O RABO DO JUMENTO
4 junho 2018
O que estar acontecendo em Santana do Ipanema? É a cidade que quer virar capital? É a evolução da cidadania no município? É a consciência política que estar chegando às praças? Será um momento de lucidez coletiva ou um caos que tomou conta da “Rainha do Sertão”? Estamos estarrecidos nos logradouros públicos, no ambiente de trabalho, nas ruas, nos becos, nas avenidas. Denúncias e mais denúncias ganham as manchetes na mídia da cidade todos os santos dias e logo a partir das seis da manhã. Na expressão sertaneja: “O cacete come” no sistema radiofônico desde o amanhecer do dia até a bendita hora do almoço. É tanta denúncia da mídia e do povo que até fica difícil se concentrar no trabalho.
Denúncias sobre o hospital atraso de pagamento, anúncio de greve, movimentos reivindicatórios nas ruas, paralisação de transportes e até mesmo, pasmem os senhores, convite de aniversário para churrasco de ofício! Sim, isso mesmo, aniversário de um ofício que alguém enviou ao poder público sobre o conserto do rabo da estátua do jumento. Um ano sem resposta… Povo convidado a comer churrasco diante do jumentinho, nosso irmão. E se houve churrasco, houve cerveja, quem já viu churrasco sem a “lourinha”? A semana passada, compadre, Santana quase vira Maceió ou mesmo o Rio de Janeiro, com um rasgar de goela por tudo quanto é lugar. E se esta semana o barulho todo acontecer com a mesma intensidade, é capaz de haver muitas mãozadas por aí.
Não sabemos quais serão os resultados de tantas e tantas pancadarias virtuais ou não, saídas de todos os recantos do município: do Malembá a Divisão, da Lagoa Bonita a foz do riacho Jenipapo. Entre as inúmeras cacetadas da semana, tenta-se proteger o jegue, pelo menos o rabo do jegue. E a estátua do “babau” volta a ser polêmica. Antes do churrasco prometido, artesãos correm para salvar o “inspetor”. Dizem que agora vai haver bolo de chocolate pelo atendimento tardio. Com certeza estar faltando à presença do Coronel Ludgero e sua trupe. Acho que ele não teria perdido o churrasco proposto e faria imediatamente sua exigência de “coroné”:
“Você disse que é brabo, Nascimento
Você cortou o rabo do jumento
Eu não quero pagamento, Nascimento,
Quero é outro rabo no jumento”.
Clerisvaldo B, Chagas, 4 de junho de 2018
Crônica 1.914 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano