Especialistas em preparação de alunos para a prova de Redação do Enem, os professores Luiz André Medeiros e Eduardo Nobre “acertaram” o tema escolhido pelo INEP para a prova de redação do Enem 2014. Em 2013, os professores também haviam acertado tema da Redação do Enem, que abordou no ano passado a questão da “lei seca”.
O tema da “publicidade infantil” esteve presente de forma contundente e bem desenvolvida nas aulas dos professores ao longo de 2014 e durante o mês de revisão para o Enem. O material com o tema trabalhado pelos professores em sala de aula acerca do tema “publicidade infantil” pode ser conferido no link http://migre.me/mJsHr.
Luiz André Medeiros e Eduardo Nobre também acertaram no método de apresentação do tema da prova. Neste ano, ao apresentar o tema da “publicidade infantil em questão no Brasil”, o MEC informou que para ajudar a produção dos textos a proposta de redação traria um texto jornalístico que discutiu se a publicidade infantil deve ser proibida no Brasil.
Os professores alagoanos, quando sugeriram o tema, apresentaram no formato completo um texto jornalístico de Daniel Piza, articulista do jornal O Estado de S. Paulo, que pode ser conferido no link http://migre.me/mJr8q .
“Mas não foi somente isso. Apresentamos aos alunos um debate fundamental sobre o tema, que são instrumentos legais como a resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, de nº 163/14, que considera abusiva a publicidade voltada a crianças e adolescentes. Trabalhos muito esta importante informação” afirma o professor Luiz André Medeiros, reiterando que “o debate de temas sociológicos, filosóficos, éticos e jurídicos são bases fundamentais para uma boa redação”.
Material traz base total para redação
No material apresentado pelos professores, um texto da jornalista Thais Paiva de título “Fabricando consumidores – Proibição do Conanda à publicidade infantil é ignorada. Para especialistas, falta de maturidade das crianças as torna um público mais suscetível ao apelo das marcas” apresentava de modo direto o tema da publicidade infantil. O texto pode ser conferido no link http://envolverde.com.br/sociedade/fabricando-consumidores/ .
Com base neste material, os professores orientavam aos alunos estabelecerem no começo da redação a ideia de que as crianças são um importante e rentável alvo para os anúncios publicitários e outros tipos de comunicação mercadológica. Quanto ao desenvolvimento do texto, a resolução do Conanda poderia ser utilizada como primeiro argumento.
Continuando o desenvolvimento, os professores sugeriram um debate com base nos pensadores da prestigiosa Escola de Frankfurt. A Escola de Frankfurt concentrou se interesse na análise da sociedade de massa, termo que busca caracterizar a sociedade atual, a qual o avanço tecnológico é colocado a serviço da lógica capitalista, enfatizando o consumo e a diversão como forma de garantir o apaziguamento e a diluição dos problemas sociais.
Com base nesse pensamento filosófico, os professores orientaram seus alunos a escreverem um parágrafo de desenvolvimento com base na tese de que a imposição das propagandas às crianças através da indústria cultural, promoveria a homogeneização dos comportamentos de acordo com os interesses mercadológicos. Outro ponto importante seria desenvolver um argumento com base de que a responsabilidade do cuidado das crianças não exclusividade da família, mas também, da sociedade e do estado.
Uma das principais partes da redação do ENEM, a solução, poderia conter o argumento de que a proibição da publicidade dirigida ao público infanto juvenil, por si só, não resolveria o problema. A questão central seria: quais valores estão sendo passados para as crianças? Assim, os alunos poderiam argumentar que proibir não resolve o problema que é o consumo naturalizado em nossa sociedade. Seria papel da escola e dos pais discutirem sobre a questão. É importante construir uma capacidade crítica nas crianças e adolescentes. Os estudantes poderiam mostrar como a publicidade cria vontades, necessidades inventadas, totalmente desconectadas com o nosso cotidiano.
Os professores orientaram também que no desenvolvimento da redação os estudantes poderiam usar com base teórica pensadores como Max Weber, que problematiza essa prática como uma ação que tem como base a motivação de outras ações individuais – pelas pessoas, pelas novelas, jornais, propagandas, grupos de indivíduos, legitimando minha ação individual.
“Necessário destacar que a correção gramatical e o uso culto e elegante da língua portuguesa também foi trabalhado na questão do consumismo e da propaganda” destaca o professor Eduardo Nobre. “Por isso, em outro tema, destacamos a questão da propaganda e do consumo apresentando, por exemplo, debates como o proposto pelo poeta Carlos Drummond, com o poema “Eu, Etiqueta”.
O poema “Eu etiqueta” de Carlos Drumond de Andrade retrata a importância que o homem passou a dar para a mercadoria, que foi ficando tão forte a ponto de definir as pessoas e seus valores. O poemadestaca ainda o marketing, o qual as empresas utilizam para promover suas mercadorias. Essas, passaram então a ser identificadas por meios de nomes e desenhos projetados nos produtos, ou seja, oconsumidor paga para fazer um tipo de propaganda ambulante do produto que adquiriu.
Por CadaMinuto