A criação de Centros de Infusão vem se consolidando como um importante avanço no tratamento da esclerose múltipla, doença autoimune neurológica que atinge o sistema nervoso central, sendo uma das principais causas de incapacidade no adulto jovem.
Estudos apontam que as terapias endovenosas estão atualmente entre os tratamentos mais eficazes da doença, podendo reduzir em até 50% a chance de surtos e quase 90% a chance de novas lesões, em comparação aos primeiros fármacos criados.
Nesta terça-feira (30), é celebrado o Dia Mundial da Esclerose Múltipla, data que une a comunidade global para sensibilizar sobre a doença que atinge cerca de três milhões de pessoas no mundo.
Sem tratamento, pacientes com esclerose múltipla têm menor expectativa de vida em relação à população geral, além de acumular sequelas neurológicas, como incapacidade para andar, perda visual e incontinência urinária, entre outras.
“Entretanto, se os pacientes recebem tratamento eficiente, há uma tendência à normalização do tempo de vida e de redução da chance de surtos e de sequelas, proporcionando mais qualidade de vida”, destaca Guilherme Diogo, neuroimunologista e especialista em esclerose múltipla do Hospital São Luiz Itaim.
A unidade, conta com um Centro de Infusão desde junho de 2021, e já atendeu cerca de três mil pacientes. Atualmente, auxilia 30 portadores de esclerose múltipla a alcançarem estabilização e controle da doença. Trata-se de um departamento onde são realizados procedimentos rápidos, principalmente medicações intravenosas e subcutâneas, com toda a segurança de uma unidade hospitalar.
Entre os principais tratamentos utilizados estão os imunobiológicos, geralmente compostos por anticorpos monoclonais, que trabalham diretamente no bloqueio de células que atacam o próprio organismo.
“No caso da esclerose múltipla, eles agem especificamente nas células que atacam a mielina, estrutura que facilita a comunicação entre os neurônios. A principal vantagem é que o paciente recebe a medicação de forma rápida, podendo ir para casa logo em seguida, sem a necessidade de internação”, explica Sergio Jordy, neuroimunologista e especialista em esclerose múltipla do São Luiz Itaim.
No Brasil, aproximadamente 40 mil pessoas vivem com o diagnóstico de esclerose múltipla. A doença é três vezes mais comum em mulheres e mais de 90% dos casos têm início em pessoas com idade entre 20 e 50 anos.
“Na maioria dos casos a doença se manifesta por meio de surtos, caracterizados por sintomas em um período (dias ou semanas), em que o sistema imunológico ataca o cérebro, medula espinhal ou nervo óptico”, conta Guilherme.
Entre os principais sintomas estão fraqueza ou dormência no braço ou perna, dificuldade para urinar, perda visual ou visão dupla, tonturas e desequilíbrios persistentes.
O diagnóstico pode ser feito por meio de uma avaliação combinada do histórico de sintomas, exame físico e exames de imagem, como a ressonância magnética.
“O principal problema em relação ao diagnóstico da esclerose múltipla é a variedade de sintomas simples e que podem parecer situações isoladas, como uma tontura ou formigamento. Por isso, é essencial sempre buscar atendimento médico e investigar a causa desses sintomas”, alerta Jordy.
A avaliação com especialista é essencial para precisão no diagnóstico e adoção de tratamento adequado. Dados apontam que cerca de 10% dos casos de esclerose múltipla não avaliados por neuroimunologistas podem apresentar erro de diagnóstico. “Além disso, o profissional dessa especialidade tem de 30% a 50% a mais de chances de identificar precocemente atividades da doença”, complementa Guilherme.