A última quinta-feira (09) entrou para a história da cultura alagoana como a data em que grupos folclóricos foram reconhecidos como patrimônio vivo de um povo. Aconteceu em Pilar, durante sessão solene realizada na sede da Câmara Municipal, que aprovou o projeto de lei apresentado pela Prefeitura para reconhecer três mestres e dois grupos de muita tradição na cidade. Com a diplomação, o Município passa a apoiá-los financeiramente, e de forma vitalícia, para que todos possam disseminar a cultura popular, inclusive, nas escolas, perpetuando as manifestações.
Diretora de Cultura da Prefeitura de Pilar, Ruthnéa Camêlo utilizou a tribuna da Casa Legislativa para destacar a importância da iniciativa, explicando que cada mestre receberá um salário mínimo por mês, enquanto os grupos, dois salários cada. Com o recurso disponibilizado pela Prefeitura, os mestres e grupos assumem o compromisso de promover atividades, como palestras e oficinas, com o objetivo de propagar os ensinamentos que receberam ao longo de décadas.
“Nesse primeiro edital, contemplamos o mestre de Guerreiro Edivar Vicente e as mestras Maria José Cordeiro e Maria Cícera da Conceição, representando o Pastoril e as Baianas, respectivamente. A grande novidade, porém, é que Pilar se tornou o primeiro município alagoano a também diplomar, como patrimônio vivo, dois grupos folclóricos: o Boi do Canário e o bloco Os Caçadores, que tem quase cem anos de tradição em nossa cidade. E a diplomação não é apenas um pedaço de papel, é Pilar, de fato, na vanguarda da cultura alagoana”, afirmou Ruthnéa, destacando, ainda, o trabalho desenvolvido pela equipe da Casa da Cultura Arthur Ramos no sentido de preservar a cultura local, resgatando, assim, a identidade da população pilarense.
“Agradecemos também ao prefeito de Pilar, Renato Filho, por todo o apoio dispensado até aqui. Sem esse apoio, nós não teríamos conseguido aprovar, em 2022, a Lei do Patrimônio Vivo, que veio para preservar a memória artística e cultural dos pilarenses”, emendou a diretora.
Quem também prestigiou a cerimônia foi o presidente do Fórum Permanente da Cultura Popular e Artesanato de Alagoas (Focuarte), João Lemos, que não escondeu a alegria de poder vivenciar o que já é considerado um marco para Alagoas. “É uma alegria muito grande, e não apenas para os fazedores de cultura do nosso estado. É realmente um momento histórico porque, pela primeira vez, dois grupos estão sendo reconhecidos como patrimônios vivos de um povo. Isso empodera a nossa cultura e nos enche de orgulho”, afirmou o também jornalista.
Já Maria Cícera da Conceição, a Mestra Brauna, vibrou com a homenagem. Ela agradeceu a todos pela diplomação, salientando a importância de ser reconhecida em vida. “Estou muito feliz e, principalmente, muito orgulhosa de ser pilarense. Sempre gostei de fazer cultura na minha cidade e, agora, posso dizer que sou patrimônio de Pilar, a terra que tanto amo”, frisou a homenageada, prometendo repassar seus ensinamentos ‘para várias gerações’.
Outro que, na oportunidade, garantiu seguir defendendo a cultura alagoana ‘até os últimos dias de vida’ foi o Mestre Edivar Vicente. Conhecido como Treme Terra de Pilar, o mestre de guerreiro também já recebeu a Comenda Lêdo Ivo, entregue durante sessão solene proposta pela deputada estadual Fátima Canuto. “Estou bem feliz e agradecido por esse momento, por ser mestre de guerreiro na cidade de Pilar”, comentou.