Sobre Clerisvaldo Chagas

Romancista, historiador, poeta, cronista. Escritor Símbolo do Sertão Alagoano.


OS GRITOS DE SOCORRO DO SANTO

1 novembro 2017


Sobrevivência do Velho Chico está no centro da pauta (Foto: Sergio Campos / Alagoas na Net)

Não é de agora que os rios brasileiros vêm pedindo socorro desesperadamente. Alguns devidos aos problemas globais que afetam os climas do Globo, outros nacionais provocados pelo próprio homem e ainda os regionais que vão se revelando da nascente à foz.

E quando o socorro chega em forma de dinheiro para saneamento de cidades, quase sempre se perde no meio da corrupção enraizada e fulminante esfaqueadora do País. Continuamos sofrendo uma goleada de derrotas em tentar salvar a Natureza, cujos resultados estão à mostra em todas as Cinco Grandes Regiões Brasileiras.

Os que tentam abrandar os castigos humanos se defrontam com dois perigosos e implacáveis inimigos: a ignorância e a corrupção que jamais erguem para a verdade a bandeira branca do Tá Bom.

Está aí o exemplo com o rio Ipanema recebendo outro rio de fezes todos os dias, todas as horas, sem o mínimo do olhar de cima. O resultado é a situação caótica em que se encontra o seu grande coletor, o rio São Francisco, recebendo as imundícies próprias e de afluentes poderosos, além da coleira imposta pela baixa vazão.

É assim que o mar invade o rio penetrando pela sua desembocadura, outrora  cheia de abundância para a população ribeirinha. A água salgada vai penetrando cada vez mais forte rio acima causando prejuízo na economia local, arrasando povoados, destruindo plantações, salgando a corrente e contaminando o subsolo com as cacimbas da sobrevivência.

Agora mais essa denúncia sobre o povoado Potengy, no município de Piaçabuçu, onde os médicos dizem que uma população de cerca de 900 habitantes, vai ficando hipertensa devido ao sal da água consumida. Enquanto a salinidade tem um limite tolerável de meio grama por litro, a água contaminada pelo mar se apresenta com 27.

E quando o povo diz que “o cão está solto” é de se ficar imaginando se é o cão cachorro, o cão dos infernos ou o cão filho de Adão e Eva.

Clerisvaldo B. Chagas, 1 de novembro de 2017

Crônica 1.771- Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

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