Movimentos propõem reflexão profunda e atitudes firmes contra o racismo Advogada fala sobre a consciência antirracista e defende que todos nós somos responsáveis pela eliminação do preconceito e da discriminação.

Ascom GT

29 nov 2022 - 19:39


Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

O recém-comemorado Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, marca também o fortalecimento de campanhas que, além de reafirmar os valores e a importância da população negra e de sua cultura, propõe um combate mais firme e mais consistente contra o racismo, que ainda se faz presente nas estruturas da sociedade e das instituições. A questão vem sendo muito discutida nos últimos anos, principalmente com a repercussão de casos de racismo ligados à violência urbana e à prisão de pessoas negras sob acusações falsas. 

Em todo o país, movimentos sociais e ativistas ligados à causa da população negra pregam a adoção de uma “consciência antirracista”, totalmente contrária ao racismo (já considerado crime no Brasil) e que busca erradicá-lo da sociedade. “É preciso entender que não é possível se afirmar enquanto ‘não racista’ sem adotar uma postura antirracista. Dito de outro modo: ou você é antirracista ou é racista”, resume a advogada Raísa Alves, mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Tecnologias e Políticas Públicas (Sotepp), do Centro Universitário Tiradentes (Unit Alagoas). 

Para ela, adotar uma postura antirracista tem início com o reconhecimento da problemática racial, passando imediatamente para a ação e engajamento na causa antirracista, que engloba todo o conjunto de ações que buscam a diminuição das desigualdades raciais no Brasil.

“Aquele que decide por adotar uma postura antirracista deve aprender e reconhecer o racismo estrutural da nossa sociedade e seus efeitos, sobretudo, para as populações não brancas e entender que somos todos responsáveis pela eliminação de todas as formas de preconceito e discriminação raciais”, exorta Raísa. 

Ainda de acordo com a advogada, o senso de responsabilidade sobre o problema permite que cada pessoa busque individualmente corrigir suas ações que possam perpetuar o racismo na sociedade, inclusive em seus gestos, atitudes e comentários cotidianos. Mas exige um passo maior: o reconhecimento de que, até em nossos dias, o racismo segrega, exclui e mantém a população não-branca na base da hierarquia e da estrutura social, além de fazer dela a maior vítima da pobreza e da violência. 

“Antirracismo envolve abrir mão de privilégios concebidos estruturalmente”, provoca Raísa, defendendo a adoção de políticas de reparação e ações afirmativas que garantam mais condições de vida e trabalho à população negra. É o que ela chama de “medidas de discriminação positiva”, dando como exemplo das cotas raciais para universidades, empresas e concursos públicos. 

Para Raisa, ainda falta muito a percorrer no caminho do combate ao racismo no Brasil, e a luta permanecerá necessária “enquanto pessoas negras ainda forem maioria entre os que passam fome, os que são vítimas da violência, os que possuem menos oportunidades de mobilidade social, que possuem seus direitos negados e forem minoria nos postos de poder, de tomada de decisão e entre aqueles que podem usufruir da bem-estar social”.

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