preservado, já que nessa primeira etapa os ossos encontrados estavam dispersos no salão por ação de vandalismo.
“Para a história é uma fonte inesgotável de informação porque esses povos não dispunham da escrita. Como são povos pré-históricos, a gente tem informações limitadas. Quando a gente estuda os locais onde esses povos habitaram e praticaram seus rituais culturais a gente percebe a diversidade de formas e do jeito de viver, como era tão rico culturalmente, com formas de enterramento, modalidades de sepultamento distintos, como davam muita atenção a esse momento de se desprender do ente querido, ou seja, é uma contribuição que não tem como a gente avaliar o tamanho, mas a gente vai costurando essa colcha de retalhos e ampliando o que se conhece sobre esses povos indígenas”, destacou Flávio Moraes.