Moradores apontam risco de afundamento em novas áreas de Maceió Um movimento se reuniu com pesquisadores para provar a necessidade de realocação das comunidades remanescentes.

Assessoria

25 abr 2022 - 18:00


Evento aconteceu no último sábado, às 16h / (Foto: Zazo)

Na tarde do último sábado (23), a Associação dos Empreendedores no Pinheiro e Região Afetada participou de evento organizado pelo Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB) que reuniu diversos cidadãos, técnicos, autoridades e jornalistas no bairro de Bebedouro para apresentar os resultados de alguns estudos realizados em parceria com acadêmicos da Ufal.

Os estudos compreendem algumas dimensões do crime socioambiental da Braskem em Maceió e acabou comprovando algo que o MUVB e a Associação reivindicam há muito tempo: a necessidade de realocação de algumas áreas não contempladas pelo mapa de risco da Defesa Civil. Agora, a organização encaminha um requerimento aos entes públicos competentes para exigir a relocação das comunidades remanescentes.

Sobre o aspecto geológico, ocuparam-se o engenheiro geotécnico e professor Abel Galindo e o engenheiro civil Lucas Mattar. Galindo apresentou um mapa, construído por ele neste ano, das áreas afetadas pelo crime, que contempla imóveis em Flexal de Cima, Flexal de Baixo, Vila Saem, Quebradas e rua Marquês de Abrantes. Esses mesmos imóveis passaram pela inspeção de Mattar, que constatou todas as anomalias presentes em edificações condenadas. Ambos puderam constatar a subsidência do solo nessas regiões e recomendam a realocação imediata dessas comunidades.

A professora dra. Regla Toujaguez e o professor dr. Emerson Soares apresentaram o estudo que realizaram sobre os impactos ambientais na Lagoa Mundaú, que afetam severamente as comunidades do entorno. Eles apontaram a presença de vários contaminantes — inclusive, metais pesados — que representam um risco à vida aquática e à saúde pública da população que se alimenta e comercializa os organismos da lagoa. Segundo os pesquisadores, o risco de contaminação e intoxicação é mais um motivo para a remoção dessas comunidades.

Por último, o procurador e coordenador do MUVB Cássio Araújo apresentou o requerimento, elaborado pelo movimento com a participação da comunidade, que exige a realocação imediata e o pagamento de indenizações justas. O documento será entregue a todas as autoridades públicas envolvidas com o Caso Braskem e reúne todos os estudos técnicos realizados por Abel Galindo, Lucas Mattar, Regla Toujaguez e Emerson Soares. “O risco geológico nessas comunidades remanescentes é, portanto, uma realidade que precisa ser reconhecida por todos os poderes públicos e pela causadora de todos esses danos”, afirma Araújo.

O presidente da Associação dos Empreendedores no Pinheiro e Região Afetada, Alexandre Sampaio, foi prestar apoio político à iniciativa do MUVB. A organização, além de lutar ao lado do MUVB pela realocação, foi a primeira a conseguir a ampliação do mapa de risco, ainda em 2020, a partir da apresentação de um laudo feito em parceria com o engenheiro Alec Sampaio, que comprovou os danos físicos causados às regiões do Flexal de Baixo e do Flexal de Cima. “No entanto”, ressaltou Sampaio, “parcelas dessas áreas continuaram de fora do mapa, o que não fazia sentido do ponto de vista técnico, geológico ou moral”.

A expectativa do MUVB é de que as autoridades cheguem a um entendimento junto à Braskem para a inclusão urgente dessas comunidades no Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação, a fim de que todos sejam realocados e indenizados de forma justa. Segundo as lideranças do movimento, as comunidades remanescentes também esperam o reconhecimento da necessidade urgente de relocação e indenização dessas famílias.

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