Certidão de óbito de recém-nascida aponta doença como causa de morte; populares apontam surto no município.
A coqueluche, doença infecciosa e transmissível que atinge o sistema respiratório, está fazendo vítimas no sertão de Alagoas. A recém-nascida Alessandra Costa dos Santos, de apenas um mês e doze dias, foi vítima fatal da doença na segunda-feira, enterrada ontem, na cidade de Palestina. Lá, pelo menos vinte pessoas podem estar infectadas pela bactéria, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
Na cidade – onde muitas pessoas nem sequer já ouviram falar da doença -, o assunto de ontem não foi outro que não o mutirão programado para hoje no posto de saúde local no intuito de identificar novos casos de coqueluche e iniciar o tratamento dos que receberam, ainda ontem, o resultado positivo dos exames realizados em novembro pela Sesau.
“Ela estava tossindo em casa, pensei que era só uma tosse normal. Depois eu vi que a tosse estava demais. A médica mandou ir pra Santana [do Ipanema], internaram ela e falaram que era suspeita de coqueluche, que foi confirmada na certidão de óbito que vem dizendo os motivos como parada cardiorrespiratória, insuficiência respiratória e coqueluche. Nunca ouvi dizer dessa doença, só pouco antes de ganhar ela, foi que ouvi comentários que já tinha casos suspeitos em Palestina”, disse a mãe de Alessandra, Roseane Costa de Carvalho.
A Tribuna Independente teve acesso ao laudo médico de Alessandra que comprova a morte por coqueluche. Mas a gerente do Núcleo das Doenças Imunopreveníveis da Sesau, Claudeane Nascimento dos Santos, nega a existência de casos na cidade. Ela disse que em novembro do ano passado cerca de vinte coletas foram realizadas em Palestina, de pessoas com suspeita de estar com a doença.
“A doença é prevenida com a vacina aos dois meses de idade. A causa da morte da criança ainda não foi confirmada, é um caso suspeito porque ainda não foi realizada a fiscalização. Algumas pessoas já foram identificadas no município com sintomas da doença, mas nenhuma foi isolada. Solicitamos que fizessem uma atualização do cartão de vacina das crianças da cidade e também a coleta de mais pessoas que estão com sintomas”, disse a gerente.
Mutirão contra a doença é realizado hoje
Depois da morte da recém-nascida Alessandra Costa dos Santos, em Palestina, hoje começam as ações de bloqueio vacinal seletivo contra coqueluche. As equipes das secretarias municipal e estadual de Saúde realizam um mutirão na cidade no intuito de atualizar o histórico de imunização da população, que ainda não tem confirmado nenhum caso de coqueluche, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).
“O município já está orientado a fazer as ações: o bloqueio vacinal seletivo com a vacina pentavalente e a DTP. São vacinas de rotina e os técnicos vão fazer uma avaliação da cidade que ainda não tem nenhum caso confirmado”, disse a gerente de Núcleo das Doenças Imunopreveníveis da Sesau, Claudeane Nascimento.
Porém vinte pessoas já fizeram o exame no final do mês passado e o resultado teria saído ontem para parte delas. Segundo a dona de casa Sirleide dos Santos, 25 anos, uma enfermeira da cidade foi à casa dela ontem a tarde para avisar resultado positivo do exame de seu filho, de um ano de idade.
Por Alain Lisboa / Tribuna Independente