Sobre Clerisvaldo Chagas

Romancista, historiador, poeta, cronista. Escritor Símbolo do Sertão Alagoano.


O CACHIMBO DA SERRA

9 julho 2018


Serra do Poço cachimbando. (Foto: Clerisvaldo B. Chagas)

Sertão velho de guerra fazendo uma frieza danada, neste mês de julho. As chuvas têm sido poucas e desiguais. Parece até que o inverno veio adiantado e vai se arrastando até agosto. Os órgãos noticiosos, não acompanham o tempo diariamente no Sertão, de modo que não se pode falar por um todo. E se está ruim na pluviosidade esperada, parece que vai ser bom para a Festa da Juventude e para os festejos da Padroeira, Senhora Santana. Hotéis e pousadas lotados ou quase, o mês parece garantir uma boa trégua para os eventos que atraem pessoas de todos os lugares de Alagoas e de vários outros estados.

Mas no caso da umidade do ar, parece até que estamos na Borborema. Nessas ocasiões o sertanejo mira as serras e os serrotes tentando adivinhar se as poucas chuvas continuam  ou haverá estiagem nos próximos dias. Foi criada a expressão: “serra cachimbando”. Isso quer dizer que está havendo neblina naquelas elevações. Mas ainda tem mais sabedoria matuta e popular deixada pelos nossos avós. Se a neblina estiver acontecendo na parte superior da serra, os próximos dias serão secos. Mas se a névoa estiver acontecendo somente no pé do monte, as chuvas terão continuidade. Flagramos ontem a serra do Poço nessa situação do cachimbar, a partir da região do Centro Bíblico. Aliás, o tempo tem formado belas imagens para o bom observador.

Já estamos no segundo semestre. Mês de julho é mês de frio em nosso Sertão, mas Santana do Ipanema, com sua altitude modesta, não promove festival de inverno ou coisa parecida. Isso fica para Água Branca, lá nas alturas, comadre; ou mesmo em Mar Vermelho, coisas que surgem como maravilhosos eventos. Mesmo assim pipocam festas por todos os lugares com frio ou sem frio, com chuva ou sem chuva. Assim temos festa em Dois Riachos, cidade alegre e festeira e a nossa Festa da Juventude quando a urbe não cabe de tanta gente. Em seguida o novenário da Padroeira com a parte religiosa e a banda profana que ornamentam as nossas tradições. A Rainha do Sertão já está agitada com os acontecimentos que virão. Até as escolas entram em recesso para espiar de pertinho o fuzuê gostoso do mês de julho.

Enquanto isso, a SERRA DO POÇO CONTINUA DANADA CACHIMBANDO.

Clerisvaldo B. Chagas, 9 de julho de 2018

Crônica: 1.937 – Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

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