Sobre Clerisvaldo Chagas

Romancista, historiador, poeta, cronista. Escritor Símbolo do Sertão Alagoano.


PAU DE ARARA

13 junho 2018


 

Foto: Blog Conversa Franca / Aquiles Emir

“O principal meio de transporte utilizado pelo homem para escapar das paragens comburidas pelo sol intenso, era, antigamente, a caminhada exaustiva, sobretudo para os mais pobres. Hoje em dia, com o advento do caminhão, os habitantes utilizaram-nos na sua fuga e, em consequência desse novo estado social, são denominados de “paus de arara”, dada a analogia entre eles e as araras e papagaios do Sertão, que vemos voejando em torno da galhardia contorcida da vegetação local, fazendo aquele característico alarido; e como os sertanejos emigram nestes, aos magotes, a observação popular comparou-os com aqueles psitacídeos, dando, ainda outro significado à palavra – o pauperismo dos que mais sofrem o rigor das secas.

Notamos que ainda não está definida, nem vitoriosa a ação do Governo contra a seca, pois os açudes que se espalham em Alagoas e no Nordeste em geral, favorecem, apenas, a pequenos grupos populacionais. Além desse aspecto desfavorável, muitos secam, necessitando-se, por conseguinte, do desenvolvimento de um plano mais objetivo de trabalho – perfurações de poços tubulares e instalação de uma rede de irrigação capaz de favorecer o reflorestamento de muitas áreas. Somente assim tornar-se-á uma realidade, como consequência lógica e natural, a fixação do Homem no Polígono das Secas”.

Lendo este belo texto, publicado no livro Geografia de Alagoas (1965), do professor Ivan Fernandes Lima, lembramos o trabalho que estamos realizando sobre os topônimos dos nossos sítios. Discordamos, porém, do saudoso Mestre quanto à origem do apelido ainda em uso: pau de arara.

Em nossa opinião, O vulgo faz analogia às araras e papagaios vendidos em um pau. No caso do caminhão, compara-se ao modo do acomodamento dos passageiros sentados em tábuas horizontais, intercaladas e presas às grades da carroceria. E concordando com Ivan, Para a época, o caminhão representava o progresso e salvou milhares de pessoas nordestinas, da fome e da morte, mesmo sendo apontadas como paus de arara.

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de junho de 2018

Crônica 1921 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

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