Médica do Hospital da Criança orienta sobre os impactos da gravidez na adolescência Valéria Cajé diz que a sexualidade deve ser trabalhada desde a infância, com a orientação e esclarecimento das dúvidas

Ruana Padilha / Sesau

07 fev 2024 - 21:30


Valéria Cajé ressalta que a população deve ser conscientizada sobre os riscos da gravidez na adolescência. (Foto: Marco Antônio / Sesau)

A gravidez na adolescência traz uma série de impactos físicos, psicológicos e sociais para a vida de meninas e dos bebês. O alerta é da hebiatra (médica especializada em adolescentes) do Hospital da Criança, Valéria Cajé, que orienta sobre os impactos deste tipo de gravidez e como ter acesso aos serviços do Ambulatório Especializado em Hebiatria.

De acordo com a especialista, a sexualidade deve ser trabalhada desde a infância, com a orientação e esclarecimento das dúvidas, de acordo com a fase que a criança ou o adolescente está vivendo. “As pessoas confundem muito a sexualidade com sexo. O sexo está relacionado aos órgãos genitais e faz parte da sexualidade, que é algo muito maior, e envolve todos os órgãos dos sentidos, e dimensões psicológicas e sociais, como o amor, respeito e a compreensão, possibilitando crescer de forma consciente para o início da vida sexual de forma segura”, explica.

A médica reforça que a população deve ser conscientizada sobre os riscos da gravidez na adolescência. Ela destaca que a gestação não é só apenas a vinda de um bebê ao mundo, mas o impacto futuro na vida da mãe, da família e, principalmente, da criança. “Sabemos que vários fatores colaboram para a gravidez na adolescência, mas o maior deles é a desinformação. Por isso, precisamos ressaltar a importância do adolescente ter um canal aberto com o serviço de saúde, que saiba acolher e entender sem julgamento, que os orientem sobre todos os riscos e implicações futuras de uma gestação precoce, e que também ofereça para os adolescentes todos os métodos contraceptivos existente na rede” enfatiza.

Valéria Cajé reforça que a gravidez na juventude pode causar problemas de saúde física e mental. “Uma gravidez nessa faixa etária é um risco de saúde pública, principalmente abaixo de 16 anos, e para as adolescentes que têm a gestação nos primeiros dois anos da menstruação. Nessa faixa etária ocorre um risco maior de mortalidade materna, eclâmpsia, diabetes gestacional, hipertensão, anemia e infecções urinárias. Já para o bebê, existe maior probabilidade de parto prematuro, baixo peso ao nascer e malformações”, disse.

Ambulatório de Hebiatria

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o paciente da hebiatria está na faixa de 10 a 20 anos de idade. Nessa especialidade, a consulta envolve não só o adolescente, mas também a presença dos pais ou responsáveis. Durante as consultas, são tratados assuntos próprios do período da adolescência e do início da juventude.

No Hospital da Criança (HC), o Ambulatório Especializado em Hebiatria funciona na quarta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 17h, e na sexta-feira, das 8h às 12h. Os agendamentos das consultas são feitos pelo Sistema de Regulação do Estado (Sisreg). O paciente passará pela Unida de Básica de Saúde (UBS) e de lá as Secretarias Municipais de Saúde (SMSs) encaminham para o serviço.

No momento da consulta, os adolescentes, além de estarem acompanhados dos responsáveis, devem estar com formulário que é entregue pela UBS, gerado pelo SisReg, que mostra o dia, horário e a especialidade médica da consulta. Também é preciso levar identidade, CPF, cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) e comprovante de residência.

 

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