Sobre Djessyka Silva

Djessyka Silva é servidora pública, atuando como Educadora Social em Santana do Ipanema. Bailarina e amante de todas as artes. É Assistente Social e graduanda em Ciências Biológicas pela Uneal


Observações de Isolamento (Parte 1)

14 julho 2020


 

 
 
 
 
 
Ver essa foto no Instagram
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

Uma publicação compartilhada por Laerte 👉🏼@coutinholaerte (@laertegenial) em

 

Foi um alvoroço danado 

quando todo mundo 

teve que ficar trancafiado.

Afinal, como é que pode 

o homem evoluído viver isolado?

Era empresário se agoniando 

para manter seu capital…

Eram os CNPJ’s com a mão na cabeça

com medo de perder cada real.

Era mãe de menino estressada,

sem saber como ia assumir 

o trabalho da professora 

de letramento, tabuada 

e até descobrir o valor de Pi.

Era a mulherada tudo doida 

com os salões de beleza fechados,

E os fitness na maior tristeza 

com as academias com placa de “notificado”.

Era rico indo para praia 

que comprou ano passado,

e postando a foto com #tbt 

para não ser criticado.

Era gente saindo escondido 

pra ir ver o namorado,

até um dos dois adoecer 

e ver que o tal do vírus não era inventado.

Mas nesses isolamentos de luxo

o que muitos ignoraram,

foi o agricultor garantindo a mesa farta

se arriscando pra cuidar do roçado.

A empregada não se isolou 

porque a patroa quebrou a unha 

e já ficou sem paciência

no primeiro dia que ela faltou.

A padaria ficou aberta,

porque o pão quente 

tem que chegar em todas as mesas, 

religiosamente na hora certa.

Era eletrônico com medo 

do novo vírus pegar 

mas tinha que consertar a TV 

porque no isolamento

série e filme não podiam faltar.

Era borracheiro de máscara

trocando a câmara de ar,

porque o carro de luxo 

precisa estar no ponto para poder viajar.

Era gente deprimida 

porque tinha que se trancar,

E gente mais deprimida ainda 

quando era obrigado a trabalhar.

Nessa bifurcação 

que tinha um lado isolado 

e outro sem poder se isolar,

os problemas que já existiam 

começaram a se escancarar.

A grande empresa não fechou 

mas o empresário parou de ir,

deu máscaras aos funcionários 

e “continuem a produzir!”.

Já o autônomo não teve escolha,

ou trabalhava escondido 

ou fazia milagre com auxílio,

e dividia o prato com os cinco filhos.

Tinham ainda os desavisados 

que em casa podiam ficar,

mas os pés davam até coceira 

se tivessem que ficar parados.

Ôh, “resfriadinho” danado!

chegou arrancando a máscara do sistema 

que bem antes da quarentena 

já estava fracassado…

Quando Raul profetizou

sobre “o dia em que a terra parou”

mal sabia ele que para a maioria 

nunca houve de ter parado…

Falei tudo no verbo passado 

querendo que acabe logo 

o que ainda não passou,

não só o virus maldito,

mas toda desigualdade 

que desde menino já reclamava vovô.

Comentários