LULU FÉLIX E A DEFESA SOCIAL

13 fev 2015 - 15:09

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de fevereiro de 2015

Crônica Nº 1.366

Foto: Reprodução / TV Gazeta

Foto: Reprodução / TV Gazeta

Interessante notícia foi veiculada sobre as câmeras de monitoramento da Defesa Social, em Maceió. Vejamos alguns trechos da reportagem da gazetaweb de 11.02.2015.

“Câmeras de monitoramento da Defesa Social estão danificadas em Maceió. Empresa aponta ação de vândalos e débito de R$ 2 milhões do Estado”.

Mais:

“(…) Câmeras de monitoramento, que deveriam auxiliar os trabalhos das polícias Civil e Militar, estão danificadas e sem previsão de manutenção (…)”.

Mais um pouco:

“Na Ponta Verde, a câmera foi quebrada por um caminhão; no Dique Estrada, foi quebrada por vândalos. Os equipamentos não foram reinstalados”.

Lá no meu interior, o cidadão decente, Lulu Félix, morava na entrada do subúrbio Maniçoba, em Santana do Ipanema. Baixinho, simpático, fala não muito grossa e arrastada, Lulu tinha um vasto círculo de amizade e jamais dispensava um paletó sem gravata. De vez em quando Lulu desaparecia, isto é, viajava para longe e, após alguns meses, ressurgia na terrinha. Imediatamente formavam-se rodas de conhecidos onde Félix estivesse. Lulu, então, começava a contar às novidades que presenciara pelo mundo. Cada episódio narrado era um espetáculo. Caso surgisse um ousado para afirmar que aquilo era mentira, Lulu respondia sempre com seriedade, ironia e paciência usando seu infalível e próprio chavão: “Você não viaja…”. Sim, como alguém pode contestar um fato distante se não viaja. Lulu não, Lulu viajava e era ele mesmo a testemunha ocular do que narrava.

Lulu Félix, aquele homem simples, divertiu muito as pessoas da sua época com os seus casos extraordinários, muitos narrados em livros que fizeram Félix virar imortal e folclórico como o maior mentiroso entre os três maiores de Santana.

Uma vez, porém, Lulu vacilou ao dizer que possuía um cachorro extremamente valente e que ninguém conseguiria roubar a sua casa, pois o cão não respeitava ninguém além do dono.

Depois de inúmeras outras conversas, um sujeito voltou ao antigo assunto e perguntou se Lulu não queria vender o cachorro. Parecendo ter esquecido tudo que havia dito, Lulu respondeu: “Eu não vendo porque um maloqueirinho sem vergonha roubou o meu cão”.

Ê gente… Quando li sobre as câmeras ferozes da Defesa Social que iriam apontar a bandidagem, “os maloqueirinhos roubaram as câmeras sociais”.

Diante do caso semelhante atestado pela Gazeta, talvez Lulu Félix não fosse mesmo mentiroso, mas apenas um colecionador do absurdo.

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