Sobre Diógenes Pereira

Diógenes Rodrigues Pereira é Psicólogo Clínico, Terapeuta Cognitivo Comportamental, Especialista em Avaliação Psicológica, Palestrante, Consultor Pessoal e Organizacional. Formado pelo Centro Universitário Cesmac (Maceió).


O machismo ainda está longe de acabar 

26 abril 2020


Mulheres protestam, em 2016, contra violência doméstica (Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil)

O debate sobre as consequências do machismo é necessário, e tem se tornado cada dia mais intensa discussão, muito embora diante dos traços culturais, filosóficos e sociais, ainda é uma batalha sem prazo para encerar. 

O Machismo é caracterizado pela opinião ou conduta de favorecimento e vantagens de direitos e deveres ao macho em maior proporção do que à fêmea. Significa o enaltecimento do sexo masculino, o destaque, o orgulho do gênero, que em contra partida é demonstrado na maioria das vezes, de forma intolerante, exagerada, violenta e preconceituosa.

As reinvindicações feministas, em busca da igualdade de direitos e deveres iniciaram no século XVIII nos países europeus. Mesmo percebendo que muito evoluiu ao longo das gerações, é possível notar que ainda está um pouco distante do que é ideal, aja vista a violência (física, psicológica, sexual e social) imposta contra a mulher, é mais antiga da história.

Diante de um valor filosófico, até o dicionário é machista. Ao pesquisar a palavra FÊMEA, encontramos apenas a frase: animal do sexo feminino, substantivo feminino. Ao pesquisar a palavra MACHO, encontramos a frase: que é do sexo ou gênero masculino, qualquer animal do sexo masculino, acrescido de alguns adjetivos: forte, vigoroso, valente, corajoso, másculo. Como se a mulher não tivesse a possibilidade de desenvolver essas habilidades e atributos.

É necessário lembrar que, a violência e o preconceito contra a figura da fêmea é tradição. Por isso acredita-se que essa luta por igualdade ainda se prolongará para outras gerações, pois essa vasta conduta que desvaloriza a mulher está em todos os cenários. Entenda-se: religião, política, formações científicas, empreendedorismo, formação familiar e outros que adotam modelo patriarcal. 

Desde a pré-história dos humanos na maioria das culturas, era o macho que tinha obrigação de prover o alimento, de liderar e proteger a família, e por essa necessidade sua projeção evolutiva corporal foi se adequando para essas atividades. Por isso o macho geralmente tem um porte físico maior, e se posiciona de maneira mais agressiva e dominante, muito embora em algumas culturas remotas a exemplo de tribos da Estônia onde as mulheres são as lideranças da comunidade. 

Para o filósofo Cortella o machismo é uma prática desinteligente, pois desenvolve suas condutas argumentando sua opinião em uma hipótese de superioridade, já o feminismo é um movimento que defende a igualdade de direitos e deveres.

Eu acredito que, um dos aspectos que fazem essa luta evoluir lentamente é maneira com que algumas lideranças e simpatizantes feministas se posicionam nos debates e protestos. Em meio às pautas igualitárias de direito que são cobrados, são inseridas ações de intolerância religiosa, em alguns casos ganha roupagem de destruição de patrimônios públicos, as manifestações perdem o foco no objetivo questionado, invalidando parcialmente a razão e a moral pela forma que é reivindicada, as mulheres e homens que lutam pela igualdade de direitos devem defender isso de modo inteligente e responsável, a final essa é uma luta da humanidade e não de um grupo isolado. 

Assim como a masculinidade é tóxica ao reproduzir para próximas gerações as condutas machistas que negam o respeito e o direito da mulher trabalhar em cargos iguais, em ser remunerada no mesmo nível, naturalizando a violência e o feminicídio. O feminismo também pode se tornar tóxico e autodestrutivo, quando reivindicam direitos, usando muitas vezes condutas reprovadas pelas próprias mulheres. 

Sabemos que cada ser humano tem seu papel na manutenção e na reprodução da espécie, ao menos em contextos fisiológicos diante da formatação da funcionalidade do organismo do macho e da fêmea, existem comportamentos pré-estabelecidos que são esperados do homem e da mulher.

Então de modo singular e necessário ao cuidar e ensinar filhos e pessoas para conviver em sociedade, treine-os para que as relações sejam pautadas no respeito e na valorização do ser humano, independente de ser macho ou fêmea. Se houver respeito, a vida será mais harmoniosa, sem existir descriminação de gênero, raça, profissão, classe social, religião, e etc.

 Para concluir deixo aqui uma breve reflexão. 

Que o feminismo seja inteligente e imponha respeitoso para conquistar com elegância seu espaço merecido, pois na força será mais difícil vencer quem usa a violência e a cultura de forma desleal. Não se trata de rebaixar o homem, a luta deve ser pautada em valorizar a mulher.

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