O BRASIL NÃO QUER OBEDECER

12 fev 2015 - 00:48

Clerisvaldo B. Chagas, 12 de fevereiro de 2015

Crônica Nº 1.365

Foto: (mapadacachaça.com.br)

Foto: (mapadacachaça.com.br)

No esticamento dos anos 50, na minha terra, Seu Antônio Bulhões, homem sério, digno e trabalhador, tinha espírito fabril. No espaço entre o Beco São Sebastião e a Rua Barão do Rio Branco, no comércio, o irmão do cônego Bulhões possuía fabriqueta de vinagre e aguardente.

O vinagre abastecia muito bem o consumo local. Já a aguardente, também servia para que um dos seus filhos peraltas embriagasse o jegue de entrega da mercadoria.

Certa feita, foram encontradas duas frases na parede da fábrica, lembra bem, João Neto de Dirce, o Primo Véi. A primeira, com o “S” de trás pra frente dizia: “Quando se pode é de vender mais barato”. A segunda era um apelo moral: “É proibido fazer sabão neste lugar”. Ora, já havia fábrica de vinagre e cachaça para que mais uma fábrica de sabão?

Para a época, na linguagem chula, “fazer sabão” traduzia-se por “xumbregar”.

Logo as piniqueiras e casais avançados passaram a respeitar o decreto da fábrica de Seu Antônio Bulhões.

Estamos em 2015 e ficamos sem entender porque a gasosa baixa de preço no mundo inteiro, menos no Brasil. Quanto mais o petróleo desce, mas a gasolina sobe, numa teoria matemática que nem meus antigos professores, Hernande Brandão e Ely, da Capela, conseguiriam resolver.

Não seria bem melhor que os postos de combustíveis colocassem a frase folclórica, mesmo com o “S” pelo avesso: “Quando se pode é de vender mais barato”? É um negócio da gota serena, diz um amigo da roça.

Quanto à frase: “É proibido fazer sabão”, está mais séria ainda. Agora o produto já vem embalado, encaixotado, fabricado em grande quantidade, nos becos, nas ruas, na Internet e mesmo nas orgias de alguns políticos republicanos.

Existe um desrespeito generalizado pela ordem expressa da fabriqueta de cachaça.

Ê, Seu Antônio Bulhões, o mundo está perdido! É uma saboaria só!

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